Caldeirão da Bolsa

O embuste do Presidente

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por R_Martins » 23/6/2005 22:08

Os meus filhos, tenho dois, frequentaram a escola Suiça.
Ainda hoje, tenho a certeza, tinham tempo para tudo. Apreendiam, jogavam, divertiam-se, passavam semanas na montanha e apreendiam.
Malditos trabalhos de casa. Em Portugal os meus filhos são asfixiados pelos trabalhos de casa. Depois a mãe, outra asfixia, em prol dos bons, os melhores resultados.Que seca...
Os meus filhos gostavam da escola Suiça. Aqui em Portugal os meus filhos odeiam a escola. Pena…
Brilham-lhe os olhos quando pensam que: «amanhã deveria faltar outra vez o professor, tal e tal…» Significa isto que quase todos os dias faltam professores.
Na Suiça o resultado do aluno era exposto pelo mesmo, diante do país, com o professor a acompanhar. O aluno e o professor olhavam-se nos olhos com confiança, cúmplices do bom ou mau resultado de uma disciplina. Aqui os professores e os alunos culpam-se mutuamente. É quase impossível uma conferência entre ambos…

Aqui os trabalhos de casa são um negócio. As explicações são disso um bom exemplo.
Pagas naturalmente, para quem pode, os que não podem são «burros».

Fomos dos primeiros povos do mundo a chegar a tudo o que é sítio.
Que será que nos passou pela cabeça nos últimos anos, para andarmos sempre desconfiados com o próximo?...
R. Martins
Quem não conhece o «CALDEIRÃO» não conhece este mundo
 
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por valves » 23/6/2005 20:35

Ó Valves, desculpa que te diga, mas caíste neste tópico como uma mosca na sopa: fora do lugar.


Repara existem 2 formas de encarar o capital risco


Eu posso ir a uma Universidade falar com um investigador e dizer -lhe o seguinte :

Vamos agarrar o teu projecto eu entro com capital tu entras com a tua ideia. - isto é capital de risco

passado algum tempo se as primeiras fases correrem bem eu posso transferir uma parte do risco para o publico em geral constituir uma sociedade anonima e dispersar o capital em bolsa será que o capital destes investidores também não é capital de risco e será que também não é capital de risco o capital que circula em empresas como a MCLD APLL NGEN etc etc
para mim é tudo capital de risco ...

Um abraço

Vasco

Ora
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por josema » 23/6/2005 16:02

Ó Valves, desculpa que te diga, mas caíste neste tópico como uma mosca na sopa: fora do lugar.

Surfer: o que viveste nos States é apenas uma parte daquilo com que sonho para, pelo menos, os meus netos que têm agora dois anos. Dizem os nossos intelectuais que a escola não pode proporcionar prazer porque todo o trabalho implica esforço, logo, sofrimento, consequentemente, desprazer. Esta visão fradesca, negadora da dimensão do trabalho como construção do ser humano, só pode ser classificada como: ESTÚPIDA. É possível (sei que é porque o pratiquei toda a minha vida de prof.) ter PRAZER em aprender, em trabalhar. A escola não tem que ser vista como um local de tortura, mas como um espaço de comunicação, partilha, aprendizagem, descoberta, crescimento.

Hoje, aposentado, porque gosto do campo e dos meus franganitos, trabalho tanto que a minha vizinha do lado, que é analfabeta, mas não é estúpida, sempre que me vê, diz:"parece que anda a roubar". Quer com isto dizer que eu trabalho a uma velocidade desconhecida para os trabalhadores do campo. Porque passo algum tempo frente ao PC (horas) depois, o tempo para as lides campestres é sempre curto. Muitos dias chego à noite todo partido e de manhã quero assistir à abertura da bolsa mas o corpo não ajuda. Porque falo nisto? Porque me sinto feliz, apesar do esforço.

Em tempos ofereci um arroz de cabidela aqui no Caldeirão e pedi ao TRSM que organizasse o "Grupo". Ele não o fez. Agora sei porquê, porque já o conheço pessoalmente. Mas está de pé a oferta e será para executar depois das férias.
Os convidados serão, dentro de grupo que conheço, pessoalmente ou aqui do fórum, todos aqueles que, de algum modo me tocaram a alma.
Surfer és um dos convidados.
Um abraço amigo do josema
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por valves » 22/6/2005 19:19

Não, não e não. Ali uma sociedade de capital de risco pode falhar 19 projectos em 20, porque recupera tudo e ainda sobra muito com o único sucesso. Em Portugal, não há escala, o pouco capital de risco comporta-se como se fosse um banco.

é importante referir mais o seguinte tal como as grandes metropoles do mundo atraem cada vez mais pessoas de varios cantos que por sua vez ficam cada vez mais desertificados nos mercados de capitais acontece exactamente o mesmo ou seja os capitais tendem a migrar das praças menos liquidas acentuando a sua falta de liquidez para as praças mais liquidas
onde cada o volume de capitais a circular é cada vez maior.
Neste momento por exemplo o Nasdaq funciona como um imenso aspirador de capitais de varios cantos do mundo são estes capitais que vão permitir ás empresas aí cotadas financiaram os seus projectos desenvolverem-se e com isso darem pujança á economia americana estou plenamente convencido que um dos pilares que consolida e perpetua a poderio a todos os niveis é o facto de terem conseguido vencer os europeus em termos de fortaleza dos seus mercados de capitais.
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por rmachado » 22/6/2005 18:19

Pois...

O Sistema de Ensino...

Tenho para mim que felizmente temos até portugas muito inteligentes, mesmo com o nosso sistema de ensino, temos sem dúvida pessoas com a chamada cultura geral muito elevada, e ai pode residir o nosso problema...

Normalmente sabemos pouco de muito, mas muito de pouco.

E o Sr. Pres. e a classe politica em geral ainda não percebeu muito bem o que é o sistema de ensino e sobretudo o que queremos com o sistema de ensino.

Ponto 1 - Criem-se condições para os professores passarem as 35 horas de trabalho nas escolas.. (note-se que não digo a dar aulas...)
Ponto 2 - Criem-se condições para os alunos passarem 35 horas nas escolas... (não necessariamente nas aulas)
Ponto 3 - Nem todos podem ser engenheiros ou doutores... e professores...
Ponto 4 - Reformas, só com principio meio e fim e de preferência multi-ciclo eleitoral...
Ponto 5 - Aulas práticas, casos práticos... não só teoria
Ponto 6 - Por favor explicar aos educadores de infância que não dão aulas... e só 22 horas... e que reforma aos 55 (esta já vai acabar...).. enfim... normalmente têm as auxiliares que essas sim trabalham...

E para já é só...

RMachado
 
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por Surfer » 22/6/2005 17:29

josema Escreveu:Mais uma ves, Luiz22, tenho de estar de acordo contigo. O PR tev 10 anos para ajudar a mudar mentalidades. Mas 5 anos foram para preparar o terreno para "presidenciar" mais 5. Estes últimos andou a olhar países, mas parece que viu muito pouco.
Fui responsável nacional das Associações de Pais durante a década de 80. Já nessa altura os países nórdicos tinham um sistema educativo com que ainda não sonhamos: os alunos entram na escola de manhã e saiem ao fim do dia. Aí têm aulas teórico-práticas de acordo com o curriculum, praticam as mais diversas modalidades desportivas, teatro, música, dança, etc., conforme a inclinação de cada um. Fazem os famigerados TPC (trabalhos para casa) tão queridos dos nossos profs. Os livros ficam na sala da turma. Ó luxo: cada turma tem sala própria. Os profs. ganham mais cerca de 150% de um prof. português. É na escola que preparam, em conjunto, as aulas e actividades curriculares e outras e vêem os testes e demais trabalhos dos alunos. Qual o
problema de ficar na escola 50 horas/semana?

Ó Sr. Presidente, se não viu tudo isto, porque não perguntou como era? V. Ex.cia, que tanto gosto de exibir o seu inglês, perdeu, na Filândia, uma rica oportunidade de o mostrar.

Alhos e bugalhos, eu, que sou um bom cozinheiro, sei: não casam.


Essa descrição Josema, fez-me recordar os dois anos que estive a estudar nos EUA, na altura (1981) tinha 10/11 anos de idade, era o equivalente ao 1º e 2º ano do ciclo de cá.

Ai que saudades daqueles anos em que eu adorava cada minuto que passava na escola, férias (bastante mais curtas do que cá) para um miudo de 11 anos como eu, significava tempos livres para estar com a familia, amigos mais proximos, viajar, praia, etc.. De resto ao fim de 3/4 semanas durante as férias de verão já anseava pelo regresso escolar.

Recordando assim de repente algumas coisas que davam gozo na escola:

:!: Todos os dias tinha actividade desportiva.
:!: Todas as salas de aulas tinham uma mascote animal dos quais os alunos encarregavam-se de cuidar, no caso da minha turma era um engraçada e pequena serpente.
:!: Por cada trabalho escolar, exame ou acção positiva de um aluno, estes recebiam um ou mais «smiles» consuante a importancia estimada e ao sim de um conjunto de 20 «smiles», poderiamos escolher um prémio de vários expostos num canto da sala. O que me deu mais gozo e que recordo com uma certa piada, foi quando ganhei 2 bilhetes para um jogo de baseball e convidei a "menima dos meus olhos" lá da turma..Eheheh :oops:
:!: Ao longo do ano tinhamos algumas visitas na nossa sala de profissionais de diversas actividades e sectores da sociedade, policia, bombeiro, advogado, cientista, etc... Lembro-me ainda como se fosse hoje quando entrou pela minha sala dentro um cientista da NASA com um aparelho enorme cheio de luzes e numeros a piscar em tempo-real...Foi a 1ª vez que assisti na minha vida a uma caixa que se chamava computador e aqueles numeros eram dados em tempo-real enviados por satelite sobre o posicionamento e distancias dos planetas do nosso sistema solar. Na altura fiquei maravilhado e lembro-me que apartir daquele momento sonhava um dia ser aostronauta...Nunca realizado! :cry:
:!: Faziamos algumas visitas a museus, centros de estudo, bibliotecas, laboratórios, etc...Lembro-me um dia fomos ao estado da Pennsilvania e visitamos uma região rural que funcionava como parque histórico (sec.XVIII) sobre a chegada dos colonos á America. As pessoas que viviam naquele parque eram voluntários que viviam ali as suas vidas exactamente como os colonos no sec. XVIII, era fantástico, ficamos com a sensação que estavamos noutro seculo.
:!: No Inverno quando nevava ou chovia, nos intervalos ficavamos na nossa sala em conjunto a jogar alguns jogos que cada sala de aula possuia, tipo Monopoly, xadrez, cartas, tinhamos livros de banda desenhada e de outros conteudos, etc...
:!: Visitamos o mundialmente famoso redação do New York Times.
:!: Visitamos durante num dia um tribunal e assistimos em silêncio a duas audiências ao julgamento de alguns criminosos ou delinquentes. No dia seguinte o professor simulou a nossa sala num tribunal à semelhança do que tinhamos visitado no dia anterior, escolhemos alguns casos judiciais que recolhemos num jornal e todos em conjunto com o professor simulamos uma sessão de julgamento cada um cumprindo uma determinada função, arguidos, jurados, acusação, defesa, o professor fazia de juiz. :P
:!: Na festa final do ano lectivo a qual é muito querida pelos americanos, os alunos são estimulados e convidados a criarem algo apresentar num auditório composto pelos pais, familiares e algumas importantes personalidades locais na noite de gala. Um grupo de portugueses do qual eu fazia parte organizado pela escola portuguesa local resolveu apresentar uma sessão com duas cantigas de fado português. Só me recordo de uma que era a mais famoso «Coimbra tem mais encanto...» (qualquer coisa assim)a outra deveria ser sobre autoria da Amalia. Naquela noite um pequeno grupo de muidos portugueses cantou e encantou umas centenas de americanos e alguns portugueses familiares emocionados com um cheirinho da nossa cultura e da nossa patria, por momentos Portugal fez-se ouvir naquele auditório a ovação foi generosa. Tem piada que nunca na vida cantei algo que fosse, quanto mais fado, nem antes, nem depois daquela noite. Só ali, lá longe....

Enfim....Há muito mais guardado no «sótão das minhas recordações», naquele tempo eu como muitos adorava a escola. Quando um dia regressei a Portugal e enfrentei uma realidade completamente diferente à qual já não estava habituado...Tudo aquilo que eu adorava em relação á escola....Foi-se, nunca mais voltei a ter o mesmo gozo pela escola, infelizmente!

Isto passou-se há 24 anos atrás, 1981...Como ainda estamos tão longe...Do futuro!

Cumps!
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por josema » 22/6/2005 15:35

Mais uma ves, Luiz22, tenho de estar de acordo contigo. O PR tev 10 anos para ajudar a mudar mentalidades. Mas 5 anos foram para preparar o terreno para "presidenciar" mais 5. Estes últimos andou a olhar países, mas parece que viu muito pouco.
Fui responsável nacional das Associações de Pais durante a década de 80. Já nessa altura os países nórdicos tinham um sistema educativo com que ainda não sonhamos: os alunos entram na escola de manhã e saiem ao fim do dia. Aí têm aulas teórico-práticas de acordo com o curriculum, praticam as mais diversas modalidades desportivas, teatro, música, dança, etc., conforme a inclinação de cada um. Fazem os famigerados TPC (trabalhos para casa) tão queridos dos nossos profs. Os livros ficam na sala da turma. Ó luxo: cada turma tem sala própria. Os profs. ganham mais cerca de 150% de um prof. português. É na escola que preparam, em conjunto, as aulas e actividades curriculares e outras e vêem os testes e demais trabalhos dos alunos. Qual o
problema de ficar na escola 50 horas/semana?

Ó Sr. Presidente, se não viu tudo isto, porque não perguntou como era? V. Ex.cia, que tanto gosto de exibir o seu inglês, perdeu, na Filândia, uma rica oportunidade de o mostrar.

Alhos e bugalhos, eu, que sou um bom cozinheiro, sei: não casam.
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O embuste do Presidente

por luiz22 » 22/6/2005 14:37

22 Junho 2005 13:59
Sérgio Figueiredo
O embuste do Presidente
sf@mediafin.pt
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O Presidente da República quis dar um safanão neste país de meias-tintas. Vai daí, acusou os professores de preguiçosos, os empresários de incompetentes e os banqueiros de mentirosos. Os professores, porque foi à Finlândia e viu as horas que eles trabalham nas escolas e «isso diz tudo». Os empresários, porque foi à Alemanha e confirmou que os portugueses trabalham lá bem, enquanto por cá são mal liderados.
E os banqueiros, porque, na vez de desenvolverem o capital de risco, promovem crédito para o «automovelzinho» – tudo facilidades, mas depois é um «embuste». Tudo verdade.

Faltou a Sampaio dizer em que país esteve e constatou que a banca dava apoios massivos a projectos inovadores, através do capital de risco. Para servir de exemplo.

Tal como os finlandeses servem de modelo aos nossos professores. Ou os alemães devem inspirar as nossas lideranças empresariais. Qual é, então, a referência para a banca nacional?

Não há. Por uma razão trivial. A banca comercial não tem essa vocação. Uma das funções básicas da banca comercial é exactamente aquilo que o repugna o senhor Presidente: conceder crédito.

Foi assim que a casa própria se democratizou. Foi assim que as nossas cidades passaram, subitamente, a exibir um dos melhores parques automóveis da Europa. Foi assim que os voos para o Brasil começaram a encher.

O Presidente da República pode conviver mal com sociedades consumistas. Pode avisar que não há economia a suportar as proporções que o endividamento assumiu. E pode até considerar que, em matéria de supervisão prudencial, o banco central não acautela a sustentabilidade disto tudo.

Pode mas não deve. Não tem razão. E perde-a totalmente, quando mistura «alhos» com «bugalhos» e faz comentários que são habituais nos taxistas, porém, inadmissíveis num Chefe de Estado.

O senhor Presidente não deu exemplos internacionais de uma «banca amiga da economia» por eles não existirem. Capital de risco assente no sistema bancário é fantasia. Aqui e em toda a Europa.

Os EUA são o único caso onde o capital de risco é, de facto, uma alavanca poderosa à inovação, a empresas emergentes e a empreendedores. Por sentido de Estado? Por Citigroup ou Morgan Stanley serem mais generosos que BES ou BCP?

Não, não e não. Ali uma sociedade de capital de risco pode falhar 19 projectos em 20, porque recupera tudo e ainda sobra muito com o único sucesso. Em Portugal, não há escala, o pouco capital de risco comporta-se como se fosse um banco.

Se fosse médico, o dr. Sampaio acertava no diagnóstico e matava o paciente com a terapêutica errada. Há um evidente problema de financiamento à economia, porque o sistema é incompleto.

Os bancos foram, no passado recente, o maior agente de mudança em Portugal e hoje actuam como delegados de interesses instalados. É aqui, não no simplório empréstimo para o Zé mudar de carro, que a inovação está a ser bloqueada.

Mas, em Portugal, parece mal não bater em três classes em tempos de crise: banqueiros, políticos e jornalistas. O mínimo que se pode dizer é que o senhor Presidente não foi muito inovador.
 
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