Juros, Impostos, Lucros e Koeman
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João Salgueiro diz que banca não deve pagar mais impostos
João Salgueiro diz que banca não deve pagar mais impostos
«É moda criar conflitos com a banca quando o Governo está a chegar ao fim»João Salgueiro diz que banca não deve pagar mais impostos
João Salgueiro, ex-ministro das Finanças de Francisco Balsemão e actual presidente da Associação Portuguesa de Bancos diz que «sempre que um Governo está com problemas ou um partido quer tirar efeitos políticos começa a falar da Banca e nos seus lucros», que em 2004 corresponderam a 1,2% do PIB.
Numa entrevista ao jornal «Público» e à Rádio Renascença, não se revê nos últimos anos de integração europeia e «provavelmente» irá votar «não» no referendo. Sobre o Governo diz que tem méritos: falar claro, dar a verdadeira dimensão do problema e tomar medidas.
Numa altura em que o controlo das finanças públicas está no topo da agenda, João Salgueiro diz não ter ficado surpreendido com o défice orçamental de 6,83% apurado pela «Comissão Constâncio», apesar de não esperar que fosse tão alto.
Nesta entrevista da responsabilidade das direcções de informação da Renascença e do jornal «Público», o responsável alerta para o descontrolo existente em algumas áreas e considera que, se não forem tomadas medidas, o valor do défice pode crescer ainda mais.
O ex-ministro de Estado e das Finanças do III Governo da Aliança Democrática elogia o facto do Governo ter «falado mais claro» sobre o problema e começado logo a agir, mas continua à espera de mais medidas de redução da despesa do Estado e alude à importância da criação de um ambiente favorável à actividade económica.
Não há motivos para banca pagar mais impostos
Porém, João Salgueiro critica as recentes tomadas de posição de Paulo Portas e de Jorge Coelho, segundo os quais a banca deveria pagar mais impostos.
O presidente da Associação Portuguesa de Bancos diz que o sector não tem nenhum regime fiscal especial e defende, por isso, não haver motivo para pagar mais impostos.
Se é preciso que as empresas paguem mais impostos, então que se altere a lei, diz, sublinhando não acreditar que um «Governo responsável» não vá subir a taxa de IRC.
Em relação ao sigilo bancário, João Salgueiro diz que a banca está totalmente aberta ao levantamento, mas mediante certas condições - autorização de um magistrado e registado por uma entidade independente, para evitar «corrupção» e «perseguições».
Entre as medidas de austeridade anunciadas para combater o défice estão o aumento de impostos, no entanto, o Governo manteve as portagens sem custos para o utilizador (SCUT). Opções que não merecem o aval de João Salgueiro.
«Não faz sentido aumentar os impostos, que é um factor de competitividade, quando estamos a isentar consumos do pagamento do custo que têm», reitera o presidente da SEDES, que reafirma a ameaça das taxas de juro subirem com o agravamento dos impostos.
Sobre os últimos dados do INE, de que a economia nacional saiu duma situação de recessão técnica no primeiro trimestre deste ano, João Salgueiro não acredita que a crise está a caminho de virar a página e lembra que o investimento e as exportações portuguesas estão a baixar.
Admite «não» à Constituição Europeia
Outra das questões que está a fazer «correr tinta» são os problemas que a ratificação do Tratado Constitucional Europeu está a enfrentar, nomeadamente depois do "não" da França e da Holanda.
João Salgueiro critica o processo que conduziu à Constituição Europeia e diz que é uma «vergonha» que «tantas pessoas responsáveis» o tenham apoiado.
Apesar de admitir que, provavelmente, vai votar «não», o ex-ministro defende a realização do referendo em Portugal, mas nunca em simultâneo com as eleições autárquicas.
2005/06/13 - 09:09
Fonte: Canal de Negócios
Juros, Impostos, Lucros e Koeman
in http://jaquinzinhos.blogspot.com/
Juros, Impostos, Lucros e Koeman
Ontem pela tardinha, estava eu à procura de umas coisas antigas num disco de backup quando encontro um velho documento do tempo em fui bancário, que continha a explicação de um conjunto de fórmulas que constavam dum pacote financeiro para Excel. Uma das fórmulas era particularmente interessante:
Esta era uma expressão simplificada para estimar as taxas de juro base para um determinado tipo de empréstimos. Na fórmula, i é a taxa de juro calculada para equilibrar um dado financiamento, f CP é a fracção de capitais próprios que o banco é obrigado a utilizar para financiar cada empréstimo (se bem me lembro, 4% no caso do crédito à habitação e 8% na generalidade dos empréstimos), RCP é a Rentabilidade exigida para os Capitais Próprios, habitualmente determinada pelo CAPM (Capital Asset Pricing Model) , t é a carga fiscal marginal associada a esta actividade (IRC+Derrama), CD é o risco associado ao financiamento, calculado como custos de default (Probabilidade de Incumprimento * Valor Esperado da Perda em Caso de Incumprimento ou Perdas médias em carteiras de risco equivalente), Cadm são os custos administrativos médios associados à gestão de cada tipo de passivos, Padm representa outros proveitos associados a este financiamento (comissões e outras taxas cobradas ao cliente, etc.) e RCA o Custo médio dos recursos captados pelo banco na sua actividade de angariação de depósitos.
E porque é que esta fórmula é interessante? Por causa da letrinha t. É que a taxa de juro está absolutamente indexada ao custo do imposto. Quando alguém pede que os bancos paguem mais impostos, está basicamente a pedir que as taxas de juro aumentem. Quem vai pagar esse acréscimo de imposto é sempre o cliente. E paga-o por dois motivos. 1) porque a taxa influencia directamente o preço do dinheiro e 2) paga porque o banco ao ficar menos competitivo aumenta os custos administrativos relativos (custos bastante rígidos que não se alteram facilmente quando as carteiras de crédito diminuem)
Claro que é difícil explicar estas coisas a quem só se preocupa com os 'lucros excessivos' do sector financeiro. Hoje tive uma experiência surrealista ao almoço. Eu bem tentei argumentar «que um lucro do BPI de 192 milhões de euros é apenas 8,5% da sua capitalização bolsista o que não me parece nada de especial para quem está disposto a investir em acções», mas do lado de lá só ouvia: «É um escândalo! 192 milhões! Um escândalo! Porque é que não me baixam a taxa de juro do crédito à habitação?», isto vindo da mesma pessoa que se queixava que «os Caixagestes não me estão a dar nada». E eu perguntava: «Mas se acha que 8,5% é muito, como é que quer que a Caixageste lhe pague mais? Onde é que pensa que eles vão buscar o dinheiro?» e de lá só vinha «Desculpe lá, mas isto é um escândalo, 192 milhões é um escândalo, para que é que eles querem tanto dinheiro?» E lá ia eu: «Talvez para poderem remunerar os seus accionistas a 8,5%, não acha?» «Não, acho muito bem é que lhes aumentem os impostos!». «Mas depois a sua taxa de juro sobe»... «Então é preciso que o governo ponha já a mão nisto!».
Foi então que resolvi a discussão com a pergunta definitiva: «Então, já sabe que o Koeman vem para o Benfica?»
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