Caso da posição da Telefónica expõe crise entre accionistas
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BES lucra 80 milhões de euros no primeiro trimestre
Patricia Henriques com M.J.G.
Resultados de operações financeiras explicam crescimento dos resultados apresentados pelo banco.
O Banco Espírito Santo (BES) registou lucros de 80,3 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano, de acordo com as normas internacionais de contabilidade (NIC). Este resultado compara com 26,7 milhões, obtidos no mesmo período de 2004, mediante o novo enquadramento contabilístico, e que foram negativamente influenciados pelos custos com reformas por invalidez.
A margem financeira continuou pressionada, à semelhança do que acontecera nos trimestres anteriores, passando de 179,1 milhões de euros para 178,8 milhões. Segundo o banco, esta pressão explica-se pelo esmagamento das margens nos produtos de crédito, bem como pela dificuldade de obter maior rendibilização dos recursos devido ao nível historicamente baixo das taxas de juro. O efeito positivo da evolução da carteira de crédito, com um crescimento de 7,7%, permitiu que a variação negativa face ao mesmo trimestre do ano passado fosse de apenas 0,2%.
No período em análise, o produto bancário do BES subiu 18,2% para 383,9 milhões de euros, explicando-se, sobretudo, pelo aumento da rubrica operações financeiras, que passou de 15,1 milhões de euros, no primeiro trimestre de 2004, para 75,1 milhões de euros.
As comissões somaram 130 milhões de euros, o que demonstra uma queda de 0,5% face ao valor observado no primeiro trimestre do ano anterior, tendo em consideração as novas regras de contabilidade.
No mesmo período, os custos operativos registaram uma redução de 6,1%, para 199,5 milhões de euros, devido a uma política de racionalização dos investimentos e consequente reflexo nas amortizações, que desceram 17,5%. Os custos com pessoal também caíram, menos 15,4% para um total de 99,6 milhões de euros.
No que se refere ao crédito concedido, a carteira do banco aumentou 10,5%, para um total de 31,7 mil milhões de euros. Deste montante, 11,4 mil milhões de euros dizem respeito à concessão de crédito à habitação, que regista uma subida trimestral de 9,3%. O crédito concedido a empresas aumentou 11,1%, para 18,6 milhões de euros. Neste período, o rácio de crédito concedido a particulares face ao crédito a clientes desceu dois pontos percentuais, para 35,5%.
Por sua vez, o crédito vencido registou uma redução de 29,5 milhões de euros, enquanto o saldo das provisões aumentou 79,8 milhões de euros. Deste modo, o rácio de sinistralidade do crédito vencido, a mais de 90 dias, passou para 1,65% (era de 1,90% no final de Março de 2004), e a respectiva cobertura por provisões fixou-se em 173,8%, contra 147%.
O rácio de solvabilidade do banco manteve-se em níveis semelhantes aos do final do exercício anterior. O rácio Tier 1 elevou-se a 6,82%. A rendibilidade dos capitais próprios (ROE) é de 14,9% e a rendibilidade dos activos (ROA) de 0,74%.
Tranquilidade levou 7200 clientes para o banco
A Tranquilidade conseguiu que 7.200 clientes seus passassem a ser também clientes do BES, na sequência do lançamento do Cartão T. Este produto foi lançado no âmbito do programa de ‘assurfinance’, que pretende que a Tranquilidade conquiste clientes para o BES e vice-versa.
Este ano, o objectivo da companhia de seguros é levar um total de 30 mil novos clientes [seus] para o BES. Até ao final de 2007, a Tranquilidade pretende aumentar em 150 mil o número de clientes do BES, a partir da sua própria base de clientes. Actualmente, no universo de quase dois milhões de clientes do BES (1,6 milhões) e da companhia de seguros (540 mil), cerca de 180 mil são clientes comuns às duas instituições.
O aumento da taxa de penetração do BES entre os clientes da Tranquilidade vai ser feito através do aumento do número de subscritores do Cartão T. Este cartão é comercializado apenas junto dos clientes da companhia de seguros, mas é emitido sobre uma conta aberta junto do banco. A seguradora convidou 420 mil clientes seus a subscreverem este cartão e, no espaço de seis semanas, foram activados 10 mil cartões no total – entre os subscritores apenas 7,2 mil ainda não eram clientes do BES.
A promoção do Cartão T junto dos clientes da Tranquilidade vai ser feita também através de um grupo de mil agentes da companhia que têm o estatuto de promotores bancários. São também estes agentes que promovem outros produtos do BES junto dos clientes da seguradora. No caso do crédito à habitação, a seguradora já é responsável por 13% da produção do banco.
Manutenção da maioria está a impedir parceria
Independentemente da maior aproximação entre a Tranquilidade e o BES, a seguradora continua à procura de um parceiro internacional, que lhe permita reduzir custos. Ainda não foi possível concretizar esta parceria porque o Espírito Santo Financial Group não está disponível para ceder a maioria do capital, admitiu Peter Brito e Cunha, presidente da Tranquilidade. “Faz sentido, sendo nós um grupo forte nacional e regional, sermos nós a liderar as coisas”, resumiu o responsável, num encontro com jornalistas sobre o ‘assurfinance’.
Patricia Henriques com M.J.G.
Resultados de operações financeiras explicam crescimento dos resultados apresentados pelo banco.
O Banco Espírito Santo (BES) registou lucros de 80,3 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano, de acordo com as normas internacionais de contabilidade (NIC). Este resultado compara com 26,7 milhões, obtidos no mesmo período de 2004, mediante o novo enquadramento contabilístico, e que foram negativamente influenciados pelos custos com reformas por invalidez.
A margem financeira continuou pressionada, à semelhança do que acontecera nos trimestres anteriores, passando de 179,1 milhões de euros para 178,8 milhões. Segundo o banco, esta pressão explica-se pelo esmagamento das margens nos produtos de crédito, bem como pela dificuldade de obter maior rendibilização dos recursos devido ao nível historicamente baixo das taxas de juro. O efeito positivo da evolução da carteira de crédito, com um crescimento de 7,7%, permitiu que a variação negativa face ao mesmo trimestre do ano passado fosse de apenas 0,2%.
No período em análise, o produto bancário do BES subiu 18,2% para 383,9 milhões de euros, explicando-se, sobretudo, pelo aumento da rubrica operações financeiras, que passou de 15,1 milhões de euros, no primeiro trimestre de 2004, para 75,1 milhões de euros.
As comissões somaram 130 milhões de euros, o que demonstra uma queda de 0,5% face ao valor observado no primeiro trimestre do ano anterior, tendo em consideração as novas regras de contabilidade.
No mesmo período, os custos operativos registaram uma redução de 6,1%, para 199,5 milhões de euros, devido a uma política de racionalização dos investimentos e consequente reflexo nas amortizações, que desceram 17,5%. Os custos com pessoal também caíram, menos 15,4% para um total de 99,6 milhões de euros.
No que se refere ao crédito concedido, a carteira do banco aumentou 10,5%, para um total de 31,7 mil milhões de euros. Deste montante, 11,4 mil milhões de euros dizem respeito à concessão de crédito à habitação, que regista uma subida trimestral de 9,3%. O crédito concedido a empresas aumentou 11,1%, para 18,6 milhões de euros. Neste período, o rácio de crédito concedido a particulares face ao crédito a clientes desceu dois pontos percentuais, para 35,5%.
Por sua vez, o crédito vencido registou uma redução de 29,5 milhões de euros, enquanto o saldo das provisões aumentou 79,8 milhões de euros. Deste modo, o rácio de sinistralidade do crédito vencido, a mais de 90 dias, passou para 1,65% (era de 1,90% no final de Março de 2004), e a respectiva cobertura por provisões fixou-se em 173,8%, contra 147%.
O rácio de solvabilidade do banco manteve-se em níveis semelhantes aos do final do exercício anterior. O rácio Tier 1 elevou-se a 6,82%. A rendibilidade dos capitais próprios (ROE) é de 14,9% e a rendibilidade dos activos (ROA) de 0,74%.
Tranquilidade levou 7200 clientes para o banco
A Tranquilidade conseguiu que 7.200 clientes seus passassem a ser também clientes do BES, na sequência do lançamento do Cartão T. Este produto foi lançado no âmbito do programa de ‘assurfinance’, que pretende que a Tranquilidade conquiste clientes para o BES e vice-versa.
Este ano, o objectivo da companhia de seguros é levar um total de 30 mil novos clientes [seus] para o BES. Até ao final de 2007, a Tranquilidade pretende aumentar em 150 mil o número de clientes do BES, a partir da sua própria base de clientes. Actualmente, no universo de quase dois milhões de clientes do BES (1,6 milhões) e da companhia de seguros (540 mil), cerca de 180 mil são clientes comuns às duas instituições.
O aumento da taxa de penetração do BES entre os clientes da Tranquilidade vai ser feito através do aumento do número de subscritores do Cartão T. Este cartão é comercializado apenas junto dos clientes da companhia de seguros, mas é emitido sobre uma conta aberta junto do banco. A seguradora convidou 420 mil clientes seus a subscreverem este cartão e, no espaço de seis semanas, foram activados 10 mil cartões no total – entre os subscritores apenas 7,2 mil ainda não eram clientes do BES.
A promoção do Cartão T junto dos clientes da Tranquilidade vai ser feita também através de um grupo de mil agentes da companhia que têm o estatuto de promotores bancários. São também estes agentes que promovem outros produtos do BES junto dos clientes da seguradora. No caso do crédito à habitação, a seguradora já é responsável por 13% da produção do banco.
Manutenção da maioria está a impedir parceria
Independentemente da maior aproximação entre a Tranquilidade e o BES, a seguradora continua à procura de um parceiro internacional, que lhe permita reduzir custos. Ainda não foi possível concretizar esta parceria porque o Espírito Santo Financial Group não está disponível para ceder a maioria do capital, admitiu Peter Brito e Cunha, presidente da Tranquilidade. “Faz sentido, sendo nós um grupo forte nacional e regional, sermos nós a liderar as coisas”, resumiu o responsável, num encontro com jornalistas sobre o ‘assurfinance’.
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No Financial Times
Nevoeiro em Milão
FT
O “nevoeiro” da irrealidade que paira sobre o sector bancário italiano está a adensar-se diariamente. As autoridades desta área - o Banco de Itália e o Consob, o regulador da bolsa de valores -, estão a realizar todos os esforços para evitar que a Banca Antonveneta, um banco de crédito de média dimensão, caia nas mãos do banco holandês ABN Amro.
A alternativa, uma contraproposta inferior da Banca Popolare di Lodi - um banco italiano de menores dimensões - pela compra da Antonveneta, parece ser uma solução que começa a ganhar terreno no mercado.
Além disso, o banco Lodi gastou cerca de 2 mil milhões de euros - quase toda a sua capitalização bolsista -, na compra de 29% do Antonveneta, o que fez com que o seu capital ficasse fragilizado no processo. Posteriormente, lançou uma oferta de compra sobre o seu anterior credor, o que, com o auxílio dos seus parceiros, deu origem, no passado fim-de-semana, à eleição dos directores previamente propostos para o conselho de administração do Antonveneta. A única mais valia para as acções do Lodi é a eventualidade da venda lucrativa à ABN da participação do Antonveneta. Assim, e na perspectiva de uma oferta favorável, previa-se que os dias anteriores testemunhassem uma descida das acções. No entanto subiram ligeiramente.
Além disso, o preço do Antonveneta deve reflectir um eventual ‘takeover’ por parte de um parceiro em contracção financeira, e que apresente uma proposta teoricamente inferior à do ABN - 25 euros líquidos por acção. No entanto, as suas acções acabaram por subir esta segunda-feira e, se bem que ambas as acções sejam ilíquidas, o certo é que levantou questões acerca da identidade dos compradores na bolsa de Milão.
Ironicamente, o maior lucro foi registado pelas acções do ABN, na expectativa deste desistir da sua oferta, sendo que nada aponta nesse sentido. Além disso, o ABN está a pressionar os tribunais italianos e a Comissão Europeia para inverter a tendência adoptada pelo Lodi, apesar das investigações financeiras encetadas pela polícia italiana poderem vir a apurar responsabilidades.
Contudo, e caso perca esta disputa, o grande vencedor não será a banca holandesa, mas sim a credibilidade do sector bancário italiano e as esperanças de Bruxelas de criar um mercado pan-europeu na área dos serviços financeiros.
Nevoeiro em Milão
FT
O “nevoeiro” da irrealidade que paira sobre o sector bancário italiano está a adensar-se diariamente. As autoridades desta área - o Banco de Itália e o Consob, o regulador da bolsa de valores -, estão a realizar todos os esforços para evitar que a Banca Antonveneta, um banco de crédito de média dimensão, caia nas mãos do banco holandês ABN Amro.
A alternativa, uma contraproposta inferior da Banca Popolare di Lodi - um banco italiano de menores dimensões - pela compra da Antonveneta, parece ser uma solução que começa a ganhar terreno no mercado.
Além disso, o banco Lodi gastou cerca de 2 mil milhões de euros - quase toda a sua capitalização bolsista -, na compra de 29% do Antonveneta, o que fez com que o seu capital ficasse fragilizado no processo. Posteriormente, lançou uma oferta de compra sobre o seu anterior credor, o que, com o auxílio dos seus parceiros, deu origem, no passado fim-de-semana, à eleição dos directores previamente propostos para o conselho de administração do Antonveneta. A única mais valia para as acções do Lodi é a eventualidade da venda lucrativa à ABN da participação do Antonveneta. Assim, e na perspectiva de uma oferta favorável, previa-se que os dias anteriores testemunhassem uma descida das acções. No entanto subiram ligeiramente.
Além disso, o preço do Antonveneta deve reflectir um eventual ‘takeover’ por parte de um parceiro em contracção financeira, e que apresente uma proposta teoricamente inferior à do ABN - 25 euros líquidos por acção. No entanto, as suas acções acabaram por subir esta segunda-feira e, se bem que ambas as acções sejam ilíquidas, o certo é que levantou questões acerca da identidade dos compradores na bolsa de Milão.
Ironicamente, o maior lucro foi registado pelas acções do ABN, na expectativa deste desistir da sua oferta, sendo que nada aponta nesse sentido. Além disso, o ABN está a pressionar os tribunais italianos e a Comissão Europeia para inverter a tendência adoptada pelo Lodi, apesar das investigações financeiras encetadas pela polícia italiana poderem vir a apurar responsabilidades.
Contudo, e caso perca esta disputa, o grande vencedor não será a banca holandesa, mas sim a credibilidade do sector bancário italiano e as esperanças de Bruxelas de criar um mercado pan-europeu na área dos serviços financeiros.
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Governo e gestão têm de actualizar entendimento sobre governação da PT
Maria João Gago
Fernando Ulrich, presidente de um dos accionistas do grupo, questiona-se sobre a capacidade de a PT e a Telefónica conviverem no Brasil.
A mudança de Governo torna necessária a revisão do entendimento existente entre o Executivo e a administração da Portugal Telecom (PT) sobre a governação da empresa. A ideia é defendida por Fernando Ulrich, presidente do Banco BPI, um dos maiores accionistas do grupo de telecomunicações, com 2,46% do capital.
“Existindo um novo Governo, a administração e o Governo têm de actualizar o entendimento quanto à interpretação e à forma de viver as regras de governação da empresa”, defendeu o banqueiro em declarações ao Diário Económico. Esta clarificação deve incidir, “designadamente, [sobre as regras] que conferem direitos especiais ao Estado”, sublinhou.
A posição de Ulrich surge na sequência da retirada da ordem de trabalhos da assembleia geral (AG) da PT da proposta que permitiria à Telefónica manter uma posição superior a 10% na empresa. Uma decisão que Miguel Horta e Costa, presidente da comissão executiva da ‘telecom’, chegou a apresentar ao conselho de administração (CA), na véspera da AG de sexta-feira passada. Na reunião da equipa de gestão, Ulrich e mais três administradores rejeitaram a proposta de Horta e Costa.
“Votei contra por uma questão de respeito a uma decisão da própria administração”, justificou o banqueiro. É que, na reunião preparatória da AG, em Fevereiro, a gestão tinha aprovado por unanimidade a proposta de autorizar a Telefónica a superar a meta de 10% do capital da PT.
Na reunião de quinta-feira do CA, Fernando Ulrich deixou ainda claro que “estava na disposição de votar [em sintonia] com o Estado”, se este propusesse a retirada daquele ponto da AG na própria reunião de accionistas. “Por entender que o relacionamento com o Estado é muito importante em qualquer empresa e em particular na PT”, justificou.
O banqueiro mostrou ainda perplexidade pelo facto de diversos interessados nesta questão terem afirmado publicamente que a “luz verde” à Telefónica implicava uma alteração estatutária. “Era uma decisão que a AG tinha poderes para tomar, de acordo com os estatutos tal como eles estão”, contrapõe.
Dúvidas sobre relação entre PT e Telefónica
O presidente do BPI não quis comentar as consequências que este episódio poderá ter para o convívio entre os dois grupos de telecomunicações. No entanto, questiona-se sobre o futuro da relação entre a PT e a Telefónica, particularmente no que diz respeito à ‘joint-venture’ no Brasil.
“Cada vez mais, o que vai estar em cima da mesa é como é que dois accionistas tão desiguais vão conviver no Brasil com uma parceria em que cada um tem 50%” da Vivo, a ‘holding’ de telecomunicações móveis. Além de, em termos absolutos, a Telefónica ser maior do que a PT, os interesses da operadora espanhola no mercado brasileiro ultrapassam em muito o âmbito da Vivo.
As frases de Ulrich
”Existindo um novo Governo, a administração e o Governo têm de actualizar o entendimento quanto à interpretação e à forma de viver as regras de governação da empresa”.
“Cada vez mais, o que vai estar em cima da mesa é como é que dois accionistas tão desiguais vão conviver no Brasil com uma parceria em que cada um tem 50%”.
“Votei contra [a retirada da ordem de trabalhos da assembleia geral da PT da proposta que permitiria à Telefónica manter uma posição superior a 10%] por uma questão de respeito a uma decisão da própria administração”.
“O relacionamento com o Estado é muito importante em qualquer empresa e em particular na PT”. ”Existindo um novo Governo, a administração e o Governo têm de actualizar o entendimento quanto à interpretação e à forma de viver as regras de governação da empresa
Maria João Gago
Fernando Ulrich, presidente de um dos accionistas do grupo, questiona-se sobre a capacidade de a PT e a Telefónica conviverem no Brasil.
A mudança de Governo torna necessária a revisão do entendimento existente entre o Executivo e a administração da Portugal Telecom (PT) sobre a governação da empresa. A ideia é defendida por Fernando Ulrich, presidente do Banco BPI, um dos maiores accionistas do grupo de telecomunicações, com 2,46% do capital.
“Existindo um novo Governo, a administração e o Governo têm de actualizar o entendimento quanto à interpretação e à forma de viver as regras de governação da empresa”, defendeu o banqueiro em declarações ao Diário Económico. Esta clarificação deve incidir, “designadamente, [sobre as regras] que conferem direitos especiais ao Estado”, sublinhou.
A posição de Ulrich surge na sequência da retirada da ordem de trabalhos da assembleia geral (AG) da PT da proposta que permitiria à Telefónica manter uma posição superior a 10% na empresa. Uma decisão que Miguel Horta e Costa, presidente da comissão executiva da ‘telecom’, chegou a apresentar ao conselho de administração (CA), na véspera da AG de sexta-feira passada. Na reunião da equipa de gestão, Ulrich e mais três administradores rejeitaram a proposta de Horta e Costa.
“Votei contra por uma questão de respeito a uma decisão da própria administração”, justificou o banqueiro. É que, na reunião preparatória da AG, em Fevereiro, a gestão tinha aprovado por unanimidade a proposta de autorizar a Telefónica a superar a meta de 10% do capital da PT.
Na reunião de quinta-feira do CA, Fernando Ulrich deixou ainda claro que “estava na disposição de votar [em sintonia] com o Estado”, se este propusesse a retirada daquele ponto da AG na própria reunião de accionistas. “Por entender que o relacionamento com o Estado é muito importante em qualquer empresa e em particular na PT”, justificou.
O banqueiro mostrou ainda perplexidade pelo facto de diversos interessados nesta questão terem afirmado publicamente que a “luz verde” à Telefónica implicava uma alteração estatutária. “Era uma decisão que a AG tinha poderes para tomar, de acordo com os estatutos tal como eles estão”, contrapõe.
Dúvidas sobre relação entre PT e Telefónica
O presidente do BPI não quis comentar as consequências que este episódio poderá ter para o convívio entre os dois grupos de telecomunicações. No entanto, questiona-se sobre o futuro da relação entre a PT e a Telefónica, particularmente no que diz respeito à ‘joint-venture’ no Brasil.
“Cada vez mais, o que vai estar em cima da mesa é como é que dois accionistas tão desiguais vão conviver no Brasil com uma parceria em que cada um tem 50%” da Vivo, a ‘holding’ de telecomunicações móveis. Além de, em termos absolutos, a Telefónica ser maior do que a PT, os interesses da operadora espanhola no mercado brasileiro ultrapassam em muito o âmbito da Vivo.
As frases de Ulrich
”Existindo um novo Governo, a administração e o Governo têm de actualizar o entendimento quanto à interpretação e à forma de viver as regras de governação da empresa”.
“Cada vez mais, o que vai estar em cima da mesa é como é que dois accionistas tão desiguais vão conviver no Brasil com uma parceria em que cada um tem 50%”.
“Votei contra [a retirada da ordem de trabalhos da assembleia geral da PT da proposta que permitiria à Telefónica manter uma posição superior a 10%] por uma questão de respeito a uma decisão da própria administração”.
“O relacionamento com o Estado é muito importante em qualquer empresa e em particular na PT”. ”Existindo um novo Governo, a administração e o Governo têm de actualizar o entendimento quanto à interpretação e à forma de viver as regras de governação da empresa
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Ulrich quer clarificação das relações do Estado com PT
DE
A questão da ultrapassagem do patamar de 10% no capital da PT pela Telefónica pôs a nú divisões entre alguns dos principais accionistas.
A forma como o Estado impôs a sua posição, antes da assembleia geral, causou igualmente incómodo. Fonte da operadora recusa a ideia de uma crise, considerando normal haver divergências entre accionistas.
DE
A questão da ultrapassagem do patamar de 10% no capital da PT pela Telefónica pôs a nú divisões entre alguns dos principais accionistas.
A forma como o Estado impôs a sua posição, antes da assembleia geral, causou igualmente incómodo. Fonte da operadora recusa a ideia de uma crise, considerando normal haver divergências entre accionistas.
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bolsa de valores
comentário
PT cai e contagia a Bolsa
A queda das acções da Portugal Telecom arrastou ontem toda a Bolsa - o índice PSI-20 fechou com perdas de 0,11%, apesar de a descida ter sido suavizada pela recuperação do BCP e da EDP e do entusiasmo à volta da Media Capital.
A notícia de que a casa de investimento Lehman Brothers baixou o preço-alvo da PT de 10,5 para 10 euros, na sequência dos resultados "desapontantes" do primeiro trimestre, explicam o recuo de 1,14% nas acções da operadora de telefones, pressionada ainda por vendas para realização de mais-valias, depois dos ganhos dos últimos dias.
A curva negativa do mercado foi temperada pelo alívio dos investidores com a queda dos preços do petróleo - um dos entraves à retoma da economia - e pela subida do BCP (0,95%) e da EDP (+0,47%), que anunciou ontem a criação de uma nova empresa, em associação com a espanhola Hidrocantábrico, para o desenvolvimento de energias renováveis.
Destaque ainda para a valorização de 3,45% da Media Capital. A subida da empresa de Paes do Amaral, que chegou a ganhar mais de 5%, antecipa a divulgação de bons resultados trimestrais e reflecte o facto de a TVI ter ganho a liderança das audiências à concorrente SIC.
comentário
PT cai e contagia a Bolsa
A queda das acções da Portugal Telecom arrastou ontem toda a Bolsa - o índice PSI-20 fechou com perdas de 0,11%, apesar de a descida ter sido suavizada pela recuperação do BCP e da EDP e do entusiasmo à volta da Media Capital.
A notícia de que a casa de investimento Lehman Brothers baixou o preço-alvo da PT de 10,5 para 10 euros, na sequência dos resultados "desapontantes" do primeiro trimestre, explicam o recuo de 1,14% nas acções da operadora de telefones, pressionada ainda por vendas para realização de mais-valias, depois dos ganhos dos últimos dias.
A curva negativa do mercado foi temperada pelo alívio dos investidores com a queda dos preços do petróleo - um dos entraves à retoma da economia - e pela subida do BCP (0,95%) e da EDP (+0,47%), que anunciou ontem a criação de uma nova empresa, em associação com a espanhola Hidrocantábrico, para o desenvolvimento de energias renováveis.
Destaque ainda para a valorização de 3,45% da Media Capital. A subida da empresa de Paes do Amaral, que chegou a ganhar mais de 5%, antecipa a divulgação de bons resultados trimestrais e reflecte o facto de a TVI ter ganho a liderança das audiências à concorrente SIC.
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Portugal pode perder mil milhões de euros por ano
O país "precisa dramaticamente" de fundos da União, diz comissária polaca
rudolfo rebêlo
Portugal pode perder mais de seis mil milhões de euros em fundos comunitários entre 2007 e 2013, a confirmar-se a ameaça de cortes orçamentais no âmbito das negociações das perspectivas financeiras em curso na União Europeia.
"O alargamento implica sacrifícios para Portugal", reconheceu Fernando Neves, secretário de Estado dos assuntos Europeus, ontem à margem de uma conferência que levou a Lisboa representantes dos 17 países do chamado grupo "amigos da coesão", entre os quais os países do alargamento.
Fernando Neves, em tom diplomático, avisou ontem a Comissão Europeia - na pessoa da comissária europeia para a política regional, Danuta Hubner - que "não podemos aceitar que se comece a diferenciar entre os novos e os velhos membros da União Europeia ".
A resposta da Comissária Hubner, ao secretário de Estado português, não tardou. " Percebo a posição portuguesa", diz, "apenas espero que tenhamos orçamento que permita manter a importância das políticas de coesão".
A polaca Danuta Hubner refere-se ao montante do orçamento para a União Europeia - gerido pela Comissão presidida por Durão Barroso - a ser decidido já na cimeira de Chefes de Estado, em Julho. De um lado, os seis países contribuintes líquidos para o orçamento da União, encabeçados pela Alemanha, França e Inglaterra, pretendem cortes, insistindo num orçamento limitado a 1% do rendimento nacional bruto (RNB) da União; e do outro, o grupo dos 17 "Países Amigos da Coesão", que defendem um orçamento comunitário aumentado para 1,14% do RNB europeu (ver caixa).
"Portugal é o exemplo de um Estado membro que precisará, dramaticamente, de políticas de coesão", alertou, ontem ao fim da tarde, em conferência de imprensa, a comissária europeia Danuta Hubner. Referindo-se à necessidade do país em dotar-se de uma "economia baseada na ciência e na tecnologia" a polaca, do elenco europeu de Durão Barroso, expressou ainda o desejo de que os fundos comunitários concedidos a Portugal "sejam encaminhados para áreas no domínio da Estratégia de Lisboa".
O país "precisa dramaticamente" de fundos da União, diz comissária polaca
rudolfo rebêlo
Portugal pode perder mais de seis mil milhões de euros em fundos comunitários entre 2007 e 2013, a confirmar-se a ameaça de cortes orçamentais no âmbito das negociações das perspectivas financeiras em curso na União Europeia.
"O alargamento implica sacrifícios para Portugal", reconheceu Fernando Neves, secretário de Estado dos assuntos Europeus, ontem à margem de uma conferência que levou a Lisboa representantes dos 17 países do chamado grupo "amigos da coesão", entre os quais os países do alargamento.
Fernando Neves, em tom diplomático, avisou ontem a Comissão Europeia - na pessoa da comissária europeia para a política regional, Danuta Hubner - que "não podemos aceitar que se comece a diferenciar entre os novos e os velhos membros da União Europeia ".
A resposta da Comissária Hubner, ao secretário de Estado português, não tardou. " Percebo a posição portuguesa", diz, "apenas espero que tenhamos orçamento que permita manter a importância das políticas de coesão".
A polaca Danuta Hubner refere-se ao montante do orçamento para a União Europeia - gerido pela Comissão presidida por Durão Barroso - a ser decidido já na cimeira de Chefes de Estado, em Julho. De um lado, os seis países contribuintes líquidos para o orçamento da União, encabeçados pela Alemanha, França e Inglaterra, pretendem cortes, insistindo num orçamento limitado a 1% do rendimento nacional bruto (RNB) da União; e do outro, o grupo dos 17 "Países Amigos da Coesão", que defendem um orçamento comunitário aumentado para 1,14% do RNB europeu (ver caixa).
"Portugal é o exemplo de um Estado membro que precisará, dramaticamente, de políticas de coesão", alertou, ontem ao fim da tarde, em conferência de imprensa, a comissária europeia Danuta Hubner. Referindo-se à necessidade do país em dotar-se de uma "economia baseada na ciência e na tecnologia" a polaca, do elenco europeu de Durão Barroso, expressou ainda o desejo de que os fundos comunitários concedidos a Portugal "sejam encaminhados para áreas no domínio da Estratégia de Lisboa".
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comentário cambial
Greenspan dá ajuda ao euro
O euro recuperou ontem para 1,2948 dólares, registando uma valorização de 0,59%, a maior subida em duas semanas, depois de Alan Greenspan, o presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed), ter indicado que, após o aumento para 3%, o ritmo de agravamento das taxas de juro norte-americanas poderá abrandar.
Greenspan considerou que existem sinais de abrandamento no crescimento dos gastos das famílias e que as perspectivas para a inflação no longo prazo permanecem contidas, sugerindo que a Fed poderá não ser tão agressiva como se temia na subida dos juros.
Os economistas acreditam que, neste cenário, a Fed pode fazer uma pausa na subida dos juros quando estes tiverem atingido o patamar de 3,5%.
A contribuir para a queda do dólar esteve também o facto de o crescimento do índice que mede a actividade dos serviços dos EUA (ISM) ter abrandado em Abril, depois de se ter expandido o máximo em três meses.
Greenspan dá ajuda ao euro
O euro recuperou ontem para 1,2948 dólares, registando uma valorização de 0,59%, a maior subida em duas semanas, depois de Alan Greenspan, o presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed), ter indicado que, após o aumento para 3%, o ritmo de agravamento das taxas de juro norte-americanas poderá abrandar.
Greenspan considerou que existem sinais de abrandamento no crescimento dos gastos das famílias e que as perspectivas para a inflação no longo prazo permanecem contidas, sugerindo que a Fed poderá não ser tão agressiva como se temia na subida dos juros.
Os economistas acreditam que, neste cenário, a Fed pode fazer uma pausa na subida dos juros quando estes tiverem atingido o patamar de 3,5%.
A contribuir para a queda do dólar esteve também o facto de o crescimento do índice que mede a actividade dos serviços dos EUA (ISM) ter abrandado em Abril, depois de se ter expandido o máximo em três meses.
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telecomunicações Realuguer de linha pode mudar
A Anacom, entidade reguladora do sector das comunicações, deu um prazo de 20 dias à Portugal Telecom para apresentar uma proposta de referência de ORLA (oferta de realuguer de linha de assinante). Em causa está a possibilidades de os concorrentes da PT passarem a poder alugar à operadora histórica a linha telefónica que depois realugam aos seus clientes, facturando eles a assinatura e o tráfego (o que não acontece actualmente). Esta acção permite ao cliente final ter um único interlocutor e contribui para a existência da factura única.
A Anacom, entidade reguladora do sector das comunicações, deu um prazo de 20 dias à Portugal Telecom para apresentar uma proposta de referência de ORLA (oferta de realuguer de linha de assinante). Em causa está a possibilidades de os concorrentes da PT passarem a poder alugar à operadora histórica a linha telefónica que depois realugam aos seus clientes, facturando eles a assinatura e o tráfego (o que não acontece actualmente). Esta acção permite ao cliente final ter um único interlocutor e contribui para a existência da factura única.
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Viver mais e melhor
Robert J. Shiller
Viver o mais possível é um dos nossos maiores desejos e a evolução da economia, assim como o progresso da medicina, podem tornar esse sonho realidade.
Alguns cientistas afirmam que, em meados do século XXI, a esperança média de vida pode chegar aos 90 anos ou mais. Mas o que vai suceder se o nosso desejo for satisfeito? De que nos serve uma maior longevidade se não pudermos manter a nossa qualidade de vida?
O principal problema emergente do planeamento para uma maior longevidade é não sabermos se esta vai realmente acontecer. É bem provável que, em meados deste século, a esperança de vida seja apenas de 80 anos – como sucede actualmente nos países desenvolvidos –, caso a evolução da medicina conheça algum entrave ou se depare com novas ameaças ou perigos. Se fizermos poupanças para uma vida longa, é provável que estejamos a desperdiçar grandes quantidades de recursos económicos, caso essa previsão não se cumpra. Mas, se não o fizermos, podemos estar a condenar a nossa velhice a uma pobreza garantida.
Qualquer direccionamento da economia de um país depende da longevidade dos seus cidadãos. Uma grande percentagem de idosos pode significar uma grande quantidade de pessoas a querer viver num determinado local, a querer usufruir de um determinado nível de vida e a querer consumir determinados serviços. As empresas que irão nascer, as infra-estruturas que irão ser construídas, assim como a investigação e desenvolvimento necessários, irão depender das necessidades demográficas.
O mesmo acontece com a economia mundial. Jeremy Siegel, no seu livro ‘The Future for Investors’ de 2005, afirma que as diferenças de esperança de vida nos vários países irão interagir com as dissemelhanças dos níveis de saúde, originando um importante denominador comum nas relações económicas entre os países. Os fluxos financeiros podem passar a depender da longevidade, sendo que os países “a contas” com um crescente número de idosos deverão dar prioridade aos excedentes comerciais, para posteriormente se centrarem nos défices.
Os reformados precisam das pensões vitalícias, isto é, de um contrato que lhes ofereça um rendimento seguro até ao final das suas vidas, evitando, assim, uma velhice carenciada. Se a questão da longevidade não fosse problemática – ou seja, se a idade do óbito fosse conhecida –, os fundos de pensões poderiam facilmente oferecer as suas mensalidades vitalícias aos pensionistas, para que estes investissem em acções com várias datas de vencimento, de modo a que, anualmente, apenas recebessem a devida quantia.
Mas, os fundos não podem fazê-lo, pois arriscam-se a ficar sem verbas, caso as pessoas “decidam” viver mais do que o esperado. Para os que se reformam aos 60 anos, a diferença entre viver até aos 80 ou até aos 90 anos é enorme, sendo que as pensões destes últimos veriam a duração do pagamento de benefícios prolongada em 50%.
Como resultado, as empresas privadas não oferecem pensões vitalícias com taxas de juro “sedutoras”, uma vez que não têm a certeza do cumprimento das suas promessas, a não ser que tenham excedente de capital.
Felizmente, os mercados de capitais começam a aceitar o risco da longevidade. Em Novembro de 2004, o Banco Europeu de Investimento (BEI), em parceria com o BNP Paribas, anunciou que vai proceder à emissão da primeira obrigação de longevidade de longo prazo. As obrigações, com vencimento a 25 anos, contribuem anualmente com 50 milhões de libras, multiplicadas pela percentagem da população masculina inglesa e galesa que, em 2003, tinha 65 anos e que fará prova de vida num determinado ano (situação sujeita a um ligeiro atraso). Por exemplo, se 80% dos homens estiverem vivos dez anos após a emissão, as obrigações terão de distribuir 40 milhões de libras. Se a percentagem for de 40% e o espaço temporal de 20 anos, o montante será de 20 milhões de libras.
O BNP Paribas espera emitir obrigações juntamente com os fundos de pensões do Reino Unido, mas, até à data, o assunto ainda não foi devidamente abordado. A maior parte dos potenciais compradores hesita em tomar uma decisão, uma vez que os mandatários, gestores de conta, consultores e patrocinadores querem ter a certeza de que este novo conceito é compatível com as suas obrigações fiduciárias. Além disso, não está claro que o BEI possa obter uma ajuda extra por parte das resseguradoras – para gerir os riscos que resultam da emissão das obrigações em questão –, uma vez que estas empresas ainda não sabem como ultrapassar todos os riscos emergentes desta operação.
A lenta implementação das obrigações de longevidade reflectem, em última instância, uma questão fundamental, isto é, saber se é possível reduzir o impacto da questão da longevidade. Se todos formos afectados de igual modo por este assunto, então – preço das obrigações à parte –, todos vamos querer estar do mesmo lado do contrato, isto é, todos os compradores quererão um preço único e todos os emitentes um mesmo preço. Se não houver distinções, não há mercado.
Contudo, esta questão não tem o mesmo impacto em todas as pessoas. As companhias de seguros de vida, farmacêuticas, empresas de prestação de serviços a idosos, assim como os investidores em imobiliário para idosos, sairão todos beneficiados com o aumento da esperança de vida, contrariamente aos planos de pensões e fundos de aposentação. Além disso, os indivíduos com menos filhos sentem-se mais ameaçados pela questão da longevidade, do que aqueles para quem uma vida mais longa significa uma menor herança para os seus filhos. Na verdade, os países com taxas de natalidade mais elevadas estão menos expostos à problemática da longevidade – nos próximos 50 anos –, do que os países com uma taxa de natalidade reduzida.
Todos nós precisamos de um mercado mais vasto e com maior liquidez para abordar a questão da longevidade, de modo que os vários grupos possam partilhar os seus riscos, tirando partido disso. De facto, a criação de um mercado com estas características é o passo mais importante que podemos dar em relação a esta problemática. Para tal, devemos ter consciência do preço a pagar, facilitando a tomada de decisões comerciais referentes a esta situação.
Uma vez que não existe um histórico referente ao comportamento das obrigações de longevidade, levará algum tempo até se descobrir os seus compradores e vendedores, assim como os preços de mercado. Mas, as obrigações de longevidade, se bem que actualmente tenham um cariz experimental, é provável que, no futuro, assumam um papel fundamental na economia mundial.
____
Robert J. Shiller é professor de Economia na Universidade de Yale, director da Macro Securities Research LLC e autor dos livros ”Irrational Exuberance” e ”The New Finantial Order: Risk in the 21st Century”.
Tradução Pedro Evangelista
Robert J. Shiller
Viver o mais possível é um dos nossos maiores desejos e a evolução da economia, assim como o progresso da medicina, podem tornar esse sonho realidade.
Alguns cientistas afirmam que, em meados do século XXI, a esperança média de vida pode chegar aos 90 anos ou mais. Mas o que vai suceder se o nosso desejo for satisfeito? De que nos serve uma maior longevidade se não pudermos manter a nossa qualidade de vida?
O principal problema emergente do planeamento para uma maior longevidade é não sabermos se esta vai realmente acontecer. É bem provável que, em meados deste século, a esperança de vida seja apenas de 80 anos – como sucede actualmente nos países desenvolvidos –, caso a evolução da medicina conheça algum entrave ou se depare com novas ameaças ou perigos. Se fizermos poupanças para uma vida longa, é provável que estejamos a desperdiçar grandes quantidades de recursos económicos, caso essa previsão não se cumpra. Mas, se não o fizermos, podemos estar a condenar a nossa velhice a uma pobreza garantida.
Qualquer direccionamento da economia de um país depende da longevidade dos seus cidadãos. Uma grande percentagem de idosos pode significar uma grande quantidade de pessoas a querer viver num determinado local, a querer usufruir de um determinado nível de vida e a querer consumir determinados serviços. As empresas que irão nascer, as infra-estruturas que irão ser construídas, assim como a investigação e desenvolvimento necessários, irão depender das necessidades demográficas.
O mesmo acontece com a economia mundial. Jeremy Siegel, no seu livro ‘The Future for Investors’ de 2005, afirma que as diferenças de esperança de vida nos vários países irão interagir com as dissemelhanças dos níveis de saúde, originando um importante denominador comum nas relações económicas entre os países. Os fluxos financeiros podem passar a depender da longevidade, sendo que os países “a contas” com um crescente número de idosos deverão dar prioridade aos excedentes comerciais, para posteriormente se centrarem nos défices.
Os reformados precisam das pensões vitalícias, isto é, de um contrato que lhes ofereça um rendimento seguro até ao final das suas vidas, evitando, assim, uma velhice carenciada. Se a questão da longevidade não fosse problemática – ou seja, se a idade do óbito fosse conhecida –, os fundos de pensões poderiam facilmente oferecer as suas mensalidades vitalícias aos pensionistas, para que estes investissem em acções com várias datas de vencimento, de modo a que, anualmente, apenas recebessem a devida quantia.
Mas, os fundos não podem fazê-lo, pois arriscam-se a ficar sem verbas, caso as pessoas “decidam” viver mais do que o esperado. Para os que se reformam aos 60 anos, a diferença entre viver até aos 80 ou até aos 90 anos é enorme, sendo que as pensões destes últimos veriam a duração do pagamento de benefícios prolongada em 50%.
Como resultado, as empresas privadas não oferecem pensões vitalícias com taxas de juro “sedutoras”, uma vez que não têm a certeza do cumprimento das suas promessas, a não ser que tenham excedente de capital.
Felizmente, os mercados de capitais começam a aceitar o risco da longevidade. Em Novembro de 2004, o Banco Europeu de Investimento (BEI), em parceria com o BNP Paribas, anunciou que vai proceder à emissão da primeira obrigação de longevidade de longo prazo. As obrigações, com vencimento a 25 anos, contribuem anualmente com 50 milhões de libras, multiplicadas pela percentagem da população masculina inglesa e galesa que, em 2003, tinha 65 anos e que fará prova de vida num determinado ano (situação sujeita a um ligeiro atraso). Por exemplo, se 80% dos homens estiverem vivos dez anos após a emissão, as obrigações terão de distribuir 40 milhões de libras. Se a percentagem for de 40% e o espaço temporal de 20 anos, o montante será de 20 milhões de libras.
O BNP Paribas espera emitir obrigações juntamente com os fundos de pensões do Reino Unido, mas, até à data, o assunto ainda não foi devidamente abordado. A maior parte dos potenciais compradores hesita em tomar uma decisão, uma vez que os mandatários, gestores de conta, consultores e patrocinadores querem ter a certeza de que este novo conceito é compatível com as suas obrigações fiduciárias. Além disso, não está claro que o BEI possa obter uma ajuda extra por parte das resseguradoras – para gerir os riscos que resultam da emissão das obrigações em questão –, uma vez que estas empresas ainda não sabem como ultrapassar todos os riscos emergentes desta operação.
A lenta implementação das obrigações de longevidade reflectem, em última instância, uma questão fundamental, isto é, saber se é possível reduzir o impacto da questão da longevidade. Se todos formos afectados de igual modo por este assunto, então – preço das obrigações à parte –, todos vamos querer estar do mesmo lado do contrato, isto é, todos os compradores quererão um preço único e todos os emitentes um mesmo preço. Se não houver distinções, não há mercado.
Contudo, esta questão não tem o mesmo impacto em todas as pessoas. As companhias de seguros de vida, farmacêuticas, empresas de prestação de serviços a idosos, assim como os investidores em imobiliário para idosos, sairão todos beneficiados com o aumento da esperança de vida, contrariamente aos planos de pensões e fundos de aposentação. Além disso, os indivíduos com menos filhos sentem-se mais ameaçados pela questão da longevidade, do que aqueles para quem uma vida mais longa significa uma menor herança para os seus filhos. Na verdade, os países com taxas de natalidade mais elevadas estão menos expostos à problemática da longevidade – nos próximos 50 anos –, do que os países com uma taxa de natalidade reduzida.
Todos nós precisamos de um mercado mais vasto e com maior liquidez para abordar a questão da longevidade, de modo que os vários grupos possam partilhar os seus riscos, tirando partido disso. De facto, a criação de um mercado com estas características é o passo mais importante que podemos dar em relação a esta problemática. Para tal, devemos ter consciência do preço a pagar, facilitando a tomada de decisões comerciais referentes a esta situação.
Uma vez que não existe um histórico referente ao comportamento das obrigações de longevidade, levará algum tempo até se descobrir os seus compradores e vendedores, assim como os preços de mercado. Mas, as obrigações de longevidade, se bem que actualmente tenham um cariz experimental, é provável que, no futuro, assumam um papel fundamental na economia mundial.
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Robert J. Shiller é professor de Economia na Universidade de Yale, director da Macro Securities Research LLC e autor dos livros ”Irrational Exuberance” e ”The New Finantial Order: Risk in the 21st Century”.
Tradução Pedro Evangelista
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Editorial > 2005-05-04 14:00
O que não está escrito
António Costa
Crise. Em linguagem de banqueiro central, é este o termo que atravessa o boletim trimestral do Banco de Portugal, ontem divulgado.
A crise que atravessámos, os trabalhos para a ultrapassar e a crise que vem a caminho se, entretanto, nada for feito. E, neste quadro, 2004 foi um ano perdido, apesar da economia ter registado um crescimento de 1,1%. Não só por causa da crise política, mas também devido à inversão na ensaiada trajectória de correcção dos desequilíbrios estruturais da economia portuguesa.
Os alertas de Vítor Constâncio não podem continuar a cair em saco roto. O governador alertou, em tempo devido, para a crise orçamental, falou depois da crise económica e, mais recentemente, apelou a um sobressalto reformista. Como se de um caminho para o precipício se tratasse, as placas indicavam os quilómetros em falta, mas os sucessivos governos continuaram a percorrê-lo. (Quase) sem olharem para trás.
Agora, o governador do Banco de Portugal volta a alertar. Porque, no último ano, os portugueses ouviram o governo de coligação ditar o fim do discurso de austeridade. Prematuramente. O resultado foi um aumento da confiança dos agentes económicos - leia-se das famílias e das empresas - para lá do desejável.
Isso explica, por exemplo, que o consumo das famílias tenha aumentado a um ritmo superior ao do seu próprio rendimento, com consequências, obviamente, negativas do lado da poupança. As empresas, por seu turno, não conseguem responder a esta procura interna, por um lado, nem têm capacidade para concorrer nos mercados externos com os seus concorrentes, por outro. Simplesmente, porque têm custos de produção superiores aos registados por empresas estrangeiras concorrentes, aqui e lá fora.
É uma equação de resultado certo, e que já está, aliás, a transparecer: a economia portuguesa não tem recursos para financiar o conforto aparente do último ano e, por isso, tem de pedir emprestado. Como é fácil de perceber, as consequências estão à vista. Portugal está novamente a viver às custas do endividamento. Bastará um aumento dos juros para se verificar um novo ajustamento, à força, das condições económicas do país, ou seja, mais desemprego. Precisamente a variável que José Sócrates definiu como a prioridade das prioridades.
A saída para a crise não se afigura fácil e, com o diz Vítor Constâncio, o próprio Estado tem um papel central.
arcosta@economicasgps.com
Comentários
vg
O discurso de Constancio é tão inutil como o de Sampaio para o transito,saude,educação,etc.Este Estado que os partidos se propõem ,desde há décadas,gerir,é ,ao invés por eles espoliado e abusado.Como nada ,no presente e futuro augura mudança,vamos andando. E empobrecendo... PS-a um Oliveira, que anda por aqui,digo que tenho duvidas de que o seu QI dê para perceber o que escrevo.Portanto,abstenha-se!
Hugo Zão
Nada que o choque tecnológio não resolva...
José Bilhoto
Cada vez entendo menos! Não foi o "discurso da tanga" e a contenção orçamental que levaram o país à crise? Afinal foi a melhoria dos indicadores económicos no 2º semestre de 2004 e a consequente mudança de discurso? Ou não terão sido a convocação de eleições antecipadas e a consequente incerteza daí resultante que, volvidos 2 meses após as eleições e com um governo com maioria absoluta no parlamento, teima em persistir as principais causas do naufrágio económico do final de 2004 e 2005? Continuamos a aguardar pelo regresso de D. Sebastião para nos esclarecer e nos salvar!!!
Tribunus
O Constancio, que assumiu a responsabilidade de apresentar um relatório, sobre a situação do país, acha que aind não teve tempo para o colocar na rua? Afinal todos os meses o Banco De Porugal, vem contar estorias desagradaveis da situação, para o fazer è junta-los e está feito o relatório..........ou aguarda que o Socrates e o Ministro das Finanças deem ordem para a publicação e isso po de lixar as eleições de Outubro? Afinal, o ministro das finanças tão competente, ainda não teve tempo de fazer o orçamento rectificativo? como liberta as verbas? mas cuidad que perder as eleições, è uma brincadeira comparado, com o buraco financeiro que se espalha como azeite...........
Então isto agora não está numa maré de rosas ?
2004 foi um ano perdido! Para o ano vamos dizer também que 2005 foi o ano do "aborto" ! Será que o problema está na Justiça? Será que está na Educação? Será que está na Saúde? Será que está no Trânsito e no Comportamento dos Condutores ? Então nada funciona bem? Cá por mim julgo que o problema está na credibilidade das instituições e numa crise de competência que está a afectar o País inteiro!
Zé Lusitano
Continuo a não acreditar... Mais desemprego, mais empresas a fechar, mais hospitais que não são construídos, mais trapalhadas com a eventualidade dos magistrados acompanharenm os polícias, falta de dinheiro para os vencimentos da PSP/GNR...as broncas sobre o "aborto"...Cada vez menos Europa e mais Burundi...
jmgrs
ainda não entendi o que se passa. das duas uma - será que devido à falta de chuva, a água foi inquinada por uma bactéria que anestesiou o pais inteiro ou, será que este governo governa tanto e tão rápido que nem nos apercebemos...
H.R. Madeira
Antes de Luis Campos e Cunha ter assumido a pasta, alguns meses atraz, os comentarios de Vitor Constancio pareceram-me um pouco ao contrario das recentes declaracoes - sera que temos a antitese de Alan Greenspan, conhecido pela consistencia de nao dar sinais ao mercado, que ao inves parece dar sinais contraditorios?
anibal barca
Muitos dos comentadores que se apressam nas constantes críticas e que tão exigentes são com os nossos políticos (e com as suas políticas) deveriam também, como exercício saudável, começar por ser mais exigentes consigo próprios e pôr mais rigor no que escrevem. Todos teríamos a lucrar. A culpa não é só dos políticos, como sabem... "Ó Portugal, Portugal, do que é que estás à espera?" Assim reza uma canção do Jorge Palma.
falcão
O declínio é perfeito desde 1995 porque em vez de investimento para criar riqueza, a mudança foi para consumo e mais subsídios que mantêm a dependência. A crise agrava-se com a dupla recessão internacional e nem tem descolagem, continua com estagnação e crescimento induzido por fundos. A ideologia é caótica e a prática uma desordem, com um agravamento substancial após reforma fiscal, do coveiro do governo socialista e após pec, pagar para trabalhar, o esbulho fiscal começa a ser a causa real da falência das empresas. Mas primeiro deixam de pagar à SS. De resto está tudo igual à espera que alguém faça, com quebra notória da capacidade da iniciativa privada que não está para trabalhar para engordar ainda mais o estado. As presidências televisivas com propaganda oficial do esquema, são pagas por quem paga impostos e sem verem vontade de poupar, não verão vontade de investir portuguesa.
António Oliveira
Crise? Qual crise! Já viram o parque automóvel do Banco de Portugal, da CGD, da Fidelidade Mundial, das outras Empresas do Estado e Institutos?
O que não está escrito
António Costa
Crise. Em linguagem de banqueiro central, é este o termo que atravessa o boletim trimestral do Banco de Portugal, ontem divulgado.
A crise que atravessámos, os trabalhos para a ultrapassar e a crise que vem a caminho se, entretanto, nada for feito. E, neste quadro, 2004 foi um ano perdido, apesar da economia ter registado um crescimento de 1,1%. Não só por causa da crise política, mas também devido à inversão na ensaiada trajectória de correcção dos desequilíbrios estruturais da economia portuguesa.
Os alertas de Vítor Constâncio não podem continuar a cair em saco roto. O governador alertou, em tempo devido, para a crise orçamental, falou depois da crise económica e, mais recentemente, apelou a um sobressalto reformista. Como se de um caminho para o precipício se tratasse, as placas indicavam os quilómetros em falta, mas os sucessivos governos continuaram a percorrê-lo. (Quase) sem olharem para trás.
Agora, o governador do Banco de Portugal volta a alertar. Porque, no último ano, os portugueses ouviram o governo de coligação ditar o fim do discurso de austeridade. Prematuramente. O resultado foi um aumento da confiança dos agentes económicos - leia-se das famílias e das empresas - para lá do desejável.
Isso explica, por exemplo, que o consumo das famílias tenha aumentado a um ritmo superior ao do seu próprio rendimento, com consequências, obviamente, negativas do lado da poupança. As empresas, por seu turno, não conseguem responder a esta procura interna, por um lado, nem têm capacidade para concorrer nos mercados externos com os seus concorrentes, por outro. Simplesmente, porque têm custos de produção superiores aos registados por empresas estrangeiras concorrentes, aqui e lá fora.
É uma equação de resultado certo, e que já está, aliás, a transparecer: a economia portuguesa não tem recursos para financiar o conforto aparente do último ano e, por isso, tem de pedir emprestado. Como é fácil de perceber, as consequências estão à vista. Portugal está novamente a viver às custas do endividamento. Bastará um aumento dos juros para se verificar um novo ajustamento, à força, das condições económicas do país, ou seja, mais desemprego. Precisamente a variável que José Sócrates definiu como a prioridade das prioridades.
A saída para a crise não se afigura fácil e, com o diz Vítor Constâncio, o próprio Estado tem um papel central.
arcosta@economicasgps.com
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vg
O discurso de Constancio é tão inutil como o de Sampaio para o transito,saude,educação,etc.Este Estado que os partidos se propõem ,desde há décadas,gerir,é ,ao invés por eles espoliado e abusado.Como nada ,no presente e futuro augura mudança,vamos andando. E empobrecendo... PS-a um Oliveira, que anda por aqui,digo que tenho duvidas de que o seu QI dê para perceber o que escrevo.Portanto,abstenha-se!
Hugo Zão
Nada que o choque tecnológio não resolva...
José Bilhoto
Cada vez entendo menos! Não foi o "discurso da tanga" e a contenção orçamental que levaram o país à crise? Afinal foi a melhoria dos indicadores económicos no 2º semestre de 2004 e a consequente mudança de discurso? Ou não terão sido a convocação de eleições antecipadas e a consequente incerteza daí resultante que, volvidos 2 meses após as eleições e com um governo com maioria absoluta no parlamento, teima em persistir as principais causas do naufrágio económico do final de 2004 e 2005? Continuamos a aguardar pelo regresso de D. Sebastião para nos esclarecer e nos salvar!!!
Tribunus
O Constancio, que assumiu a responsabilidade de apresentar um relatório, sobre a situação do país, acha que aind não teve tempo para o colocar na rua? Afinal todos os meses o Banco De Porugal, vem contar estorias desagradaveis da situação, para o fazer è junta-los e está feito o relatório..........ou aguarda que o Socrates e o Ministro das Finanças deem ordem para a publicação e isso po de lixar as eleições de Outubro? Afinal, o ministro das finanças tão competente, ainda não teve tempo de fazer o orçamento rectificativo? como liberta as verbas? mas cuidad que perder as eleições, è uma brincadeira comparado, com o buraco financeiro que se espalha como azeite...........
Então isto agora não está numa maré de rosas ?
2004 foi um ano perdido! Para o ano vamos dizer também que 2005 foi o ano do "aborto" ! Será que o problema está na Justiça? Será que está na Educação? Será que está na Saúde? Será que está no Trânsito e no Comportamento dos Condutores ? Então nada funciona bem? Cá por mim julgo que o problema está na credibilidade das instituições e numa crise de competência que está a afectar o País inteiro!
Zé Lusitano
Continuo a não acreditar... Mais desemprego, mais empresas a fechar, mais hospitais que não são construídos, mais trapalhadas com a eventualidade dos magistrados acompanharenm os polícias, falta de dinheiro para os vencimentos da PSP/GNR...as broncas sobre o "aborto"...Cada vez menos Europa e mais Burundi...
jmgrs
ainda não entendi o que se passa. das duas uma - será que devido à falta de chuva, a água foi inquinada por uma bactéria que anestesiou o pais inteiro ou, será que este governo governa tanto e tão rápido que nem nos apercebemos...
H.R. Madeira
Antes de Luis Campos e Cunha ter assumido a pasta, alguns meses atraz, os comentarios de Vitor Constancio pareceram-me um pouco ao contrario das recentes declaracoes - sera que temos a antitese de Alan Greenspan, conhecido pela consistencia de nao dar sinais ao mercado, que ao inves parece dar sinais contraditorios?
anibal barca
Muitos dos comentadores que se apressam nas constantes críticas e que tão exigentes são com os nossos políticos (e com as suas políticas) deveriam também, como exercício saudável, começar por ser mais exigentes consigo próprios e pôr mais rigor no que escrevem. Todos teríamos a lucrar. A culpa não é só dos políticos, como sabem... "Ó Portugal, Portugal, do que é que estás à espera?" Assim reza uma canção do Jorge Palma.
falcão
O declínio é perfeito desde 1995 porque em vez de investimento para criar riqueza, a mudança foi para consumo e mais subsídios que mantêm a dependência. A crise agrava-se com a dupla recessão internacional e nem tem descolagem, continua com estagnação e crescimento induzido por fundos. A ideologia é caótica e a prática uma desordem, com um agravamento substancial após reforma fiscal, do coveiro do governo socialista e após pec, pagar para trabalhar, o esbulho fiscal começa a ser a causa real da falência das empresas. Mas primeiro deixam de pagar à SS. De resto está tudo igual à espera que alguém faça, com quebra notória da capacidade da iniciativa privada que não está para trabalhar para engordar ainda mais o estado. As presidências televisivas com propaganda oficial do esquema, são pagas por quem paga impostos e sem verem vontade de poupar, não verão vontade de investir portuguesa.
António Oliveira
Crise? Qual crise! Já viram o parque automóvel do Banco de Portugal, da CGD, da Fidelidade Mundial, das outras Empresas do Estado e Institutos?
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Bruxelas avalia supervisão da banca no estrangeiro
Luís Rego, em Bruxelas
Quem se responsabilizará por uma crise bancária num estado ‘ocupado’ por banca estrangeira?
A Europa pode ter de preparar-se para as consequências nefastas do aprofundamento da integração do sistema bancário europeu actualmente em curso, nomeadamente com a diluição dos poderes de supervisão face à crescente internacionalização de bancos e a economias ‘ocupadas’ por banca estrangeira. “Este é o grande ponto em discussão neste momento”, explicou ontem ao DE o comissário Charlie McCreevy, que tutela o mercado interno e tem sido o maior impulsionador da consolidação bancária.
“Aprofundar a integração do sistema bancário europeu pode criar necessidade de uma reforma do quadro de supervisão, largamente incentivado pela adesão de 10 novos membros, onde os sistemas bancários são largamento detidos por estrangeiros”, nota um relatório elaborado pelos serviços de Joaquin Almunia, o comissário dos assuntos económicos. A banca estrangeira detém 97,3% dos bancos na Estónia, 96% da República Checa, 96,3% da Eslováquia, 83,3% da Hungria e 67,8% da Polónia. No caso de uma crise financeira ou de falência do banco estrangeiro num destes países levanta-se um problema de supervisão.
Caso um banco se internacionalize através de agências (sucursais), as autoridades do país de origem são inteiramente responsáveis pelo desequilíbrio. Mas note-se que se a parcela de negócio desse banco no estrangeiro for muito grande face ao seu total, há um risco que os interesses nacionais possam desencorajar o supervisor do estado de origem de declarar a insolvência do banco, visto que isto iria pressionar os contribuintes do país de origem a financiar custos de reestruturação e de cobertura de pagamentos que só parcialmente o beneficiam, sublinha o relatório.
No caso de um banco pan-europeu (com subsidiárias em vários estados), é preciso criar procedimentos para casos de falência e/ou financiamento de um pacote de salvação de um banco para evitar que esse fardo caia sobre um país (potencialmente pequeno).
Nestes casos de crise financeira, a consolidação traz problemas que não podem ser só tratados com uma integração dos regimes de supervisão (ver caixa) requerendo mesmo a participação de Banco Central Europeu e Ministros de Finanças. “A estrutura actual apenas é adequada em caso de integração financeira limitada e pode requerer novas soluções num ambiente de maior integração”, conclui o relatório.
Charlie McCreevy afirma que “vamos continuar com o processo Lamfalussy [de cooperação permanente entre os estados no sector financeiro]” e acrescenta que, nesta fase, “criar novas instituições de supervisão é um assunto que divide muito os estados”. Entretanto, quem é que salva um banco estrangeiro em dificuldades na Letónia ou na Polónia? “Esses países, em que quase toda a fatia de bancos é estrangeira, estão bem e não têm problemas de momento”, frisou McCreevy cuja principal preocupação no curto prazo é levantar as barreiras à consolidação bancária na Europa, tendo já começado por soar alarmes de proteccionismo em Itália. O seu relatório que apresentará em Setembro aos ministros das Finanças promete apontar o dedo a esquemas de blindagem de bancos a estrangeiros em vários países. A seguir à Itália, a Alemanha é o próximo na lista.
Impactos da consolidação
Um banco que opere além-fronteiras através de subsidiários está sujeito à supervisão do país de destino (da expansão) em cada estado-membro, além da supervisão do país de origem numa base consolidada. Um banco pan-europeu terá por isso de lidar com uma panóplia de supervisões com diferentes regras e procedimentos.
Quando um banco se expande através de sucursais, cabe à supervisão do país de origem carregar o maior fardo de supervisão das sucursais estrangeiras desse banco. Já o banco de destino recebe a maioria dos benefícios em termos de um sistema financeiro doméstico mais saudável. Logo, o supervisor do país de origem do banco terá poucos incentivos para cumprir as suas funções em relação ao país de destino (da expansão do banco).
No caso de uma crise, a situação é ainda mais complicada. Já não são só os supervisores, mas também os banco centrais e os ministros das Finanças a terem de ser envolvidos.
Possíveis revisões da supervisão
Um supervisor intermédio. Para lidar com a divisão de trabalho entre as entidades de supervisão do país de origem e do país de destino de negócio do banco, cobrindo o vazio legal e carregando a obrigação de colmatar as divergências entre ambos. A supervisão do país de origem do banco, com sucursal ou subsidiárias noutro estado, não tem os mesmos incentivos de supervisão que os desse outro estado.
Discute-se uma ligeira variação a esta ideia que passaria pela delegação de alguns poderes agora detidos pelo supervisor do país de origem do banco para o país de destino da expansão deste banco ou, no caso do banco ser pan-europeu, delegar poderes a uma rede de supervisão.
Autoridade única de supervisão. Uma instituição que tanto poderia ser centralizada como construída em rede. Uma variante seria uma autoridade específica só para bancos que operem numa base transfronteiriça.
Luís Rego, em Bruxelas
Quem se responsabilizará por uma crise bancária num estado ‘ocupado’ por banca estrangeira?
A Europa pode ter de preparar-se para as consequências nefastas do aprofundamento da integração do sistema bancário europeu actualmente em curso, nomeadamente com a diluição dos poderes de supervisão face à crescente internacionalização de bancos e a economias ‘ocupadas’ por banca estrangeira. “Este é o grande ponto em discussão neste momento”, explicou ontem ao DE o comissário Charlie McCreevy, que tutela o mercado interno e tem sido o maior impulsionador da consolidação bancária.
“Aprofundar a integração do sistema bancário europeu pode criar necessidade de uma reforma do quadro de supervisão, largamente incentivado pela adesão de 10 novos membros, onde os sistemas bancários são largamento detidos por estrangeiros”, nota um relatório elaborado pelos serviços de Joaquin Almunia, o comissário dos assuntos económicos. A banca estrangeira detém 97,3% dos bancos na Estónia, 96% da República Checa, 96,3% da Eslováquia, 83,3% da Hungria e 67,8% da Polónia. No caso de uma crise financeira ou de falência do banco estrangeiro num destes países levanta-se um problema de supervisão.
Caso um banco se internacionalize através de agências (sucursais), as autoridades do país de origem são inteiramente responsáveis pelo desequilíbrio. Mas note-se que se a parcela de negócio desse banco no estrangeiro for muito grande face ao seu total, há um risco que os interesses nacionais possam desencorajar o supervisor do estado de origem de declarar a insolvência do banco, visto que isto iria pressionar os contribuintes do país de origem a financiar custos de reestruturação e de cobertura de pagamentos que só parcialmente o beneficiam, sublinha o relatório.
No caso de um banco pan-europeu (com subsidiárias em vários estados), é preciso criar procedimentos para casos de falência e/ou financiamento de um pacote de salvação de um banco para evitar que esse fardo caia sobre um país (potencialmente pequeno).
Nestes casos de crise financeira, a consolidação traz problemas que não podem ser só tratados com uma integração dos regimes de supervisão (ver caixa) requerendo mesmo a participação de Banco Central Europeu e Ministros de Finanças. “A estrutura actual apenas é adequada em caso de integração financeira limitada e pode requerer novas soluções num ambiente de maior integração”, conclui o relatório.
Charlie McCreevy afirma que “vamos continuar com o processo Lamfalussy [de cooperação permanente entre os estados no sector financeiro]” e acrescenta que, nesta fase, “criar novas instituições de supervisão é um assunto que divide muito os estados”. Entretanto, quem é que salva um banco estrangeiro em dificuldades na Letónia ou na Polónia? “Esses países, em que quase toda a fatia de bancos é estrangeira, estão bem e não têm problemas de momento”, frisou McCreevy cuja principal preocupação no curto prazo é levantar as barreiras à consolidação bancária na Europa, tendo já começado por soar alarmes de proteccionismo em Itália. O seu relatório que apresentará em Setembro aos ministros das Finanças promete apontar o dedo a esquemas de blindagem de bancos a estrangeiros em vários países. A seguir à Itália, a Alemanha é o próximo na lista.
Impactos da consolidação
Um banco que opere além-fronteiras através de subsidiários está sujeito à supervisão do país de destino (da expansão) em cada estado-membro, além da supervisão do país de origem numa base consolidada. Um banco pan-europeu terá por isso de lidar com uma panóplia de supervisões com diferentes regras e procedimentos.
Quando um banco se expande através de sucursais, cabe à supervisão do país de origem carregar o maior fardo de supervisão das sucursais estrangeiras desse banco. Já o banco de destino recebe a maioria dos benefícios em termos de um sistema financeiro doméstico mais saudável. Logo, o supervisor do país de origem do banco terá poucos incentivos para cumprir as suas funções em relação ao país de destino (da expansão do banco).
No caso de uma crise, a situação é ainda mais complicada. Já não são só os supervisores, mas também os banco centrais e os ministros das Finanças a terem de ser envolvidos.
Possíveis revisões da supervisão
Um supervisor intermédio. Para lidar com a divisão de trabalho entre as entidades de supervisão do país de origem e do país de destino de negócio do banco, cobrindo o vazio legal e carregando a obrigação de colmatar as divergências entre ambos. A supervisão do país de origem do banco, com sucursal ou subsidiárias noutro estado, não tem os mesmos incentivos de supervisão que os desse outro estado.
Discute-se uma ligeira variação a esta ideia que passaria pela delegação de alguns poderes agora detidos pelo supervisor do país de origem do banco para o país de destino da expansão deste banco ou, no caso do banco ser pan-europeu, delegar poderes a uma rede de supervisão.
Autoridade única de supervisão. Uma instituição que tanto poderia ser centralizada como construída em rede. Uma variante seria uma autoridade específica só para bancos que operem numa base transfronteiriça.
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Boletim da Primavera do Banco de Portugal
Descontrolo orçamental prejudica economia
Filipe Charters de Azevedo
Consolidação orçamental ainda está por fazer, apesar da política restritiva.
O Banco de Portugal alerta para a “necessidade” de um equilíbrio nas contas do Estado que liberte recursos para a actividade produtiva e que favoreça a recuperação económica. No seu boletim económico, os técnicos desta instituição lembram que o problema das contas públicas ainda está por resolver passados três anos de política “moderadamente” restritiva. A posição orçamental “continua a assentar no aumento das receitas, num quadro em que as despesas em pensões mantiveram um crescimento acentuado”. O défice público em percentagem do produto situou-se em 5,2% em 2004, descontando o efeito das medidas extraordinárias.
Para os técnicos do banco central, “[a] correcção do desequilíbrio das contas públicas, muito embora imponha custos de crescimento no curto prazo, surge igualmente como condição necessária ao crescimento da economia no médio prazo.” A correcção do problema orçamental tende a redireccionar recursos para a produção de produtos que sejam negociados nos mercados internacionais.
Também do lado da eficiência do Estado, uma moderação da despesa pública poderá ser benéfica, uma vez que obriga as administrações públicas a gastarem os recursos disponíveis de uma forma mais inteligente. No médio prazo, a redução do papel do Estado pode conduzir a um melhor crescimento económico. Para Vítor Constâncio, é assim fundamental o cumprimento das exigências do Pacto de Estabilidade e Crescimento mediante de uma estratégia “coerente de consolidação orçamental”.
De acordo com os números divulgados pelo banco central português, a política orçamental seguida conseguiu controlar apenas um quarto do desequilíbrio criado pelo Executivo de António Guterres, entre 1998 e 2001. O controlo das finanças públicas dos últimos anos é classificado de “moderadamente” restritivo por assentar no aumento da receita e não na redução da despesa. Além disso, a melhoria do saldo estrutural nos últimos três anos esteve muito concentrada em 2002, o ano da subida do IVA.
Também em 2004 a posição orçamental é explicada, segundo os técnicos do Banco de Portugal, por um comportamento “excepcionalmente” favorável da receita fiscal, em particular dos impostos sobre o rendimento das empresas. Este resultado é conseguido devido a um maior dinamismo empresarial, algumas estratégias contabilísticas por parte do fisco e uma maior eficiência fiscal. Os valores obtidos são principalmente relevantes pois a taxa de IRC caiu mais de 10 pontos durante esse ano.
Descontrolo orçamental prejudica economia
Filipe Charters de Azevedo
Consolidação orçamental ainda está por fazer, apesar da política restritiva.
O Banco de Portugal alerta para a “necessidade” de um equilíbrio nas contas do Estado que liberte recursos para a actividade produtiva e que favoreça a recuperação económica. No seu boletim económico, os técnicos desta instituição lembram que o problema das contas públicas ainda está por resolver passados três anos de política “moderadamente” restritiva. A posição orçamental “continua a assentar no aumento das receitas, num quadro em que as despesas em pensões mantiveram um crescimento acentuado”. O défice público em percentagem do produto situou-se em 5,2% em 2004, descontando o efeito das medidas extraordinárias.
Para os técnicos do banco central, “[a] correcção do desequilíbrio das contas públicas, muito embora imponha custos de crescimento no curto prazo, surge igualmente como condição necessária ao crescimento da economia no médio prazo.” A correcção do problema orçamental tende a redireccionar recursos para a produção de produtos que sejam negociados nos mercados internacionais.
Também do lado da eficiência do Estado, uma moderação da despesa pública poderá ser benéfica, uma vez que obriga as administrações públicas a gastarem os recursos disponíveis de uma forma mais inteligente. No médio prazo, a redução do papel do Estado pode conduzir a um melhor crescimento económico. Para Vítor Constâncio, é assim fundamental o cumprimento das exigências do Pacto de Estabilidade e Crescimento mediante de uma estratégia “coerente de consolidação orçamental”.
De acordo com os números divulgados pelo banco central português, a política orçamental seguida conseguiu controlar apenas um quarto do desequilíbrio criado pelo Executivo de António Guterres, entre 1998 e 2001. O controlo das finanças públicas dos últimos anos é classificado de “moderadamente” restritivo por assentar no aumento da receita e não na redução da despesa. Além disso, a melhoria do saldo estrutural nos últimos três anos esteve muito concentrada em 2002, o ano da subida do IVA.
Também em 2004 a posição orçamental é explicada, segundo os técnicos do Banco de Portugal, por um comportamento “excepcionalmente” favorável da receita fiscal, em particular dos impostos sobre o rendimento das empresas. Este resultado é conseguido devido a um maior dinamismo empresarial, algumas estratégias contabilísticas por parte do fisco e uma maior eficiência fiscal. Os valores obtidos são principalmente relevantes pois a taxa de IRC caiu mais de 10 pontos durante esse ano.
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Boletim da Primavera do Banco de Portugal
Exportações perdem quota de mercado em 2004
L.R.R.
As exportações portuguesas de mercadorias perderam quota de mercado em 2004, mercê dos profundos problemas de competitividade que afectam a economia.
A deterioração da posição competitiva dos exportadores “está em larga medida relacionada” com o rápido crescimento acumulado dos salários por trabalhador e com o desajustamento do padrão de especialização das indústrias nacionais, sublinha o Banco de Portugal no seu relatório.
Medida em termos reais, em 2004, a variação da quota de mercado (diferença entre a variação das exportações e a variação da procura externa) traduziu-se numa perda de 4%, a maior desde, pelo menos, 1996.
As exportações totais melhoraram apenas ligeiramente (0,7 pontos percentuais), até 5,2%. A autoridade monetária aponta o dedo ao “abrandamento significativo” das exportações de mercadorias, que caíram de 7,1% em 2003, para apenas 3,9% em 2004, movimento que acabou por não ser compensado pela inversão de tendência nas exportações de serviços, que dispararam mais de 8% graças ao sector do turismo, que beneficiou da realização do Campeonato Europeu de Futebol (Euro 2004) em meados no ano transacto.
O BdP explica que a perda de quota está directamente relacionada com a “deterioração acentuada da competitividade das exportações portuguesas nos último anos, resultante, em larga medida, do maior crescimento dos custos unitários do trabalho”.
O banco refere ainda que a erosão de quotas foi transversal a diversos tipos de produtos, mas prefere destacar o mau desempenho das indústrias “tradicionais” (têxteis, vestuário e calçado) pelo “peso muito significativo” que detém nas exportações totais. Nesse aspecto, a subida dos custos do trabalho e o padrão de especialização das exportações têm sido factores “particularmente penalizadores”, uma vez que a economia portuguesa está em concorrência directa com a China e a Europa de Leste.
Exportações perdem quota de mercado em 2004
L.R.R.
As exportações portuguesas de mercadorias perderam quota de mercado em 2004, mercê dos profundos problemas de competitividade que afectam a economia.
A deterioração da posição competitiva dos exportadores “está em larga medida relacionada” com o rápido crescimento acumulado dos salários por trabalhador e com o desajustamento do padrão de especialização das indústrias nacionais, sublinha o Banco de Portugal no seu relatório.
Medida em termos reais, em 2004, a variação da quota de mercado (diferença entre a variação das exportações e a variação da procura externa) traduziu-se numa perda de 4%, a maior desde, pelo menos, 1996.
As exportações totais melhoraram apenas ligeiramente (0,7 pontos percentuais), até 5,2%. A autoridade monetária aponta o dedo ao “abrandamento significativo” das exportações de mercadorias, que caíram de 7,1% em 2003, para apenas 3,9% em 2004, movimento que acabou por não ser compensado pela inversão de tendência nas exportações de serviços, que dispararam mais de 8% graças ao sector do turismo, que beneficiou da realização do Campeonato Europeu de Futebol (Euro 2004) em meados no ano transacto.
O BdP explica que a perda de quota está directamente relacionada com a “deterioração acentuada da competitividade das exportações portuguesas nos último anos, resultante, em larga medida, do maior crescimento dos custos unitários do trabalho”.
O banco refere ainda que a erosão de quotas foi transversal a diversos tipos de produtos, mas prefere destacar o mau desempenho das indústrias “tradicionais” (têxteis, vestuário e calçado) pelo “peso muito significativo” que detém nas exportações totais. Nesse aspecto, a subida dos custos do trabalho e o padrão de especialização das exportações têm sido factores “particularmente penalizadores”, uma vez que a economia portuguesa está em concorrência directa com a China e a Europa de Leste.
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Boletim da Primavera do Banco de Portugal
Portugal arrisca nova crise devido a nível de consumo insustentável
Luís Reis Ribeiro
Para o Banco de Portugal, a discrepância duradoura entre crescimento do consumo e rendimento é um perigo maior para a economia.
As despesas realizadas pelas famílias e empresas portuguesas estão a crescer a um ritmo “substancialmente” mais elevado do que os seus rendimentos, sendo que este diferencial tem sido mantido à custa de um crescente e elevado endividamento, colocando a economia doméstica na trajectória de uma nova e grave crise de crescimento.
Este foi um dos principais alertas ontem emitidos pelo Banco de Portugal, em mais um boletim económico da Primavera, tendo a instituição liderada por Vítor Constâncio aproveitado ainda para sublinhar que “a correcção do significativo desequilíbrio estrutural das contas públicas” é uma “condição necessária ao crescimento da economia no médio prazo”.
No boletim pode ler-se que “a permanência no tempo de uma discrepância substancial entre o crescimento da despesa interna e do rendimento, suprida por aumento do endividamento, tenderá a traduzir-se a prazo na necessidade de contenção da despesa para fazer face ao crescente serviço da dívida, o que poderá ser exacerbado num contexto de subida das taxas de juro, e tenderá a ter consequências negativas sobre o crescimento da economia”.
A economia portuguesa, que este ano deverá expandir-se apenas 1,1%, uma das piores ‘performances’ de toda a UE, “interrompeu” o processo de ajustamento dos seus desequilíbrios no ano passado, observa o banco central no mesmo relatório. Com efeito, o consumo privado, que representa dois terços da despesa total da economia, cresceu 5% em termos nominais, em 2004, contra os 3,4% do rendimento disponível dos particulares, o que significa que a “discrepância” entre as despesas e os rendimentos estava no nível mais elevado desde, pelo menos, 1999.
Como observa o BdP, tem sido possível manter esta situação (gastar mais do que se ganha) graças à integração de Portugal na zona euro, que permitiu “reduzir drasticamente as restrições de liquidez”, ao mesmo tempo que veiculou o aumento do défice externo (necessidades líquidas de financiamento da economia) até aos 5,9% do PIB em 2004, mais 2,6 pontos percentuais face a 2003.
Esta “aparente facilidade” em manter o desequilíbrio externo acabou por “desincentivar o ajustamento interno”, isto é, “as reformas de carácter estrutural” que ainda faltam fazer para “favorecer o crescimento da produtividade e facilitem o ajustamento dos mercados de bens e serviços no contexto de participação na área do euro e de intensificação da concorrência internacional”.
A falta de competitividade crónica de Portugal (ver texto ao lado) fez com que a procura externa tenha voltado a contribuir negativamente (-1,1 pontos percentuais) para o crescimento do PIB.
Alerta no endividamento
Segundo o BdP, “em linha com a recuperação do consumo privado, verificou-se uma aceleração dos empréstimos para consumo e outros fins que não habitação, empurrando assim o rácio do endividamento das famílias até aos 117% do rendimento disponível, “um valor muito elevado em termos internacionais”.
Portugal arrisca nova crise devido a nível de consumo insustentável
Luís Reis Ribeiro
Para o Banco de Portugal, a discrepância duradoura entre crescimento do consumo e rendimento é um perigo maior para a economia.
As despesas realizadas pelas famílias e empresas portuguesas estão a crescer a um ritmo “substancialmente” mais elevado do que os seus rendimentos, sendo que este diferencial tem sido mantido à custa de um crescente e elevado endividamento, colocando a economia doméstica na trajectória de uma nova e grave crise de crescimento.
Este foi um dos principais alertas ontem emitidos pelo Banco de Portugal, em mais um boletim económico da Primavera, tendo a instituição liderada por Vítor Constâncio aproveitado ainda para sublinhar que “a correcção do significativo desequilíbrio estrutural das contas públicas” é uma “condição necessária ao crescimento da economia no médio prazo”.
No boletim pode ler-se que “a permanência no tempo de uma discrepância substancial entre o crescimento da despesa interna e do rendimento, suprida por aumento do endividamento, tenderá a traduzir-se a prazo na necessidade de contenção da despesa para fazer face ao crescente serviço da dívida, o que poderá ser exacerbado num contexto de subida das taxas de juro, e tenderá a ter consequências negativas sobre o crescimento da economia”.
A economia portuguesa, que este ano deverá expandir-se apenas 1,1%, uma das piores ‘performances’ de toda a UE, “interrompeu” o processo de ajustamento dos seus desequilíbrios no ano passado, observa o banco central no mesmo relatório. Com efeito, o consumo privado, que representa dois terços da despesa total da economia, cresceu 5% em termos nominais, em 2004, contra os 3,4% do rendimento disponível dos particulares, o que significa que a “discrepância” entre as despesas e os rendimentos estava no nível mais elevado desde, pelo menos, 1999.
Como observa o BdP, tem sido possível manter esta situação (gastar mais do que se ganha) graças à integração de Portugal na zona euro, que permitiu “reduzir drasticamente as restrições de liquidez”, ao mesmo tempo que veiculou o aumento do défice externo (necessidades líquidas de financiamento da economia) até aos 5,9% do PIB em 2004, mais 2,6 pontos percentuais face a 2003.
Esta “aparente facilidade” em manter o desequilíbrio externo acabou por “desincentivar o ajustamento interno”, isto é, “as reformas de carácter estrutural” que ainda faltam fazer para “favorecer o crescimento da produtividade e facilitem o ajustamento dos mercados de bens e serviços no contexto de participação na área do euro e de intensificação da concorrência internacional”.
A falta de competitividade crónica de Portugal (ver texto ao lado) fez com que a procura externa tenha voltado a contribuir negativamente (-1,1 pontos percentuais) para o crescimento do PIB.
Alerta no endividamento
Segundo o BdP, “em linha com a recuperação do consumo privado, verificou-se uma aceleração dos empréstimos para consumo e outros fins que não habitação, empurrando assim o rácio do endividamento das famílias até aos 117% do rendimento disponível, “um valor muito elevado em termos internacionais”.
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Caso da posição da Telefónica expõe crise entre accionistas
Caso da posição da Telefónica expõe crise entre accionistas da PT
Helena Garrido e Hermínia Saraiva com M.J.G. e P.M.P.
Conselho de Administração aprovou eliminação da proposta de aumento da posição da operadora espanhola com quatro votos contra.
A proposta de aumento da posição da Telefónica na Portugal Telecom (PT) expôs a divisão entre accionista da operadora portuguesa, entre os quais o Estado, com reflexos directos no Conselho de Administração, abrindo mais uma frente nos problemas de relacionamento, já visíveis em algumas áreas, entre as empresas portuguesa e a espanhola.
Parte dos administradores discordou da oposição do Governo a que a Telefónica passasse a deter mais de 10% do capital, proposta que tinha sido feita pelo próprio Conselho de Administração. Uma atitude do Executivo que foi entendida, por quem votou contra, como pouco transparente ou como uma desautorização da gestão da empresa. Fonte da PT reconhece terem existido divergências mas recusa a existência de uma crise entre accionistas, preferindo sublinhar o esforço de conciliação que permitiu ultrapassar essas diferenças.
A exposição das divergências, apurou o Diário Económico, começou no Conselho de Administração de quinta-feira, que precedeu a Assembleia Geral (AG). O presidente executivo PT informou os restantes elementos que o accionista Estado lhe tinha dito que vetaria todo o ponto sete da agenda, que dizia respeito à operação de compra de acções próprias (‘share buy back’), caso não fosse retirada a proposta que autorizava, indirectamente, a operadora espanhola Telefónica a ultrapassar 10% do capital.
Os estatutos permitem que um accionista concorrente ultrapasse os 10% do capital, mantendo contudo o limite de 10% dos votos, se tal for votado em AG. E a proposta do Conselho, realizada na reunião de Fevereiro que decidiu a agenda da AG, foi, na altura, unânime. O que justifica a incompreensão de alguns administradores quanto à iniciativa de retirar esse ponto da agenda a pedido do accionista Estado.
A intervenção de Horta e Costa no Conselho, segundo o Diário Económico apurou, desencadeou a oposição de alguns administradores. Estes alegaram que não se deveria ceder ao que consideravam ser uma chantagem do Governo ou uma desautorização do Conselho. Se pretendia isso, o accionista Estado, na leitura destas fontes, deveria propô-lo na AG.
Se o accionista Estado “chumbasse” o ponto sete a PT via-se perante a impossibilidade de realizar a compra de acções próprias, já anunciada ao mercado.
Entre os que consideraram a proposta do Governo inaceitável estiveram Patrick Monteiro de Barros, Fernando Ulrich, Jorge Bleck e António Viana Baptista e Fernando Martorell, estes últimos representando a Telefónica. Mas a orientação do Governo acabou por sair vencedora, com a abstenção de Patrick Monteiro de Barros, num debate que acabou por terminar quase às 9 da noite. Os administradores terão ficado convencidos que, na sexta-feira, a parte que tinha como objectivo autorizar a Telefónica a aumentar a sua posição para 10,02% seria retirada. Mas a proposta manteve-se na agenda, apesar de o Conselho ter aprovado a sua retirada.
Vários juristas contactados pelo DE afirmam que o Conselho tinha total competência para retirar da agenda aquele ponto, não o levando à reunião de accionistas. A PT terá considerado que o Conselho não o poderia fazer.
Na Assembleia Geral acaba por ser o presidente da mesa, Miguel Galvão Telles, a decidir retirar a proposta. Em declarações ao Diário Económico, afirma que não existia “nenhuma deficiência jurídica”. O que esteve em causa, disse, “foi se [a proposta] se enquadrava naquela ordem de trabalhos, tendo considerado que não”. A Telefónica não esteve presente na AG, mas fez ler uma declaração muito crítica.
A atitude em relação ao aumento de posição da Telefónica é também vista como incompreensível. O efeito dessa nova participação, que se traduz numa posição de 10,02%, é nulo, já que a operadora espanhola continuaria com uma limitação dos direitos de voto a 10%. Em contrapartida, o Governo poderia fazer deste caso um exemplo da prioridade dada a Espanha, definida por José Sócrates. E assim ganhar margem política de negociação noutras frentes do interesse económico de Portugal no mercado espanhol.
Na leitura de outras fontes, este caso com a Telefónica pode ter sido um meio para expor o mal-estar entre os accionistas da PT, designadamente o Estado, o Grupo Espírito Santo e a própria operadora espanhola.
Estado abstém-se no voto de louvor à PT
O voto de louvor ao Conselho de Administração (CA) da PT, que foi colocado à votação na Assembleia Geral (AG), mereceu a abstenção do accionista Estado. Uma posição que está a alimentar a tese de que o CA da operadora poderá ser mudado ainda antes do final do mandato, previsto para 31 de Dezembro. Um dos aspectos que desagradou ao Governo foi o facto de Ernâni Lopes, “chairman” da PT, não ter discutido com a tutela os pontos da agenda AG, alguns dos quais necessitavam do apoio do Estado. O “chairman”, nomeado pelo Governo, tem exactamente como função fazer a ligação entre a empresa e o Estado e com os outros accionistas. A ausência de Ernâni Lopes contrasta com o facto de vários presidentes de empresas públicas e privadas dos sectores terem ido dar conta das suas actividades ao ministro Mário Lino. Outro ponto de desacordo terá sido a venda da Lusomundo Media na semana anterior às eleições.
Mexia e Vivo marcam divisões na aliança
A nomeação de Antóno Mexia para presidente da Vivo – ‘joint venture’ entre a Portugal Telecom e a Telefónica para o mercado móvel no Brasil – não foi discutida pelo Conselho de Administração da PT.
O mandato de Francisco Padinha, o actual CEO da Vivo termina em Dezembro, mas o gestor já fez saber que poderia regressar mais cedo a Portugal. O que explicaria que o nome do ex-ministro fosse discutido apenas em reunião do conselho de administração da operadora brasileira. O acordo entre as duas empresas determina que cabe à PT designar o CEO da empresa brasileira, sendo a nomeação do CFO da competência da Telefónica.
Os primeiros sinais de desacordo entre as duas empresas surgiram no final de Abril, quando o presidente da empresa espanhola anunciou as suas perspectivas para a performance da Vivo, que apontavam para a deterioração das margens de EBITDA. Isto depois de em Junho do ano passado, Zeinal Bava, CFO da PT, ter previsto que o indicador subiria para 40%.
O caso Mexia acaba por reforçar as divergências entre a PT e a Telefónica que, sexta-feira, viu chumbadas as suas pretensões de aumentar a sua participação na operadora portuguesa. A Telefónica detém actualmente 9,7% do capital da PT, uma posição que subirá para os 10,02% no final do programa de recompra de 3% de acções, a concluir antes da distribuição de dividendos, a 21 de Maio. Não podendo manter uma participação superior a 10%, a Telefónica terá que amortizar ou vender as acções remanescentes. No primeiro caso, não conseguiria mais do que 225 mil euros, já que as acções devem ser alienadas ao valor nominal de um euro. Se vendesse à cotação de ontem, encaixaria cerca de 1,9 milhões de euros.
Helena Garrido e Hermínia Saraiva com M.J.G. e P.M.P.
Conselho de Administração aprovou eliminação da proposta de aumento da posição da operadora espanhola com quatro votos contra.
A proposta de aumento da posição da Telefónica na Portugal Telecom (PT) expôs a divisão entre accionista da operadora portuguesa, entre os quais o Estado, com reflexos directos no Conselho de Administração, abrindo mais uma frente nos problemas de relacionamento, já visíveis em algumas áreas, entre as empresas portuguesa e a espanhola.
Parte dos administradores discordou da oposição do Governo a que a Telefónica passasse a deter mais de 10% do capital, proposta que tinha sido feita pelo próprio Conselho de Administração. Uma atitude do Executivo que foi entendida, por quem votou contra, como pouco transparente ou como uma desautorização da gestão da empresa. Fonte da PT reconhece terem existido divergências mas recusa a existência de uma crise entre accionistas, preferindo sublinhar o esforço de conciliação que permitiu ultrapassar essas diferenças.
A exposição das divergências, apurou o Diário Económico, começou no Conselho de Administração de quinta-feira, que precedeu a Assembleia Geral (AG). O presidente executivo PT informou os restantes elementos que o accionista Estado lhe tinha dito que vetaria todo o ponto sete da agenda, que dizia respeito à operação de compra de acções próprias (‘share buy back’), caso não fosse retirada a proposta que autorizava, indirectamente, a operadora espanhola Telefónica a ultrapassar 10% do capital.
Os estatutos permitem que um accionista concorrente ultrapasse os 10% do capital, mantendo contudo o limite de 10% dos votos, se tal for votado em AG. E a proposta do Conselho, realizada na reunião de Fevereiro que decidiu a agenda da AG, foi, na altura, unânime. O que justifica a incompreensão de alguns administradores quanto à iniciativa de retirar esse ponto da agenda a pedido do accionista Estado.
A intervenção de Horta e Costa no Conselho, segundo o Diário Económico apurou, desencadeou a oposição de alguns administradores. Estes alegaram que não se deveria ceder ao que consideravam ser uma chantagem do Governo ou uma desautorização do Conselho. Se pretendia isso, o accionista Estado, na leitura destas fontes, deveria propô-lo na AG.
Se o accionista Estado “chumbasse” o ponto sete a PT via-se perante a impossibilidade de realizar a compra de acções próprias, já anunciada ao mercado.
Entre os que consideraram a proposta do Governo inaceitável estiveram Patrick Monteiro de Barros, Fernando Ulrich, Jorge Bleck e António Viana Baptista e Fernando Martorell, estes últimos representando a Telefónica. Mas a orientação do Governo acabou por sair vencedora, com a abstenção de Patrick Monteiro de Barros, num debate que acabou por terminar quase às 9 da noite. Os administradores terão ficado convencidos que, na sexta-feira, a parte que tinha como objectivo autorizar a Telefónica a aumentar a sua posição para 10,02% seria retirada. Mas a proposta manteve-se na agenda, apesar de o Conselho ter aprovado a sua retirada.
Vários juristas contactados pelo DE afirmam que o Conselho tinha total competência para retirar da agenda aquele ponto, não o levando à reunião de accionistas. A PT terá considerado que o Conselho não o poderia fazer.
Na Assembleia Geral acaba por ser o presidente da mesa, Miguel Galvão Telles, a decidir retirar a proposta. Em declarações ao Diário Económico, afirma que não existia “nenhuma deficiência jurídica”. O que esteve em causa, disse, “foi se [a proposta] se enquadrava naquela ordem de trabalhos, tendo considerado que não”. A Telefónica não esteve presente na AG, mas fez ler uma declaração muito crítica.
A atitude em relação ao aumento de posição da Telefónica é também vista como incompreensível. O efeito dessa nova participação, que se traduz numa posição de 10,02%, é nulo, já que a operadora espanhola continuaria com uma limitação dos direitos de voto a 10%. Em contrapartida, o Governo poderia fazer deste caso um exemplo da prioridade dada a Espanha, definida por José Sócrates. E assim ganhar margem política de negociação noutras frentes do interesse económico de Portugal no mercado espanhol.
Na leitura de outras fontes, este caso com a Telefónica pode ter sido um meio para expor o mal-estar entre os accionistas da PT, designadamente o Estado, o Grupo Espírito Santo e a própria operadora espanhola.
Estado abstém-se no voto de louvor à PT
O voto de louvor ao Conselho de Administração (CA) da PT, que foi colocado à votação na Assembleia Geral (AG), mereceu a abstenção do accionista Estado. Uma posição que está a alimentar a tese de que o CA da operadora poderá ser mudado ainda antes do final do mandato, previsto para 31 de Dezembro. Um dos aspectos que desagradou ao Governo foi o facto de Ernâni Lopes, “chairman” da PT, não ter discutido com a tutela os pontos da agenda AG, alguns dos quais necessitavam do apoio do Estado. O “chairman”, nomeado pelo Governo, tem exactamente como função fazer a ligação entre a empresa e o Estado e com os outros accionistas. A ausência de Ernâni Lopes contrasta com o facto de vários presidentes de empresas públicas e privadas dos sectores terem ido dar conta das suas actividades ao ministro Mário Lino. Outro ponto de desacordo terá sido a venda da Lusomundo Media na semana anterior às eleições.
Mexia e Vivo marcam divisões na aliança
A nomeação de Antóno Mexia para presidente da Vivo – ‘joint venture’ entre a Portugal Telecom e a Telefónica para o mercado móvel no Brasil – não foi discutida pelo Conselho de Administração da PT.
O mandato de Francisco Padinha, o actual CEO da Vivo termina em Dezembro, mas o gestor já fez saber que poderia regressar mais cedo a Portugal. O que explicaria que o nome do ex-ministro fosse discutido apenas em reunião do conselho de administração da operadora brasileira. O acordo entre as duas empresas determina que cabe à PT designar o CEO da empresa brasileira, sendo a nomeação do CFO da competência da Telefónica.
Os primeiros sinais de desacordo entre as duas empresas surgiram no final de Abril, quando o presidente da empresa espanhola anunciou as suas perspectivas para a performance da Vivo, que apontavam para a deterioração das margens de EBITDA. Isto depois de em Junho do ano passado, Zeinal Bava, CFO da PT, ter previsto que o indicador subiria para 40%.
O caso Mexia acaba por reforçar as divergências entre a PT e a Telefónica que, sexta-feira, viu chumbadas as suas pretensões de aumentar a sua participação na operadora portuguesa. A Telefónica detém actualmente 9,7% do capital da PT, uma posição que subirá para os 10,02% no final do programa de recompra de 3% de acções, a concluir antes da distribuição de dividendos, a 21 de Maio. Não podendo manter uma participação superior a 10%, a Telefónica terá que amortizar ou vender as acções remanescentes. No primeiro caso, não conseguiria mais do que 225 mil euros, já que as acções devem ser alienadas ao valor nominal de um euro. Se vendesse à cotação de ontem, encaixaria cerca de 1,9 milhões de euros.
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