31 Anos do 25 de Abril
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Mantenha os objectivos de longo prazo
O início da 2ª quinzena de Abril está a ser marcado pelo movimento descendente da generalidade dos mercados de acções. Desta vez, o factor apontado para a quebra dos índices accionistas não é o petróleo - o preço do crude registou uma descida de 12% na 1ª quinzena de Abril - mas uma associação de factores que ganhou uma nova dimensão com o início da Earnings Season de Abril (época de apresentação de resultados).
Numa perspectiva de curto prazo, poderemos referir que os principais factores que afectaram negativamente os mercados de acções no últimos dias, foram os seguintes:
Uma certa “inquietação” dos investidores no período de apresentação de resultados, após algumas empresas americanas terem divulgado resultados abaixo das estimativas;
Divulgação de indicadores de sentimento económico abaixo das expectativas, como é o caso do indicador de confiança das famílias americanas que caiu para o nível mais baixo dos últimos 18 meses (em boa parte devido ao aumento do custo dos combustíveis);
Quebra de níveis de resistência dos principais índices de acções, numa óptica de análise técnica (o Nasdaq Composite negoceia abaixo da média móvel dos 200 dias);
O novo máximo do défice comercial americano, que em Fevereiro atingiu os $61 mil milhões;
As manifestações de protesto na China contra as participações japonesas.
Por conseguinte, os investidores aumentaram a aversão ao risco, tendo os mercados emergentes, dadas as suas características, apresentado as maiores quebras (recorde-se que no passado dia 28 de Março anulámos a exposição de 5% aos mercados emergentes globais, nas Carteiras Modelo de Investimento do ActivoBank7 – ver newsletter nº 175).
Contudo, as observações de curto prazo não deverão ser dissociadas das perspectivas de longo prazo, pelo que importa “alargar o cenário” de apreciação dos mercados.
No ano passado, a economia mundial registou um crescimento de 5%. Conforme tivemos oportunidade de referir na newsletter da semana passada, a taxa de crescimento do PIB mundial em 2004, foi a mais alta dos últimos 30 anos. Ainda em 2004, e segundo as mais recentes estimativas, a economia americana, que representa 21,6% da economia mundial, cresceu 4,4%. São crescimentos que em termos de longo prazo se podem considerar muito elevados, sendo "natural e saudável" o seu abrandamento, numa lógica do crescimento equilibrado e sustentável. As actuais projecções apontam nesse sentido. Tomando ainda em consideração as projecções da Comissão Europeia, a economia dos EUA deverá crescer 3,6% em 2005 e 3,0% em 2006. Nos próximos 2 anos, a economia mundial deverá registar um crescimento médio anual de 4,15%, segundo a mesma fonte.
Tendo presente a actual fase do ciclo económico, deveremos considerar os ajustes de curto prazo enquanto elementos próprios e frequentes dos períodos de abrandamento do ritmo de crescimento, e não como sinais de inversão da tendência.
Ainda numa perspectiva de longo prazo, podemos verificar que o mercado de acções da Zona Euro se encontra abaixo da tendência de longo prazo, conforme sugere o gráfico seguinte:
Tomando a evolução do principal índice accionista da Zona Euro – DJ Euro Stoxx50, que representa as 50 maiores capitalizações bolsista da zona euro – desde 1987, e apesar do movimento ascendente iniciado em Março de 2003, o mercado de acções continua abaixo da tendência de longo prazo.
Neste sentido, e sendo expectável no actual enquadramento um eventual aumento dos níveis de volatilidade nos mercados financeiros nas próximas semanas, decorrente da divulgação dos resultados das empresas e da reunião da FED que se encontra agendada para 3 de Maio de 2005, importa que os investidores mantenham presente os seus objectivos de investimento a longo prazo.
ActivoBank7
O início da 2ª quinzena de Abril está a ser marcado pelo movimento descendente da generalidade dos mercados de acções. Desta vez, o factor apontado para a quebra dos índices accionistas não é o petróleo - o preço do crude registou uma descida de 12% na 1ª quinzena de Abril - mas uma associação de factores que ganhou uma nova dimensão com o início da Earnings Season de Abril (época de apresentação de resultados).
Numa perspectiva de curto prazo, poderemos referir que os principais factores que afectaram negativamente os mercados de acções no últimos dias, foram os seguintes:
Uma certa “inquietação” dos investidores no período de apresentação de resultados, após algumas empresas americanas terem divulgado resultados abaixo das estimativas;
Divulgação de indicadores de sentimento económico abaixo das expectativas, como é o caso do indicador de confiança das famílias americanas que caiu para o nível mais baixo dos últimos 18 meses (em boa parte devido ao aumento do custo dos combustíveis);
Quebra de níveis de resistência dos principais índices de acções, numa óptica de análise técnica (o Nasdaq Composite negoceia abaixo da média móvel dos 200 dias);
O novo máximo do défice comercial americano, que em Fevereiro atingiu os $61 mil milhões;
As manifestações de protesto na China contra as participações japonesas.
Por conseguinte, os investidores aumentaram a aversão ao risco, tendo os mercados emergentes, dadas as suas características, apresentado as maiores quebras (recorde-se que no passado dia 28 de Março anulámos a exposição de 5% aos mercados emergentes globais, nas Carteiras Modelo de Investimento do ActivoBank7 – ver newsletter nº 175).
Contudo, as observações de curto prazo não deverão ser dissociadas das perspectivas de longo prazo, pelo que importa “alargar o cenário” de apreciação dos mercados.
No ano passado, a economia mundial registou um crescimento de 5%. Conforme tivemos oportunidade de referir na newsletter da semana passada, a taxa de crescimento do PIB mundial em 2004, foi a mais alta dos últimos 30 anos. Ainda em 2004, e segundo as mais recentes estimativas, a economia americana, que representa 21,6% da economia mundial, cresceu 4,4%. São crescimentos que em termos de longo prazo se podem considerar muito elevados, sendo "natural e saudável" o seu abrandamento, numa lógica do crescimento equilibrado e sustentável. As actuais projecções apontam nesse sentido. Tomando ainda em consideração as projecções da Comissão Europeia, a economia dos EUA deverá crescer 3,6% em 2005 e 3,0% em 2006. Nos próximos 2 anos, a economia mundial deverá registar um crescimento médio anual de 4,15%, segundo a mesma fonte.
Tendo presente a actual fase do ciclo económico, deveremos considerar os ajustes de curto prazo enquanto elementos próprios e frequentes dos períodos de abrandamento do ritmo de crescimento, e não como sinais de inversão da tendência.
Ainda numa perspectiva de longo prazo, podemos verificar que o mercado de acções da Zona Euro se encontra abaixo da tendência de longo prazo, conforme sugere o gráfico seguinte:
Tomando a evolução do principal índice accionista da Zona Euro – DJ Euro Stoxx50, que representa as 50 maiores capitalizações bolsista da zona euro – desde 1987, e apesar do movimento ascendente iniciado em Março de 2003, o mercado de acções continua abaixo da tendência de longo prazo.
Neste sentido, e sendo expectável no actual enquadramento um eventual aumento dos níveis de volatilidade nos mercados financeiros nas próximas semanas, decorrente da divulgação dos resultados das empresas e da reunião da FED que se encontra agendada para 3 de Maio de 2005, importa que os investidores mantenham presente os seus objectivos de investimento a longo prazo.
ActivoBank7
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Do universo de empresas que o Millennium bcp investimento analisa, apresentamos de seguida os cinco títulos que têm maior potencial de valorização face ao seu preço alvo, sendo esta carteira revista semanalmente:
Empresa Risco Preço* Preço Alvo 2005 Potencial
Altri Médio 1,16 2,10 81%
P Telecom Médio 9,03 11,55 28%
SonaeCom Alto 3,85 4,85 26%
EDP Médio 2,19 2,70 23%
Mota-Engil Médio 2,52 3,25 29%
Empresa Risco Preço* Preço Alvo 2005 Potencial
Altri Médio 1,16 2,10 81%
P Telecom Médio 9,03 11,55 28%
SonaeCom Alto 3,85 4,85 26%
EDP Médio 2,19 2,70 23%
Mota-Engil Médio 2,52 3,25 29%
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Alfândegas: apreendidos produtos no valor de 2,5 milhões
Contrabando chinês dispara em 2004
O contrabando é cada vez mais sofisticado
O contrabando de têxteis originários dos países asiáticos, em particular da China, “disparou” em 2004. Segundo o relatório de actividades da Direcção-Geral das Alfândegas e Impostos Especiais sobre o Consumo (DGAIEC) referente a 2004, a que o CM teve acesso, os têxteis foram a mercadoria mais apreendida o ano passado, com 155.792 apreensões num valor total da ordem dos 1,5 milhões de euros.
Para se ter uma ideia do volume de crescimento daquela actividade criminosa, basta dizer que, em valor, se registou um aumento de 728 por cento.
Aquele documento revela também que, a droga continua a ser um flagelo de difícil combate. Em 2004 foram apreendidas 6.840.251 doses de estupefacientes, a grande maioria cocaína, correspondente a 734.802 gramas. Foram realizadas 149 detenções relacionadas com o tráfico de droga.
Também em crescimento acelerado está a importação ilegal de automóveis. Em 2002 foram apreendidas 133 viaturas, em 2003 esse número subiu para os 433 e em 2004 foram 726 carros.
O tabaco continua a ser um produto altamente apetecível de contrabandear, com 49 milhões de cigarros apreendidos em 2004, um crescimento exponencial em relação a 2003 (com apenas 300.456 cigarros).
Os processos cujas investigações foram cometidas à DGAIEC têm vindo a diminuir desde 2002, passando de 121 para os 58 registados em 2004. Esta diminuição não significa que as Alfândegas tenham menos trabalho. Segundo apurou o CM, a “dimensão dos processos em investigação e a sofisticação das práticas criminosas têm conhecido uma grande sofisticação ao longo do tempo, o que leva a que as investigações sejam mais complexas”. Em 2004, a DGAIEC participou, em conjunto com outros órgãos de polícia criminal, em 324 processos.
No domínio das mercadorias protegidas pela Convenção das espécies em vias de extinção, o destaque vai para a apreensão de 163 peças de marfim e 280 animais vivos, dos quais se destacam vários tipos de aves exóticas (papagaios, araras etc.), bem como alguns jacarés e tartarugas.
CGD AINDA GUARDA 'JÓIAS' DO 'CONDE'
Uma das apreensões mais mediáticas protagonizada pelas Alfândegas decorreu no dia 6 de Novembro de 2003 quando José Castelo Branco e Betty Graffstein foram detidos no Aeroporto de Lisboa com mais de cem peças de joalharia no valor de dois milhões de dólares.
As jóias continuam à guarda da Caixa Geral de Depósitos e o Ministério Público deverá estar a terminar o processo contra as figuras do ‘jet set’.
As jóias são um bem muito apreendido pelas Alfândegas que, há cerca de quinze dias detectaram e confiscaram 1,5 quilos de diamantes no valor de 500 mil euros.
NOTAS
ALCANCE SOCIAL
A Comissão do Emprego do Parlamento Europeu aprovou ontem um relatório do eurodeputado do PSD Silva Peneda chamando a atenção para o facto de que a abolição de quotas têxteis tem consequências sociais nas regiões que concentram empresas do ramo, como as portuguesas. O PE deverá agora debater a questão na sessão plenária de Julho.
MAIS 50 POR CENTO
As exportações de produtos têxteis chineses para a Europa aumentaram “somente” 50 por cento no primeiro trimestre, considerou ontem o primeiro-ministro Wen Jiabao. A situação pode ser boa para a China, mas está a ganhar proporções dramáticas na Europa.
Miguel Alexandre Ganhão
Contrabando chinês dispara em 2004
O contrabando é cada vez mais sofisticado
O contrabando de têxteis originários dos países asiáticos, em particular da China, “disparou” em 2004. Segundo o relatório de actividades da Direcção-Geral das Alfândegas e Impostos Especiais sobre o Consumo (DGAIEC) referente a 2004, a que o CM teve acesso, os têxteis foram a mercadoria mais apreendida o ano passado, com 155.792 apreensões num valor total da ordem dos 1,5 milhões de euros.
Para se ter uma ideia do volume de crescimento daquela actividade criminosa, basta dizer que, em valor, se registou um aumento de 728 por cento.
Aquele documento revela também que, a droga continua a ser um flagelo de difícil combate. Em 2004 foram apreendidas 6.840.251 doses de estupefacientes, a grande maioria cocaína, correspondente a 734.802 gramas. Foram realizadas 149 detenções relacionadas com o tráfico de droga.
Também em crescimento acelerado está a importação ilegal de automóveis. Em 2002 foram apreendidas 133 viaturas, em 2003 esse número subiu para os 433 e em 2004 foram 726 carros.
O tabaco continua a ser um produto altamente apetecível de contrabandear, com 49 milhões de cigarros apreendidos em 2004, um crescimento exponencial em relação a 2003 (com apenas 300.456 cigarros).
Os processos cujas investigações foram cometidas à DGAIEC têm vindo a diminuir desde 2002, passando de 121 para os 58 registados em 2004. Esta diminuição não significa que as Alfândegas tenham menos trabalho. Segundo apurou o CM, a “dimensão dos processos em investigação e a sofisticação das práticas criminosas têm conhecido uma grande sofisticação ao longo do tempo, o que leva a que as investigações sejam mais complexas”. Em 2004, a DGAIEC participou, em conjunto com outros órgãos de polícia criminal, em 324 processos.
No domínio das mercadorias protegidas pela Convenção das espécies em vias de extinção, o destaque vai para a apreensão de 163 peças de marfim e 280 animais vivos, dos quais se destacam vários tipos de aves exóticas (papagaios, araras etc.), bem como alguns jacarés e tartarugas.
CGD AINDA GUARDA 'JÓIAS' DO 'CONDE'
Uma das apreensões mais mediáticas protagonizada pelas Alfândegas decorreu no dia 6 de Novembro de 2003 quando José Castelo Branco e Betty Graffstein foram detidos no Aeroporto de Lisboa com mais de cem peças de joalharia no valor de dois milhões de dólares.
As jóias continuam à guarda da Caixa Geral de Depósitos e o Ministério Público deverá estar a terminar o processo contra as figuras do ‘jet set’.
As jóias são um bem muito apreendido pelas Alfândegas que, há cerca de quinze dias detectaram e confiscaram 1,5 quilos de diamantes no valor de 500 mil euros.
NOTAS
ALCANCE SOCIAL
A Comissão do Emprego do Parlamento Europeu aprovou ontem um relatório do eurodeputado do PSD Silva Peneda chamando a atenção para o facto de que a abolição de quotas têxteis tem consequências sociais nas regiões que concentram empresas do ramo, como as portuguesas. O PE deverá agora debater a questão na sessão plenária de Julho.
MAIS 50 POR CENTO
As exportações de produtos têxteis chineses para a Europa aumentaram “somente” 50 por cento no primeiro trimestre, considerou ontem o primeiro-ministro Wen Jiabao. A situação pode ser boa para a China, mas está a ganhar proporções dramáticas na Europa.
Miguel Alexandre Ganhão
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S&P revê em baixa notação da Kodak
DE com AFP
A Standard & Poor's (S&P) anunciou hoje ter reduzido a notação de crédito do grupo norte-americano de fotografia Kodak de «BBB-» para «BB+», o que significa que este é a partir de agora considerado como um investimento de risco.
Segundo um comunicado hoje emitido pela S&P, em adição as perspectivas de evolução desta notação são "negativas", em grande parte devido aos 2,4 mil milhões de dólares de dívida da empresa.
A Kodak anunciou hoje ter registado no primeiro trimestre de 2005 um prejuízo de 142 milhões de dólares, contra o lucro de 21 milhões de dólares obtido no período homólogo de 2004, um resultado considerado como "decepcionante" pela própria empresa.
A S&P esclarece que a notação «BB+» reflecte "as fracas perspectivas para as actividades tradicional que representam uma forte percentagem do lucro da Kodak, bem como um aumento da dependência das actividades emergentes, as quais ainda não deram provas" de rentabilidade.
O documento diz ainda que "a Kodak deverá reduzir bastante os custos dos seus produtos e serviços de fotografia tradicionais para se adaptar a uma procura em rápida erosão".
DE com AFP
A Standard & Poor's (S&P) anunciou hoje ter reduzido a notação de crédito do grupo norte-americano de fotografia Kodak de «BBB-» para «BB+», o que significa que este é a partir de agora considerado como um investimento de risco.
Segundo um comunicado hoje emitido pela S&P, em adição as perspectivas de evolução desta notação são "negativas", em grande parte devido aos 2,4 mil milhões de dólares de dívida da empresa.
A Kodak anunciou hoje ter registado no primeiro trimestre de 2005 um prejuízo de 142 milhões de dólares, contra o lucro de 21 milhões de dólares obtido no período homólogo de 2004, um resultado considerado como "decepcionante" pela própria empresa.
A S&P esclarece que a notação «BB+» reflecte "as fracas perspectivas para as actividades tradicional que representam uma forte percentagem do lucro da Kodak, bem como um aumento da dependência das actividades emergentes, as quais ainda não deram provas" de rentabilidade.
O documento diz ainda que "a Kodak deverá reduzir bastante os custos dos seus produtos e serviços de fotografia tradicionais para se adaptar a uma procura em rápida erosão".
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BCPI calcula que Sonaecom obtenha lucro de 5,7 M€ no primeiro trimestre
DE com Reuters
Os analistas do Millennium bcp Investimento (BCPI) consideram que a empresa liderada por Paulo Azevedo deverá ter obtido entre Janeiro e Março um resultado líquido positivo de 5,7 milhões de euros (M€) segundo as normas IFRS, contra os 0,2 M€ obtidos no período homólogo de 2004.
Segundo um 'snapshot' hoje emitido pelo BCPI e citado pela agência Reuters, no período em análise as receitas da Sonaecom deverão ter recuado no entanto para os 198,6 M€ e o EBITDA terá atingido os 46,2 M€.
No primeiro trimestre de 2004, e segundo as normas internacionais de contabilidade (IFRS), a Sonaecom registou receitas de 206,9 M€ e EBITDA de 43,1 M€.
Quanto ao principal activo da Sonaecom, a operadora móvel Optimus, o BCPI estima que esta tenha obtido um EBITDA de 43,9 M€ no primeiro trimestre, contra os 40,9 M€ registados nos três primeiros meses do ano passado.
A Sonaecom encerrou a sessão de hoje no Euronext Lisbon a perder 0,25% para os 3,92€.
DE com Reuters
Os analistas do Millennium bcp Investimento (BCPI) consideram que a empresa liderada por Paulo Azevedo deverá ter obtido entre Janeiro e Março um resultado líquido positivo de 5,7 milhões de euros (M€) segundo as normas IFRS, contra os 0,2 M€ obtidos no período homólogo de 2004.
Segundo um 'snapshot' hoje emitido pelo BCPI e citado pela agência Reuters, no período em análise as receitas da Sonaecom deverão ter recuado no entanto para os 198,6 M€ e o EBITDA terá atingido os 46,2 M€.
No primeiro trimestre de 2004, e segundo as normas internacionais de contabilidade (IFRS), a Sonaecom registou receitas de 206,9 M€ e EBITDA de 43,1 M€.
Quanto ao principal activo da Sonaecom, a operadora móvel Optimus, o BCPI estima que esta tenha obtido um EBITDA de 43,9 M€ no primeiro trimestre, contra os 40,9 M€ registados nos três primeiros meses do ano passado.
A Sonaecom encerrou a sessão de hoje no Euronext Lisbon a perder 0,25% para os 3,92€.
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BCPI calcula que Sonaecom obtenha lucro de 5,7 M€ no primeiro trimestre
DE com Reuters
Os analistas do Millennium bcp Investimento (BCPI) consideram que a empresa liderada por Paulo Azevedo deverá ter obtido entre Janeiro e Março um resultado líquido positivo de 5,7 milhões de euros (M€) segundo as normas IFRS, contra os 0,2 M€ obtidos no período homólogo de 2004.
Segundo um 'snapshot' hoje emitido pelo BCPI e citado pela agência Reuters, no período em análise as receitas da Sonaecom deverão ter recuado no entanto para os 198,6 M€ e o EBITDA terá atingido os 46,2 M€.
No primeiro trimestre de 2004, e segundo as normas internacionais de contabilidade (IFRS), a Sonaecom registou receitas de 206,9 M€ e EBITDA de 43,1 M€.
Quanto ao principal activo da Sonaecom, a operadora móvel Optimus, o BCPI estima que esta tenha obtido um EBITDA de 43,9 M€ no primeiro trimestre, contra os 40,9 M€ registados nos três primeiros meses do ano passado.
A Sonaecom encerrou a sessão de hoje no Euronext Lisbon a perder 0,25% para os 3,92€.
DE com Reuters
Os analistas do Millennium bcp Investimento (BCPI) consideram que a empresa liderada por Paulo Azevedo deverá ter obtido entre Janeiro e Março um resultado líquido positivo de 5,7 milhões de euros (M€) segundo as normas IFRS, contra os 0,2 M€ obtidos no período homólogo de 2004.
Segundo um 'snapshot' hoje emitido pelo BCPI e citado pela agência Reuters, no período em análise as receitas da Sonaecom deverão ter recuado no entanto para os 198,6 M€ e o EBITDA terá atingido os 46,2 M€.
No primeiro trimestre de 2004, e segundo as normas internacionais de contabilidade (IFRS), a Sonaecom registou receitas de 206,9 M€ e EBITDA de 43,1 M€.
Quanto ao principal activo da Sonaecom, a operadora móvel Optimus, o BCPI estima que esta tenha obtido um EBITDA de 43,9 M€ no primeiro trimestre, contra os 40,9 M€ registados nos três primeiros meses do ano passado.
A Sonaecom encerrou a sessão de hoje no Euronext Lisbon a perder 0,25% para os 3,92€.
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2005-04-22 15:49
Indicador Macroeconómico
Encomendas à indústria na Zona Euro crescem 2,9%
O Eurostat indicou que as encomendas às indústrias transformadoras aumentaram 2,9% no território dos doze, e 4,7% na União Europeia, em Fevereiro, comparando com o período homólogo de 2004.
O valor para a Euro Zona representa um forte decréscimo face a Janeiro, mês em que as encomendas tinham crescido 6,8%, e fica claramente abaixo da subida de 7,7% prevista pelos analistas. Na União Europeia o crescimento face ao período homólogo foi também menor do que os anteriores 6,2%.
O Eurostat revela que a República Checa (-8,9%), a Dinamarca (-0,6%) e a Hungria (-2,5%) são os únicos países da União Europeia, entre os 16 para os quais divulgou números, que tiveram uma evolução homóloga negativa das encomendas.
Entre os países para os quais o Departamento de Estatísticas dispõe de dados de Fevereiro, os maiores aumentos de encomendas às indústrias transformadoras ocorreram na Polónia (53,3%), Malta (34,7%), Letónia (26%), Eslováquia (20,7%) e Estónia (17%).
Em Portugal, as encomendas à indústria subiram 3% face a Fevereiro em 2004, mas recuaram 1% face a Janeiro.
Indicador Macroeconómico
Encomendas à indústria na Zona Euro crescem 2,9%
O Eurostat indicou que as encomendas às indústrias transformadoras aumentaram 2,9% no território dos doze, e 4,7% na União Europeia, em Fevereiro, comparando com o período homólogo de 2004.
O valor para a Euro Zona representa um forte decréscimo face a Janeiro, mês em que as encomendas tinham crescido 6,8%, e fica claramente abaixo da subida de 7,7% prevista pelos analistas. Na União Europeia o crescimento face ao período homólogo foi também menor do que os anteriores 6,2%.
O Eurostat revela que a República Checa (-8,9%), a Dinamarca (-0,6%) e a Hungria (-2,5%) são os únicos países da União Europeia, entre os 16 para os quais divulgou números, que tiveram uma evolução homóloga negativa das encomendas.
Entre os países para os quais o Departamento de Estatísticas dispõe de dados de Fevereiro, os maiores aumentos de encomendas às indústrias transformadoras ocorreram na Polónia (53,3%), Malta (34,7%), Letónia (26%), Eslováquia (20,7%) e Estónia (17%).
Em Portugal, as encomendas à indústria subiram 3% face a Fevereiro em 2004, mas recuaram 1% face a Janeiro.
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2005-04-22 17:42
Resultados
Acções do Google disparam 10%
As acções do Google atingiram durante o dia de hoje o seu valor máximo nos 224 dólares, o que representa uma subida superior a 10%, após a empresa ter anunciado que os lucros do primeiro trimestre atingiram os 369 milhões de dólares, valor acima das estimativas dos analistas.
Ontem à noite, Google sublinhou que os seus lucros no primeiro trimestre, atingiram os 369 milhões de dólares, ou 1,29 dólar por acção, para 64 milhões de dólares, ou 0,24% por acção no mesmo período do ano passado. Os analistas contactados pela Thomson Financial esperavam que a companhia crescesse 0.92 cêntimos por acção.
Segundo a Mountain View, o Google atingiu neste trimestre os 1256 milhões de dólares, o que compara com os 651 milhões de dólares, um ano atrás. Se excluirmos os pagamentos que o Google fez a outras companhias para o tráfego na Internet, a empresa gerou vendas no valor de 794 milhões de euros, mais do os 731 milhões que os analistas tinham previsto. Os lucros da sua rede de sites atingiu os 75% para os 584 milhões de dólares no primeiro trimestre, o que corresponde a 47% do total de vendas.
Os analistas esperam que o Google ganhe 0,93 cêntimos por acção, no segundo trimestre, a que corresponde 768 milhões de dólares em vendas. Para o ano de 2005, é espectável que os ganhos sejam de 3,94 dólares, por acção em vendas de 3200 milhões de dólares. Para 2006, os analistas prevêem que a companhia ganhe 5,12 dólares, o que corresponde a ganho de 4400 milhões de dólares.
Um analista da Goldman Sachs, Anthony Noto, considera que os títulos do Google, poderão atingir valores entre os 275 dólares e os 290 dólares, nos próximos 12 meses.
A empresa encontrava-se a valorizar 5,49% para os 215,44 dólares, no mercado norte americano.
Resultados
Acções do Google disparam 10%
As acções do Google atingiram durante o dia de hoje o seu valor máximo nos 224 dólares, o que representa uma subida superior a 10%, após a empresa ter anunciado que os lucros do primeiro trimestre atingiram os 369 milhões de dólares, valor acima das estimativas dos analistas.
Ontem à noite, Google sublinhou que os seus lucros no primeiro trimestre, atingiram os 369 milhões de dólares, ou 1,29 dólar por acção, para 64 milhões de dólares, ou 0,24% por acção no mesmo período do ano passado. Os analistas contactados pela Thomson Financial esperavam que a companhia crescesse 0.92 cêntimos por acção.
Segundo a Mountain View, o Google atingiu neste trimestre os 1256 milhões de dólares, o que compara com os 651 milhões de dólares, um ano atrás. Se excluirmos os pagamentos que o Google fez a outras companhias para o tráfego na Internet, a empresa gerou vendas no valor de 794 milhões de euros, mais do os 731 milhões que os analistas tinham previsto. Os lucros da sua rede de sites atingiu os 75% para os 584 milhões de dólares no primeiro trimestre, o que corresponde a 47% do total de vendas.
Os analistas esperam que o Google ganhe 0,93 cêntimos por acção, no segundo trimestre, a que corresponde 768 milhões de dólares em vendas. Para o ano de 2005, é espectável que os ganhos sejam de 3,94 dólares, por acção em vendas de 3200 milhões de dólares. Para 2006, os analistas prevêem que a companhia ganhe 5,12 dólares, o que corresponde a ganho de 4400 milhões de dólares.
Um analista da Goldman Sachs, Anthony Noto, considera que os títulos do Google, poderão atingir valores entre os 275 dólares e os 290 dólares, nos próximos 12 meses.
A empresa encontrava-se a valorizar 5,49% para os 215,44 dólares, no mercado norte americano.
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Apritel pronuncia-se sobre lacete local
Decisão da Anacom baixar preços coloca Portugal entre os países com melhores práticas europeias
A recente decisão da Anacom, referente a alterações de preços a introduzir pela PT Comunicações na oferta de referência para acesso ao lacete local (ORALL), coloca, nesta matéria, Portugal entre os países com as «melhores práticas europeias», afirma a direcção da Associação dos Operadores de Telecomunicações (Apritel) em comunicado.
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Ana Filipa Rego
arego@mediafin.pt
A recente decisão da Anacom, referente a alterações de preços a introduzir pela PT Comunicações na oferta de referência para acesso ao lacete local (ORALL), coloca, nesta matéria, Portugal entre os países com as «melhores práticas europeias», afirma a direcção da Associação dos Operadores de Telecomunicações (Apritel) em comunicado.
A Anacom – Autoridade Nacional das Comunicações baixou os preços a cobrar pela Portugal Telecom aos operadores alternativos para a desagregação do lacete local, segundo deliberação hoje conhecida dia 19 deste mês que reduz os preços face ao projecto de deliberação.
Esta decisão «teve em consideração a maioria das preocupações e interesses oportunamente manifestados pelos operadores seus associados», refere a Apritel.
Segundo a mesma fonte, a decisão agora tomada, e que deverá ser implementada pela PT Comunicações no prazo de dez dias úteis a contar da data em que a PT foi notificada, traduz-se na eliminação da taxa de desinstalação e numa redução de cerca de 60% na instalação e cerca de 20% na mensalidade face à oferta grossista existente».
Com esta medida o regulador «proporcionou melhores condições para o desenvolvimento de ofertas competitivas por parte de operadores alternativos à PT, que por certo irão dinamizar o mercado das telecomunicações na área fixa», sublinha a mesma fonte.
Decisão da Anacom baixar preços coloca Portugal entre os países com melhores práticas europeias
A recente decisão da Anacom, referente a alterações de preços a introduzir pela PT Comunicações na oferta de referência para acesso ao lacete local (ORALL), coloca, nesta matéria, Portugal entre os países com as «melhores práticas europeias», afirma a direcção da Associação dos Operadores de Telecomunicações (Apritel) em comunicado.
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Ana Filipa Rego
arego@mediafin.pt
A recente decisão da Anacom, referente a alterações de preços a introduzir pela PT Comunicações na oferta de referência para acesso ao lacete local (ORALL), coloca, nesta matéria, Portugal entre os países com as «melhores práticas europeias», afirma a direcção da Associação dos Operadores de Telecomunicações (Apritel) em comunicado.
A Anacom – Autoridade Nacional das Comunicações baixou os preços a cobrar pela Portugal Telecom aos operadores alternativos para a desagregação do lacete local, segundo deliberação hoje conhecida dia 19 deste mês que reduz os preços face ao projecto de deliberação.
Esta decisão «teve em consideração a maioria das preocupações e interesses oportunamente manifestados pelos operadores seus associados», refere a Apritel.
Segundo a mesma fonte, a decisão agora tomada, e que deverá ser implementada pela PT Comunicações no prazo de dez dias úteis a contar da data em que a PT foi notificada, traduz-se na eliminação da taxa de desinstalação e numa redução de cerca de 60% na instalação e cerca de 20% na mensalidade face à oferta grossista existente».
Com esta medida o regulador «proporcionou melhores condições para o desenvolvimento de ofertas competitivas por parte de operadores alternativos à PT, que por certo irão dinamizar o mercado das telecomunicações na área fixa», sublinha a mesma fonte.
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Quarta sessão a valorizar
Petróleo sobe mais de 1% com três refinarias encerradas
O petróleo avançava mais de 1% em Nova Iorque e Londres devido aos receios de que a oferta não seja suficiente para satisfazer a procura depois de três refinarias nos EUA terem sido encerradas. Há quatro sessões consecutivas que o preço do petróleo está a subir.
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Maria João Soares
mjsoares@mediafin.pt
O petróleo avançava mais de 1% em Nova Iorque e Londres devido aos receios de que a oferta não seja suficiente para satisfazer a procura depois de três refinarias nos EUA terem sido encerradas. Há quatro sessões consecutivas que o preço do petróleo está a subir.
O crude negociado em Nova Iorque avançava 1,11% para os 54,80 dólares e o «brent» valorizava 1,50% para os 54,82 dólares.
As refinarias do Texas, Luisiana e Venezuela estão encerradas gerando o receio de que a oferta seja prejudicada numa altura em que a procura de gasolina nos Estados Unidos é mais intensa.
Além disso as reservas de gasolina nos EUA desceram 5,7% desde o final de Fevereiro.
Petróleo sobe mais de 1% com três refinarias encerradas
O petróleo avançava mais de 1% em Nova Iorque e Londres devido aos receios de que a oferta não seja suficiente para satisfazer a procura depois de três refinarias nos EUA terem sido encerradas. Há quatro sessões consecutivas que o preço do petróleo está a subir.
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Maria João Soares
mjsoares@mediafin.pt
O petróleo avançava mais de 1% em Nova Iorque e Londres devido aos receios de que a oferta não seja suficiente para satisfazer a procura depois de três refinarias nos EUA terem sido encerradas. Há quatro sessões consecutivas que o preço do petróleo está a subir.
O crude negociado em Nova Iorque avançava 1,11% para os 54,80 dólares e o «brent» valorizava 1,50% para os 54,82 dólares.
As refinarias do Texas, Luisiana e Venezuela estão encerradas gerando o receio de que a oferta seja prejudicada numa altura em que a procura de gasolina nos Estados Unidos é mais intensa.
Além disso as reservas de gasolina nos EUA desceram 5,7% desde o final de Fevereiro.
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Banco de Portugal diz actividade económica mantém tendência descendente
Em Março deste ano a actividade económica manteve a trajectória descendente verificada desde meados de 2004, diz o Banco de Portugal, contrariando as últimas análises adiantadas pelo INE e Ministério das Finanças. O Consumo privado continua a crescer a um ritmo considerável.
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Nuno Carregueiro
nc@mediafin.pt
Em Março deste ano a actividade económica manteve a trajectória descendente verificada desde meados de 2004, diz o Banco de Portugal, contrariando as últimas análises adiantadas pelo INE e Ministério das Finanças. O Consumo privado continua a crescer a um ritmo considerável.
Nos Indicadores de Conjuntura de Abril a instituição liderada por Vítor Constâncio diz que «em Março, o indicador coincidente mensal para a evolução homóloga da actividade económica, calculado pelo Banco de Portugal, manteve a trajectória descendente verificada desde meados de 2004».
Este indicador registou uma queda homóloga de 0,2% no mês de Março, que compara com a estagnação verificada em Fevereiro e o aumento de 0,2% verificado no primeiro mês deste ano.
Desde Junho de 2004, quando apresentava um crescimento homólogo de 1,5%, que o indicador coincidente mensal para a evolução homóloga da actividade económica tem apresentado sempre uma tendência de queda.
Este relatório do Banco de Portugal vem contrariar as últimas análises avançadas pelo Instituto Nacional de Estatística e pela Direcção Geral de Estudos e Previsões (DGEP) do Ministério das Finanças, que apontavam para uma melhoria da economia portuguesa no primeiro trimestre deste ano.
Nos dois últimos trimestres de 2004 o PIB português registou uma evolução negativa em cadeia, colocando a economia nacional de novo em recessão técnica.
Consumo privado com crescimento considerável
Apesar da evolução menos favorável da economia, o Banco de Portugal afirma que «a informação disponível sobre o consumo privado continua a sugerir a manutenção de um ritmo de crescimento considerável no início do ano».
O Banco de Portugal cita os dados da Comissão Europeia, que apontam para um aumento da confiança dos consumidores portugueses no primeiro trimestre de 2005, face ao verificado nos últimos três meses de 2004.
Ao nível do investimento, a mesma fonte diz que formação bruta de capital fixo (FBCF) em material de transporte, apresenta «alguma moderação no início do ano». Na construção as vendas de cimento das empresas nacionais desceram 5% em termos homólogos, no primeiro trimestre.
Crescimento no crédito à habitação mantém crescimento acima de 10%
No mês de Fevereiro, segundo o Banco de Portugal, a taxa de variação anual dos empréstimos bancários concedidos ao sector não monetário aumentou 6,3%, um crescimento 0,1 pontos percentuais superior ao verificado no mês anterior.
O crédito ao sector privado manteve o aumento homólogo de 6,2%, com o crédito a empresas a crescer 2,5% e o a particulares a subir 9,3%.
O crescimento no crédito à habitação também ficou inalterado, em 10,6%, enquanto o crédito ao consumo acelerou para um aumento homólogo de 4,5%.
Em Março deste ano a actividade económica manteve a trajectória descendente verificada desde meados de 2004, diz o Banco de Portugal, contrariando as últimas análises adiantadas pelo INE e Ministério das Finanças. O Consumo privado continua a crescer a um ritmo considerável.
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Nuno Carregueiro
nc@mediafin.pt
Em Março deste ano a actividade económica manteve a trajectória descendente verificada desde meados de 2004, diz o Banco de Portugal, contrariando as últimas análises adiantadas pelo INE e Ministério das Finanças. O Consumo privado continua a crescer a um ritmo considerável.
Nos Indicadores de Conjuntura de Abril a instituição liderada por Vítor Constâncio diz que «em Março, o indicador coincidente mensal para a evolução homóloga da actividade económica, calculado pelo Banco de Portugal, manteve a trajectória descendente verificada desde meados de 2004».
Este indicador registou uma queda homóloga de 0,2% no mês de Março, que compara com a estagnação verificada em Fevereiro e o aumento de 0,2% verificado no primeiro mês deste ano.
Desde Junho de 2004, quando apresentava um crescimento homólogo de 1,5%, que o indicador coincidente mensal para a evolução homóloga da actividade económica tem apresentado sempre uma tendência de queda.
Este relatório do Banco de Portugal vem contrariar as últimas análises avançadas pelo Instituto Nacional de Estatística e pela Direcção Geral de Estudos e Previsões (DGEP) do Ministério das Finanças, que apontavam para uma melhoria da economia portuguesa no primeiro trimestre deste ano.
Nos dois últimos trimestres de 2004 o PIB português registou uma evolução negativa em cadeia, colocando a economia nacional de novo em recessão técnica.
Consumo privado com crescimento considerável
Apesar da evolução menos favorável da economia, o Banco de Portugal afirma que «a informação disponível sobre o consumo privado continua a sugerir a manutenção de um ritmo de crescimento considerável no início do ano».
O Banco de Portugal cita os dados da Comissão Europeia, que apontam para um aumento da confiança dos consumidores portugueses no primeiro trimestre de 2005, face ao verificado nos últimos três meses de 2004.
Ao nível do investimento, a mesma fonte diz que formação bruta de capital fixo (FBCF) em material de transporte, apresenta «alguma moderação no início do ano». Na construção as vendas de cimento das empresas nacionais desceram 5% em termos homólogos, no primeiro trimestre.
Crescimento no crédito à habitação mantém crescimento acima de 10%
No mês de Fevereiro, segundo o Banco de Portugal, a taxa de variação anual dos empréstimos bancários concedidos ao sector não monetário aumentou 6,3%, um crescimento 0,1 pontos percentuais superior ao verificado no mês anterior.
O crédito ao sector privado manteve o aumento homólogo de 6,2%, com o crédito a empresas a crescer 2,5% e o a particulares a subir 9,3%.
O crescimento no crédito à habitação também ficou inalterado, em 10,6%, enquanto o crédito ao consumo acelerou para um aumento homólogo de 4,5%.
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Governo anula concurso para atribuição de licenças de centrais eólicas
O Governo vai anular o concurso público para a atribuição de um total de 1.100 MW de nova potência para a produção de electricidade em centrais eólicas, disse ao Jornal de Negócios Online fonte oficial do Executivo liderado por José Sócrates.
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Jornal de Negócios Online
negocios@mediafin.pt
O Governo vai anular o concurso público para a atribuição de um total de 1.100 MW de nova potência para a produção de electricidade em centrais eólicas, disse ao Jornal de Negócios Online fonte oficial do Executivo liderado por José Sócrates.
A mesma fonte refere que esta decisão vai ser explicada ainda hoje pelo Governo. A abertura deste concurso público foi um dos últimos actos do anterior ministro de Estado das Actividades económicas e do Trabalho, Álvaro Barreto.
A 17 de Fevereiro, três dias antes das eleições legislativas, o Governo de Santana Lopes abriu o concurso público para a atribuição de um total de um total de 1.100 MW de nova potência para a produção de electricidade em centrais eólicas.
As empresas interessadas poderiam apresentar as candidaturas até às 15h00 de 18 de Maio, estando as condições do concurso disponíveis na Direcção Geral de Energia.
Na altura, o Governo assinalou a importância deste concurso no âmbito do Plano para a Redução da Dependência de Portugal face ao Petróleo, bem como para cumprir o objectivo a que Portugal se comprometeu no âmbito do Protocolo de Quioto para que, em 2010, 39% do consumo energético tenha origem em fontes de energia renovável.
Barreto tinha afirmado que no concurso, «todo o procedimento e critérios de avaliação das candidaturas foram revistos de forma a dar maior ênfase ao impacto dos projectos ao nível do desenvolvimento de indústrias associadas, da criação de emprego e do desenvolvimento do conhecimento tecnológico».
O Governo tinha ainda considerado como critério de avaliação a «consideração de um desconto sobre a tarifa aplicável a este tipo de energia, de forma a reduzir o seu custo para o sistema, com reflexos no preço final pago pelos consumidores».
O Governo vai anular o concurso público para a atribuição de um total de 1.100 MW de nova potência para a produção de electricidade em centrais eólicas, disse ao Jornal de Negócios Online fonte oficial do Executivo liderado por José Sócrates.
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O Governo vai anular o concurso público para a atribuição de um total de 1.100 MW de nova potência para a produção de electricidade em centrais eólicas, disse ao Jornal de Negócios Online fonte oficial do Executivo liderado por José Sócrates.
A mesma fonte refere que esta decisão vai ser explicada ainda hoje pelo Governo. A abertura deste concurso público foi um dos últimos actos do anterior ministro de Estado das Actividades económicas e do Trabalho, Álvaro Barreto.
A 17 de Fevereiro, três dias antes das eleições legislativas, o Governo de Santana Lopes abriu o concurso público para a atribuição de um total de um total de 1.100 MW de nova potência para a produção de electricidade em centrais eólicas.
As empresas interessadas poderiam apresentar as candidaturas até às 15h00 de 18 de Maio, estando as condições do concurso disponíveis na Direcção Geral de Energia.
Na altura, o Governo assinalou a importância deste concurso no âmbito do Plano para a Redução da Dependência de Portugal face ao Petróleo, bem como para cumprir o objectivo a que Portugal se comprometeu no âmbito do Protocolo de Quioto para que, em 2010, 39% do consumo energético tenha origem em fontes de energia renovável.
Barreto tinha afirmado que no concurso, «todo o procedimento e critérios de avaliação das candidaturas foram revistos de forma a dar maior ênfase ao impacto dos projectos ao nível do desenvolvimento de indústrias associadas, da criação de emprego e do desenvolvimento do conhecimento tecnológico».
O Governo tinha ainda considerado como critério de avaliação a «consideração de um desconto sobre a tarifa aplicável a este tipo de energia, de forma a reduzir o seu custo para o sistema, com reflexos no preço final pago pelos consumidores».
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No Financial Times
A inflação dos EUA não está assim em tão má situação
FT
É importante ler sempre nas entrelinhas. É nesta perspectiva que se deve interpretar o aumento de 0,4% do Core CPI dos EUA - o índice de preços do consumidor, excluindo alimentação e energia -no mês de Março.
Ou seja, precisamente aquilo que os mercados não precisavam. Convém não esquecer que os investidores transferiram, recentemente, a sua revolta de uma inflação que ameaça crescer para um crescimento que insiste em regredir. Os números avançados esta quarta-feira não descuram, porém, nenhum dos cenários. No entanto, as razões por trás da escalada da inflação - a maior subida mensal em cerca de três anos - poderão mitigar essas preocupações.
Primeiro, a subida real do Core CPI foi de 0,351% - valor que foi arredondado para 0,4%, em vez de 0,3%. Segundo, as especificações da análise dos principais determinantes da inflação demonstram que mais de 40% da subida mensal releva do aumento dos preços dos quartos de hotel, que têm vindo a subir desde Março. Este fenómeno poderá, contudo, ser temporário ou semelhante ao súbito aumento registado na passada Primavera. É muito possível que a inflação generalizada dos preços de alojamento se ressinta ainda da rápida recuperação dos preços dos quartos de hotel, que há poucos anos registavam níveis bastante baixos.
Com efeito, as notícias sobre a inflação não são tão más quanto parecem. É essencial ter em conta dados como o crescimento salarial, que têm sido subvalorizados. Isto não invalida, porém, que a Fed se mantenha atenta. O aumento das pressões inflacionistas assim o exige tal como os riscos de uma eventual subida dos preços da energia - estes não são contemplados no Core CPI, tal como a alimentação -, visto poderem desencadear um aumento generalizado da inflação. Se houver sinais de desaceleração do crescimento e se a inflação se mantiver nos níveis actuais, é muito provável que a Fed aumente as taxas de juro lá mais para o Verão.
A inflação dos EUA não está assim em tão má situação
FT
É importante ler sempre nas entrelinhas. É nesta perspectiva que se deve interpretar o aumento de 0,4% do Core CPI dos EUA - o índice de preços do consumidor, excluindo alimentação e energia -no mês de Março.
Ou seja, precisamente aquilo que os mercados não precisavam. Convém não esquecer que os investidores transferiram, recentemente, a sua revolta de uma inflação que ameaça crescer para um crescimento que insiste em regredir. Os números avançados esta quarta-feira não descuram, porém, nenhum dos cenários. No entanto, as razões por trás da escalada da inflação - a maior subida mensal em cerca de três anos - poderão mitigar essas preocupações.
Primeiro, a subida real do Core CPI foi de 0,351% - valor que foi arredondado para 0,4%, em vez de 0,3%. Segundo, as especificações da análise dos principais determinantes da inflação demonstram que mais de 40% da subida mensal releva do aumento dos preços dos quartos de hotel, que têm vindo a subir desde Março. Este fenómeno poderá, contudo, ser temporário ou semelhante ao súbito aumento registado na passada Primavera. É muito possível que a inflação generalizada dos preços de alojamento se ressinta ainda da rápida recuperação dos preços dos quartos de hotel, que há poucos anos registavam níveis bastante baixos.
Com efeito, as notícias sobre a inflação não são tão más quanto parecem. É essencial ter em conta dados como o crescimento salarial, que têm sido subvalorizados. Isto não invalida, porém, que a Fed se mantenha atenta. O aumento das pressões inflacionistas assim o exige tal como os riscos de uma eventual subida dos preços da energia - estes não são contemplados no Core CPI, tal como a alimentação -, visto poderem desencadear um aumento generalizado da inflação. Se houver sinais de desaceleração do crescimento e se a inflação se mantiver nos níveis actuais, é muito provável que a Fed aumente as taxas de juro lá mais para o Verão.
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Colunistas > 2005-04-22 13:59
Quando as eléctricas resolvem vender seguros...
Helena Garrido, Bruno Proença e Luís Villalobos
Colaboradores da EDP andam a telefonar para os seus clientes a vender um seguro de acidentes pessoais, o Plano Protecção Família EDP.
Ao telefone, as pessoas são convidadas a aderir ao seguro e, se disserem que sim, ficam imediatamente beneficiárias, tendo de voltar a telefonar para a EDP caso queiram desistir. No site da EDP é possível encontrar o seguro na oferta de “serviços de energia”.
Tudo isto assume características estranhas. Começa pela irregularidade de se estar descansadamente em casa a ser incomodado pelo fornecedor de electricidade a oferecer seguros. Segue-se a forma como o seguro está a ser vendido, aspecto que já está a merecer a atenção do Instituto de Seguros de Portugal.
Mas, para além dessas eventuais irregularidades, ficam as questões que toda esta estratégia levanta. O objectivo dito para esta decisão da EDP de ser intermediária de seguros - já que não os pode vender - é fidelizar desde já clientes para enfrentar a abertura do sector à concorrência. Fidelizar clientes desta maneira? E que tal fidelizar clientes pelo preço, qualidade e proximidade do serviço?
Está preocupada em vender seguros mas não parece preocupar-se com a degradação do seu serviço. Fecharam-se as lojas EDP, a leitura dos contadores é feita pelo cliente se quiser aproximar o consumo da realidade e, do preço, nem vale a pena falar.
E não vale a pena argumentar que estas criticas servem para proteger a concorrência, já que todos desejariam que a EDP fosse uma das empresas mais competitivas do mercado no seu negócio. A vender seguros dificilmente o conseguirá.
Quando as eléctricas resolvem vender seguros...
Helena Garrido, Bruno Proença e Luís Villalobos
Colaboradores da EDP andam a telefonar para os seus clientes a vender um seguro de acidentes pessoais, o Plano Protecção Família EDP.
Ao telefone, as pessoas são convidadas a aderir ao seguro e, se disserem que sim, ficam imediatamente beneficiárias, tendo de voltar a telefonar para a EDP caso queiram desistir. No site da EDP é possível encontrar o seguro na oferta de “serviços de energia”.
Tudo isto assume características estranhas. Começa pela irregularidade de se estar descansadamente em casa a ser incomodado pelo fornecedor de electricidade a oferecer seguros. Segue-se a forma como o seguro está a ser vendido, aspecto que já está a merecer a atenção do Instituto de Seguros de Portugal.
Mas, para além dessas eventuais irregularidades, ficam as questões que toda esta estratégia levanta. O objectivo dito para esta decisão da EDP de ser intermediária de seguros - já que não os pode vender - é fidelizar desde já clientes para enfrentar a abertura do sector à concorrência. Fidelizar clientes desta maneira? E que tal fidelizar clientes pelo preço, qualidade e proximidade do serviço?
Está preocupada em vender seguros mas não parece preocupar-se com a degradação do seu serviço. Fecharam-se as lojas EDP, a leitura dos contadores é feita pelo cliente se quiser aproximar o consumo da realidade e, do preço, nem vale a pena falar.
E não vale a pena argumentar que estas criticas servem para proteger a concorrência, já que todos desejariam que a EDP fosse uma das empresas mais competitivas do mercado no seu negócio. A vender seguros dificilmente o conseguirá.
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Seguros
EDP está a “comercializar” seguro de acidentes pessoais
Maria João Gago e Ana Maria Gonçalves
Empresa diversifica oferta de serviços, num passo que visará fidelizar clientes antes da liberalização do mercado.
A EDP está a promover junto dos seus clientes a adesão a um seguro de acidentes pessoais. Ao que o DE apurou, a disponibilização desta oferta visa fidelizar clientes, num movimento de antecipação à liberalização do mercado de electricidade. Fonte oficial da empresa não quis adiantar pormenores sobre os objectivos desta iniciativa, designada de Plano Protecção Família EDP, limitando-se a enviar informação sobre o seguro em causa.
No site de internet da eléctrica, este seguro é incluído na oferta de “serviços de energia” disponibilizados pela empresa. No entanto, formalmente, não se trata de um serviço comercializado pela EDP, uma vez que a eléctrica não está autorizada a comercializar produtos de seguros.
O Plano Protecção Família foi concebido a partir de um seguro de grupo subscrito pela empresa. “A EDP é o tomador do contrato de seguro que tem como mediador, inscrito neste Instituto [de Seguros de Portugal (ISP)], a AON. A seguradora interveniente é a ACE Insurance (sucursal em Espanha) que está a operar em Portugal em regime de Livre Prestação de Serviços, com actividade nos ramos não vida”, esclareceu fonte oficial da entidade de supervisão do sector.
A ACE Insurance é uma companhia de seguros sediada na Bélgica e que faz parte do ACE European Group, estabelecido em Londres. Está autorizada a operar no mercado de seguros não vida desde Julho de 2003, através da sede belga e de várias sucursais europeias. A estrutura de topo do grupo, que está cotado na Bolsa de Nova Iorque através da ACE Limited, foi constituída em 1985 e tem sede nas Bermudas. Através das várias empresas do universo ACE opera em 50 países diferentes.
Por seu turno, a AON é uma corretora de seguros norte-americana, com sede em Chicago. Está presente no mercado português através da AON Gil y Carvajal Portugal. Tal como o DE noticiou em Outubro último, a AON pretende chegar ao final de 2006 com uma facturação de 120 milhões de euros, contra os 100 milhões registados no ano passado.
Para alcançar esta meta, a empresa pretende reforçar a sua presença entre as 100 maiores empresas nacionais. A nível dos clientes particulares, uma das formas de crescer previa a celebração de acordos com empresas com grandes bases de clientes, aos quais a corretora pretende vender seguros associados aos serviços prestados por essa entidade.
Indemnização de 120 mil euros em caso de morte
O Plano Protecção Família EDP assegura o pagamento de uma indemnização que pode ir até aos 120 mil euros em caso de acidente mortal. Além da indemnização normal, os herdeiros recebem ainda um valor extra, equivalente a dez vezes o consumo de electricidade no último ano (até 75 euros por mês, num máximo de nove mil euros. De acordo com o prospecto promocional fornecido pela EDP, o valor do prémio será cobrado mensalmente por transferência bancária. Para beneficiar deste seguro, o interessado terá de ser cliente da EDP e ter entre 18 e 69 anos, mas não necessita de realizar exames médicos. O cônjuge da pessoa segura titular, bem como os filhos dependentes, com idades entre 14 e 23 anos, também podem ser seguradas. O valor do prémio é dedutível no IRS.
Contratação telefónica pode ser problema
“A contratação do Plano Protecção Família EDP é, nesta fase, efectuada exclusivamente por telefone”, refere o site da EDP. No entanto, fonte oficial do ISP garantiu que não é possível efectivar um contrato de seguro a partir de um contacto telefónico. Este responsável não quis pronunciar-se sobre o caso concreto da eléctrica. No entanto, sublinhou que “o contrato de seguro é formal, pelo que necessita de ser materializado num documento escrito, inclusive para que sejam cumpridos todos os deveres de informação”.
O Plano está a ser divulgado por telefone por pessoas que se identificam como colaboradores da EDP. O cliente é convidado a aderir ao seguro e se, ao telefone, aceitar, fica imediatamente beneficiário do seguro. Nos primeiros dois meses, a EDP oferece o prémio e, durante este período, se o cliente quiser desistir do seguro, terá de informar telefonicamente a eléctrica. O ISP admite que, se o modo de comercialização passar “pelo envio de documentação ao cliente contactado que, caso nada dissesse em contrário, ficaria vinculado ao contrato”, se pode estar perante um caso de “vendas forçadas”. Uma situação proibida por lei.
Tendo em conta todas as questões em causa, o supervisor está a recolher informação sobre o caso.
EDP está a “comercializar” seguro de acidentes pessoais
Maria João Gago e Ana Maria Gonçalves
Empresa diversifica oferta de serviços, num passo que visará fidelizar clientes antes da liberalização do mercado.
A EDP está a promover junto dos seus clientes a adesão a um seguro de acidentes pessoais. Ao que o DE apurou, a disponibilização desta oferta visa fidelizar clientes, num movimento de antecipação à liberalização do mercado de electricidade. Fonte oficial da empresa não quis adiantar pormenores sobre os objectivos desta iniciativa, designada de Plano Protecção Família EDP, limitando-se a enviar informação sobre o seguro em causa.
No site de internet da eléctrica, este seguro é incluído na oferta de “serviços de energia” disponibilizados pela empresa. No entanto, formalmente, não se trata de um serviço comercializado pela EDP, uma vez que a eléctrica não está autorizada a comercializar produtos de seguros.
O Plano Protecção Família foi concebido a partir de um seguro de grupo subscrito pela empresa. “A EDP é o tomador do contrato de seguro que tem como mediador, inscrito neste Instituto [de Seguros de Portugal (ISP)], a AON. A seguradora interveniente é a ACE Insurance (sucursal em Espanha) que está a operar em Portugal em regime de Livre Prestação de Serviços, com actividade nos ramos não vida”, esclareceu fonte oficial da entidade de supervisão do sector.
A ACE Insurance é uma companhia de seguros sediada na Bélgica e que faz parte do ACE European Group, estabelecido em Londres. Está autorizada a operar no mercado de seguros não vida desde Julho de 2003, através da sede belga e de várias sucursais europeias. A estrutura de topo do grupo, que está cotado na Bolsa de Nova Iorque através da ACE Limited, foi constituída em 1985 e tem sede nas Bermudas. Através das várias empresas do universo ACE opera em 50 países diferentes.
Por seu turno, a AON é uma corretora de seguros norte-americana, com sede em Chicago. Está presente no mercado português através da AON Gil y Carvajal Portugal. Tal como o DE noticiou em Outubro último, a AON pretende chegar ao final de 2006 com uma facturação de 120 milhões de euros, contra os 100 milhões registados no ano passado.
Para alcançar esta meta, a empresa pretende reforçar a sua presença entre as 100 maiores empresas nacionais. A nível dos clientes particulares, uma das formas de crescer previa a celebração de acordos com empresas com grandes bases de clientes, aos quais a corretora pretende vender seguros associados aos serviços prestados por essa entidade.
Indemnização de 120 mil euros em caso de morte
O Plano Protecção Família EDP assegura o pagamento de uma indemnização que pode ir até aos 120 mil euros em caso de acidente mortal. Além da indemnização normal, os herdeiros recebem ainda um valor extra, equivalente a dez vezes o consumo de electricidade no último ano (até 75 euros por mês, num máximo de nove mil euros. De acordo com o prospecto promocional fornecido pela EDP, o valor do prémio será cobrado mensalmente por transferência bancária. Para beneficiar deste seguro, o interessado terá de ser cliente da EDP e ter entre 18 e 69 anos, mas não necessita de realizar exames médicos. O cônjuge da pessoa segura titular, bem como os filhos dependentes, com idades entre 14 e 23 anos, também podem ser seguradas. O valor do prémio é dedutível no IRS.
Contratação telefónica pode ser problema
“A contratação do Plano Protecção Família EDP é, nesta fase, efectuada exclusivamente por telefone”, refere o site da EDP. No entanto, fonte oficial do ISP garantiu que não é possível efectivar um contrato de seguro a partir de um contacto telefónico. Este responsável não quis pronunciar-se sobre o caso concreto da eléctrica. No entanto, sublinhou que “o contrato de seguro é formal, pelo que necessita de ser materializado num documento escrito, inclusive para que sejam cumpridos todos os deveres de informação”.
O Plano está a ser divulgado por telefone por pessoas que se identificam como colaboradores da EDP. O cliente é convidado a aderir ao seguro e se, ao telefone, aceitar, fica imediatamente beneficiário do seguro. Nos primeiros dois meses, a EDP oferece o prémio e, durante este período, se o cliente quiser desistir do seguro, terá de informar telefonicamente a eléctrica. O ISP admite que, se o modo de comercialização passar “pelo envio de documentação ao cliente contactado que, caso nada dissesse em contrário, ficaria vinculado ao contrato”, se pode estar perante um caso de “vendas forçadas”. Uma situação proibida por lei.
Tendo em conta todas as questões em causa, o supervisor está a recolher informação sobre o caso.
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Energia
Renováveis e área internacional impulsionam resultados da Iberdrola
Ana Maria Gonçalves
A eléctrica espanhola ambiciona controlar 20% do mercado eléctrico liberalizado de electricidade em Portugal. Actualmente tem 12%.
O grupo Iberdrola, candidato a parceiro da Galp Energia na área da produção de electricidade, fechou o primeiro trimestre com lucros de 346,6 milhões de euros, mais 12,3% do que em igual período do ano anterior.
A eléctrica espanhola aumentou a sua potência instalada em 2.881 MW nos últimos 12 meses, dos quais 73% foram em Espanha, o que lhe permitiu cobrir a procura de electricidade, cifrada em 8,3% entre Janeiro e Março. Até ao final de 2005, a sua potência em centrais de ciclo combinado a gás natural subirá para 4.800 MW.
As áreas das renováveis e internacional foram um dos principais motores do crescimento dos resultados, contribuindo com 65% para o aumento do resultado operacional, com especial destaque para o México.
Com forte presença em Portugal na área das energias renováveis, a Iberdrola colocou o mercado nacional como um dos seus alvos prioritários de internacionalização. Actualmente, a empresa possui 75 MW em desenvolvimento e negoceia autorização para instalar mais 174 MW de renováveis. Recentemente, o grupo espanhol firmou um acordo com a sua congénere Gamesa para a aquisição de 250 MW eólicos e a promoção conjunta de outros parques no futuro.
Na área da produção de electricidade obteve licença para a construção de uma central de ciclo combinado a gás natural, na Figueira da Foz, com 400 MW, e recorreu hierarquicamente do chumbo dos restantes 400 MW.
No segmento da comercialização de electricidade fechou um acordo com os CTT - Correios de Portugal para usar as suas 3.500 estações espalhadas pelo país, visando sobretudo os consumidores domésticos.
Com 12% do mercado liberalizado, referente a 1.300 contratos de fornecimento de energia e um consumo de 1.100 KWh, a Iberdrola pretende aumentar esta quota para 15% a 20% nos próximos cinco anos.
Sanchéz Galán assume rédeas totais da eléctrica
Ignacio Sanchéz Galán, actual vice-presidente e administrador-delegado da Iberdrola, assumirá a presidência executiva da eléctrica espanhola na assembleia geral de accionistas do próximo ano. Chega assim ao fim o reinado de Iñigo Oriol, actualmente com 69 anos e que liderou a empresa nos últimos 13 anos.
Tendo assumido o cargo de administrador-delegado, em Maio de 2001, Sanchéz Gálan quer ainda alterar o modelo de gestão, tudo indicando que pretende ser um presidente com plenos poderes, evitando partilhar a gestão diária do grupo. O novo homem forte da Iberdrola é responsável pelo actual plano de investimentos de 12 mil milhões de euros a cinco anos, destinado a aumentar a quota de produção da eléctrica. Em Portugal, é conhecido pelo seu constante braço-de-ferro com as autoridades oficiais e a presidência da EDP para integrar o conselho de administração da empresa e assegurar activos gasistas no mercado nacional.
Renováveis e área internacional impulsionam resultados da Iberdrola
Ana Maria Gonçalves
A eléctrica espanhola ambiciona controlar 20% do mercado eléctrico liberalizado de electricidade em Portugal. Actualmente tem 12%.
O grupo Iberdrola, candidato a parceiro da Galp Energia na área da produção de electricidade, fechou o primeiro trimestre com lucros de 346,6 milhões de euros, mais 12,3% do que em igual período do ano anterior.
A eléctrica espanhola aumentou a sua potência instalada em 2.881 MW nos últimos 12 meses, dos quais 73% foram em Espanha, o que lhe permitiu cobrir a procura de electricidade, cifrada em 8,3% entre Janeiro e Março. Até ao final de 2005, a sua potência em centrais de ciclo combinado a gás natural subirá para 4.800 MW.
As áreas das renováveis e internacional foram um dos principais motores do crescimento dos resultados, contribuindo com 65% para o aumento do resultado operacional, com especial destaque para o México.
Com forte presença em Portugal na área das energias renováveis, a Iberdrola colocou o mercado nacional como um dos seus alvos prioritários de internacionalização. Actualmente, a empresa possui 75 MW em desenvolvimento e negoceia autorização para instalar mais 174 MW de renováveis. Recentemente, o grupo espanhol firmou um acordo com a sua congénere Gamesa para a aquisição de 250 MW eólicos e a promoção conjunta de outros parques no futuro.
Na área da produção de electricidade obteve licença para a construção de uma central de ciclo combinado a gás natural, na Figueira da Foz, com 400 MW, e recorreu hierarquicamente do chumbo dos restantes 400 MW.
No segmento da comercialização de electricidade fechou um acordo com os CTT - Correios de Portugal para usar as suas 3.500 estações espalhadas pelo país, visando sobretudo os consumidores domésticos.
Com 12% do mercado liberalizado, referente a 1.300 contratos de fornecimento de energia e um consumo de 1.100 KWh, a Iberdrola pretende aumentar esta quota para 15% a 20% nos próximos cinco anos.
Sanchéz Galán assume rédeas totais da eléctrica
Ignacio Sanchéz Galán, actual vice-presidente e administrador-delegado da Iberdrola, assumirá a presidência executiva da eléctrica espanhola na assembleia geral de accionistas do próximo ano. Chega assim ao fim o reinado de Iñigo Oriol, actualmente com 69 anos e que liderou a empresa nos últimos 13 anos.
Tendo assumido o cargo de administrador-delegado, em Maio de 2001, Sanchéz Gálan quer ainda alterar o modelo de gestão, tudo indicando que pretende ser um presidente com plenos poderes, evitando partilhar a gestão diária do grupo. O novo homem forte da Iberdrola é responsável pelo actual plano de investimentos de 12 mil milhões de euros a cinco anos, destinado a aumentar a quota de produção da eléctrica. Em Portugal, é conhecido pelo seu constante braço-de-ferro com as autoridades oficiais e a presidência da EDP para integrar o conselho de administração da empresa e assegurar activos gasistas no mercado nacional.
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Estados Unidos
Greenspan alerta que défices põem em risco crescimento dos EUA
M.S.
O presidente da Reserva Federal norte-americana endureceu o seu discurso. Alan Greenspan alertou que a espiral de défices que se anunciam poderá pôr em perigo o crescimento norte-americano.
Não só o orçamento norte-americano está “num caminho insustentável”, como o efeito do envelhecimento da população poderá “fazer estagnar a economia ou algo ainda pior”, frisou, em tom de aviso, perante uma comissão parlamentar.
Não é a primeira vez que Greenspan sublinha que os EUA têm de proceder a grandes ajustamentos com a aproximação da partida para a reforma da geração ‘baby-boom’, a partir de 2008 – foi exactamente por causa disso que deu o seu aval à ideia do Presidente George W. Bush de contas poupança reforma –, mas ontem, o presidente da Fed usou um tom alarmista e enumerou detalhadamente os mecanismo que põem em perigo a economia norte-americana.
O indicador avançado de conjuntura, ontem publicado pelo Conference Board, registou uma quebra de 0,4% em Março face ao mês anterior, o que não traça um quadro positivo para os próximos seis meses na principal economia do mundo.
No entanto, Greenspan considera que o problema não é a situação actual, inclusivamente, o responsável afastou a possibilidade de uma estagflação (inflação sem crescimento). O problema é o futuro. O défice orçamental bate recorde sobre recorde e a reforma da geração ‘baby-boom’ pode ser fatal. “Só o crescimento não bastará para eliminar as pressões sobre o Orçamento”, “é necessário fazer escolhas dolorosas”, sublinhou, acrescentando que reduzir as regalias já prometidas aos reformados é uma delas.
Greenspan alerta que défices põem em risco crescimento dos EUA
M.S.
O presidente da Reserva Federal norte-americana endureceu o seu discurso. Alan Greenspan alertou que a espiral de défices que se anunciam poderá pôr em perigo o crescimento norte-americano.
Não só o orçamento norte-americano está “num caminho insustentável”, como o efeito do envelhecimento da população poderá “fazer estagnar a economia ou algo ainda pior”, frisou, em tom de aviso, perante uma comissão parlamentar.
Não é a primeira vez que Greenspan sublinha que os EUA têm de proceder a grandes ajustamentos com a aproximação da partida para a reforma da geração ‘baby-boom’, a partir de 2008 – foi exactamente por causa disso que deu o seu aval à ideia do Presidente George W. Bush de contas poupança reforma –, mas ontem, o presidente da Fed usou um tom alarmista e enumerou detalhadamente os mecanismo que põem em perigo a economia norte-americana.
O indicador avançado de conjuntura, ontem publicado pelo Conference Board, registou uma quebra de 0,4% em Março face ao mês anterior, o que não traça um quadro positivo para os próximos seis meses na principal economia do mundo.
No entanto, Greenspan considera que o problema não é a situação actual, inclusivamente, o responsável afastou a possibilidade de uma estagflação (inflação sem crescimento). O problema é o futuro. O défice orçamental bate recorde sobre recorde e a reforma da geração ‘baby-boom’ pode ser fatal. “Só o crescimento não bastará para eliminar as pressões sobre o Orçamento”, “é necessário fazer escolhas dolorosas”, sublinhou, acrescentando que reduzir as regalias já prometidas aos reformados é uma delas.
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Pacto de Estabilidade
Bruxelas impõe processo exemplar a Portugal e Itália
Luís Rego, em Bruxelas
Comissário Almunia avisa que dará muita importância à dinâmica da dívida pública.
Contrariando a ideia muito propalada da morte do Pacto de Estabilidade, Joaquin Almunia, o comissário europeu dos assuntos económicos prometeu ontem no Fórum Económico de Bruxelas que os relatórios que fará para constatar a existência de défices excessivos em Itália e Portugal serão um exemplo de vitalidade das regras orçamentais do euro. “Quando - até fim de Junho - fizer esses dois relatórios (Itália e Portugal), vão ver o espírito do novo Pacto. Vamos tomar em conta todos os factores relevantes e dar muita atenção à dinâmica da dívida”, explicou Almunia em resposta a vários apelos de oradores que pediam um comportamento exemplar da Comissão Europeia para inverter a imagem de laxismo associada à revisão do Pacto.
A Itália, recorde-se, passou de um rácio da dívida de 111% do PIB em 2000 para 105,6% em 2005, sem corrigir tamanho desequilíbrio. Já Portugal derrapou de 53,3 no início da década para 66,2% este ano, traduzindo no stock da dívida o descontrolo orçamental. “A situação orçamental é muito má em ambos os países”, explicou Almunia, baseando-se nas previsões económicas da Primavera.
Dominique Strauss-Kahn, ex-ministro das Finanças francês, considerou, na sua intervenção na conferência, que “este procedimento deve avançar rapidamente para que as discussões se concentrem nos problemas de fundo”. A sua maior preocupação é com economia italiana, pela sua dimensão, mas a retórica de estreia do novo Pacto também se aplica a Portugal. “Muitos vão olhar para o caso italiano daqui a 10 ou 20 anos como o primeiro teste que marcou o Pacto”, que deve agora manter-se intacto por mais anos. Também Mário Draghi, ex-director geral do tesouro italiano e actual vice-presidente da Goldman Sachs, sublinhou que estes dois casos serão decisivos para a credibilidade do novo Pacto. “É a primeira vez que o PEC vai ser aplicado depois de uma longa discussão e reforma. É essencial mostrar que as regras são iguais para todos, caso contrário a zona euro deixará de ser um ‘player’ com a alta credibilidade que hoje goza”, afirmou. Os mercados não reagiram à perda de credibilidade do anterior Pacto porque “são tradicionalmente lentos a avaliar o risco, mas quando o fazem são vingativos”, avisou, acrescentando que “saberão diferenciar entre países
Bruxelas impõe processo exemplar a Portugal e Itália
Luís Rego, em Bruxelas
Comissário Almunia avisa que dará muita importância à dinâmica da dívida pública.
Contrariando a ideia muito propalada da morte do Pacto de Estabilidade, Joaquin Almunia, o comissário europeu dos assuntos económicos prometeu ontem no Fórum Económico de Bruxelas que os relatórios que fará para constatar a existência de défices excessivos em Itália e Portugal serão um exemplo de vitalidade das regras orçamentais do euro. “Quando - até fim de Junho - fizer esses dois relatórios (Itália e Portugal), vão ver o espírito do novo Pacto. Vamos tomar em conta todos os factores relevantes e dar muita atenção à dinâmica da dívida”, explicou Almunia em resposta a vários apelos de oradores que pediam um comportamento exemplar da Comissão Europeia para inverter a imagem de laxismo associada à revisão do Pacto.
A Itália, recorde-se, passou de um rácio da dívida de 111% do PIB em 2000 para 105,6% em 2005, sem corrigir tamanho desequilíbrio. Já Portugal derrapou de 53,3 no início da década para 66,2% este ano, traduzindo no stock da dívida o descontrolo orçamental. “A situação orçamental é muito má em ambos os países”, explicou Almunia, baseando-se nas previsões económicas da Primavera.
Dominique Strauss-Kahn, ex-ministro das Finanças francês, considerou, na sua intervenção na conferência, que “este procedimento deve avançar rapidamente para que as discussões se concentrem nos problemas de fundo”. A sua maior preocupação é com economia italiana, pela sua dimensão, mas a retórica de estreia do novo Pacto também se aplica a Portugal. “Muitos vão olhar para o caso italiano daqui a 10 ou 20 anos como o primeiro teste que marcou o Pacto”, que deve agora manter-se intacto por mais anos. Também Mário Draghi, ex-director geral do tesouro italiano e actual vice-presidente da Goldman Sachs, sublinhou que estes dois casos serão decisivos para a credibilidade do novo Pacto. “É a primeira vez que o PEC vai ser aplicado depois de uma longa discussão e reforma. É essencial mostrar que as regras são iguais para todos, caso contrário a zona euro deixará de ser um ‘player’ com a alta credibilidade que hoje goza”, afirmou. Os mercados não reagiram à perda de credibilidade do anterior Pacto porque “são tradicionalmente lentos a avaliar o risco, mas quando o fazem são vingativos”, avisou, acrescentando que “saberão diferenciar entre países
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31 Anos do 25 de Abril
Um país mais rico, mais culto e mais informado mas o mais pobre dos Quinze
Luís Reis Ribeiro
O rendimento per capita dos portugueses medido em relação à média europeia é, e continuará a ser até 2006, o mais baixo dos Quinze.
Um país mais rico, mais culto, mais informado, mais urbano e com maior longevidade, mas também mais endividado, mais poluído, mais envelhecido, e onde os homens continuam a ter mais oportunidades e a estar mais bem representados do que as mulheres. Este pode ser, em traços largos, um retrato do Portugal moderno que compara com o país de há 30 anos. Um país atrasado, pobre, onde um quarto da população não sabia ler nem escrever.
De acordo com a Comissão Europeia, em 1975, um português auferia pouco mais de metade (55%) do rendimento médio da actual União Europeia a 15 países medido em paridade de poder de compra. No final do ano passado, esse nível estava nos 67%.
Esta evolução podia ser motivo de satisfação, mas não o é, tendo em conta que integra a tendência de desaceleração prevista até 2006, de acordo com o relatório da Primavera de Bruxelas. Nesse ano, o rendimento de cada português deverá recuar até 66% da média europeia, apesar dos economistas e das principais instituições defenderem que a retoma já começou e que continuará a reforçar-se, suportada pelos níveis de taxas de juro historicamente favoráveis.
Para além disso, o rendimento per capita dos portugueses medido em relação à média europeia é (e continuará a ser até 2006) o mais baixo dos Quinze, sendo já ultrapassado por países do alargamento a Leste, como o Chipre e a Eslovénia.
A economia portuguesa defronta-se com vários problemas estruturais. Falta de competitividade, por exemplo. Os sectores tradicionais – têxtil, vestuário e calçado – continuam presos a um modelo de crescimento assente em mão-de-obra barata, que entretanto deixou de o ser tendo em conta os custos salariais incrivelmente baixos praticados em mercados emergentes como a China ou Índia.
Por outro lado, há o desequilíbrio externo da economia portuguesa que está directamente ligado à questão da competitividade. Este foi recentemente debatido pelo economista Daniel Bessa, que defende o reequilíbrio urgente da balança externa, através da exportação de mais bens e serviços. A chave do sucesso, reitera, é inovar nos sectores tradicionais mas também apostar em novos ‘clusters’, como a saúde ou a aeronáutica.
Um país mais rico, mais culto e mais informado mas o mais pobre dos Quinze
Luís Reis Ribeiro
O rendimento per capita dos portugueses medido em relação à média europeia é, e continuará a ser até 2006, o mais baixo dos Quinze.
Um país mais rico, mais culto, mais informado, mais urbano e com maior longevidade, mas também mais endividado, mais poluído, mais envelhecido, e onde os homens continuam a ter mais oportunidades e a estar mais bem representados do que as mulheres. Este pode ser, em traços largos, um retrato do Portugal moderno que compara com o país de há 30 anos. Um país atrasado, pobre, onde um quarto da população não sabia ler nem escrever.
De acordo com a Comissão Europeia, em 1975, um português auferia pouco mais de metade (55%) do rendimento médio da actual União Europeia a 15 países medido em paridade de poder de compra. No final do ano passado, esse nível estava nos 67%.
Esta evolução podia ser motivo de satisfação, mas não o é, tendo em conta que integra a tendência de desaceleração prevista até 2006, de acordo com o relatório da Primavera de Bruxelas. Nesse ano, o rendimento de cada português deverá recuar até 66% da média europeia, apesar dos economistas e das principais instituições defenderem que a retoma já começou e que continuará a reforçar-se, suportada pelos níveis de taxas de juro historicamente favoráveis.
Para além disso, o rendimento per capita dos portugueses medido em relação à média europeia é (e continuará a ser até 2006) o mais baixo dos Quinze, sendo já ultrapassado por países do alargamento a Leste, como o Chipre e a Eslovénia.
A economia portuguesa defronta-se com vários problemas estruturais. Falta de competitividade, por exemplo. Os sectores tradicionais – têxtil, vestuário e calçado – continuam presos a um modelo de crescimento assente em mão-de-obra barata, que entretanto deixou de o ser tendo em conta os custos salariais incrivelmente baixos praticados em mercados emergentes como a China ou Índia.
Por outro lado, há o desequilíbrio externo da economia portuguesa que está directamente ligado à questão da competitividade. Este foi recentemente debatido pelo economista Daniel Bessa, que defende o reequilíbrio urgente da balança externa, através da exportação de mais bens e serviços. A chave do sucesso, reitera, é inovar nos sectores tradicionais mas também apostar em novos ‘clusters’, como a saúde ou a aeronáutica.
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Opinião
Limites e prioridades do I Governo Provisório
Vasco Vieira de Almeida *
As condições políticas em que surgiu e funcionou o I Governo Provisório marcaram e limitaram toda a sua acção.
O fim de quarenta e oito anos de ditadura provocou uma explosão de expectativas que a natural impaciência popular queria ver realizadas a curto prazo. A esta situação juntou-se a acção dos partidos que, na confusão do período, pretendiam sobretudo exercer a sua influência no controle dos acontecimentos tumultuários da época, na impossibilidade - dadas as circunstâncias - de estruturar qualquer orientação a médio prazo.
Por outro lado houve dois factores que contribuíram para tornar a situação mais complexa: a falta de experiência de governo dos novos actores políticos, saídos de sucessivas gerações silenciadas e impedidas de qualquer forma de intervenção; e as contradições entre tendências do MFA, resultado da génese do próprio movimento, e reveladas pelos conflitos cedo surgidos entre o núcleo duro de capitães e a Junta de Salvação Nacional.
É neste contexto que surge o Governo Provisório, cuja composição foi, como não podia deixar de ser, heterogénea e decorreu de compromissos entre os militares e as frágeis forças políticas nascentes.
A volatilidade e instabilidade que então se verificavam vieram agravar a inexistência de uma base de apoio sustentada ao Governo, que rapidamente se tornou o centro de todas as pressões, alterações de rumo e desautorizações.
Daí que se tratasse de um órgão sem uma visão coerente de conjunto, mesmo em relação a questões relativamente secundárias, desde que elas pudessem implicar desequilíbrios na relação de forças entre os vários grupos em presença. Embora houvesse um Programa de Governo, a forma da sua prossecução e ordem de prioridades originavam opiniões divergentes no seio do executivo.
Nessas condições entendi que a minha missão essencial devia assentar em três vertentes.
A primeira, destinava-se a tomar as medidas de emergência que o colapso da ditadura exigia e o perigo de anarquia impunha. Encerrar a Bolsa, impedir a corrida aos bancos, prevenir a fuga de capitais, prorrogar prazos de dívidas bancárias, evitar o açambarcamento, entre outras.
A segunda, visava garantir o cumprimento rigoroso de compromissos internacionais e proteger o investimento estrangeiro existente no país.
A terceira, procurava criar o clima de confiança possível, que reduzisse tensões, evitasse consequências negativas irreversíveis no desenvolvimento económico nacional, e a destruição de centros de investimento sem soluções alternativas. A democracia avançada que entendia necessária, levava-me a procurar contribuir para a existência de uma economia de mercado aberta, mas com a criação de fortes medidas de protecção social e a existência de um Estado sólido, regulador e provedor de serviços públicos. Para mim era clara a impossibilidade política, no quadro geo-estratégico da época, da instalação no país de um sistema de economia planificada, fatalmente assente na destruição do pluralismo político.
Mas esta simples constatação não era partilhada por pseudo-esquerdistas instantâneos - muitos, ex-situacionistas ou neutrais benevolentes perante a ditadura e hoje ferozes defensores do liberalismo económico - o que complicou a tarefa.
Dos três objectivos indicados, os dois primeiros - condição ‘sine qua non’ para atingir o terceiro - foram conseguidos.
Relativamente ao último, ficou apenas um esboço: a criação do salário mínimo nacional, um sistema de apoio às pequenas e médias empresas e o estudo da criação de infra-estruturas essenciais.
Decorridos 31 anos, podemos ver agora que muitas das lutas de 1974, eram inevitáveis e encontrar uma linha lógica no que então apenas parecia balbúrdia insensata.
Apesar de todos os erros e receios, quem viveu o Estado Novo e o período exaltante do 25 de Abril pode testemunhar a extraordinária diferença do Portugal de hoje, e o que poderá fazer-se pelo país se existirem a auto-confiança, a energia e a coragem que se manifestaram então.
* Ministro da Coordenação Económica do I Governo Provisório.
O título do artigo é da responsabilidade da redacção do DE.
Limites e prioridades do I Governo Provisório
Vasco Vieira de Almeida *
As condições políticas em que surgiu e funcionou o I Governo Provisório marcaram e limitaram toda a sua acção.
O fim de quarenta e oito anos de ditadura provocou uma explosão de expectativas que a natural impaciência popular queria ver realizadas a curto prazo. A esta situação juntou-se a acção dos partidos que, na confusão do período, pretendiam sobretudo exercer a sua influência no controle dos acontecimentos tumultuários da época, na impossibilidade - dadas as circunstâncias - de estruturar qualquer orientação a médio prazo.
Por outro lado houve dois factores que contribuíram para tornar a situação mais complexa: a falta de experiência de governo dos novos actores políticos, saídos de sucessivas gerações silenciadas e impedidas de qualquer forma de intervenção; e as contradições entre tendências do MFA, resultado da génese do próprio movimento, e reveladas pelos conflitos cedo surgidos entre o núcleo duro de capitães e a Junta de Salvação Nacional.
É neste contexto que surge o Governo Provisório, cuja composição foi, como não podia deixar de ser, heterogénea e decorreu de compromissos entre os militares e as frágeis forças políticas nascentes.
A volatilidade e instabilidade que então se verificavam vieram agravar a inexistência de uma base de apoio sustentada ao Governo, que rapidamente se tornou o centro de todas as pressões, alterações de rumo e desautorizações.
Daí que se tratasse de um órgão sem uma visão coerente de conjunto, mesmo em relação a questões relativamente secundárias, desde que elas pudessem implicar desequilíbrios na relação de forças entre os vários grupos em presença. Embora houvesse um Programa de Governo, a forma da sua prossecução e ordem de prioridades originavam opiniões divergentes no seio do executivo.
Nessas condições entendi que a minha missão essencial devia assentar em três vertentes.
A primeira, destinava-se a tomar as medidas de emergência que o colapso da ditadura exigia e o perigo de anarquia impunha. Encerrar a Bolsa, impedir a corrida aos bancos, prevenir a fuga de capitais, prorrogar prazos de dívidas bancárias, evitar o açambarcamento, entre outras.
A segunda, visava garantir o cumprimento rigoroso de compromissos internacionais e proteger o investimento estrangeiro existente no país.
A terceira, procurava criar o clima de confiança possível, que reduzisse tensões, evitasse consequências negativas irreversíveis no desenvolvimento económico nacional, e a destruição de centros de investimento sem soluções alternativas. A democracia avançada que entendia necessária, levava-me a procurar contribuir para a existência de uma economia de mercado aberta, mas com a criação de fortes medidas de protecção social e a existência de um Estado sólido, regulador e provedor de serviços públicos. Para mim era clara a impossibilidade política, no quadro geo-estratégico da época, da instalação no país de um sistema de economia planificada, fatalmente assente na destruição do pluralismo político.
Mas esta simples constatação não era partilhada por pseudo-esquerdistas instantâneos - muitos, ex-situacionistas ou neutrais benevolentes perante a ditadura e hoje ferozes defensores do liberalismo económico - o que complicou a tarefa.
Dos três objectivos indicados, os dois primeiros - condição ‘sine qua non’ para atingir o terceiro - foram conseguidos.
Relativamente ao último, ficou apenas um esboço: a criação do salário mínimo nacional, um sistema de apoio às pequenas e médias empresas e o estudo da criação de infra-estruturas essenciais.
Decorridos 31 anos, podemos ver agora que muitas das lutas de 1974, eram inevitáveis e encontrar uma linha lógica no que então apenas parecia balbúrdia insensata.
Apesar de todos os erros e receios, quem viveu o Estado Novo e o período exaltante do 25 de Abril pode testemunhar a extraordinária diferença do Portugal de hoje, e o que poderá fazer-se pelo país se existirem a auto-confiança, a energia e a coragem que se manifestaram então.
* Ministro da Coordenação Económica do I Governo Provisório.
O título do artigo é da responsabilidade da redacção do DE.
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31 Anos do 25 de Abril
Fornecimento de petróleo cortado a Portugal em 74
João Paulo Guerra
Testemunho directo de um governante sobre um embargo não declarado.
O engenheiro José Torres Campos fez a transição do regime de condicionamento industrial para a concorrência. Tudo começou ainda antes do 25 de Abril, quando Torres Campos era director-geral da Indústria, e culminou com a democracia, desempenhando então as funções de secretário de Estado da Indústria e Energia nos primeiros governos provisórios.
E foi neste posto que Torres Campos se viu a braços com um embargo ao fornecimento de petróleo a Portugal. O país estava em festa e quase nem deu por isso.
Foi director-geral da Indústria na época do Marcelismo. Por essa altura, a indústria deu os primeiros passos para acabar com o condicionamento industrial…
Nessa altura havia uma geração nova que já calculava que o regime do condicionamento industrial não poderia eternizar-se. E portanto era possível forçar a nota, como se fez, aliás, de maneira a acabar com esse esquema demasiado proteccionista. Foi muito fácil de fazer e foi uma das funções que gostei de exercer. O condicionamento industrial era um regime que permitia dizer não. Mas também se podia dizer que sim. De maneira que, recebida a orientação de que se deixava de dizer não, para passar a dizer sim, naturalmente ocorreram várias iniciativas que promoveram a concorrência. E assim aconteceu.
Esse regime tinha criado um poder económico fortíssimo. Foi uma atitude de confrontação com esse poder económico?
Foi claramente. E isso traduziu-se, em termos políticos, em que os detentores desse poder económico se sentiram abalados, rebelaram-se, em primeiro lugar contra o então presidente do Conselho de Ministros, Marcelo Caetano, depois contra o ministro executor dessa decisão, que foi Rogério Martins, e eu também apanhei por tabela.
Veio a apanhar os efeitos da crise petrolífera, já depois do 25 de Abril, como secretário de Estado da Indústria e Energia. Que efeitos teve?
A subida dos preços do petróleo, que se multiplicaram por quatro, foi um choque tremendo. Mas ainda mais importante que o preço foi que as empresas americanas, que eram as nossas principais fornecedoras, deixaram de nos vender petróleo. O que nos criou problemas seríssimos e que esteve na base da escalada inflacionista. A generalidade das pessoas não se apercebeu disso porque andava muito entusiasmada com a revolução.
Mas foi um embargo formal?
Nós fomos objectivamente, e em termos práticos, embora nada tenha sido dito em forma de declaração oficial, objecto de um embargo nos seus fornecimentos de petróleo.
Mas então o país que acabou com a guerra colonial, que começava a descolonizar, foi alvo de um embargo?
Ainda em 73, pelos árabes, depois pelos americanos. Logo desde muito cedo começou a haver desconfianças, por parte do mundo ocidental, de que nós iríamos ser uma nova Cuba. A teoria do Kissinger não apareceu só em 75. Começou muito antes. O embargo não foi de um dia para o outro, mas foi-se dando. De maneira que nós, a determinada altura, ficámos só com uma pequena quota a que tínhamos direito do petróleo de Angola. Quem nos valeu nessa altura, é preciso dizer a verdade, foi a Rússia soviética.
Os objectivos dos programas dos governos provisórios eram realizáveis?
Eram meras declarações de intenções. Nenhum foi realizado nem era realizável. Porque os acontecimentos, já em 74, andavam sempre à frente daquilo que ficava escrito nos papéis. Tudo ficava imediatamente desactualizado.
Foi esse também o destino do Programa de Política Económica e Social, o chamado Plano Melo Antunes?
O Plano Melo Antunes estava desenhado no sentido de convidar as pessoas a acreditar que o país caminhava no sentido de uma democracia, que era necessário o investimento, até para que o desenvolvimento consolidasse a própria democracia. Era um objectivo, nas circunstâncias, um pouco utópico. Mas não seria honesto, da parte do grupo que o fez, fazer outra coisa qualquer. Era a tentativa de conciliar a democracia nascente com um modelo que não tinha nada de centralista, nada da filosofia comunista, nem com um modelo de tipo completamente liberal.
Com o 11 de Março acabou também a sua participação nos governos provisórios…
Quando veio a saber-se que ia haver mudança no governo, como houve, para mim foi óbvio que eu não ficaria. Era um governo de claro domínio do Partido Comunista.
O que é que o Partido Comunista tinha contra si?
Nenhuma razão objectiva, em termos da maneira como eu estava a orientar o departamento da Indústria. Mas houve uma coisa que eles não me perdoaram. É que no departamento da Indústria não houve saneamentos.
Fornecimento de petróleo cortado a Portugal em 74
João Paulo Guerra
Testemunho directo de um governante sobre um embargo não declarado.
O engenheiro José Torres Campos fez a transição do regime de condicionamento industrial para a concorrência. Tudo começou ainda antes do 25 de Abril, quando Torres Campos era director-geral da Indústria, e culminou com a democracia, desempenhando então as funções de secretário de Estado da Indústria e Energia nos primeiros governos provisórios.
E foi neste posto que Torres Campos se viu a braços com um embargo ao fornecimento de petróleo a Portugal. O país estava em festa e quase nem deu por isso.
Foi director-geral da Indústria na época do Marcelismo. Por essa altura, a indústria deu os primeiros passos para acabar com o condicionamento industrial…
Nessa altura havia uma geração nova que já calculava que o regime do condicionamento industrial não poderia eternizar-se. E portanto era possível forçar a nota, como se fez, aliás, de maneira a acabar com esse esquema demasiado proteccionista. Foi muito fácil de fazer e foi uma das funções que gostei de exercer. O condicionamento industrial era um regime que permitia dizer não. Mas também se podia dizer que sim. De maneira que, recebida a orientação de que se deixava de dizer não, para passar a dizer sim, naturalmente ocorreram várias iniciativas que promoveram a concorrência. E assim aconteceu.
Esse regime tinha criado um poder económico fortíssimo. Foi uma atitude de confrontação com esse poder económico?
Foi claramente. E isso traduziu-se, em termos políticos, em que os detentores desse poder económico se sentiram abalados, rebelaram-se, em primeiro lugar contra o então presidente do Conselho de Ministros, Marcelo Caetano, depois contra o ministro executor dessa decisão, que foi Rogério Martins, e eu também apanhei por tabela.
Veio a apanhar os efeitos da crise petrolífera, já depois do 25 de Abril, como secretário de Estado da Indústria e Energia. Que efeitos teve?
A subida dos preços do petróleo, que se multiplicaram por quatro, foi um choque tremendo. Mas ainda mais importante que o preço foi que as empresas americanas, que eram as nossas principais fornecedoras, deixaram de nos vender petróleo. O que nos criou problemas seríssimos e que esteve na base da escalada inflacionista. A generalidade das pessoas não se apercebeu disso porque andava muito entusiasmada com a revolução.
Mas foi um embargo formal?
Nós fomos objectivamente, e em termos práticos, embora nada tenha sido dito em forma de declaração oficial, objecto de um embargo nos seus fornecimentos de petróleo.
Mas então o país que acabou com a guerra colonial, que começava a descolonizar, foi alvo de um embargo?
Ainda em 73, pelos árabes, depois pelos americanos. Logo desde muito cedo começou a haver desconfianças, por parte do mundo ocidental, de que nós iríamos ser uma nova Cuba. A teoria do Kissinger não apareceu só em 75. Começou muito antes. O embargo não foi de um dia para o outro, mas foi-se dando. De maneira que nós, a determinada altura, ficámos só com uma pequena quota a que tínhamos direito do petróleo de Angola. Quem nos valeu nessa altura, é preciso dizer a verdade, foi a Rússia soviética.
Os objectivos dos programas dos governos provisórios eram realizáveis?
Eram meras declarações de intenções. Nenhum foi realizado nem era realizável. Porque os acontecimentos, já em 74, andavam sempre à frente daquilo que ficava escrito nos papéis. Tudo ficava imediatamente desactualizado.
Foi esse também o destino do Programa de Política Económica e Social, o chamado Plano Melo Antunes?
O Plano Melo Antunes estava desenhado no sentido de convidar as pessoas a acreditar que o país caminhava no sentido de uma democracia, que era necessário o investimento, até para que o desenvolvimento consolidasse a própria democracia. Era um objectivo, nas circunstâncias, um pouco utópico. Mas não seria honesto, da parte do grupo que o fez, fazer outra coisa qualquer. Era a tentativa de conciliar a democracia nascente com um modelo que não tinha nada de centralista, nada da filosofia comunista, nem com um modelo de tipo completamente liberal.
Com o 11 de Março acabou também a sua participação nos governos provisórios…
Quando veio a saber-se que ia haver mudança no governo, como houve, para mim foi óbvio que eu não ficaria. Era um governo de claro domínio do Partido Comunista.
O que é que o Partido Comunista tinha contra si?
Nenhuma razão objectiva, em termos da maneira como eu estava a orientar o departamento da Indústria. Mas houve uma coisa que eles não me perdoaram. É que no departamento da Indústria não houve saneamentos.
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31 Anos do 25 de Abril
Actualidade e Futuro: A aventura de fazer
João Paulo Guerra
O empresário toma as decisões com emoção. A razão é com as horas de leitura, ao fim de cada dia.
No final dos anos 90, Belmiro de Azevedo foi pela primeira vez cotado pela revista Forbes entre os homens mais ricos do mundo. “A riqueza serve para reinvestir”, diz o empresário, contrapondo aos que gostam de enriquecer rapidamente e em força os que aceitam o desafio da “aventura de fazer”. O universo SONAE prepara o futuro e Belmiro de Azevedo está presente, detectando os quadros que emergem nas empresas. Sempre atento à formação e à inovação, numa atitude de verdadeira modernidade, o empresário está a criar o maior legado que poderá deixar: um espírito novo, uma dinâmica para continuar, para fazer mais.
Fora da vida dos negócios, Belmiro de Azevedo tem uma vida e uma família que partilha o seu conceito de riqueza.
Com a formação que proporcionou aos seus filhos, estava a pensar em criar os seus sucessores?
Não, nada, absolutamente nada disso. Monarquia, sou absolutamente contra. Quando é a linha sanguínea que manda, a probabilidade de desencorajar os profissionais é muito grande.
Então, o que fazem os seus filhos com a formação que lhes proporcionou?
Um deles, o Nuno, foi jornalista, trabalhou intensamente 10 anos na Sonae Distribuição e na Sonae Indústria. Está hoje com a Fundação Portugal - África, tem um grupo grande de pessoas a trabalhar com ele e é administrador na SONAE SGPS. Está no World Business Council for Sustainable Development e na Fundação Serralves. O Paulo está muito ligado a tudo, especialmente às telecomunicações. E a Cláudia esteve no Banco Universo e está na Sonaecom, gosta muito de negócios, de ‘marketing’ e é uma chefe de tribo. Portanto, fiz alguma coisa por isso, em termos de desenhar a educação deles. Mas o mérito é fundamentalmente deles.
E qual o papel da sua mulher?
Eu sou mais austero, mais exigente, a minha mulher é muito mais emocional. Mantém uma grande relação entre toda a família, agora também com os netos. Mas na família cada qual toca a sua viola, mas a minha mulher é que mantém a coesão.
A família encontra-se?
Para manter esta família unida, é preciso que esteja ‘desunida’ no dia-a-dia, na vida física. Na aldeia, eu vivo numa casa que era a casa dos meus pais. E cada um tem uma casa separada. É uma espécie de condomínio no meio de uma quinta. Cada qual tem a sua casa, tem os seus amigos, e juntamo-nos de vez em quando. Para mim isto é muito importante: eles têm que fazer o que quiserem, como quiserem, da melhor maneira possível. E sei que têm a minha ideia de riqueza. A riqueza serve para reinvestir. Há muita gente que gosta de ganhar dinheiro muito depressa. Mas há muita gente que gosta de viver esta aventura de fazer.
Nas suas empresas, é insubstituível?
Eu não tenho a mínima pretensão de ser o melhor. Não tenho. Eu sigo a carreira de 200 pessoas, gestores de topo, 50 das quais muito de perto. A minha grande preocupação é saber quem é que está a emergir na organização. Essa é a minha grande obrigação. Os meus filhos fazem parte desses que estão a emergir na organização e que terão o lugar que eles quiserem, uns têm mais jeito para umas coisas, outros para outras.
O engenheiro Belmiro de Azevedo tem uma vida, para além da vida dos negócios?
A minha mulher queixa-se que eu tenho o tempo mal gerido e se calhar tem razão. O meu dia-a-dia é relativamente simples. Levanto-me às 7 e vou para a cama entre as 11 e a meia-noite. De dia faço reuniões, tomo decisões, que é onde vem ao de cima a minha componente emocional. As emoções notam-se ao tomar decisões. Ao fim do dia, ocupo duas horas em que só estudo, só leio. É a necessidade da razão. As minhas leituras têm mudado muito. Interessei-me muito pela história das civilizações, das religiões, gosto muito de entrar no domínio complexo do cosmos, o que tem muito a ver com a minha capacidade de ler temas de ciência. Enfim, o dia tem 24 horas e eu estou activo 14.
E para se informar, lê o Público?
Leio o Público e depois tenho uma empresa que faz aquilo que é chamado o ‘clipping’, que é um pacote de cópias dos artigos de assuntos que considero interessantes, de outros jornais e revistas. Mas o Público é um jornal que eu gosto de ler, regularmente. Mas leio o importante dos jornais económicos, leio jornais estrangeiros, o Financial Times, Economist, Business Week e o Wall Street Journal, o El Pais com alguma regularidade, continuo a gostar do Le Monde.
Actualidade e Futuro: A aventura de fazer
João Paulo Guerra
O empresário toma as decisões com emoção. A razão é com as horas de leitura, ao fim de cada dia.
No final dos anos 90, Belmiro de Azevedo foi pela primeira vez cotado pela revista Forbes entre os homens mais ricos do mundo. “A riqueza serve para reinvestir”, diz o empresário, contrapondo aos que gostam de enriquecer rapidamente e em força os que aceitam o desafio da “aventura de fazer”. O universo SONAE prepara o futuro e Belmiro de Azevedo está presente, detectando os quadros que emergem nas empresas. Sempre atento à formação e à inovação, numa atitude de verdadeira modernidade, o empresário está a criar o maior legado que poderá deixar: um espírito novo, uma dinâmica para continuar, para fazer mais.
Fora da vida dos negócios, Belmiro de Azevedo tem uma vida e uma família que partilha o seu conceito de riqueza.
Com a formação que proporcionou aos seus filhos, estava a pensar em criar os seus sucessores?
Não, nada, absolutamente nada disso. Monarquia, sou absolutamente contra. Quando é a linha sanguínea que manda, a probabilidade de desencorajar os profissionais é muito grande.
Então, o que fazem os seus filhos com a formação que lhes proporcionou?
Um deles, o Nuno, foi jornalista, trabalhou intensamente 10 anos na Sonae Distribuição e na Sonae Indústria. Está hoje com a Fundação Portugal - África, tem um grupo grande de pessoas a trabalhar com ele e é administrador na SONAE SGPS. Está no World Business Council for Sustainable Development e na Fundação Serralves. O Paulo está muito ligado a tudo, especialmente às telecomunicações. E a Cláudia esteve no Banco Universo e está na Sonaecom, gosta muito de negócios, de ‘marketing’ e é uma chefe de tribo. Portanto, fiz alguma coisa por isso, em termos de desenhar a educação deles. Mas o mérito é fundamentalmente deles.
E qual o papel da sua mulher?
Eu sou mais austero, mais exigente, a minha mulher é muito mais emocional. Mantém uma grande relação entre toda a família, agora também com os netos. Mas na família cada qual toca a sua viola, mas a minha mulher é que mantém a coesão.
A família encontra-se?
Para manter esta família unida, é preciso que esteja ‘desunida’ no dia-a-dia, na vida física. Na aldeia, eu vivo numa casa que era a casa dos meus pais. E cada um tem uma casa separada. É uma espécie de condomínio no meio de uma quinta. Cada qual tem a sua casa, tem os seus amigos, e juntamo-nos de vez em quando. Para mim isto é muito importante: eles têm que fazer o que quiserem, como quiserem, da melhor maneira possível. E sei que têm a minha ideia de riqueza. A riqueza serve para reinvestir. Há muita gente que gosta de ganhar dinheiro muito depressa. Mas há muita gente que gosta de viver esta aventura de fazer.
Nas suas empresas, é insubstituível?
Eu não tenho a mínima pretensão de ser o melhor. Não tenho. Eu sigo a carreira de 200 pessoas, gestores de topo, 50 das quais muito de perto. A minha grande preocupação é saber quem é que está a emergir na organização. Essa é a minha grande obrigação. Os meus filhos fazem parte desses que estão a emergir na organização e que terão o lugar que eles quiserem, uns têm mais jeito para umas coisas, outros para outras.
O engenheiro Belmiro de Azevedo tem uma vida, para além da vida dos negócios?
A minha mulher queixa-se que eu tenho o tempo mal gerido e se calhar tem razão. O meu dia-a-dia é relativamente simples. Levanto-me às 7 e vou para a cama entre as 11 e a meia-noite. De dia faço reuniões, tomo decisões, que é onde vem ao de cima a minha componente emocional. As emoções notam-se ao tomar decisões. Ao fim do dia, ocupo duas horas em que só estudo, só leio. É a necessidade da razão. As minhas leituras têm mudado muito. Interessei-me muito pela história das civilizações, das religiões, gosto muito de entrar no domínio complexo do cosmos, o que tem muito a ver com a minha capacidade de ler temas de ciência. Enfim, o dia tem 24 horas e eu estou activo 14.
E para se informar, lê o Público?
Leio o Público e depois tenho uma empresa que faz aquilo que é chamado o ‘clipping’, que é um pacote de cópias dos artigos de assuntos que considero interessantes, de outros jornais e revistas. Mas o Público é um jornal que eu gosto de ler, regularmente. Mas leio o importante dos jornais económicos, leio jornais estrangeiros, o Financial Times, Economist, Business Week e o Wall Street Journal, o El Pais com alguma regularidade, continuo a gostar do Le Monde.
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31 Anos do 25 de Abril
Anos 80 e 90: O perfil do Homem / SONAE
João Paulo Guerra
Belmiro de Azevedo traçou em 1985 o perfil do homem que queria ser: um líder.
Com a democracia estabilizada, e com o controlo accionista da SONAE, Belmiro de Azevedo lançou-se na criação de novas empresas e à conquista de outros mercados. Nem sempre foi fácil e o empresário teve conflitos históricos com alguns governantes.
O perfil do Homem SONAE é o seu auto-retrato?
Eu sou muito espontâneo. Mas tenho na cabeça muitas ideias, um bocado à semelhança dos poetas. De repente, sai poema. E aquele documento foi manuscrito, uma hora antes da reunião. Se era o meu retrato, não sei. Parcialmente, era. Mas era, sobretudo, o retrato de quem eu gostaria de ser. Era um código de ética, de comportamentos, um incentivo à acção de empreender. Qualquer grupo tem que ter um líder, porque a sociedade é assim. As tribos eram assim. A sociedade está toda organizada desse modo. Há pessoas que são excelentes a executar mas que não querem liderar, têm medo, não querem tomar decisões. Essas não servem para líderes. Mas fazem coisas que os líderes não fazem.
Fazer coisas é a característica do seu grupo?
Eu só estou em sectores onde tenha alta competitividade. Senão, era quase uma espécie de condicionalismo. Na distribuição, estão cá todos os europeus, para além de ter um concorrente português grande. Entrámos nas telecomunicações onde há um jogo mundial, à batatada. Na indústria virámos o problema ao contrário e somos de facto a primeira grande empresa que tem uma presença mundial enorme, é líder mundial. Estou sempre nas iniciativas fundamentais. Mas o que eu faço mais, neste momento, é garantir a qualidade dos recursos humanos. Se calhar a herança maior que eu deixo na SONAE é deixar nas pessoas uma voracidade para adquirir conhecimentos. Porque hoje o mundo anda tão depressa, as tecnologias mudam tão depressa, que se as pessoas não estão à tabela, num ambiente competitivo, quando derem por elas já estão obsoletas. A passagem de muito bom a muito mau é rápida.
O seu portfólio de negócios chegou ao topo ou é para continuar?
Sempre para continuar. É uma obrigação. Porque os negócios maduros deixam de dar gozo. A indústria, a distribuição, os centros comerciais no seu conceito, são negócios maduros. Mas as telecomunicações são um novo viciozinho. Nós tínhamos perdido mal duas coisas: a televisão e, mais tarde, perdemos o primeiro concurso de telefones móveis. Fomos indecentemente batidos pelo lóbi das comunicações. Foi negócio político, com batota da grossa. Nessa altura veio cá um ex-candidato à presidência dos Estados Unidos fazer lóbi pelo projecto ganhador. Deu certo para eles e nós perdemos. Mas nós entendemos que telecomunicações, ‘software’, etc., vão ser alavancas do sector empresarial.
E o Estado, continua a atrapalhar?
Temos que ter paciência, às vezes. Estamos pelo oitavo ano à espera, mas Tróia ainda não foi aprovado completamente. Temos é que ter um ‘pipeline’ com um número suficiente de processos de desenvolvimento, projectos futuros, porque, infelizmente, criou-se em Portugal uma atitude doentia, mesquinha, que é ter inveja do sucesso.
Está a falar de algum caso em particular?
Nós, durante três anos, fomos travados na secretaria para abrir supermercados. E a concorrência teve os que quis. Licenças que não eram dadas, vulnerabilidades de municípios às licenças de uns amigos, etc. Eu só digo que sendo um indivíduo que gosta de descentralizar, acho que essa coisa de descentralizar as licenças é uma tolice desgraçada, porque os pontos de corrupção multiplicam-se. E eu, que não sou de calar, quando sei de qualquer coisa digo logo, por vezes reajo com violência. Eu não peço favores. Mas exijo decisões. Os meus fornecedores exigem-me que lhes pague, os meus trabalhadores exigem salários e decisões. Eu também exijo que o Estado decida. Sendo exigente, eu dou um contributo muito maior, do ponto de vista da cidadania, ao Estado e ao povo português. E não tenho problema. A SONAE governa a sua empresa com qualquer governo.
A crítica ao poder político é uma estratégia ou uma avaliação?
São muitas promessas e poucas acções. É esse o problema. A taxa de cumprimento das promessas, eu costumo dizer que não deve atingir os 10 por cento.
Mas há casos particulares de conflito…
Há um exemplo, que está no nosso relatório deste ano. A maneira como fomos corridos da Portucel é impressionante. Nós tínhamos que fazer quatro coisas: aceitar um sócio estrangeiro, ser minoritários, ter mercado de capitais bem abastecido e tínhamos que fazer imediatamente uma fábrica de papel em Setúbal. Não aceitámos isso. Era uma imposição de um morto sobre um vivo. Nós desistimos, fomos corridos. Com todo o respeito, e desejo muito boa sorte ao grupo que ficou com a empresa, mas que nem tem sócios estrangeiros, nem é minoritário, é quase totalitário, o ‘free-float’ foi reduzido praticamente a zero, e há dias li que estava a considerar fazer a fábrica noutro sítio. As quatro exigências não se cumpriram. Portanto, eu não queria usar a palavra perseguição, mas a SONAE tem sido prejudicada.
Prejudicada? E por quem?
Olhe, pelos chamados ministros soviéticos da economia, Pina Moura e Carlos Tavares, curiosamente um de cada partido. Os ministros da economia deviam preparar propostas de legislação e regulamentar. Mais nada. Mas passam a vida a discutir as empresas. E os conselhos de ministros não funcionam. São muitos ministros. A maior parte dos documentos que são aprovados, 80 por cento dos ministros aprovam-nos de cruz. E depois os decretos ficam à espera de “melhoramentos”. Há decretos com erros de português. Tudo feito à pressa e não pode ser de outro modo. No Governo do Santana Lopes, num dia aprovaram oitenta e tal decretos. Há tipos estritamente ignorantes que chegam a secretários de Estado e passam a mandar em directores-gerais que, esses sim, sabem normalmente bastante mais.
Se a SONAE pode ser apontada como um grande sucesso da democracia, porque é que o país não atinge também o sucesso?
Nós somos uma sociedade que tem medo. Medo de existir, como diz esse filósofo que está muito na moda, José Gil. A sociedade portuguesa é subserviente. A facilidade com que se muda de opinião é enorme. Temos um grande défice de pessoas corajosas, que lutem por ideais. Eu votei em Mário Soares pela coragem dele, e não pelos princípios que ele defendia. É um líder, fez muitas coisas. Aliás, era um duplo benefício. Íamos ter um bom Presidente da República e víamo-nos livres de um péssimo primeiro-ministro. Com a revolução portuguesa, nós tivemos, à esquerda e à direita, políticos experientes, sensatos, que sabiam utilizar o bom-senso. E de repente, se formos ver os últimos governos, não há praticamente ninguém que tenha tido um trabalho, uma vivência de dificuldades na vida. E agora, o que se passou com o fenómeno de Santana Lopes! Acho que o Santana Lopes devia ter levado um banho três vezes maior. Como é que é possível, ele ainda ter tido tantos votos! Nós criámos o carreirismo. E o carreirismo depois cria um povo amordaçado, pouco ousado. José Gil diz que somos um povo com medo.
Anos 80 e 90: O perfil do Homem / SONAE
João Paulo Guerra
Belmiro de Azevedo traçou em 1985 o perfil do homem que queria ser: um líder.
Com a democracia estabilizada, e com o controlo accionista da SONAE, Belmiro de Azevedo lançou-se na criação de novas empresas e à conquista de outros mercados. Nem sempre foi fácil e o empresário teve conflitos históricos com alguns governantes.
O perfil do Homem SONAE é o seu auto-retrato?
Eu sou muito espontâneo. Mas tenho na cabeça muitas ideias, um bocado à semelhança dos poetas. De repente, sai poema. E aquele documento foi manuscrito, uma hora antes da reunião. Se era o meu retrato, não sei. Parcialmente, era. Mas era, sobretudo, o retrato de quem eu gostaria de ser. Era um código de ética, de comportamentos, um incentivo à acção de empreender. Qualquer grupo tem que ter um líder, porque a sociedade é assim. As tribos eram assim. A sociedade está toda organizada desse modo. Há pessoas que são excelentes a executar mas que não querem liderar, têm medo, não querem tomar decisões. Essas não servem para líderes. Mas fazem coisas que os líderes não fazem.
Fazer coisas é a característica do seu grupo?
Eu só estou em sectores onde tenha alta competitividade. Senão, era quase uma espécie de condicionalismo. Na distribuição, estão cá todos os europeus, para além de ter um concorrente português grande. Entrámos nas telecomunicações onde há um jogo mundial, à batatada. Na indústria virámos o problema ao contrário e somos de facto a primeira grande empresa que tem uma presença mundial enorme, é líder mundial. Estou sempre nas iniciativas fundamentais. Mas o que eu faço mais, neste momento, é garantir a qualidade dos recursos humanos. Se calhar a herança maior que eu deixo na SONAE é deixar nas pessoas uma voracidade para adquirir conhecimentos. Porque hoje o mundo anda tão depressa, as tecnologias mudam tão depressa, que se as pessoas não estão à tabela, num ambiente competitivo, quando derem por elas já estão obsoletas. A passagem de muito bom a muito mau é rápida.
O seu portfólio de negócios chegou ao topo ou é para continuar?
Sempre para continuar. É uma obrigação. Porque os negócios maduros deixam de dar gozo. A indústria, a distribuição, os centros comerciais no seu conceito, são negócios maduros. Mas as telecomunicações são um novo viciozinho. Nós tínhamos perdido mal duas coisas: a televisão e, mais tarde, perdemos o primeiro concurso de telefones móveis. Fomos indecentemente batidos pelo lóbi das comunicações. Foi negócio político, com batota da grossa. Nessa altura veio cá um ex-candidato à presidência dos Estados Unidos fazer lóbi pelo projecto ganhador. Deu certo para eles e nós perdemos. Mas nós entendemos que telecomunicações, ‘software’, etc., vão ser alavancas do sector empresarial.
E o Estado, continua a atrapalhar?
Temos que ter paciência, às vezes. Estamos pelo oitavo ano à espera, mas Tróia ainda não foi aprovado completamente. Temos é que ter um ‘pipeline’ com um número suficiente de processos de desenvolvimento, projectos futuros, porque, infelizmente, criou-se em Portugal uma atitude doentia, mesquinha, que é ter inveja do sucesso.
Está a falar de algum caso em particular?
Nós, durante três anos, fomos travados na secretaria para abrir supermercados. E a concorrência teve os que quis. Licenças que não eram dadas, vulnerabilidades de municípios às licenças de uns amigos, etc. Eu só digo que sendo um indivíduo que gosta de descentralizar, acho que essa coisa de descentralizar as licenças é uma tolice desgraçada, porque os pontos de corrupção multiplicam-se. E eu, que não sou de calar, quando sei de qualquer coisa digo logo, por vezes reajo com violência. Eu não peço favores. Mas exijo decisões. Os meus fornecedores exigem-me que lhes pague, os meus trabalhadores exigem salários e decisões. Eu também exijo que o Estado decida. Sendo exigente, eu dou um contributo muito maior, do ponto de vista da cidadania, ao Estado e ao povo português. E não tenho problema. A SONAE governa a sua empresa com qualquer governo.
A crítica ao poder político é uma estratégia ou uma avaliação?
São muitas promessas e poucas acções. É esse o problema. A taxa de cumprimento das promessas, eu costumo dizer que não deve atingir os 10 por cento.
Mas há casos particulares de conflito…
Há um exemplo, que está no nosso relatório deste ano. A maneira como fomos corridos da Portucel é impressionante. Nós tínhamos que fazer quatro coisas: aceitar um sócio estrangeiro, ser minoritários, ter mercado de capitais bem abastecido e tínhamos que fazer imediatamente uma fábrica de papel em Setúbal. Não aceitámos isso. Era uma imposição de um morto sobre um vivo. Nós desistimos, fomos corridos. Com todo o respeito, e desejo muito boa sorte ao grupo que ficou com a empresa, mas que nem tem sócios estrangeiros, nem é minoritário, é quase totalitário, o ‘free-float’ foi reduzido praticamente a zero, e há dias li que estava a considerar fazer a fábrica noutro sítio. As quatro exigências não se cumpriram. Portanto, eu não queria usar a palavra perseguição, mas a SONAE tem sido prejudicada.
Prejudicada? E por quem?
Olhe, pelos chamados ministros soviéticos da economia, Pina Moura e Carlos Tavares, curiosamente um de cada partido. Os ministros da economia deviam preparar propostas de legislação e regulamentar. Mais nada. Mas passam a vida a discutir as empresas. E os conselhos de ministros não funcionam. São muitos ministros. A maior parte dos documentos que são aprovados, 80 por cento dos ministros aprovam-nos de cruz. E depois os decretos ficam à espera de “melhoramentos”. Há decretos com erros de português. Tudo feito à pressa e não pode ser de outro modo. No Governo do Santana Lopes, num dia aprovaram oitenta e tal decretos. Há tipos estritamente ignorantes que chegam a secretários de Estado e passam a mandar em directores-gerais que, esses sim, sabem normalmente bastante mais.
Se a SONAE pode ser apontada como um grande sucesso da democracia, porque é que o país não atinge também o sucesso?
Nós somos uma sociedade que tem medo. Medo de existir, como diz esse filósofo que está muito na moda, José Gil. A sociedade portuguesa é subserviente. A facilidade com que se muda de opinião é enorme. Temos um grande défice de pessoas corajosas, que lutem por ideais. Eu votei em Mário Soares pela coragem dele, e não pelos princípios que ele defendia. É um líder, fez muitas coisas. Aliás, era um duplo benefício. Íamos ter um bom Presidente da República e víamo-nos livres de um péssimo primeiro-ministro. Com a revolução portuguesa, nós tivemos, à esquerda e à direita, políticos experientes, sensatos, que sabiam utilizar o bom-senso. E de repente, se formos ver os últimos governos, não há praticamente ninguém que tenha tido um trabalho, uma vivência de dificuldades na vida. E agora, o que se passou com o fenómeno de Santana Lopes! Acho que o Santana Lopes devia ter levado um banho três vezes maior. Como é que é possível, ele ainda ter tido tantos votos! Nós criámos o carreirismo. E o carreirismo depois cria um povo amordaçado, pouco ousado. José Gil diz que somos um povo com medo.
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31 Anos do 25 de Abril
31 Anos do 25 de Abril
Anos 60 e 70: O chefe da tribo SONAE
João Paulo Guerra
Belmiro de Azevedo venceu num mundo de dificuldade e competitividade. O empresário diz que o risco faz parte de si.
Belmiro de Azevedo deu os primeiros passos da vida profissional numa empresa têxtil da qual saiu, ao fim de um ano, para a SONAE - Sociedade Nacional de Aglomerados e Estratificados, do grupo Pinto de Magalhães. Era uma empresa falida mas, “daí para a frente, foi sempre a andar”.
No 25 de Abril estava na SONAE. O velho Afonso Pinto Magalhães exilou-se no Brasil. Belmiro de Azevedo optou por “ficar e lutar”. “O risco faz parte de mim”, diz. Quando o accionista voltou do Brasil recebeu uma empresa “que valia muito mais”. Mas o conflito com a família Pinto Magalhães foi duro. Como dura foi a luta com o accionista Estado, que entrou na empresa por via das nacionalizações. Sem procurar facilidades, Belmiro de Azevedo foi vencendo no mundo de oportunidades que tinha à sua frente.
Começou a sua vida profissional numa empresa têxtil e em 1965 entrou, como quadro técnico, para a SONAE. O que era a SONAE em 1965?
Era uma empresa falida. Uma empresa pequena, tinha umas 50 ou 60 pessoas. Mais do que entrar na SONAE eu saí da EFANOR, que era uma empresa anquilosada, sem estratégia, uma empresa a morrer e eu não queria morrer com ela. Demiti-me no último dia do ano de 1964, recebi o último salário e uma gratificação, de que eu precisava para pagar a última letra do frigorífico. E em 2 Janeiro 1965 comecei na SONAE. Era um desafio novo, numa empresa que tinha carácter internacional, e para lá fui como investigador. Quando lá entrei percebi que era preciso mais bom-senso que investigação. Eu insisto nessa regra de que é preciso ter educação, formação, informação e muito bom-senso. Adoptei algumas medidas de bom-senso que corrigiram coisas evidentes e daí criei uma aura de tipo capaz de dar a volta às situações. Marcar os primeiros golos, o que é muito importante, não apenas no futebol, mas no governo, nas empresas. Não empatar o jogo, não prolongar o jogo com truques. Ser rápido nas decisões.
E qual foi concretamente o seu papel na mudança que se deu na empresa?
Aquilo que hoje se chama capacidade de empreender. Corrigi erros rapidamente, procurei alavancar ao máximo os recursos humanos e materiais que havia e viver no mundo. Aquela empresa tinha para mim um atractivo muito grande que era o facto de importar matérias-primas de cinquenta países e vender para cinquenta países. Tinha o meu formato de empresa de âmbito internacional num ambiente competitivo. Fiz uma equipa e daí para a frente foi sempre a andar até chegar, no início dos anos 80, a grande empresa, com vendas 20 milhões de contos (100 milhões de euros). A SONAE era considerada grande e vendia por ano 20 milhões de contos. Hoje vendemos 70 ou 80 vezes mais. E de umas centenas de trabalhadores, hoje temos 60 mil. As coisas andaram depressa.
Que futuro teria uma empresa como a SONAE, com o regime do condicionamento industrial?
O condicionamento industrial atrapalhou-me várias vezes. Nós precisávamos de resinas para os nossos produtos e tropeçámos no condicionamento industrial que protegia os senhores do antigamente, os Champalimaud, os Mellos, Espírito Santo. Era o monopólio das pessoas que tinham os alvarás. Nessa altura os alvarás é que diziam quem ganhava dinheiro e quem não ganhava. E quem ganhava num ambiente confortável não competitivo. Portanto, fui confrontado com esse condicionamento industrial. Para fabricar resinas, aquilo que estava condicionado era a chamada química básica. E nós entendíamos que formaldeído, resinas, não era química base (Champalimaud e Espírito Santo) mas de segunda geração. Nós utilizávamos dois produtos químicos para fazer um terceiro produto químico. E isso demorou muito tempo a reconhecer a evidência.
E confrontou-se com os monopólios antes, mas também depois do 25 de Abril?
Mais tarde confrontei-me com outro monopolista, que já não eram os Mellos, mas era o Estado português, naquela loucura das nacionalizações. Mas aí eu fui um homem pragmático. Porque uma coisa é lutar contra o condicionamento industrial. Outra coisa é reconhecer que tinha havido uma profunda mudança no poder político em Portugal mas não se previa que tão cedo houvesse mudanças. De maneira que me meti ao caminho e pensei: o que é que eu posso fazer que não foi tomado pelo Estado? Em vez de chorar por não poder fazer químicas, ou adubos, ou aço, eu comecei a desenvolver a indústria dos produtos florestais. Depois, a distribuição alimentar em Portugal, que era então um desastre, com pobres mercearias em cada esquina, sem tratamento higiénico dos produtos, sem cadeia de frio. Portugal é hoje um dos países mais evoluídos na distribuição, que leva os produtos a casa, mais barato e com mais conforto. E isso foi feito num período em que nenhum outro país o fez. O primeiro hipermercado foi inaugurado no fim de 1985. Em 20 anos temos o sistema mais moderno e mais competitivo da Europa. Mais tarde, foram os centros comerciais.
Alguma vez hesitou, teve dúvidas, alguma vez falhou em alguma iniciativa que tenha tomado?
Fizemos uma pequena aventura tentando entrar na televisão. Era uma zona ainda muito controlada. Investimos muito dinheiro nisso, no que seria o primeiro canal privado, mas desistimos quando chegámos à conclusão que o Estado queria continuar a mandar e a controlar completamente o sector. Não havia regras de concorrência, não se sabia qual era a profundidade dos bolsos do Estado a bombear dinheiro para uma empresa RTP, coisa que mais tarde se verificou que era muito mais do que eu tinha imaginado. E evidentemente que eu não posso concorrer com uma empresa que tem o dinheiro que quer sem ter que prestar contas, que foi o que se passou na televisão durante muitos anos, com milhões e milhões de contos enterrados ali. De maneira que um empresário sério e cumpridor que tem que pagar salários com os dinheiros das receitas não pode concorrer.
Foi mais fácil ao Estado abrir mão da banca que da televisão. É isso que quer dizer?
A pressão para abrir a banca foi muito forte internacionalmente. Num sistema social-democrata, regime mais ou menos capitalista, ter um sistema financeiro seguro e competitivo é muito importante pois é preciso muito dinheiro, captando fundos, no mercado. O Estado apercebeu-se que não tinha a mínima hipótese. O Estado teve que despachar o sector financeiro por várias razões. Porque via-se livre de um grande pesadelo, não tinha dinheiro para responder ao crescimento. Quanto à comunicação social, consumia muito dinheiro. Mas eu acho que todos os governos gostam de ter a mãozinha na comunicação social. E era um brinquedo que, sendo caro, dava jeito e tentou todos os governos, com mais elegância, ou menos elegância…
Às vezes sem elegância nenhuma…
… Às vezes sem elegância nenhuma, também conheço algumas histórias dessas.
Mas estávamos a falar do condicionamento industrial. Acha que foi a maior mudança na economia do país?
Libertou mais alguns sectores. Eu não peço. Exijo. Mas não exijo nada para mim. Nunca pedi nada para a SONAE. O que exigi foi que se abrisse o Estado à sociedade, a toda a gente. Eu não tinha nada com o antigo regime, nem do ponto de vista político, nem como benefícios resultantes do período condicionado. Eu sempre vivi com o risco. O risco faz parte de mim. O que aconteceu é que a seguir ao 25 de Abril a maior parte das pessoas que tinham a ver com o desenvolvimento industrial não estavam cá, andavam por esse mundo fora, umas fugidas, outras desiludidas. Criou-se uma situação de falta de pessoas com capacidade e a nova geração demorou um bocado a aparecer. Eu assumo que o corte que a revolução significou foi desnecessariamente caro, foi desnecessariamente injusto para muitas pessoas, mas criou um novo ponto de partida para muita gente.
Como lhe perguntaria o Baptista-Bastos, onde é que estava no dia 25 de Abril?
Eu saía de casa sempre pelas 7 horas, ia no carro, na Via Norte, estava a 500 metros da SONAE, e ouvi o primeiro comunicado das Forças Armadas. Portanto, estava debaixo do viaduto que vai para a Maia, a caminho da SONAE. E continuei. Normalmente, quando chegava ia fazer ‘jogging’. Mas nesse dia não fui. Quis seguir o que se estava a passar. E fiquei impressionado como tão fácil foi. Foi só abanar. As pessoas estavam saturadas por variadíssimas coisas: pela guerra, pela pobreza, pelos condicionamentos. Lembro-me do 1º de Maio, no Porto…
Assistiu ao 1º de Maio?
Assisti. Eu sempre fui irreverente, na Universidade, na tropa (apanhei oito dias de detenção), e conhecia muito bem algumas pessoas, como o arquitecto Artur Andrade, meu senhorio, que foi secretário da candidatura do Humberto Delgado. Antes do 25 de Abril andei sempre informado sobre o que passava, fui a manifestações, apanhei uma carga de água dos carros da Polícia na Rua de Santo António. Conhecia o pai do Dr. Artur Santos Silva, o Óscar Lopes, Rui Luís Gomes, Laureano Barros, gente daquela que tinha que ter sempre a malinha feita para ir passar uns dias fora, por precaução, ou para ir passar uns dias à PIDE.
Mais tarde, a nacionalização do Banco Pinto Magalhães arrastou a intervenção na SONAE. Foi o seu primeiro conflito com o novo Estado?
Foi uma coisa tola, que destruiu pessoas e empresas. Conheço pessoas que me contaram histórias internas do PC. Para eles era muito estranho que eu não estivesse contaminado com qualquer coisa. Foi uma frustração. E depois eu trabalhava com um grupo de trabalhadores muito aberto, moderno. E então fizeram várias coisas para me assustarem. A perseguição era no sentido de mudar a administração, pôr outros administradores, comissários políticos sem competência nenhuma. Quiseram entrar na SONAE mas os trabalhadores não deixaram. A SONAE era uma tribo e eu era o chefe da tribo. E aquilo foi uma luta dura. Eu era funcionário da SONAE, tinha 17 acções, mas era um estratega. Na altura usei alguns truques como os que o Partido Comunista tinha. Fez-se uma greve na SONAE, que foi chamada a greve reaccionária, a greve ao contrário, por defender a permanência da administração e direcção da SONAE contra a entrada dos administradores nomeados pela banca e pelo IPE. Eu sabia a força que tinha e não era inocente. A força é para ser usada. E então demiti-me. Eu sabia que a minha demissão não seria agradável para o Governo nem para a própria Comissão Administrativa do banco. Comigo demitiram-se todos os outros directores. A fábrica continuou a trabalhar mas de uma maneira intermitente. Trabalhava o número de dias necessário para manter a caixa e pagar aos trabalhadores. E sempre pagou durante esse período. Faziam as chamadas greves descontinuadas. Foi uma engenharia político-laboral, criando perturbação política sem criar perturbação social.
Quando é que percebeu que o 25 de Abril não era apenas um golpe militar mas uma revolução?
Eu leio muito. E gosto muito de ler política. Não gosto de exercer política porque é uma frustração. E portanto não demorei muito a perceber o que se estava a passar. A minha opção foi ficar e lutar. Não devia nada em relação ao passado, tinha muita coisa para fazer e do ponto de vista das oportunidades tinha todo o mundo à minha frente. Eu escrevi uma longa carta ao Conselho da Revolução. Foi quando percebi que me tentavam empurrar. Nessa altura havia muita gente do Norte que ia até Vigo e ficava por lá. A carta dizia que eu não saía de Portugal, não jogava esse jogo. Já li que teria havido uma ordem para me prenderem mas nunca deram esse passo. Mas eu era incómodo como o diabo, não conseguiam pegar-me por nada e portanto teriam que me passar uma rasteira qualquer. Mas eu fui desportista, sei fazer fintas, não me deixo fintar com facilidade.
E na SONAE como é que passou a accionista?
A SONAE praticamente viveu sempre em auto-gestão. Pinto de Magalhães não tinha nenhuma interferência na Sonae. Era uma empresa com gestão moderna. Aquilo era mesmo para andar para a frente e ir conquistando mais mercados, exportando mais. Portanto, eu já era empreendedor no sentido do empresário que empreende. Não era detentor de capital. Ali geri o capital do accionista Pinto de Magalhães, mesmo quando ele esteve afastado no Brasil, sempre da maneira mais isenta possível. Ele chegou, voltou a receber uma fábrica que valia muito mais nessa altura e eu continuava com as mesmas 17 acções. Essas acções foram compradas quase por brincadeira. Havia um senhor, amigo de Pinto Magalhães, família Rodrigo Ferreira Dias, que tinha morrido e eu, para que as 100 acções que ele tinha não fossem lá para o monte do Estado, disse à família que nós na empresa ficávamos com elas. Fez-se uma reunião, com um quadro na parede, e toda a gente que quis foi comprando acções. Sobraram 17. Eu fiquei com as acções que sobraram.
Mas depois não ficou por aí. Como é que chegou aos 55 por cento do capital da SONAE?
Isso é outra história. As outras acções, devido à indefinição do governo e do sistema financeiro, acabavam por não ter dono. Grosso modo, 80 por cento eram de Afonso Pinto de Magalhães. Mas como estavam arroladas não serviam para nada. Era como se fossem do Estado. Salvo que não tinham poder de voto. De maneira que durante cinco anos, havia 25 milhões de acções e eram 100 acções que tomavam as decisões. Os outros abstinham-se. E a empresa foi gerida muito bem porque, como lhe disse, a empresa já estava em auto-gestão e tinha uma motivação, que era criar riqueza, ser competitiva. Portanto, era quase indiferente quem era o accionista. Mais tarde, quando Afonso Pinto de Magalhães recuperou os 80 por cento, quando o processo-crime que o Estado lhe instaurou terminou, ele vendeu-me, a um preço simbólico, 20 por cento das acções. E eu dei 20 por cento das minhas acções aos trabalhadores. Assim esteve durante muito tempo.
Que relações manteve com a família de Afonso Pinto de Magalhães?
Ele era muito meu amigo, o que criou uma situação de inveja das filhas e dos genros. Dizia-se que eu seria o filho que ele gostaria de ter tido. Eu cheguei a fazer um documento para ele, dizendo que não trabalharia um segundo com os herdeiros, porque os considerava medíocres. Quando ele esteve doente, eu é que tratei de tudo, mandei vir um médico de Inglaterra. A família demorou muito tempo a chegar cá. Quando ele morreu tratei de funeral. Cumpri, digamos, as funções de filho. Fiz aquilo que devia fazer. O testamento dele foi feito no hospital e a única testemunha fui eu. A família herdou tudo, ficou riquíssima e eu anunciei que me ia embora, tal como dissera na carta a Afonso Pinto de Magalhães. A família ficou aflita, não queria mandar na gestão da empresa, vendeu-me metade da posição. Houve um banco que, de uma maneira quase milagrosa, me emprestou muito mais dinheiro do que eu imaginava que alguém me emprestasse. Eu disse-lhes que a família de Pinto de Magalhães queria 100 mil contos pelas acções e o gerente do banco respondeu-me: Escreva o cheque. E eu perguntei se ele estava a brincar comigo. Escreva o cheque, insistiu ele. E eu escrevi, sem saber se no dia seguinte aquilo tinha cobertura. E não descansei enquanto a família não me telefonou a dizer que tinha descontado o cheque. Costuma dizer-se que para ter sorte é preciso comprar um bilhete da lotaria. É preciso trabalhar para ter sorte.
Se tivesse saído da SONAE, que iria fazer na vida?
Já tinha casa, tinha filhos. Eu tinha sido assistente na Faculdade de Engenharia. Poderia seguir a carreira académica. Conhecia bem o sector, era prestigiado. Mas a carreira académica não era bem o que eu queria. Eu gosto é de fazer coisas.
E houve alguma alteração pelo facto de passar a detentor da maioria do capital?
Nada. Eu nem dividendos recebi durante muitos anos. É tudo reinvestido. O salário que ganho chega e sobra para aquilo que preciso. Costumo dizer que a diferença entre o nascer e o morrer é um fatinho e um par de sapatos. As pessoas esquecem-se disso. Mas não levam nada. Os egípcios é que metiam nos túmulos muitas jóias.
Anos 60 e 70: O chefe da tribo SONAE
João Paulo Guerra
Belmiro de Azevedo venceu num mundo de dificuldade e competitividade. O empresário diz que o risco faz parte de si.
Belmiro de Azevedo deu os primeiros passos da vida profissional numa empresa têxtil da qual saiu, ao fim de um ano, para a SONAE - Sociedade Nacional de Aglomerados e Estratificados, do grupo Pinto de Magalhães. Era uma empresa falida mas, “daí para a frente, foi sempre a andar”.
No 25 de Abril estava na SONAE. O velho Afonso Pinto Magalhães exilou-se no Brasil. Belmiro de Azevedo optou por “ficar e lutar”. “O risco faz parte de mim”, diz. Quando o accionista voltou do Brasil recebeu uma empresa “que valia muito mais”. Mas o conflito com a família Pinto Magalhães foi duro. Como dura foi a luta com o accionista Estado, que entrou na empresa por via das nacionalizações. Sem procurar facilidades, Belmiro de Azevedo foi vencendo no mundo de oportunidades que tinha à sua frente.
Começou a sua vida profissional numa empresa têxtil e em 1965 entrou, como quadro técnico, para a SONAE. O que era a SONAE em 1965?
Era uma empresa falida. Uma empresa pequena, tinha umas 50 ou 60 pessoas. Mais do que entrar na SONAE eu saí da EFANOR, que era uma empresa anquilosada, sem estratégia, uma empresa a morrer e eu não queria morrer com ela. Demiti-me no último dia do ano de 1964, recebi o último salário e uma gratificação, de que eu precisava para pagar a última letra do frigorífico. E em 2 Janeiro 1965 comecei na SONAE. Era um desafio novo, numa empresa que tinha carácter internacional, e para lá fui como investigador. Quando lá entrei percebi que era preciso mais bom-senso que investigação. Eu insisto nessa regra de que é preciso ter educação, formação, informação e muito bom-senso. Adoptei algumas medidas de bom-senso que corrigiram coisas evidentes e daí criei uma aura de tipo capaz de dar a volta às situações. Marcar os primeiros golos, o que é muito importante, não apenas no futebol, mas no governo, nas empresas. Não empatar o jogo, não prolongar o jogo com truques. Ser rápido nas decisões.
E qual foi concretamente o seu papel na mudança que se deu na empresa?
Aquilo que hoje se chama capacidade de empreender. Corrigi erros rapidamente, procurei alavancar ao máximo os recursos humanos e materiais que havia e viver no mundo. Aquela empresa tinha para mim um atractivo muito grande que era o facto de importar matérias-primas de cinquenta países e vender para cinquenta países. Tinha o meu formato de empresa de âmbito internacional num ambiente competitivo. Fiz uma equipa e daí para a frente foi sempre a andar até chegar, no início dos anos 80, a grande empresa, com vendas 20 milhões de contos (100 milhões de euros). A SONAE era considerada grande e vendia por ano 20 milhões de contos. Hoje vendemos 70 ou 80 vezes mais. E de umas centenas de trabalhadores, hoje temos 60 mil. As coisas andaram depressa.
Que futuro teria uma empresa como a SONAE, com o regime do condicionamento industrial?
O condicionamento industrial atrapalhou-me várias vezes. Nós precisávamos de resinas para os nossos produtos e tropeçámos no condicionamento industrial que protegia os senhores do antigamente, os Champalimaud, os Mellos, Espírito Santo. Era o monopólio das pessoas que tinham os alvarás. Nessa altura os alvarás é que diziam quem ganhava dinheiro e quem não ganhava. E quem ganhava num ambiente confortável não competitivo. Portanto, fui confrontado com esse condicionamento industrial. Para fabricar resinas, aquilo que estava condicionado era a chamada química básica. E nós entendíamos que formaldeído, resinas, não era química base (Champalimaud e Espírito Santo) mas de segunda geração. Nós utilizávamos dois produtos químicos para fazer um terceiro produto químico. E isso demorou muito tempo a reconhecer a evidência.
E confrontou-se com os monopólios antes, mas também depois do 25 de Abril?
Mais tarde confrontei-me com outro monopolista, que já não eram os Mellos, mas era o Estado português, naquela loucura das nacionalizações. Mas aí eu fui um homem pragmático. Porque uma coisa é lutar contra o condicionamento industrial. Outra coisa é reconhecer que tinha havido uma profunda mudança no poder político em Portugal mas não se previa que tão cedo houvesse mudanças. De maneira que me meti ao caminho e pensei: o que é que eu posso fazer que não foi tomado pelo Estado? Em vez de chorar por não poder fazer químicas, ou adubos, ou aço, eu comecei a desenvolver a indústria dos produtos florestais. Depois, a distribuição alimentar em Portugal, que era então um desastre, com pobres mercearias em cada esquina, sem tratamento higiénico dos produtos, sem cadeia de frio. Portugal é hoje um dos países mais evoluídos na distribuição, que leva os produtos a casa, mais barato e com mais conforto. E isso foi feito num período em que nenhum outro país o fez. O primeiro hipermercado foi inaugurado no fim de 1985. Em 20 anos temos o sistema mais moderno e mais competitivo da Europa. Mais tarde, foram os centros comerciais.
Alguma vez hesitou, teve dúvidas, alguma vez falhou em alguma iniciativa que tenha tomado?
Fizemos uma pequena aventura tentando entrar na televisão. Era uma zona ainda muito controlada. Investimos muito dinheiro nisso, no que seria o primeiro canal privado, mas desistimos quando chegámos à conclusão que o Estado queria continuar a mandar e a controlar completamente o sector. Não havia regras de concorrência, não se sabia qual era a profundidade dos bolsos do Estado a bombear dinheiro para uma empresa RTP, coisa que mais tarde se verificou que era muito mais do que eu tinha imaginado. E evidentemente que eu não posso concorrer com uma empresa que tem o dinheiro que quer sem ter que prestar contas, que foi o que se passou na televisão durante muitos anos, com milhões e milhões de contos enterrados ali. De maneira que um empresário sério e cumpridor que tem que pagar salários com os dinheiros das receitas não pode concorrer.
Foi mais fácil ao Estado abrir mão da banca que da televisão. É isso que quer dizer?
A pressão para abrir a banca foi muito forte internacionalmente. Num sistema social-democrata, regime mais ou menos capitalista, ter um sistema financeiro seguro e competitivo é muito importante pois é preciso muito dinheiro, captando fundos, no mercado. O Estado apercebeu-se que não tinha a mínima hipótese. O Estado teve que despachar o sector financeiro por várias razões. Porque via-se livre de um grande pesadelo, não tinha dinheiro para responder ao crescimento. Quanto à comunicação social, consumia muito dinheiro. Mas eu acho que todos os governos gostam de ter a mãozinha na comunicação social. E era um brinquedo que, sendo caro, dava jeito e tentou todos os governos, com mais elegância, ou menos elegância…
Às vezes sem elegância nenhuma…
… Às vezes sem elegância nenhuma, também conheço algumas histórias dessas.
Mas estávamos a falar do condicionamento industrial. Acha que foi a maior mudança na economia do país?
Libertou mais alguns sectores. Eu não peço. Exijo. Mas não exijo nada para mim. Nunca pedi nada para a SONAE. O que exigi foi que se abrisse o Estado à sociedade, a toda a gente. Eu não tinha nada com o antigo regime, nem do ponto de vista político, nem como benefícios resultantes do período condicionado. Eu sempre vivi com o risco. O risco faz parte de mim. O que aconteceu é que a seguir ao 25 de Abril a maior parte das pessoas que tinham a ver com o desenvolvimento industrial não estavam cá, andavam por esse mundo fora, umas fugidas, outras desiludidas. Criou-se uma situação de falta de pessoas com capacidade e a nova geração demorou um bocado a aparecer. Eu assumo que o corte que a revolução significou foi desnecessariamente caro, foi desnecessariamente injusto para muitas pessoas, mas criou um novo ponto de partida para muita gente.
Como lhe perguntaria o Baptista-Bastos, onde é que estava no dia 25 de Abril?
Eu saía de casa sempre pelas 7 horas, ia no carro, na Via Norte, estava a 500 metros da SONAE, e ouvi o primeiro comunicado das Forças Armadas. Portanto, estava debaixo do viaduto que vai para a Maia, a caminho da SONAE. E continuei. Normalmente, quando chegava ia fazer ‘jogging’. Mas nesse dia não fui. Quis seguir o que se estava a passar. E fiquei impressionado como tão fácil foi. Foi só abanar. As pessoas estavam saturadas por variadíssimas coisas: pela guerra, pela pobreza, pelos condicionamentos. Lembro-me do 1º de Maio, no Porto…
Assistiu ao 1º de Maio?
Assisti. Eu sempre fui irreverente, na Universidade, na tropa (apanhei oito dias de detenção), e conhecia muito bem algumas pessoas, como o arquitecto Artur Andrade, meu senhorio, que foi secretário da candidatura do Humberto Delgado. Antes do 25 de Abril andei sempre informado sobre o que passava, fui a manifestações, apanhei uma carga de água dos carros da Polícia na Rua de Santo António. Conhecia o pai do Dr. Artur Santos Silva, o Óscar Lopes, Rui Luís Gomes, Laureano Barros, gente daquela que tinha que ter sempre a malinha feita para ir passar uns dias fora, por precaução, ou para ir passar uns dias à PIDE.
Mais tarde, a nacionalização do Banco Pinto Magalhães arrastou a intervenção na SONAE. Foi o seu primeiro conflito com o novo Estado?
Foi uma coisa tola, que destruiu pessoas e empresas. Conheço pessoas que me contaram histórias internas do PC. Para eles era muito estranho que eu não estivesse contaminado com qualquer coisa. Foi uma frustração. E depois eu trabalhava com um grupo de trabalhadores muito aberto, moderno. E então fizeram várias coisas para me assustarem. A perseguição era no sentido de mudar a administração, pôr outros administradores, comissários políticos sem competência nenhuma. Quiseram entrar na SONAE mas os trabalhadores não deixaram. A SONAE era uma tribo e eu era o chefe da tribo. E aquilo foi uma luta dura. Eu era funcionário da SONAE, tinha 17 acções, mas era um estratega. Na altura usei alguns truques como os que o Partido Comunista tinha. Fez-se uma greve na SONAE, que foi chamada a greve reaccionária, a greve ao contrário, por defender a permanência da administração e direcção da SONAE contra a entrada dos administradores nomeados pela banca e pelo IPE. Eu sabia a força que tinha e não era inocente. A força é para ser usada. E então demiti-me. Eu sabia que a minha demissão não seria agradável para o Governo nem para a própria Comissão Administrativa do banco. Comigo demitiram-se todos os outros directores. A fábrica continuou a trabalhar mas de uma maneira intermitente. Trabalhava o número de dias necessário para manter a caixa e pagar aos trabalhadores. E sempre pagou durante esse período. Faziam as chamadas greves descontinuadas. Foi uma engenharia político-laboral, criando perturbação política sem criar perturbação social.
Quando é que percebeu que o 25 de Abril não era apenas um golpe militar mas uma revolução?
Eu leio muito. E gosto muito de ler política. Não gosto de exercer política porque é uma frustração. E portanto não demorei muito a perceber o que se estava a passar. A minha opção foi ficar e lutar. Não devia nada em relação ao passado, tinha muita coisa para fazer e do ponto de vista das oportunidades tinha todo o mundo à minha frente. Eu escrevi uma longa carta ao Conselho da Revolução. Foi quando percebi que me tentavam empurrar. Nessa altura havia muita gente do Norte que ia até Vigo e ficava por lá. A carta dizia que eu não saía de Portugal, não jogava esse jogo. Já li que teria havido uma ordem para me prenderem mas nunca deram esse passo. Mas eu era incómodo como o diabo, não conseguiam pegar-me por nada e portanto teriam que me passar uma rasteira qualquer. Mas eu fui desportista, sei fazer fintas, não me deixo fintar com facilidade.
E na SONAE como é que passou a accionista?
A SONAE praticamente viveu sempre em auto-gestão. Pinto de Magalhães não tinha nenhuma interferência na Sonae. Era uma empresa com gestão moderna. Aquilo era mesmo para andar para a frente e ir conquistando mais mercados, exportando mais. Portanto, eu já era empreendedor no sentido do empresário que empreende. Não era detentor de capital. Ali geri o capital do accionista Pinto de Magalhães, mesmo quando ele esteve afastado no Brasil, sempre da maneira mais isenta possível. Ele chegou, voltou a receber uma fábrica que valia muito mais nessa altura e eu continuava com as mesmas 17 acções. Essas acções foram compradas quase por brincadeira. Havia um senhor, amigo de Pinto Magalhães, família Rodrigo Ferreira Dias, que tinha morrido e eu, para que as 100 acções que ele tinha não fossem lá para o monte do Estado, disse à família que nós na empresa ficávamos com elas. Fez-se uma reunião, com um quadro na parede, e toda a gente que quis foi comprando acções. Sobraram 17. Eu fiquei com as acções que sobraram.
Mas depois não ficou por aí. Como é que chegou aos 55 por cento do capital da SONAE?
Isso é outra história. As outras acções, devido à indefinição do governo e do sistema financeiro, acabavam por não ter dono. Grosso modo, 80 por cento eram de Afonso Pinto de Magalhães. Mas como estavam arroladas não serviam para nada. Era como se fossem do Estado. Salvo que não tinham poder de voto. De maneira que durante cinco anos, havia 25 milhões de acções e eram 100 acções que tomavam as decisões. Os outros abstinham-se. E a empresa foi gerida muito bem porque, como lhe disse, a empresa já estava em auto-gestão e tinha uma motivação, que era criar riqueza, ser competitiva. Portanto, era quase indiferente quem era o accionista. Mais tarde, quando Afonso Pinto de Magalhães recuperou os 80 por cento, quando o processo-crime que o Estado lhe instaurou terminou, ele vendeu-me, a um preço simbólico, 20 por cento das acções. E eu dei 20 por cento das minhas acções aos trabalhadores. Assim esteve durante muito tempo.
Que relações manteve com a família de Afonso Pinto de Magalhães?
Ele era muito meu amigo, o que criou uma situação de inveja das filhas e dos genros. Dizia-se que eu seria o filho que ele gostaria de ter tido. Eu cheguei a fazer um documento para ele, dizendo que não trabalharia um segundo com os herdeiros, porque os considerava medíocres. Quando ele esteve doente, eu é que tratei de tudo, mandei vir um médico de Inglaterra. A família demorou muito tempo a chegar cá. Quando ele morreu tratei de funeral. Cumpri, digamos, as funções de filho. Fiz aquilo que devia fazer. O testamento dele foi feito no hospital e a única testemunha fui eu. A família herdou tudo, ficou riquíssima e eu anunciei que me ia embora, tal como dissera na carta a Afonso Pinto de Magalhães. A família ficou aflita, não queria mandar na gestão da empresa, vendeu-me metade da posição. Houve um banco que, de uma maneira quase milagrosa, me emprestou muito mais dinheiro do que eu imaginava que alguém me emprestasse. Eu disse-lhes que a família de Pinto de Magalhães queria 100 mil contos pelas acções e o gerente do banco respondeu-me: Escreva o cheque. E eu perguntei se ele estava a brincar comigo. Escreva o cheque, insistiu ele. E eu escrevi, sem saber se no dia seguinte aquilo tinha cobertura. E não descansei enquanto a família não me telefonou a dizer que tinha descontado o cheque. Costuma dizer-se que para ter sorte é preciso comprar um bilhete da lotaria. É preciso trabalhar para ter sorte.
Se tivesse saído da SONAE, que iria fazer na vida?
Já tinha casa, tinha filhos. Eu tinha sido assistente na Faculdade de Engenharia. Poderia seguir a carreira académica. Conhecia bem o sector, era prestigiado. Mas a carreira académica não era bem o que eu queria. Eu gosto é de fazer coisas.
E houve alguma alteração pelo facto de passar a detentor da maioria do capital?
Nada. Eu nem dividendos recebi durante muitos anos. É tudo reinvestido. O salário que ganho chega e sobra para aquilo que preciso. Costumo dizer que a diferença entre o nascer e o morrer é um fatinho e um par de sapatos. As pessoas esquecem-se disso. Mas não levam nada. Os egípcios é que metiam nos túmulos muitas jóias.
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