Caldeirão da Bolsa

BCPI vai rever estimativas e avaliação para o BES

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por marafado » 21/3/2005 14:03

Banca > Research 2005-03-21 12:40
S&P altera perspectiva do BCP de 'Estável' para 'Positiva' e confirma notações

DE


A Standard & Poor's (S&P) reviu a perspectiva sobre as responsabilidades de longo e curto prazo do BCP de 'Estável' para 'Positiva', confirmando simultaneamente as notações de A- e A-2, divulgou hoje o banco, em comunicado.

Segundo a agência de notação financeira, o 'outlook' positivo reflecte fundamentalmente "a perspectiva de maior disciplina de gestão do capital e a melhoria da rendibilidade e da qualidade dos activos" do BCP.

O comunicado acrescenta que, no entender da S&P, os 'ratings' do banco presidido por Paulo Teixeira Pinto mantêm-se "suportados pela posição de mercado dominante em Portugal, pela competência de gestão, pela sólida qualidade dos activos domésticos e pela forte capacidade de geração de resultados".

A capacidade de gerar "resultados robustos e bem diversificados" asseguram que, em condições económicas difíceis, "o banco tem flexibilidade para absorver um montante considerável de provisões para crédito vencido e preservar a geração de resultados operacionais", reforça a S&P.
 
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por marafado » 21/3/2005 14:02

Bolsas em alta ligeira com subida das petrolíferas

DE


O novo aumento dos preços do crude nos mercados internacionais está a fazer subir os títulos das empresas do sector petrolífero, mantendo assim em terreno positivo os principais índices da União Europeia.

Segundo os analistas, "existe uma forte procura [de petróleo], e isso está a impulsionar os preços do crude. Este aumento ainda não estava reflectido nos preços actuais dos papéis das empresas do sector".

Os peritos notam ainda que os ganhos dos índices estão a ser condicionados pela queda das farmacêuticas, em particular a Novartis e a Schering, devido a atrasos no registo de um novo medicamento.

É ainda de destacar o sentimento de cautela patente no mercado devido à proximidade da reunião de terça-feira do Comité de Política Monetária da Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed), na qual é esperado que as taxas de juro norte-americanas sejam aumentadas em 0,25% para os 2,75%.

Deste modo, com os títulos das petrolíferas BP e Shell a liderarem os ganhos, às 12h06 o Ibex-35 de Madrid avançava 0,04% para os 9267,90 pontos, o CAC-40 de Paris progredia 0,05% para os 4052,66 pontos e o Dax Xetra de Frankfurt crescia 0,06% para os 4329,89 pontos, enquanto o S&P/MIB de Milão subia 0,22% para os 31 937,00 pontos e o FTSE-100 de Londres ganhava 0,36% para os 4941,00 pontos.
 
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por marafado » 21/3/2005 14:00

Oni está a ser travada "artificialmente"


A maior "frustração" de Pedro Norton de Matos, depois de cinco anos a liderar a Oni, é "saber que a empresa tem um potencial enorme", assente na "rede de fibra óptica mais moderna do país", e que está a ser travada "artificialmente" pela ausência de uma verdadeira liberalização do sector das telecomunicações.
Em 1999, acreditando na abertura do mercado, "a Oni fez investimentos brutais, que estão no seu período de vida útil", e que agora não só não podem ser aproveitados em toda a sua potencialidade, como penalizam a empresa, defende. "O problema da Oni é um problema dos encargos. A Oni, que fez fortes investimentos, nomeadamente na fibra óptica, e não pôde contar com um mercado de capitais receptivo, está a ser travada artificialmente, está subaproveitada. E no seu balanço continua a ter que pagar um saco de pedras que leva às costas: a amortização da dívida aos bancos e amortização dos pesados investimentos", sublinha.
"Em 2004, a Oni cresceu 150 por cento em termos de EBITDA. E foi no grupo EDP, que consolida, o segundo ou terceiro maior contribuinte para o crescimento da variação do EBITDA da eléctrica em 2003 e 2004. Além disso, quer em Portugal, quer em Espanha, está no terreno positivo. Isto não tem sido realçado. Mas a verdade é que, em termos operacionais, o percurso tem sido bom", considera ainda o responsável. "Há que olhar para o balanço da Oni nesta dupla perspectiva: o que é operacional tem tido uma excelente evolução", afirma. "Se não fossem os travões artificiais, o projecto Oni estaria bem mais avançado", frisa Norton de Matos.
 
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por marafado » 21/3/2005 13:59

"Proteccionismo à PT trava liberalização do mercado"


O CEO da Oni afirma nesta entrevista que o atraso na liberalização das telecomunicações leva a acreditar que o sector "esteve cinco anos num compasso de espera, a aguardar que o mercado brasileiro dê força à PT". Em Abril, Pedro Norton de Matos cede o lugar a Diogo da Silveira

Anabela Campos e Cristina Ferreira

Pedro Norton de Matos, 50 anos, presidente da comissão executiva (CEO) da Oni, um projecto que lidera desde o arranque, cederá o lugar a 22 Abril a Diogo da Silveira, ex-quadro da Sonae e o também o primeiro presidente da sua maior concorrente, a Novis. Será uma transição "sem ruptura de processo", garante Norton de Matos, que sai das funções executivas para uma área mais estratégica.
No balanço dos últimos cinco anos, lamenta o facto de haver projectos, como a Oni, a serem travados por ausência de uma maior abertura do mercado, em nome do proteccionismo à PT, e defende que quem fica a perder são os consumidores, as empresas e o país. Apela ao novo Governo para que aponte como meta para os próximos anos estar entre os três melhores países da Europa na sociedade de informação e conhecimento.
PÚBLICO - Cinco anos depois ter iniciado o projecto Oni, e quando o mercado dá sinais de uma maior abertura, anunciou a sua saída da presidência executiva, para ocupar um lugar de retaguarda. O que é que aconteceu?
PEDRO NORTON DE MATOS - Não abandono o barco. Recebi um conselho médico para tirar o pé do acelerador, para deixar de andar a 200 à hora, e passar a andar dentro dos limites de velocidade adequados. Tive um problemazinho na "máquina". Mas continuarei no projecto, embora deixe de estar na pressão do dia-a-dia, para estar mais ligado a questões de "governance" estratégica. Será importante e gratificante depois da travessia do deserto chegar à praia... Sinto-o, não só em termos pessoais, mas também de equipa, um conjunto grande de profissionais que tem trabalhado em ambiente altamente adverso, perante uma opinião pública pouco favorável. Nós, de uma forma geral e desde o princípio do projecto, tivemos uma má imprensa. Entrei na Oni em Maio de 2000 e saio ao fim de cinco anos, completando um ciclo de vida da empresa. Há agora condições para que o próximo [ciclo] decorra dentro de um enquadramento de negócios mais favorável.
PÚBLICO - A sua liderança atravessou o período mais complicado da liberalização da rede fixa, com obstáculos e entraves. E, quando está de saída, as autoridades parecem mais abertas a pressionar a PT.
PEDRO NORTON DE MATOS - Não é uma despedida, pois continuo ligado ao projecto, como não-executivo. Não é possível que os constrangimentos e barreiras se mantenham. Portugal é o país onde o desequilíbrio no mercado das telecomunicações fixas é maior. Isto é reconhecido pela OCDE, que veio chamar a atenção para um défice de concorrência no mercado das telecomunicações nacionais. O prejudicado é o consumidor. Mas há um prejuízo que é geral, porque sabe-se que a produtividade está associada à competitividade e à inovação.
PÚBLICO - Será substituído por Diogo da Silveira, que curiosamente lançou um concorrente da Oni, a Novis da Sonae. Como é que vê a situação?
PEDRO NORTON DE MATOS - Com bons olhos, porque tenho muito apreço pelo Diogo. Sempre tivemos um bom relacionamento. Na Novis, ele enfrentou também as agruras, os obstáculos e as dificuldades do sector das telecomunicações fixas. Terá todo o meu apoio, para que este novo ciclo seja muito bem sucedido. Na Oni planeámos uma passagem que evitasse qualquer espécie de descontinuidade. Tudo será feito sem rupturas de processo.
PÚBLICO - A possibilidade uma associação com a Sonaecom está posta de parte?
PEDRO NORTON DE MATOS - Não. É das tais questões sobre as quais não se pode dizer desta água não beberei. Mas o tema é do accionista. Sempre disse que faz sentido, mas há muitas coisas que fazem sentido e nunca acontecem.
PÚBLICO - Foram buscar um quadro da Sonae. É um sinal de aproximação?
PEDRO NORTON DE MATOS - Julgo que não. Os accionistas de um e de outro projecto não precisam de intermediários. Já estiveram sentados à mesma mesa.
PÚBLICO - Há indicações de que as dificuldades no sector para os pequenos operadores estão a acabar?
PEDRO NORTON DE MATOS - Não é possível manter a corda esticada sem a rebentar, e há o risco dos danos serem irreparáveis num mercado onde não há sã concorrência. Ao fim de cinco anos de abertura de mercado, verifica-se que 94 por cento dos acessos a casa dos clientes e às empresas está nas mãos da PT. E quem domina os acessos, domina toda a cadeia de valor. A PT, que tem as tecnologias de acesso, cobre e cabo, é grossista e retalhista, e tem o domínio dos conteúdos, está numa situação de monopólio de facto.
PÚBLICO - Porque é que a PT mantém esse tão grande domínio? Os reguladores não têm força? A PT é muito eficiente? O Governo interveio nesse sentido?
PEDRO NORTON DE MATOS - Um pouco de tudo. Face à dimensão da economia, há quem defenda que, no limite, só deveríamos ter uma grande empresa portuguesa em cada sector básico da economia.
PÚBLICO - Concorrendo com operadores estrangeiros?
PEDRO NORTON DE MATOS - Sim, pois estamos a falar de uma economia que é global. Mas, se o raciocínio do operador único fosse levado ao extremo, então no sector da banca, numa economia pequena, só haveria lugar para um banco nacional. E os bancos portugueses, que operam num sector muito liberalizado, não têm problema em se comparar internacionalmente. Os clientes beneficiaram dos vários operadores. Não aceito a ideia de que Portugal, por ser uma economia pequena, aberta, marginal e um país periférico, esteja condenado a não ter protagonismo.
PÚBLICO - O discurso aponta para a liberalização, mas a prática é outra?
PEDRO NORTON DE MATOS - Sim. A tese do operador único só seria válida se continuássemos numa economia protegida. Hoje, esse modelo não cria a inovação e a competitividade necessárias para estarmos numa economia global. Em três governos, três ministros e três reguladores, o discurso foi no sentido da liberalização, mas na prática a abertura foi mínima. Portugal está nos piores lugares ao nível da competitividade. Como é que se mascara isto? Com discursos teóricos e colocando no mesmo saco tudo o que diz respeito às telecomunicações fixas e móveis. Existe uma diferença entre o percurso da liberalização dos móveis e dos fixos, pois enquanto nos móveis cada operador criou a sua própria rede e compete, e diferencia-se nos serviços, no fixo a dependência é total das redes de acesso, que está nas mãos do mesmo. Houve um erro enorme, quando o Estado vendeu a rede [de cobre] à PT.
PÚBLICO - Quem é que defende o operador único?
PEDRO NORTON DE MATOS - Os accionistas dos projectos monopolistas, que não querem deixar de ser monopolistas. E se o enquadramento o permitir perpetuarão o seu monopólio. Quem não é, quer o contrário. Aqui não há hipocrisias.
PÚBLICO - Portanto, o BES? Os accionistas da PT?
PEDRO NORTON DE MATOS - Sim...
PÚBLICO - Isso significa que os accionistas da PT têm um poder imenso no que se decide nesta matéria em Portugal...
PEDRO NORTON DE MATOS - Posso fazer um raciocínio distinto, partindo do facto em si e indo para trás. Apesar do discurso teórico ter sido um, a prática é que 94 por cento dos acessos aos clientes está nas mãos do mesmo operador. E numa área nova, a banda larga, verificam-se os mesmos vícios: mais de 90 por cento do mercado está nas mãos do mesmo. E não pode deixar de haver uma directa responsabilidade dos órgãos reguladores, porque a única forma de desfazer um monopólio é através da regulação e do enquadramento. Houve um falhanço neste campo, não se criaram as condições para uma verdadeira liberalização.
PÚBLICO - Falta vontade política?
PEDRO NORTON DE MATOS - Vontade e coragem política. A análise que faço de vários anos leva-me a dizer que se quero actuar já, com efeitos a curto prazo num mercado muito assimétrico, tenho que adoptar medidas tácticas, que passam pela abertura do cobre (com o que tem a ver com preços e prazos). Portugal deveria ambicionar estar entre os três países da Europa mais avançados ao nível da sociedade de informação e do conhecimento. E afirmar-se na aplicação das tecnologias de informação à reforma da Administração Pública, à saúde, à justiça, e a todos os sectores transversais. Deveria haver um compromisso, um objectivo macro, político e transversal, que ultrapasse uma legislatura. Depois os reguladores deveriam definir onde os operadores estariam, ano a ano.
PÚBLICO - Está a propor que a PT seja obrigada a vender a rede de cobre?
PEDRO NORTON DE MATOS - Não. A PT detém a última central que vai a casa do cliente (a última milha), e estou a sugerir que esta seja liberalizada, ou seja, que se dê acesso aos operadores que queiram de colocar equipamento próprio nesta última central. Portanto, o cliente passa a ter a opção de escolher qual é o seu fornecedor de serviço. É isto a que refiro a abertura do cobre, não é a abertura do capital do cobre. Abertura em preços e prazos competitivos.
PÚBLICO - Corre-se o risco de estar a "engordar" um gigante para ele poder vir um dia a ser "engolido" pela Telefónica, que já é um dos maiores accionistas da PT?
PEDRO NORTON DE MATOS - Esse risco, numa análise pura de risco, existe. Estamos a falar num cenário hipotético, é claro, mas imagine o risco que seria, uma empresa que detém as infra-estruturas do país, estar nas mãos de um outro operador... quer em termos estratégicos, quer de segurança nacional... Projectos alternativos não só criam um ambiente de competição, que é benéfico para os consumidores, como criam um estímulo à inovação e faz com que as empresas estejam preparadas para competir num mundo global.
É compreensível, e mais do que lógico, o movimento de expansão internacional de uma grande empresa como a PT. Mas temos nós e os consumidores de esperar até que as coisas corram muito bem à PT no Brasil, para que ela possa ficar sujeita à concorrência cá dentro? Porque dá ideia de que o mercado nacional esteve cinco anos num compasso de espera, aguardando que o mercado brasileiro dê força à PT. Isto é proteccionismo, e uma forma de atrasar artificialmente o desenvolvimento do mercado. Como português, desejo fortemente que a PT seja bem sucedida na sua expansão internacional, porque quanto mais forte ela for internacionalmente, mais alivia a pressão local
 
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por marafado » 21/3/2005 13:58

Lucros do Ibex35 aumentaram 19 por cento em 2004


Ana Paula Pires*

Os lucros do Ibex35 aumentaram 19,2 por cento para 25,256 mil milhões de euros em 2004 face a 2003, quase 20 por cento do produto interno bruto português, de acordo com as contas apresentadas pelas firmas que integram o principal índice da bolsa espanhola. A subida ainda teria sido maior não fora o facto de os lucros de 2003 terem sido inflacionados por uma mais-valia da Acciona com a venda da participação na Vodafone. Sem este ganho extraordinário, os resultados líquidos das 35 maiores cotadas espanholas teriam crescido 30 por cento no ano passado.
A subida dos lucros é atribuída pela generalidade das empresas do Ibex35 ao aumento das vendas, aos menores custos financeiros, à subida dos preços de algumas matérias-primas, ao êxito da diversificação do negócio tradicional, sobretudo nas construtoras, e à estabilidade do mercado latino-americano.
A análise dos resultados ao longo do ano permite registar uma evolução atípica, com desempenhos negativos nos primeiros meses - no final do primeiro trimestre os lucros do Ibex 35 caiam 16,7 por cento homólogos - e uma recuperação que começou a sentir-se no terceiro trimestre e se consolidou no último. A Repsol YPF e o Grupo Santander foram excepções, tendo sofrido uma evolução negativa no último trimestre de 2004.

Santander bate recorde nacional

As empresas que mais contribuíram para o crescimento dos resultados foram o grupo Santander, a Telefónica, o Banco Bilbao Viscaya Argentária (BBVA), a Iberdrola e a Arcelor. O Santander foi o que mais ganhou em 2004 - 3,135 mil milhões de euros -, registando um aumento de 20 por cento relativamente a 2003 e passando a ser a primeira empresa espanhola a superar os 3.000 milhões de euros de lucro anual.
A operadora Telefónica também se destacou neste exercício com um aumento de lucro de 30,6 por cento, graças ao negócio de telefonia fixa, que compensou a paragem nas vendas de comunicações móveis.
Outro aumento de lucro a registar foi o do gigante siderúrgico europeu Arcelor, que beneficiou da subida do preço do aço.
A Repsol foi a excepção entre as principais empresas do Ibex, com uma descida do lucro de 3,46 por cento, mas continua a liderar o "ranking" das vendas em Espanha, ao somar 40,585 mil milhões de euros, 12,52 por cento mais que em 2003.
*Correspondente da Agência Lusa em Espanha
 
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por marafado » 21/3/2005 13:57

Alertas:EDP, Brisa, Impresa e Sonae

O BCP Investimento substituiu a EDP e a Brisa pela Impresa e Sonae na carteira de acções portuguesas com maior potencial de valorização até ao final do ano, segundo a nota semanal divulgada pelo ActivoBank7. Dessa carteira fazem agora parte a Altri, a Portugal Telecom, a Sonaecom, a Impresa e a Sonae. A Altri continua a ser o título com a maior subida potencial, 76,5 por cento, com um preço-alvo de 2,1 euros no final do ano. O BCP reiterou o risco médio da empresa que concentra os activos industriais do grupo Cofina. A Altri começou a ser cotada na bolsa portuguesa no passado dia 1 de Março e é a única empresa presente na carteira que não integra o PSI 20.

O mercado internacional de derivados de crédito mais do que duplicou o seu volume de negócios em 2004 para um total de 8,42 biliões de dólares (6,3 biliões de euros), anunciou recentemente a Associação Internacional de Swaps e Derivados. Do conjunto de instrumentos de derivados de crédito, que permitem cobrir o risco de incumprimento de crédito, fazem parte os "swaps", os contratos "forward" e as opções. O volume de negociação de "swaps" aumentou 123 por cento e este foi o instrumento de derivados de crédito que mais contribuiu para a dinamização do mercado. A Goldman Sachs está entre as cinco principais casas de investimento que mais negoceiam derivados de crédito. Dessa lista fazem também parte a JPMorgan Chase, o Deutsche Bank, a Morgan Stanley e a Merrill Lynch, segundo a agência de notação financeira Fitch.

Brasil

O Comité de Política Monetária (Copom) brasileiro aumentou em 0,5 pontos percentuais a taxa básica de juro da economia do Brasil, que passa a ser de 19,25 por cento ao ano. É o sétimo aumento consecutivo da taxa de juro, que se encontra agora no patamar mais alto desde Setembro de 2003, quando os juros foram fixados em 20 por cento ao ano. A elevação da taxa básica de juros, decidido na semana passada, já era aguardada pelos analistas do mercado financeiro, e é uma forma de controlo da inflação, segundo o Banco Central. No ano passado, a inflação média no Brasil abrandou para 7,6 por cento, numa desaceleração face ao crescimento de 9,3 por cento registado em 2003.
 
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por marafado » 21/3/2005 13:56

O que provocou a mudança de rumo das taxas de juro de longo prazo?

Rodrigo Castro e Nunes*

As taxas de juro de longo prazo apresentaram uma tendência de subida acentuada no último mês, tendo subido mais de 50 pontos base nos EUA e 30 p.b. na Zona Euro, relativamente às taxas "swap" a 10 anos.
Esta viragem de comportamento não se deveu a uma alteração de fundamentais económicos, que não existiu, mas sim a uma alteração de psicologia de mercado espoletada pelas declarações dos presidentes dos Bancos Centrais norte-americano, europeu e japonês, com particular destaque para o presidente da Reserva Federal dos EUA, Alan Greenspan.
Greenspan, incapaz de uma explicação racional para caracterizar o invulgar nível baixo das taxas de juro de longo prazo, utilizou uma palavra invulgar, "conundrum" (que significa enigma), não se referindo só às taxas de juro norte-americanas, mas às taxas de longo prazo num sentido mais global. Afirmando não compreender a razão que levou as taxas de juro a atingirem níveis historicamente tão baixos, Greenspan juntou-se a todos aqueles que, como nós, permaneciam incrédulos perante a descida para níveis que consideramos excessivamente baixos.
Juntamente com essas declarações, o presidente do Fed também deixou um conselho (ou talvez um alerta) aos investidores: "A História avisa-nos que os investidores que passam por longos períodos de relativa estabilidade [leia-se baixa volatilidade] são induzidos a arriscar demasiado, pelo que temos de estar alerta contra a complacência." Este conselho vem sublinhar o meu alerta para os baixos níveis de volatilidade presentes no mercado de taxa de juro.
O presidente da Fed não foi o único a dar a entender que as taxas estavam a níveis incompreensivelmente baixos. O presidente do BCE também afirmou que tal situação era um "quebra-cabeças" e o presidente do Banco do Japão deu a entender que no futuro o mercado deveria estar preparado para taxas de juro mais normais.
Estas declarações alteraram o sentimento do mercado, que passou a encarar eventuais subidas do preço das obrigações como uma oportunidade para vender. O preço das obrigações tem uma relação inversa com o nível de taxa de juro, o que significa que em caso de se verificar uma descida das taxas de juro, o mercado encararia esse movimento como uma boa oportunidade para apostar em taxas de juro mais altas.
Nos últimos dias, foram publicadas declarações, supostamente de fontes próximas do Banco Central Europeu, alegando que as taxas de juro estão a níveis inferiores aos considerados neutrais e que o BCE estaria a preparar-se para subir as taxas de juro. Estas notícias não foram confirmadas pelo BCE. No entanto, propiciaram uma reacção no mercado, que reagiu prontamente provocando uma subida das taxas de juro, principalmente as de curto prazo, na Zona Euro.
A subida das taxas de juro, principalmente nos EUA, desencadeou movimentos de "profit taking" em alguns mercados emergentes, provocando um fecho de posições que implicam a saída de capitais especulativos. Desta forma, países como o Brasil, a Turquia, a Polónia, a República Checa, a Hungria ou a África do Sul viram as suas moedas desvalorizarem-se nos últimos dias.
Na passada semana, a queda acentuada dos índices accionistas, aliada ao estabelecimento de novos recordes do preço do petróleo, condicionou o movimento de subida de taxas de juro. No entanto, a aposta do mercado em taxas de juro mais elevadas, especialmente no longo prazo, deverá manter-se até novas declarações dos presidentes dos bancos centrais ou dados económicos desfavoráveis, com principal destaque para os dados da inflação norte-americana, que serão conhecidos esta semana.
*Trader de Derivados
Banco Espírito Santo
rcnunes@bes.pt
 
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por marafado » 21/3/2005 13:56

As apostas do Santander para 2005


A Santander Gestão de Activos explica as razões da boa rendibilidade do seu fundo de acções nacionais e aponta as acções preferidas para este ano

Gonçalo Morna

O fundo Santander Acções Portugal tem tido um excelente desempenho histórico em vários horizontes temporais. Segundo dados divulgados pela Apfin, com data de referência de 4 de Março de 2005, este é o segundo classificado do "ranking" dos melhores desempenhos dos fundos de acções nacionais nos últimos 12 meses, sendo apenas batido pelo fundo Banif Acções Portugal, e lidera os "rankings" dos desempenhos desta categoria de fundos nos últimos dois, três e cinco anos. Foi também considerado pela Standard & Poors como o melhor fundo de acções nacional a um e três anos. Ricardo Lourenço, "Head of Equities" da Santander Gestão de Activos (SGA), respondeu por escrito às nossas perguntas.
PÚBLICO - Quais os principais factores responsáveis pelo excelente desempenho do fundo nos vários períodos até aos cinco anos?
SGA - A nossa estratégia de gestão do fundo consiste numa combinação entre uma estratégia de alocação de activos, de selecção sectorial e de escolha individual de empresas. Assim, o desempenho do fundo ao longo dos últimos anos ficou a dever-se a uma correcta estratégia de alocação de activos e consequente maior ou menor exposição a mercados accionistas, de acordo com as nossas perspectivas económicas do momento, bem como a uma selecção criteriosa de acções, tendo por base o seu potencial de valorização, seja pelo seu valor fundamental, seja pelas perspectivas de evolução do negócio ou questões de reestruturação.
PÚBLICO - Quais as vossas perspectivas de desempenho do fundo a curto, médio e longo prazo? Tendo em conta que as carteiras dos fundos desta categoria têm que estar investidos, no mínimo, em 70 por cento de acções nacionais, qual a vossa perspectiva de evolução futura do mercado?
SGA - O mercado accionista português deve registar uma rentabilidade positiva moderada no resto do ano, registando uma performance em linha com a expectativa para o mercado europeu. No curto prazo subsistem preocupações quanto ao preço do petróleo e taxas de juro mas, por outro lado, os indicadores de crescimento global são positivos e aproxima-se a época de pagamento de dividendos, que costuma ser positiva para o mercado.
Temos a expectativa de que o Santander Acções Portugal continue a bater o índice do mercado português, tal como o fez ao longo dos últimos anos. No longo prazo, o Santander Acções Portugal deve continuar a apresentar um nível de rentabilidade alto para o perfil de risco em que se insere, o que se deve traduzir numa rentabilidade acima de investimentos alternativos, como taxa fixa ou dívida de empresas.
PÚBLICO - Quais as acções de empresas nacionais com melhor perspectiva de desempenho a médio/longo prazo?
SGA - As acções portuguesas com maior potencial a médio e longo prazo são Impresa, Jerónimo Martins e o grupo Sonae. A Impresa está a ter um início de ano forte a nível operacional, quer pelo crescimento de publicidade, quer pelo nível de audiências da SIC. Pensamos que a aquisição da totalidade do capital da SIC irá fortalecer os resultados do grupo Impresa em 2005. Os resultados operacionais da Jerónimo Martins devem estar suportados pela recuperação do consumo em Portugal, sendo que a Polónia deve apresentar bons resultados tendo por base o crescimento económico neste país. A médio longo prazo destaca-se ainda o grupo Sonae e as suas subsidiárias. A Sonaecom deverá ser favorecida pela desregulação do sector de telecomunicações, que vai permitir acelerar o crescimento nos mercados de ADSL, convergência fixo-móvel e "triple play" (TV por ADSL, Internet e voz). A Sonae poderá também beneficiar de uma reestruturação na Modelo Continente, por alteração da estrutura accionista da mesma ou pela potencial venda da totalidade ou parte do negócio do Brasil. O grupo deverá ainda avançar com o "spin off "da Sonae Indústria na segunda metade do ano, o que poderá permitir revelar o real valor da mesma.

Ficha técnica

Valor actual da carteira 87 milhões de euros
Montante mínimo de subscrição 500 euros
Horizonte investimento Recomenda-se um período mínimo de 3 anos
Comissões de subscrição e resgate Não existe comissão de subscrição. Será cobrada uma comissão de resgate de acordo com o tempo decorrido entre a data do pagamento do resgate e a data da subscrição:
a) Até 90 dias - comissão de dois por cento
b) Entre 91 e 180 dias - comissão de um por cento
c) Mais de 180 dias - isento de comissão
Rendibilidade Anualizada
12 meses 9,31 por cento
24 meses 32,25 por cento
36 meses 11,44 por cento
60 meses -2,09 por cento
Fonte: Apfin; Data de referência: 04/03/05
Locais de comercialização: Banco Santander de Negócios Portugal, S.A.; Banco Santander Totta, S.A., através dos seus balcões e da banca telefónica (Superlinha Santander e Totta Directo) e da Internet, no site www.santander.pt e no site www.totta.pt, para os clientes que tenham aderido a este serviço.
Banco de Investimento Global (através da Internet no site www.bigonline.pt, para os clientes que tenham aderido a este serviço).
 
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por marafado » 21/3/2005 13:55

Ainda em busca...


Fernando Castro e Solla*

A subida do preço do petróleo continuou a provocar estragos na semana passada. Com novos máximos a serem atingidos pelo crude, os mercados accionistas não resistiram e de forma geral acabaram por ter uma semana negativa. Mas o petróleo não esteve só. A ajudá-lo continuou a incerteza à volta das taxas de juro de longo prazo e, novidade em tempos recentes, um notável "profit warning" por parte da General Motors, que assim inaugurou a época de eventuais avisos por parte das empresas cotadas. Amanhã, o anúncio da inflação no produtor em simultâneo com a reunião da Fed terão seguramente consequências em termos das taxas de juro de longo prazo e sobre os mercados accionistas. Espera-se que ambos ajudem a clarificar as muito difusas expectativas sobre níveis de crescimento das economias e sobre níveis de inflação expectáveis. Por outro lado, a época da Páscoa deixará também a sua marca, com apenas quatro dias de negociação e o grau de liquidez em cada um deles a descer significativamente. O mercado prossegue em busca de um novo equilíbrio que acomode expectativas mais consensuais no que toca ao correcto nível das taxas de juro. Para que tal aconteça são necessários mais dados sobre inflação e crescimento. Até que mais luz seja lançada sobre essas variáveis, esperamos mercados algo voláteis, ao sabor das oscilações do preço do petróleo e como tal a exigir do investidor sensato agilidade acrescida nas suas posições.

*Director Espirito Santo Investment
 
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por marafado » 21/3/2005 13:54

Pessismo de regresso aos mercados?


Anabela Campos

Há, definitivamente, uma grande pressão negativa sobre os mercados de capitais: o preço do petróleo não pára de subir, as economias continuam a dar sinais de debilidade, teme-se um aumento da inflação e a confiança dos investidores tarda em chegar. Ou seja, o regresso do optimismo continua adiado. E a bolsa de Lisboa tem reflectido claramente o sentimento de pessimismo que tomou conta das praças financeiras no último mês: completou na sexta-feira passada a quinta semana consecutiva de descidas, com o PSI-20 a acumular uma desvalorização semanal de 1,45 por cento. Os ganhos anuais da praça portuguesa estão em fase de "emagrecimento" e limitam-se já apenas a 2,3 por cento.
Também não há propriamente razões para grandes euforias, sobretudo em relação ao motor da economia mundial, os EUA, de onde surgem, com mais frequência do que o desejado, más notícias. A última diz respeito à gigante General Motors (GM), que previu esta semana o maior prejuízo trimestral em mais de uma década, provocando com a "novidade" um forte abanão nos mercados, desde o accionista ao obrigacionista. Aliás, neste último, a GM acabou por contribuir - a par do disparar do preço do petróleo e da tendência de subida das taxas de juro de longo prazo - para o cancelamento da emissão de obrigações de algumas importantes empresas europeias: a PT foi uma das "vítimas". A previsão de resultados desastrosos na GM foi igualmente um dos factores que contribuiu para que o economista-chefe da Morgan Stanley, Stephen Roach, viesse afirmar que o dia 16 de Março de 2005 marcava o ponto de viragem na história da hegemonia dos EUA. Os outros dois acontecimentos que o levam a fazer tal afimação é o défice corrente recorde dos EUA (665,9 mil milhões de dólares em 2004) e a escalada de preços do petróleo. Talvez Roach esteja a ser demasiado catastrófico, mas a verdade é que as coisas não vão bem na terra do "Tio Sam".
Neste cenário, Lisboa está igualmente em rota de descida, e se a apresentação do Programa de Governo na passada quinta-feira parece não ter criado grande animação no mercado, também não se estava à espera que fosse diferente... Numa semana em que a Jerónimo Martins liderou os ganhos, com uma valorização de 4,05 por cento, os "pesos-pesados" acumularam perdas: o BCP recuou 2,75 por cento, a EDP 2,25 por cento e a PT 0,22 por cento. Não se verificaram razões especiais para a forte subida da Jerónimo Martins, mas também é verdade que na semana anterior o grupo tinha apresentados os melhores resultados de sempre.
A subir esteve também a Impresa (1,3 por cento) e a Cofina (0,3 por cento), ambas no sector de "media". Já a Media Capital liderou a tabela das descidas, ao recuar 4,66 por cento, na semana em que anunciou um prejuízo 5,8 milhões de euros em 2004, o que é, todavia, uma clara melhoria face aos 43,5 milhões de euros negativos de 2003.
 
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por marafado » 21/3/2005 13:53

O que dizem os especialistas sobre a reestruturação do sector energético


(1) O sector energético precisa ou não de uma reestruturação? Porquê?; (2) Se sim, como devia ser?; (3) Com que parceiros?; (4) Que papel devem ter os privados nacionais o não no futuro do sector? E o Estado?, foram as quatro perguntas enviadas pelo PÚBLICO a 19 personalidades portuguesas. Confira as respostas por ordem alfabética do nome próprio

L.F.

Ângelo Correia, presidente da Lusitaniagás, administrador-delgado da Fomentivest, integrante do consórcio Luso-Oil candidato a accionista da Galp
1 e 2 - Mais do que uma reestruturação, requer-se a reestruturação. (...) Manter dois grandes "players" (EDP e Galpenergia) com a possibilidade de ampliarem o seu negócio tradicional, permitindo à EDP gerir a Portgás ou à Galp produzir electricidade através de centrais de ciclo combinado apenas aportaria a Portugal maior concorrência, o que é salutar. 3 - Se o espaço de acção é eminentemente ibérico, quer a Galp quer a EDP devem ter cada um deles e minoritariamente parceiros espanhóis de relevância. 4 - Na Galp, admito que se justifica a presença do Estado como accionista.

António de Almeida, presidente do OMIP, pólo português da bolsa ibérica de energia), ex-presidente da EDP
1 e 2 - Sim. (...) O domínio do mercado deve ser atenuado, as actividades reguladas separadas das empresas verticalizadas, as empresas de gás e petrolíferas incentivadas a produzir electricidade e, na comercialização, todas devem competir com todas nas três linhas energéticas. 3 e 4 - Devem ser incentivados parceiros que tragam mais valias técnicas e comerciais. Quanto a parceiros nacionais, a experiência passada recomenda-se pouco. Quanto a empresas não nacionais, existem várias, designadamente espanholas. O Estado deve afastar-se da gestão e não permitir domínios accionistas.

António Nogueira Leite, economista, administrador do grupo Cuf, ex-candidato a accionista da Galp e accionista indirecto da EDP, por via da Brisa
1 - O sector tem sido alvo de demasiadas reestruturações. 2 - Há que construir um núcleo accionista sólido na EDP que caucione uma estratégia de longo prazo por parte da gestão, [tendo claro que] que interessa à EDP ter bons contratos de aquisição de gás, o Mibel vai ser lento e que os interesses na Ibéria são ditados por entidades financeiras com ligações políticas: BBVA (na Iberdrola), La Caixa (Endesa, Repsol e Gás Natural) e BSCH (Unión Fenosa). 3 e 4 - A Galp deve ser reforçada através de sinergias com sectores em forte crescimento na petroquímica.

Carlos Pimenta, ex-secretário de Estado do Ambiente, presidente do CEEETA
1 - Sim. 2 - Os novos condicionamentos, objectivos estratégicos, estruturas públicas e regime regulatório devem ser estabelecidos numa Lei de Bases que garanta um quadro adequado aos desafios. 3 - Um sector energético racional e eficiente tem de se nortear pela gestão da procura e não só pela preocupação com a oferta, como até agora. O objectivo deve garantir um aumento da eficiência e a melhoria do ambiente, diminuição da dependência externa, promoção das energias renováveis e um aumento da competitividade económica que beneficie o cidadão e o consumidor.

Clemente Pedro Nunes, presidente Associação Portuguesa das Indústrias Grandes Consumidoras de Energia Eléctrica (APIGCEE)
1 e 2 - O sector precisa urgentemente de ser optimizado. Será muito vantajoso ter a Petrogal a produzir e a vender electricidade em concorrência com a EDP. 3 - Tem de se contar obrigatoriamente com os grandes operadores presentes no país [Repsol, BP, Endesa e Iberdrola]. (...) A grande questão, todavia é saber se as empresas de capital maioritariamente português, ligadas à fileira energia eléctrica (EDP)/ produtos petrolíferos (Petrogal)/gás natural (GDP)/ indústria petroquímica (CUF) terão condições para serem actores relevantes.

Eduardo Oliveira Fernandes, ex-secretário de Estado da Energia, pai do programa E-4
1 - Há que retomar o fio condutor do programa E-4, cumprir as directivas europeias, clarificar aspectos críticos como o papel da REN, entre outros, e o funcionamento dos mercados dos serviços energéticos, porque é disto que se trata, incluindo o Mibel. 4 - O Estado deve (...) deixar de dar campo livre a experiências de formação em exercício de governantes e, muito menos, de alimentar, seja por que meios for, a avidez do centrão de interesses energético.

Franquelim Alves, ex-secretário de Estado da Energia, presidente do Instituto de Gestão do Crédito Público (IGCP)
1 - É mais correcto falar em reposicionamento estratégico. 2 - Não podemos ter um mercado único europeu em que os grandes players podem adquirir posições sem restrições em mercados de pequena dimensão (porque pesam pouco na posição de mercado que detêm) e impedir operações de fusão/aquisição de pequenos operadores em mercados domésticos pequenos como o português. 3 - Parceiros que tragam o acesso a novos mercados e redes de distribuição com prioridade para o espaço ibérico. [Serão] certamente parceiros nacionais e internacionais, não necessariamente espanhóis.

Henrique Neto, presidente da Iberomoldes
1 - É urgente definir uma estratégia global para o sector, que deve incluir as energias renováveis. 2 - A reestruturação deve ser de clarificação do papel de cada empresa, reforçando a sua complementaridade no sentido de dificultar a entrada no mercado nacional das empresas espanholas. 3 - Sou favorável à participação no futuro mercado europeu de energia, que nos permita importar energia eléctrica (...). Devemos alargar a negociação no plano multilateral para não dependermos de uma negociação única com Espanha.

João Salgueiro, presidente da SEDES e da Associação Portuguesa de Bancos (APB)
1 e 2 - Quaisquer que sejam as soluções a serem equacionadas que o sejam com clareza e justificação. Não estamos esquecidos do negócio da entrada da ENI na Galp, envolvendo decisões sobre o futuro, sem debate nem explicação. 3 - É desejável que os portugueses tenham alguma coisa a dizer sobre o futuro do sector que é estratégico. 4 - A constituição da capacidade nacional não pode ignorar a disciplina dos mercados, mas não é apenas uma regra de mercado. Implica uma acção consistente ao longo de anos. O contrário tem prevalecido.

Joaquim Ferreira do Amaral, chairman da Galpenergia, ex-ministro das Obras Públicas
1 e 2 - Sim, [preparando] a criação de um ambiente de concorrência, sem com isso desmantelar o sector. 3 - O papel dos agentes portugueses terá de ser muito importante sob pena de a reestruturação redundar numa desnacionalização. 4 - (...) Ao Estado competirá garantir que os privados nacionais tenham a sua oportunidade. Uma neutralidade formal nesta matéria não corresponderia a uma neutralidade substancial - traduziria antes uma assimetria de tratamento em desfavor dos privados nacionais que partem de uma posição mais débil que os estrangeiros.

Joaquim Pina Moura, ex-ministro da Economia e Finanças, presidente da Iberdrola Portugal
1 e 2 - O sector precisa de um rumo, estabilidade, previsibilidade e transparência. 3 - Eventuais parcerias a estabelecer (...) devem resultar da existência da vontade e de interesses comuns que se estabelecem entre accionistas. Sendo o Estado um accionista relevante, é óbvia a importância da clarificação das suas opções de fundo para definir um quadro de parcerias accionistas. 4 - O papel do Estado deve orientar-se para [entre outros] incentivar a concorrência e dar um novo impulso à liberalização dos mercados de electricidade e de gás natural.

Jorge Vasconcelos, presidente da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE)
1 - A reestruturação é inadiável porque a exuberância irracional dos últimos anos conduziu a uma situação insustentável dos pontos de vista económico, legal, ambiental e organizativo. 2 - A reestruturação deve ser democrática - decidida após amplo debate público e parlamentar; deve ser transparente - as decisões devem ser claramente justificadas, custos e benefícios das opções devem ser divulgados; e deve ser eficaz - conduzindo a melhores preços, mais segurança de abastecimento e mais eficiência energética e económica.

José Penedos, presidente da REN, ex-secretário de Estado da Indústria e Energia
1 - Sim. 2 - A separação dos negócios do petróleo e do gás não pode ser um ajuste de contas entre governos. A separação dos negócios regulados, transporte e distribuição de gás é suficiente para cumprir com as directivas do mercado interno, alavancada por uma comercialização independente. (...) As actividades de comercialização de gás e electricidade devem ser separadas da operação das redes (...), mas este paradigma não impede a oferta conjunta de gás e electricidade no mesmo agente - é a estratégia "multi-utility" da maioria das empresas energéticas.

Luís Mira Amaral, ex-ministro da Indústria, ex-presidente executivo da CGD, consultor do BPI
1 - A necessidade ou não de uma reestruturação depende dos aspectos que se queiram privilegiar: concorrência entre as várias energias (benefício para o consumidor) ou reforço dos players existentes (lógica da oferta) 2 - Nada impede que a EDP e a Galp concorram, com uma estratégia "multi-utility", jogando na convergência electricidade-gás natural, na perspectiva de um mercado mais alargado, o ibérico. 3 - O Estado ainda tem um papel importante de industry shapper. Deverá fazê-lo em cumplicidade estratégica com os grupos nacionais que se posicionem no sector.

Manuel Collares Pereira, investigador do INETI, professor do IST
2 - Mesmo importante é que não haja a indecisão que tem havido, com alterações de modelos, em prazos curtos. Com mais concorrência entre empresas, dependemos menos de entidades reguladoras, com menos concorrência, temos de ter uma regulação mais forte, e é tudo. Importante é que as empresas possam desenvolver um modelo (qualquer que seja!) dentro de um cenário de estabilidade. 3 - A nacionalidade continua a ser um factor secundário. Vale é a pena discutir e fixar a estratégia, para que não haja esta alteração pendular de orientações e objectivos.

Nuno Ribeiro da Silva, ex-secretário de Estado da Energia, presidente da Somague Ambiente
1 - Sim. 2 - Dar à Galp protagonismo no gás natural; conferir-lhe mais oportunidades na produção de electricidade, inclusive transferindo activos da EDP para a Galp; criar assim dois protagonistas de base nacional no sector energético; permitir aos accionistas das duas empresas que desenvolvam estratégias próprias, inclusive cruzamento de interesses com empresas espanholas, italianas e eventualmente de outros países europeus. 3 - (...) É incontornável a associação com grupos espanhóis, quer na electricidade, gás e também em alguns segmentos do petróleo.

Patrick Monteiro de Barros, ex-accionista da Petrocontrol, accionista da PT, empresário do sector petrolífero
1 e 2 - O esquema inicial de juntar o gás natural à Petrogal é o que faz sentido e a Galp deve ser mantida como existe hoje. A EDP deve concentrar-se naquilo que é excelente, a produção de electricidade (...). A grande decisão em termos energéticos à escala nacional passa pela necessidade imperiosa de reduzir a nossa dependência em relação ao petróleo, gás e carvão. Portugal deve imediatamente encarar um vasto programa nuclear. 4 - Nenhum grupo nacional pode, por si só, assumir o papel de player à escala nacional pelo que a solução é de consórcios estáveis.

Vitor Machado, Deco/Proteste
1 e 2 - Importa fundamentalmente uma reestruturação (...) visando a maximização do interesse do consumidor final, ou seja, o fornecimento de produtos e serviços de qualidade, seguros e ao menor preço (...). 3 - A globalização dos mercados é incompatível com a visão por nacionalidades. 4 - O Estado (e não só o Governo) deve definir as regras do jogo do sector procurando a maior base consensual possível no espectro partidário e ouvindo a sociedade civil organizada. A aposta em entidades reguladoras enquadradas numa lógica de serviço público parece um caminho promissor.

Vitor Santos, ex-secretário de Estado da Energia, economista
1 - Mais do que uma reestruturação, o sector precisa de clarificação e estabilidade. (...) 3 e 4 - O Estado já demonstrou que não dispõe de condições que lhe permitam seleccionar os cavalos vencedores. O melhor que tem a fazer é fixar, com clareza e transparência, a forma como pretende deixar de exercer a função-accionista nas empresas do sector energético, [assumindo] com maior rigor e consistência as funções de regulamentação e regulação sectorial.
 
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por marafado » 21/3/2005 13:52

Galp e EDP devem concorrer entre si


Gestores, académicos, ex-governantes e José Sócrates estão em sintonia quanto a novas mudanças na energia. O Governo assume que vem aí mais uma reestruturação. Entre a maioria dos 19 inquiridos pelo PÚBLICO pede-se que, desta vez, as decisões sejam mais claras e mais democráticas.

Lurdes Ferreira

O país vai ter mais uma reestruturação do sector energético, a curto prazo. A intenção consta do programa do Governo, aprovado quinta-feira passada, e é o único ponto novo em relação ao programa eleitoral que o PS apresentara para a área energética. O Executivo, diz o documento, quer "adoptar, a curto prazo, um novo modelo de organização do sector energético público ou em curso de privatização, tendo em conta a recente decisão da Comissão Europeia sobre esta matéria".
A maioria das 19 personalidades e entidades inquiridas pelo PÚBLICO sobre o futuro deste sector estratégico da economia também está de acordo quanto à intenção governamental, pelo menos desta forma genérica, e defende maior concorrência no sector. As respostas denotam duas posições claras e representativas.
A primeira é a de que a EDP e a Galpenergia devem concorrer entre si, prosseguir estratégias "multi-utility", ou seja, a EDP deve entrar no negócio do gás natural e a Galp no da electricidade, e assumirem-se como os dois grandes operadores energéticos de base nacional.
A segunda aponta para uma maior atenção pública às mudanças no sector, pedindo-se agora "mais clareza", "mais transparência", mas sobretudo "mais democracia" na decisão e que as opções que vierem a ser tomadas sejam justificadas.
O curto objectivo enunciado pelo Governo não responde, porém, a estas reivindicações. Apenas indica que a decisão será para breve, que envolverá a Galp e a EDP e que o veto de Bruxelas à junção dos negócios do gás e da electricidade, como foi proposto pela anterior equipa, servirá de referência.

A questão espanhola

Outra ideia de força que se constata com este inquérito é o peso atribuído às grandes empresas espanholas do sector presentes em Portugal (Endesa, Iberdrola e Repsol) para o jogo de eventuais parcerias com estrangeiros. Um número menor, mas ainda assim representativo, entende que a questão da nacionalidade não faz sentido, mas sim o valor acrescentado dos potenciais parceiros.
Registam-se também várias respostas no sentido de que uma nova estratégia para o sector tem de envolver as energias renováveis, a investigação e desenvolvimento, a inovação tecnológica, a eficiência e as sinergias com a petroquímica e que não se limite ao perímetro tradicional da indústria do petróleo, electricidade e gás natural - como tem acontecido até agora. Entre os inquiridos verificou-se ser comum a ideia de que a problemática energética nacional ultrapassa em muito as trocas de activos ou de accionistas, implicando sim um "novo paradigma do uso dos recursos energéticos".
A uma pergunta longa - "Que papel devem ter os privados nacionais e não nacionais no futuro do sector? E o Estado?" - seguiram-se respostas sobretudo centradas na responsabilidade dos governos em "definir objectivos estáveis, realistas e consequentes de política energético-ambiental" e em assumir as respectivas funções de regulação. Quanto aos accionistas, públicos e privados, fica a ideia de que o Estado deve reduzir a sua presença accionista, enquanto os privados devem ser dominantes.
 
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por marafado » 21/3/2005 13:51

Retoma foi para intervalo


No início do novo ciclo político, a conjuntura económica não apresenta um quadro muito animador. O clima empresarial piorou e os consumidores estão mais pessimistas

Francisco Melro

De acordo com os resultados das contas nacionais trimestrais divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o produto interno bruto (PIB) português sofreu uma quebra produtiva durante a segunda metade de 2004. Esta quebra produtiva interrompeu a recuperação que se iniciara em meados de 2003, que conduzira a um crescimento homólogo de cerca 1,3 por cento por parte do PIB durante o primeiro semestre de 2004 e permitira uma relativa estabilização do desemprego. A reanimação económica verificada até meados de 2004 beneficiara, numa parcela muito significativa, de estímulos de incidência temporal muito limitada, com destaque para a realização do Euro 2005.
Este crescimento económico foi acompanhado pela forte subida da procura interna de bens importados, quer de bens de consumo quer de bens de investimento, que só poderia ser sustentada se pudesse contar com um forte apoio das exportações. Ora sucedeu exactamente o inverso, uma vez que, em consequência do abrandamento da procura externa, as exportações portuguesas tiveram um fraco crescimento durante a segunda metade de 2004. Nestas circunstâncias, as empresas abrandaram a procura de bens de investimento importados, particularmente de máquinas, mas a procura de bens de consumo importados persistiu com um ritmo de crescimento muito intenso, tendo o valor das importações de bens não alimentares, excluindo automóveis, registado uma subida homóloga de cerca de 11,3 por cento durante os últimos seis meses de 2004.
Se tivermos por referência a evolução homóloga negativa, de cerca de 1,3 por cento, dos preços de importação dos bens de consumo não alimentares entre Janeiro e Setembro de 2004, o crescimento real das importações destes bens ter-se-á situado próximo de 12,5 por cento durante o segundo semestre do ano passado. Ora como o consumo privado apresentou uma subida homóloga real média de cerca de 2,2 por cento durante os dois últimos trimestres de 2004, fica evidente que a aceleração da procura interna de bens de consumo esteve essencialmente direccionada para produtos importados.

Procura externa (des)ajudou

Como consequência, a contribuição da procura externa líquida para o crescimento real do PIB tornou-se ainda mais desfavorável, atingindo 2 pontos percentuais negativos do crescimento do PIB durante o quarto trimestre de 2004, segundo se conclui das contas nacionais trimestrais divulgadas pelo INE. De resto, todo o ano de 2004 foi caracterizado por uma contínua tendência de agravamento desta contribuição negativa da procura externa líquida, em contraste com as contribuições positivas registadas nos dois anos anteriores. Durante a segunda metade de 2004, o défice da balança de bens e serviços equivaleu a cerca de 8,2 por cento do PIB.
A análise do andamento das importações por tipo de bens evidencia o abrandamento significativo do crescimento homólogo do valor das importações de máquinas durante o segundo semestre de 2004, que desacelerou de um crescimento homólogo de 13,7 por cento no segundo trimestre para 4,5 por cento no último trimestre do ano passado. As únicas componentes do investimento que mantiveram uma evolução bastante positiva neste período foram as obras públicas, a construção de edifícios não residenciais e as compras de veículos comerciais pesados, uma vez que a construção de edifícios residenciais sofreu uma acentuada quebra durante todo o ano passado. A subida registada em 2004 na procura de habitação por parte das famílias terá sido satisfeita através dos fogos existentes em "stocks". Entretanto, a informação estatística já disponível revela que a procura interna de veículos comerciais pesados e a adjudicação de obras públicas mantiveram uma tendência positiva durante os dois primeiros meses de 2005.
De resto, o conjunto das estatísticas disponíveis referentes aos dois primeiros meses de 2005 e análises da INTELI sugerem que a economia manteve neste início do ano um comportamento similar ao verificado na segunda metade de 2004. A procura externa permanece fraca, prevendo-se que o crescimento económico ponderado do PIB nos principais países clientes de Portugal não venha a ultrapassar 2 por cento em 2005. Trata-se de um crescimento anual um pouco mais fraco do que o apurado em 2004. Neste âmbito, torna-se indispensável desenvolver políticas que conduzam ao abrandamento da procura interna de bens importados.
O crescimento homólogo real das importações de bens e serviços terá sido de cerca de 6,4 por cento durante o segundo semestre de 2004, que compara com uma subida de cerca de 3,5 por cento das exportações de bens e serviços. No caso do comércio externo de mercadorias, a relação foi muito mais desfavorável, estimando-se, para o conjunto de 2004, subidas reais de cerca de 9 por cento para as importações e de cerca de 3 por cento para as exportações, e um valor próximo de 17 mil milhões de euros para o défice comercial - exportações (fob) menos importações (cif)). Ora como o País não está em condições de gerar excedentes na balança de serviços e de capitais capazes de compensarem este défice da balança de mercadorias, a manutenção das tendências actuais obriga a recorrer ao endividamento externo.

Inflação de 2005 nos dois por cento?

Do lado da conjuntura interna, a evolução da inflação merece um destaque positivo. A percentagem de variação homóloga mensal do índice de preços no consumidor subiu ligeiramente em Fevereiro, para 2,2 por cento, e a tendência de fundo da inflação, que exclui produtos energéticos e produtos alimentares não transformados, manteve-se estável em torno de 1,9 por cento. Projectando até ao final de 2005 a tendência registada pela inflação durante os últimos cinco meses obtém-se um valor médio próximo de 2 por cento para a inflação no conjunto do ano em curso, resultado muito positivo, tendo em conta a aceleração verificada há longos meses nos preços dos produtos petrolíferos. Os níveis entretanto atingidos pelo preço do petróleo, caso persistam, poderão vir a comprometer a tendência recente da inflação.
Em síntese, no início do novo ciclo político, a conjuntura económica não apresenta um quadro muito animador. O clima empresarial recuou durante o trimestre terminado em Fevereiro de 2005, segundo se depreende do indicador de síntese INTELI, construído a partir das opiniões dos empresários nacionais da indústria, da construção, do comércio e dos serviços divulgadas pelos serviços da Comissão Europeia. Também a confiança dos consumidores registou uma tendência desfavorável no mesmo período, evidenciando apenas uma ligeira melhoria em Fevereiro. É na indústria que o clima empresarial evidencia maior retrocesso, o que é concordante com a quebra acentuada dos índices de produção industrial na segunda metade de 2004 e no mês de Janeiro de 2005 e que o fraco andamento das exportações. Em contrapartida, verifica-se um clima menos desfavorável nos sectores da construção de obras públicas e de edifícios e do comércio a retalho.

Colaboração INTELI - Inteligência em Inovação
 
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por marafado » 21/3/2005 13:50

Farmacêuticas limitam ganhos na Europa com Schering a afundar 13%
As bolsas europeias seguiam mistas, com as farmacêuticas a limitarem o efeito da queda do euro, que ajudava as companhias exportadoras. O DJ Stoxx 50 subia 0,04% para os 2.863,73 pontos.

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Nuno Carregueiro
nc@mediafin.pt


As bolsas europeias seguiam mistas, com as farmacêuticas a limitarem o efeito da queda do euro, que ajudava as companhias exportadoras. O DJ Stoxx 50 subia 0,04% para os 2.863,73 pontos.

O euro seguia a descer pela terceira sessão consecutiva, cotando nos 1,3226 dólares, com o cenário de subida mais acelerada nos juros dos Estados Unidos a penalizara a moeda única. As empresas exportadoras eram as que mais subiam, devido à descida do euro.

Na Alemanha o DAX perdia 0,07% para os 4.323,95 pontos. A Schering, maior fabricante de pílulas anti-contraceptivas, desvalorizava 13,59% depois da empresa ter adiado a apresentação do medicamento de combate ao cancro do cólon para 2007, em vez de ser no segundo semestre deste ano como anteriormente previsto. A retalhista Metro subia 1,61%, limitando a queda do índice.

Em Londres o FTSE subia 0,26% para os 4.935,80 pontos, com a farmacêutica Astrazeneca a ceder 0,19%, enquanto a GlaxoSmithKline, do mesmo sector, a desvalorizar 0,82%.

Na bolsa de Madrid o IBEX caia 0,03% para os 9.261,60 pontos, com o BBVA cair 1,67% para os 12,39 euros, depois de ter manifestado interesse em comprar o banco italiano BNL. A Unión Fenosa apreciava 5,3%, depois do «Expansión» ter noticiado que a empresa de capital de risco CVC Capital Partners, pondera lançar uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a terceira maior eléctrica de Espanha.

O CAC 40 de Paris decrescia 0,06% para os 4.048,16 pontos. A farmacêutica Sanofi depreciava 1,27% para os 62,35 euros, enquanto a Vivendi, com forte presença nos EUA, apreciava 0,93%.

Na bolsa de Amesterdão o AEX subia 0,08% até aos 370,14 pontos. O Fortis somava 0,86% para os 22,23 euros e a KPN impedia maiores ganhos, a ceder mais de 1%.
 
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por marafado » 21/3/2005 13:49

A lição de combate do professor Belmiro de Azevedo para o País
“Portugal deve apostar nas indústrias leves, não poluentes, criadoras de emprego e sem grande investimento financeiro associado”. Esta é a receita do CEO da Sonae, Belmiro de Azevedo, 67 anos, para o País.

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"Portugal deve apostar nas indústrias leves, não poluentes, criadoras de emprego e sem grande investimento financeiro associado". Esta é a receita do CEO da Sonae, Belmiro de Azevedo, 67 anos, para o País.

Convidado pelo Instituto Nacional de Administração, em Oeiras, a dar uma conferência sobre os "Desafios do Empresário Português, Belmiro de Azevedo estendeu a sua intervenção às necessidades de mudança necessárias no País e na Administração Pública. A parte da lição dedicada aos empresários foi mais sintética: É preciso correr riscos; ser empreendedor; acrescentar valor e zelar pela produtividade. E falar em empresário português não faz mais sentido num contexto global.

O engenheiro, afirmando-se um ardente apologista da indústria, defendeu a recuperação dos sectores têxtil e do calçado, nos quais, na sua opinião, a maior parte das empresas continua a vender minutos de trabalho barato. "A tradição tem um peso, quando não bloqueia a inovação".
 
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por marafado » 21/3/2005 13:48

Optimus lança campanha de chamadas gratuitas entre clientes
A Optimus lança uma campanha em que os clientes vão poder falar entre Optimus a zero cêntimos a partir do primeiro minuto, de 29 de Março a 30 de Abril.

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A Optimus lança uma campanha em que os clientes vão poder falar entre Optimus a zero cêntimos a partir do primeiro minuto, de 29 de Março a 30 de Abril.

«Os clientes Optimus podem falar até uma hora por chamada», pagando o primeiro minuto, segundo um comunicado hoje divulgado pela empresa.

«Esta promoção é dirigida aos clientes com tarifários pré-pagos particulares que, para aderirem, só têm de ligar o 1274 (chamada gratuita), sendo o custo de adesão de 8 euros (descontado automaticamente do saldo do cartão)», acrescenta a mesma fonte.
 
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por marafado » 21/3/2005 13:46

Acções do Sporting e Porto caem mais de 3,5% em dia de «clássico»


Notícia agenciafinanceira.com
(21/03/05)-(Agência Financeira) O jogo reveste-se de principal importância para ambas as equipas no objectivo de serem campeões nacionais de futebol esta época, mas a distância que os separa actualmente do líder isolado, o Benfica, parece estar a desanimar os investidores.

Caso o Sporting perca o encontro de hoje com os dragões, ficam a nove pontos do Benfica, enquanto caso a derrota recaia sobre os comandados por José Couceiro, a distância passa a ser de seis pontos. Um empate colocaria ambas as equipas, a sete e a cinco pontos, respectivamente.

Recorde-se que depois dos últimos resultados de ambos os clubes para o campeonato nacional de futebol, que se cifraram em duas derrotas caseiras, as esperanças estavam viradas para as competições europeias. Aí as sortes foram diferentes, com o Sporting a ultrapassar o Middlesbrough da Inglaterra e a garantir a passagem aos quartos de final da Taça UEFA, enquanto o FC Porto foi eliminado pelo Inter de Milão na Liga dos Campeões.

Nesta altura os títulos da SAD leonina estão a recuar 3,76% para os 2,56 euros, apesar de terem iniciado a sessão em ligeira alta, valendo 2,65 euros. Já as acções da FC Porto SAD negoceiam em baixa de 3,80% para os 2,53 euros, sentimento que mantém desde o início da sessão.


Nuno Alexandre Francisco
 
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por marafado » 21/3/2005 13:44

O poder ao povo

James Kynge


Quando os prospectores privados começaram a fazer fortuna com os seus direitos petrolíferos no Norte da China, o Estado não só sancionou o facto oficialmente como lhes confiscou os respectivos poços. A batalha para os reaver traz ao de cima os principais direitos individuais dos cidadãos num país que caminha a passos largos para uma economia de mercado.

Em Março de cada ano, o Congresso Nacional do Povo reúne. Os “Delegados do Povo” chegam em Audis pretos com vidros fumados e movimentam-se anonimamente através do trânsito, escoltados por viaturas da polícia. Por vezes, apetece pensar que o cidadão comum não pode sequer vislumbrar o que os líderes da nação “conspiram” em privado. O isolamento dos delegados não se fica, porém, por aqui. Multinacionais estrangeiras despendem milhões de dólares a orquestrar manobras para contornar a burocracia chinesa e chegar mais depressa às entidades que lhes podem atribuir os licenciamentos. Um aspecto comum aos directores executivos locais, que investem grande parte do seu tempo na manutenção de boas relações com o governo. Em suma, quem não possui meios, conhecimentos e estatuto tem, de imediato, vedado o caminho para chegar ao poder.

Foram estes os meandros que Feng Bingxian teve de enfrentar. Falo do requerente da empobrecida província de Shaanxi, que tive o prazer de conhecer em Julho de 2003, numa altura em que já não depositava quaisquer esperanças na “arte da petição”, pelo que estava a engendrar uma estratégia alternativa para chamar a atenção das autoridades chinesas - um esforço que ocupou todas as suas energias ao longo de 18 meses, causando-lhe grande sofrimento e transformando um empresário motivado por interesses pessoais num activista dos direitos cívicos.

Feng representa mais de 10 mil investidores privados, que apostaram em cerca de 6 mil poços de petróleo, entretanto confiscados pelas autoridades chinesas sem qualquer contrapartida ou indemnização, em 15 prefeituras da província de Shaanxi. Muito embora alguns sejam empresários de sucesso, o grosso dos investidores são camponeses e agricultores que se esfalfaram a ganhar a vida no árido Planalto, que impede as areias do deserto de Gobi de avançarem para as planícies centrais. Muitos dos agricultores-investidores venderam todos os seus bens para investir na exploração petrolífera. Depois de perderem os poços, ficaram na ruína e deram o passo inevitável - pedir dinheiro emprestado aos “tubarões” da região para poder pagar os estudos dos filhos. No fundo, a nada mais ambicionam do que a reaver o que é deles.

A China é pródiga em disputas entre indivíduos e mandarins locais, no entanto, estamos perante um caso diferente. Trata-se, talvez, da maior acção concertada do sector privado na defesa dos seus interesses contra as autoridades locais, pelo menos desde que o “dragão asiático” se abriu à iniciativa privada no início dos anos 80. Só por isso, já é importante. Os analistas há muito que prevêem, aliás, que a política do partido único, o Partido Comunista Chinês, entre em colisão com a sua economia e mercado livres. Quando isso acontecer, o comunismo chinês terá de se moldar e atenuar as suas posições.

Feng equacionou a possibilidade de interpor um processo nos tribunais de Shaanxi, mas desistiu por achar que seriam diligências inúteis - afinal, os juízes são pagos e nomeados pelas mesmas pessoas que os investidores pretendem processar. O recurso à petição não deu, até agora, quaisquer frutos e os media locais demitiram-se de noticiar a questão por ser demasiado arriscada. Por esta ordem de ideias, apenas sobrávamos nós, os correspondentes estrangeiros em Pequim. Quiçá os nossos artigos, vertidos para as mais diferentes línguas, poderiam causar o impacto pretendido, transformando o assunto na “Grande Referência”, isto é, na súmula de artigos que apenas circula entre os quadros de topo.

Dias depois do artigo ter sido publicado, Feng recebeu uma visita tardia e inesperada no hotel. Foi preso sem acusação formada. Os seus inquiridores quiseram saber que contactos mantinha com o FT, até que optaram por investigar as suas declarações de impostos afectas à exploração petrolífera. Pouco depois da sua detenção, recebi uma chamada do filho que me perguntou, polidamente, se podia fazer alguma coisa para ajudar o pai. Baixei a voz e respondi que isso não estava ao meu alcance.

Reencontrámo-nos um ano depois, em Pequim, e longe de me censurar pelas consequências da nossa primeira reunião, Feng contou-me, em traços largos, o seu rapto, detenção e interrogatórios com um sorriso rasgado. Fora libertado um mês depois, na condição de pôr termo ao seu activismo. Desde então, leva uma vida errática, pernoitando na casa de amigos ou nos sofás dos escritórios de colegas, com receio que a polícia o descubra. A pressão ou ‘lobby’ é a nova estratégia de Feng que, juntamente com outros indivíduos, se empenha agora em conquistar o apoio do governo central em Pequim, através da persuasão moral e do activismo de bastidores. Para alcançar os seus objectivos, terão de colocar Pequim contra as autoridades locais do norte de Shaanxi. Uma estratégia ambiciosa, sem dúvida. No fundo, resume-se a pedir ao Partido Comunista que subscreva os interesses de empresários privados em detrimento das decisões do Estado, ou melhor, de um braço do aparelho.

Nem todas as cartas estão contra os investidores. Melhor, os factos até parecem favorecê-los. Em 1994, o ministério do Petróleo e a China National Petroleum Corporation, o gigante petrolífero estatal, decidiram passar a “pasta” da exploração e desenvolvimento de direitos dos 1.080 Km2 do território norte de Shaanxi para as mãos das autoridades locais. Ora, trata-se de uma decisão bastante invulgar, uma vez que Estado detém o monopólio do “ouro negro”. O acordo era, pois, oficial e público. Mais, a empresa procurara novas explorações na região e não encontrara nada do seu agrado.

As autoridades locais procederam depois, e com um ligeiro atraso, ao processo de venda de direitos de exploração ao preço de 80 mil iuans por metro quadrado. Inicialmente, os investidores hesitaram, mas a partir do momento em que o petróleo começou a jorrar, os agricultores que demandavam o Planalto de Loess em busca de licenças de exploração não pararam de afluir aos locais de venda. Alguns perderam tudo, mas perto de 10 mil tiveram sorte, fundando mais de mil pequenas empresas de exploração para operar cerca de 6 mil poços. Em breve uma das províncias mais depauperadas da China estava mergulhada na corrida da fortuna. Em 1999, porém, a sua sorte parecia condenada. Uma ordem da Comissão Estatal para a Economia e Comércio, um organismo com estatuto ministerial em Pequim, instruiu as autoridades locais para proceder à renacionalização das explorações, colocando-as sob a alçada do Shaanxi Yanchang Oil Industry Group, detido e gerido pelas autoridades provinciais. Uma provisão desta natureza previa, contudo, que a transferência do sector privado para o público fosse feita “através da aquisição, fusão ou compra de acções”. Foi com base neste documento que as autoridades de Yulin e Yan’an, do norte de Shaanxi, entraram em acção. Primeiro, ignoraram a nova ordem nos subsequentes quatro anos por razões que ainda hoje estão por esclarecer. Segundo, quando puseram a medida em prática, em 2003, confiscaram as explorações pela força.

Uns anos antes, talvez ficassem impunes. Hoje, a China onde vivem é muito diferente. Melhor, o país mudou e a legislação nacional foi revista para que a Constituição contemplasse - pela primeiríssima vez - o estatuto legal doravante atribuído à propriedade privada, em pé de igualdade com a propriedade pública. O jornal do partido, o People’s Daily, começou por reflectir esta mudança publicando primeiras páginas de louvor e exortação à inviolabilidade da lei básica da nação. Eis a grande oportunidade para Feng e acólitos, que transformaram a sua causa, isto é, a defesa dos poços de petróleo, num verdadeiro ‘case study’, numa espécie de teste à fidelidade do partido aos seus próprios princípios. Para conseguir tal façanha, Feng teve de bater à porta daquele que será, muito possivelmente, o organismo estatal economicamente mais liberal do país - a Federação Chinesa de Comércio e Indústria, uma poderosa organização do partido.

Ao contactar a Federação, Feng travou conhecimento com Bao Yujun, antigo editor do jornal People’s Daily e fundador da Sociedade Chinesa de Pesquisa Económica Privada em 1993. Bao fora uma das primeiras figuras de proa do partido a defender publicamente a propriedade privada e disse-lhe prontamente: “É um caso típico de administração ilegal e de abuso de poder”. Bao colocou a questão sobre a mesa na primeira oportunidade, por ocasião de uma conferência a que presidia em Taizhou. O interesse dos presentes foi tal, que Bao se disponibilizou para organizar um debate inteiramente dedicado à questão de Shaanxi no ‘Great Hall’ em Pequim. Os académicos presentes nessa reunião, que ocorreu no Verão de 2004, eram tão-somente as “craveiras” do país nas áreas judicial e económica. Os académicos acabaram por condenar, um a um, as práticas das autoridades de Shaanxi, alegando “que [as autoridades] são o governo do povo. E é o povo quem lhes dá o poder”, sublinha Li Chengxun, investigador na Academia Chinesa de Ciências Sociais - um grupo de reflexão conotado com o poder. “As autoridades locais do norte de Shaanxi violaram a lei. Primeiro, concederam contratos [de exploração de petróleo] aos camponeses e, depois, rasgaram-nos em pedaços”.

Para Feng, isto traduz-se numa verdadeira viragem, pois concedeu uma moral legítima à sua causa e lançou o problema dos poços confiscados no vasto contexto da lealdade constitucional. Assegurar o apoio aos académicos proeminentes foi uma meta com mérito - muitos deles eram consultores do estado, e alguns conselheiros políticos do governo.

Encorajados pelos acontecimentos do ‘Great Hall’, os investidores activistas decidiram que o próximo passo seria incentivar os poderes locais de Shaanxi. Li reuniu três economistas e cinco advogados de Pequim para se deslocarem a Shaanxi, a fim de participar numa investigação local. Alguns investidores ofereceram-se para ir com antecedência avisar as autoridades de Jingbian - uma das principais regiões produtoras de petróleo - de que os “peritos” estavam a caminho. Também notificaram as autoridades que tinham interposto um processo contra as mesmas em tribunal. E para este efeito, Feng e Li tinham-se feito acompanhar até Jingbian por Zhu Jiuhu, um conhecido advogado que, uns meses antes, tinha conquistado o reconhecimento nacional ao aceitar o caso de Sun Dawu, um empresário agrícola que tinha contestado a autoridade local. O processo judicial anunciado por Zhu seria o maior que oporia o povo contra o estado, desde a revolução comunista de 1949. Como Zhu diria mais tarde no seu escritório de Pequim, iria alegar o roubo de cerca de 7 mil milhões de iuans em bens por parte de 15 governos locais. Mas a lei, se bem que útil, não é conclusiva.

As várias tentativas para conhecer a versão do governo de Shaanxi foram infrutíferas. Os inúmeros telefonemas para diversos departamentos em Xian, a capital da província, receberam um rotundo “não” quando questionámos a existência de tal querela. Por fim, em Setembro do ano passado, Zhang Lin, o director de uma agência informativa de Shaanxi, acedeu responder às minhas perguntas. Comunicou-me que os poços tinham sido recuperados após a divulgação de notícias nefastas por parte da televisão do estado, visando os investidores petrolíferos privados. Quando questionado acerca do teor dessas notícias, Zhang respondeu evasivamente dizendo que se tinha esquecido, e quando perguntei se era verdade que o governo local estava à frente das novas empresas petrolíferas do norte de Shaanxi, tirando proveito delas, respondeu negativamente. Segundo Zhang, “é impossível que as autoridades estejam envolvidas em negócios. A política do governo passa também por separar a política dos negócios”.

A fim de confirmar as suas declarações, assim como as de Feng e dos seus pares, decidi deslocar-me até ao local. Em Jingbian, visitei o escritório de Gao Zhongcheng, o representante máximo e director geral da Jingbian Oil Drilling Company, onde os letreiros metálicos colocados no portão identificavam a empresa como propriedade do governo e do Partido Comunista. Ao entrar no escritório de Gao notei que este não tinha ficado contente por me ver. “Que raio pretende?”, gritou Gao interrompendo uma reunião. Ao identificar-me como jornalista, Gao disse que ia chamar a polícia. A polícia chegou e ao fim de uma hora de “interrogatório” mandaram-me regressar imediatamente a Yan’an.

No final do ano passado, os “lobistas” dos poços de petróleo já contabilizavam os custos, avaliando o progresso da sua extraordinária campanha. As autoridades de Shaanxi acordaram em conceder compensações, mas apenas de m quinto do valor dos poços. O pior foi o facto de alguns investidores terem aceite esta oferta, desfazendo a unidade do grupo. Mas houve outro acontecimento com idêntica ambiguidade. Em Dezembro, veio à luz que Jia Zhibang, o governador da província de Shaanxi, que ordenara inicialmente a confiscação dos poços, tinha sido destituído para uma posição inferior em Pequim. Jia fora a ‘bête noir’ dos “lobistas” e Chen Deming, o seu sucessor progressista, ocupava agora o cargo de prefeito de Suzhou, uma cidade da costa leste em rápido crescimento, que deve a sua proeminência ao dinamismo das suas empresas privadas. Se bem que estas alterações pareceram favorecer os investidores, não é conclusivo que a demissão de Jia ou a nomeação de Chen tenham algo a ver com a questão dos poços.

A atitude do poder central de Pequim também não foi muito clara. Segundo os “lobistas”, Wu Bangguo, membro do governo comunista, participou nesta matéria e assinou um documento secreto, onde constava que este assunto devia ser resolvido tendo em conta os interesses dos investidores. Além desta situação não ter sido confirmada por fontes independentes, Wu, em consenso com outros membros do governo, evitou o contacto com os meios de comunicação.

A atitude de outras instâncias deu aos “lobistas” uma nova esperança. A Comissão Nacional para o Desenvolvimento e Reformas, o principal ministério com poderes legislativos na área económica, ponderou desfazer o monopólio detido pelas empresas do estado ligadas ao negócio petrolífero. Segundo os “lobistas”, se esta iniciativa for levada a cabo, irá certamente reforçar as reivindicações dos investidores face aos poços perdidos.

Mas, todos os rasgos de esperança foram seguidos de recuos. Até mesmo a página da Internet, criada pelos “lobistas” para publicar cartas dirigidas aos altos responsáveis, foi encerrada. Apesar disso, os activistas procederam rapidamente à sua reactivação, provando com este episódio que as autoridades de Shaanxi têm amigos bem colocados. Este sentimento foi reforçado pela publicação de artigos no People’s Daily, criticando os investidores petrolíferos privados por, alegadamente, praticarem técnicas de extracção prejudiciais ao meio ambiente.

Apesar de tudo, os activistas lograram um feito notável. Conduziram uma campanha de pressão contra as poderosas autoridades locais e conquistaram a ajuda dos advogados e académicos mais proeminentes do país. Justificaram as suas reivindicações ao abrigo da recém rectificada Constituição, pondo em causa os métodos governativos do presidente Hu à luz das suas doutrinas. E conseguiram manter a pressão durante mais de um ano.

Contudo, o futuro é incerto. O capital acumulado por Feng e outros investidores, durante os dias em que procediam à extracção de petróleo, foi diminuindo e o poder do dinheiro acabou por sucumbir ao passar do tempo. É preciso uma vitória mais enfática antes que o seu activismo caia na penúria. Segundo Li, “sem dinheiro somos como os pedintes que esperam eternamente por uma esmola do estado”.

Exclusivo DE/Financial Times
Tradução de Ana Pina e Pedro Evangelista
 
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por marafado » 21/3/2005 13:42

Eurostat dificulta avanço da Comissão Constâncio

Helena Garrido e Luís Rego, em Bruxelas


Eurostat validou as contas nacionais, logo o Governo pode abandonar a promessa eleitoral.

A decisão do Governo de solicitar ao Banco de Portugal que lidere uma Comissão para avaliar a dimensão do défice, à semelhança do que foi feito pelo PSD, está condicionada pelo facto de Bruxelas ter validado as contas portuguesas, pedindo neste momento apenas esclarecimentos adicionais. A situação foi diferente em 2002, na medida em que o executivo de Durão Barroso avançou com esse grupo de trabalho depois de o Eurostat ter “chumbado” os números do défice de 2001, o último ano de António Guterres. Em face do actual quadro, o Banco de Portugal poderá não ver com bons olhos este novo grupo de trabalho, considerando que a promessa eleitoral deveria ser reequacionada face aos novos dados.

Avançar com a análise das contas, mais uma vez, através da criação de um grupo de trabalho liderado pelo Banco de Portugal é, neste caso, desacreditar mais as instituições portuguesas do que o faz a própria Comissão. Um perito em Bruxelas ilustra exactamente isso. “Estar sempre a criar novas comissões independentes”, cada vez que muda o partido no Governo, “para verificar a fiabilidade das contas não é um bom sinal”, disse ao Diário Económico um especialista da Comissão Europeia.

Investigações continuam
O processo de avaliação das contas públicas portuguesas continua a decorrer, com o departamento de estatística da União a solicitar esclarecimentos adicionais às autoridades portuguesas, designadamente que justifiquem as discrepâncias entre as necessidades de financiamento e o valor da variação da dívida (ver página 8). Enquanto hoje o Eurostat diz que “continuam a decorrer discussões com Portugal”, em 2002, nesta mesma altura, decidia não validar as contas públicas portuguesas. Grécia e Itália é que estão, neste momento, na situação em que Portugal esteve em 2002 recebendo a frase: “Eurostat não está em posição de validar os números”.

A credibilidade económica...
Insistir na criação do grupo de trabalho cria vários riscos. Um primeiro é, desde logo, Portugal ser mais exigente do que a própria Comissão. A par disso, e como sublinha o perito em Bruxelas, descredibiliza ainda mais as estatísticas portuguesas, afectando a imagem quer do Governo como do Instituto Nacional de Estatística (INE). E revela que Portugal, apesar dos problemas que detectou em 2002, nada fez para reforçar os mecanismos de controlo de apuramento do défice orçamental. Além disso, ao estar em causa o valor de 2002, contas que já estão fechadas e adoptadas pelo INE, é a autoridade do órgão nacional de estatísticas que está em causa.

Para o Banco de Portugal seria preferível que o Governo avançasse com uma solução mais estrutural de validação das contas públicas, que acabasse de vez com estas dúvidas. Voltar de novo a liderar, com carácter de excepção, um grupo para avaliar os números do défice reúne todas as condições, no actual quadro, de merecer as mais sérias reservas por parte do Banco de Portugal.

Um último argumento contra a criação da Comissão liderada pelo banco central está no facto deste Governo ter assumido o compromisso de não dramatizar a situação económica e financeira do país. O facto de o Eurostat ter validado as contas permite ao Governo abandonar a promessa eleitoral de criar essa Comissão uma vez que as circunstâncias não são hoje as mesmas.

...e a política
Há ainda o risco político adicional de o resultado final, como é o mais provável, expor um défice muito longe dos 4,4% em 2001. O trabalho desenvolvido em 2002 pela Comissão designada como Constâncio, e que, além do banco central, integrou técnicos do INE e do Ministério das Finanças, passou as contas públicas a pente fino, orçamentando valores desde 1998. Neste momento, a dimensão dos valores desorçamentados dificilmente será superior ao que existia na altura, mesmo admitindo que o aumento de capital dos hospitais passe a ser contabilizado no défice. E, nesse contexto, o PSD poderia sempre dizer que o PS deixou as contas públicas em pior situação numa lógica de “concurso de défices”.
 
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por marafado » 21/3/2005 13:42

Ministros fecham Pacto mais flexível

Helena Garrido e Luís Rego, em Bruxelas


Os ministros da zona euro concluíram ontem a revisão do Pacto de Estabilidade e mesmo a questão das despesas com a reunificação alemã - um ponto sensível - estava ultrapassada, merecendo o acordo dos 25 à hora do fecho desta edição.

Em discussão permanecia o ponto relativo aos efeitos das reformas da Segurança Social no défice.

Ao fim do dia de ontem, a Presidência luxemburguesa tentou ultrapassar as divergências em torno da “questão alemã”, com uma proposta nos seguintes termos: “Os custos da reunificação são tidos em conta sempre que tenham impacto negativo na situação orçamental [no sentido de fardo fiscal sobre os alemães] ou de crescimento”. Esta formulação, que parecia satisfazer Berlim, terá gerado os consensos necessários para um entendimento a 25.

Assim, tudo indica que a cimeira de chefes de Estado e de Governo vai já receber dos ministros das Finanças um acordo fechado, O novo Pacto que – tudo indica – vai nascer na Primavera é bastante mais flexível do que se esperava, dando ao Conselho mais poderes discricionários e retirando poderes à Comissão Europeia.

No “novo pacto”, antes de lançar um procedimento de défice excessivo, a CE tem de atender aos factores considerados relevantes por cada Estado, nomeadamente “esforços para aumentar ou manter um nível alto de contribuições financeiras para promover a solidariedade internacional e atingir objectivos de política europeia”. Nesse quadro elabora o relatório que determina se o défice é ou não excessivo após negociação com o Estado membro, limitando-se assim a iniciativa que cabia exclusivamente à CE.

Bruxelas terá ainda de ter em conta as políticas de ‘Lisboa’ como as que promovam a Investigação e Desenvolvimento, a consolidação no período de vacas gordas, a dívida, o investimento público e a qualidade das finanças públicas. Estes factores deverão pautar a avaliação de défices mas não podem justificar uma revogação do procedimento – isso só quando o saldo for inferior a 3%.

A ênfase prometida à dívida é a grande ausente do novo Pacto por pressão de Roma, evitando ser alvo de procedimento ou alertas por ter um rácio superior a 100% do PIB, combinado com um défice que não garante a sua queda.

A objecção alemã não é o único ponto em aberto. Os países mais ortodoxos querem impedir que os Estados de Leste possam entrar no euro com défices acima de 3%. Juncker propôs que as reformas de pensões, no sentido do plafonamento, tenham cinco anos de folga no impacto no défice. Essa poderá ser uma moeda de troca para que os novos Estados, com estas reformas na calha, aceitem este novo pacto depois das violentas críticas que fizeram há duas semanas.
 
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por marafado » 21/3/2005 13:41

Estagnação económica alivia pressão sobre défice

Helena Garrido e Luís Rego, em Bruxelas


Campos e Cunha salienta importância do investimento em I&D na avaliação do défice público.

A estagnação económica prolongada, como a excepção que permite ter um défice excessivo, foi considerado pelo ministro das Finanças como um dos aspectos mais importantes, para Portugal, da flexibilização do Pacto de Estabilidade e Crescimento que os líderes europeus deverão aprovar amanhã na Cimeira da Primavera.

Luís Campos e Cunha fez estas declarações à saída da reunião do Eurogrupo, ontem ao fim da tarde, quando regressou a Lisboa, deixando o seu secretário de Estado adjunto e do Orçamento em Bruxelas.

De acordo com as previsões do Outono da Comissão, Portugal terá um crescimento médio de 0,9% no período entre 2001 e 2005, quando a zona euro viu o seu produto subir 1,4% nos mesmos anos e a taxa de crescimento potencial para a economia portuguesa é da ordem dos 2,5%. E estes cálculos são feitos com valores para 2004 e 2005 que vão ser reajustados em baixa. Quando questionado sobre as vantagens, para Portugal, desta flexibilização do Pacto, o ministro das Finanças, além de referir o factor da conjuntura de estagnação na avaliação do défice público, sublinhou ainda o facto de se terem alargado os prazos de correcção de défices excessivos.

O documento, que ontem ao início da noite ainda estava a ser discutido pelos ministros das Finanças dos 25, admite um défice superior a 3%, ainda que temporário e próximo desse valor de referência, quando o país registar “crescimento negativo” ou uma “perda acumulada de produto durante um período sem crescimento”, aquilo que o ministro referiu como estagnação.

Para Portugal, foi igualmente salientado por Campos e Cunha, é positivo o facto de serem considerados como atenuantes a um défice excessivo o investimento em “investigação e desenvolvimento e capital humano”, bem como nas políticas relacionadas com a Agenda de Lisboa. O que na prática facilita o “choque tecnológico” de José Sócrates.

As grandes linhas do novo Pacto

PREVENÇAO

Alerta precoce morre e é substituído por uma “recomendação política” (’policy advice’) da Comissão. Só regressa com a Constituição.


O ajustamento para o Objectivo de Médio Prazo (EMP) para valores “próximo do equilíbrio ou em excedente” deverá ter como referência uma redução em 0,5 pontos percentuais do défice ajustado do ciclo e das receitas extraordinárias apenas para os países da zona euro e do segundo mecanismo cambial europeu (MTC II). O Reino Unido fica assim de fora desta exigência.


A redução do défice “deve” ser mais elevada nos bons tempos e “pode” ser mais limitada nos “maus tempos”. “Bons tempos” são “períodos em que o crescimento real e o produto excedem o seu nível potencial”.


As reformas estruturais devem ter prioridade sobre as regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento.

t O ponto em desacordo neste grupo de alterações é operacional. Alguns países querem que os desvios da trajectória, por causa de reformas estruturais, só sejam possíveis de quatro em quatro anos.

PROCEDIMENTO DE DÉFICES EXCESSIVOS

Não haverá lista de factores relevantes. Cada país, em défice excessivo, poderá apresentar os seus.


No relatório para o Procedimento por Défice Excessivo, a Comissão deve levar em consideração se o défice ultrapassa o investimento e “outros factores relevantes”, ouvindo o Estado membro. Cabe ao Conselho, com base no relatório, um entendimento sobre os factores relevantes.


O défice de 3% pode ser ultrapassado de forma “temporária e excepcional” em situação de “crescimento negativo” e por “perdas acumuladas de produção na sequência de períodos sem crescimento”. Desaparece a exigência de redução do PIB de pelo menos 2%.


A Comissão passa a ser obrigada a ouvir o Estado membro antes de fazer o relatório que será avaliado pelo Conselho. Será este a decidir se aceita os factores relevantes apresentados pelo país e pela Comissão para “desculpar” o défice excessivo.


A única despesa que se propõe explicitamente “retirar” do cálculo do défice é a que resulta da reforma do sistema de pensões. Durante cinco anos, o custo líquido da reforma da segurança social será considerada em 100%, 80, 60, 40 e 20%.

t É neste grupo que está o principal ponto de divergência. A Alemanha quer que estejam explicitados como factor relevante para um défice acima de 3% os custos com a reunificação. Os países da zona euro admitem que se abatam os custos com as reformas das pensões para efeito de PDE, mas não para o critério de adesão ao euro.

PRAZO DE CORRECÇÃO DO DÉFICE EXCESSIVO

No limite, face às portas que são abertas, um país pode viver durante um longo período com um défice acima de 3%. O primeiro ajustamento deve ser feito no segundo ano após ter sido detectado o défice excessivo. Mas se existirem factores relevantes, esse prazo pode ser alargado. E, se durante esse período, se verificar um qualquer facto fora do controlo do país, como uma quebra no produto, poderá manter-se acima dos 3%, repetido os procedimentos
 
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por marafado » 21/3/2005 13:40

Negócios da Bolsa
BCP perdeu quase 200 milhões em bolsa

Diogo Nunes


Depois de terem subido mais de 15% desde o início do ano, as acções do Banco Comercial Português (BCP) recuaram 2,75% na semana passada e empurraram o valor de mercado do banco para baixo da barreira dos 7 mil milhões de euros.

O BCP assistiu a uma queda superior a 195 milhões de euros na sua capitalização bolsista em apenas cinco sessões – recuou dos 7,1 mil milhões para os 6,9 mil milhões de euros.

Ainda assim, os papéis do BCP acumulam uma valorização acima dos 12% desde o início de 2005. Recorde-se que os títulos do banco cotavam nos 2,18 euros no dia 11 de Março, um valor (de fecho) que a instituição perseguia desde Dezembro de 2002. Na última sexta-feira – uma semana depois do máximo – as suas acções encerraram a sessão cotadas nos 2,12 euros.

Filipe Garcia, analista da IMF-Informação de Mercados Financeiros, contactado pelo DE, apontou para o “paralelismo com o ano passado”, reforçando que “o BCP vinha de uma tendência muito positiva desde meados de Dezembro” e que “não é surpreendente que tenha quebrado o suporte técnico nos 2,14 euros”. “Vamos manter o título neutral enquanto estiver acima dos 2,08 euros”, sublinhou o analista.

Boa evolução em 2005
As acções do BCP subiram 12% este ano.
 
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por marafado » 21/3/2005 13:39

Negócios da Bolsa
Volume de negócios da Altri supera onze vezes a Cofina

Diogo Nunes


As acções da Altri já cresceram 50% desde o dia 1 de Março, enquanto a Cofina caiu 5,7%.

O volume de negócios da Altri, ao fim de três semanas de estar cotada em bolsa, é onze vezes superior ao da Cofina. Apesar de estar admitida fora do PSI 20, a ‘holding’ industrial liderada por Paulo Fernandes apresenta um volume médio de negócios diário acima dos 1,62 milhões de acções, ao passo que a Cofina (que reúne os activos de media) se queda pelos 146 mil títulos. Em termos absolutos, a Altri já negociou 22,7 milhões de papéis desde que entrou no mercado no passado dia 1 de Março, enquanto a Cofina viu pouco mais de 2 milhões de títulos a mudarem de mãos.

No que diz respeito ao desempenho bolsista das duas ‘holdings’ resultantes da cisão dos activos industriais e de media do grupo liderado por Paulo Fernandes, a vantagem volta a recair sobre a Altri. As acções da ‘holding’ industrial somaram quase 50%, desde os 0,80 euros iniciais do dia 1 de Março até aos 1,19 euros registados no fecho da última sessão da semana passada. Já a Cofina viu as suas acções desvalorizarem 5,7% no mesmo período, passando dos 3,5 euros para os 3,3 euros.

“É mais fácil investir na Altri, com menos dinheiro” avançou uma analista da Caixa Banco de Investimento ao Diário Económico. A analista explicou ainda que “o mercado atribuiu um valor muito baixo no primeiro dia de negociação da Altri” e o título beneficiou de várias “recomendações de casas de investimento que puxaram para cima o preço da acção”.

“A parte industrial apresentou bons resultados e a subida da Altri dá razão aos analistas que apontavam para uma avaliação de 60% (Cofina) e de 40% (Altri) do grupo”, reforçou a analista da Caixa BI. Conclui que o interesse na ‘holding’ industrial passa pelo “investimento especulativo”.
 
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por marafado » 21/3/2005 13:38

No Financial Times
As incógnitas da produção de petróleo

Financial Times


Um bom jogador de póquer sabe que o adversário não pode abrir o jogo e controlá-lo ao mesmo tempo.

A OPEP, pressionada pelos EUA, já colocou no mercado o primeiro de dois lotes de 500 mil barris/dia e comprometeu-se, igualmente, a aumentar a produção. Não obstante, os preços do crude atingiram, quinta-feira passada, máximos históricos.

Os investidores reagem sem pensar. O facto de a OPEP ter decidido aumentar os níveis de produção, no habitualmente brando segundo trimestre, visa instaurar uma espécie de “acções-tampão” contra o eventual aumento da oferta mais para o final do ano. É muito possível, porém, que as existências apuradas no segundo semestre apenas cresçam entre 1,5 e 2 milhões de barris/dia, ou seja, próximo dos valores registados sazonalmente. Ao rever em alta as suas previsões para a procura e ao manifestar abertamente as suas preocupações, a OPEP colocou a tónica na potencial escassez com que o mercado se irá confrontar no Inverno. Além disso, a OPEP já não tem muitos trunfos para usar. A margem de produção do cartel está na Arábia Saudita e estima-se entre 1 e 1,5 milhões de barris/dia, isto é, superior aos valores do segundo trimestre. É pouco provável, contudo, que o reforço da produção de ‘heavy sour crude’ impulsione o mercado de futuros, que tem por base o preço do ‘light sweet crude’.

As posições especulativas, que têm caracterizado o mercado de futuros de Nova Iorque, dispararam para os valores mais altos de sempre desde Março de 2004, abrindo caminho a uma maior volatilidade. Mas quando as previsões subestimam claramente a procura e a margem de produção se afigura escassa, não sobram muitas razões para os optimistas apostarem os seus trunfos.
 
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por marafado » 21/3/2005 13:37

Comentário de Bolsa
Euronext Lisboa diz adeus às quedas e avança com Europa

Diogo Nunes


Depois de quatro sessões no “vermelho”, a bolsa portuguesa encerrou positiva na sexta-feira.

A praça nacional colocou na última sessão da semana passada um ponto final nas descidas que acumulou durante quatro sessões consecutivas. O PSI 20 somou 0,26% para os 7.777,51 pontos e acompanhou a tendência positiva dos seus pares europeus.

Lisboa beneficiou da valorização significativa dos títulos do BCP e da PT, dois dos três pesos pesados. O maior banco privado português cresceu 0,95% para os 2,12 euros e aligeirou a queda de 2,75% acumulada ao longo da semana. Já a operadora nacional progrediu 0,78% para os 9 euros. Por seu turno, a EDP (o outro “grande”) fechou em contraciclo e recuou 0,46% para os 2,17 euros, impedindo uma valorização mais acentuada da bolsa portuguesa.

Numa sessão de liquidez moderada, os “três grandes” ocuparam os primeiros lugares no pódio do volume de negócios, cujo total ascendeu aos 105 milhões de euros. A energética ficou com a medalha de ouro, com 9,4 milhões de acções transaccionadas, seguida de perto pelo BCP com 8,2 milhões de títulos movimentados. Seguiu-se a PT, com mais de 3,5 milhões de papéis a mudarem de mãos.

A Sonae SGPS aparece no quarto posto, com 2,8 milhões de acções negociadas, numa sessão em que cresceu 0,87% para os 1,16 euros. A Sonaecom, ‘subholding’ para a área multimédia do grupo liderado por Belmiro de Azevedo, fechou em direcção oposta à “casa mãe” e caiu 0,26% para os 3,82 euros.

Pela positiva merecem ainda destaque a Impresa, a Cofina e a Jerónimo Martins, com subidas acentuadas, apesar da fraca liquidez. A empresa de media de Pinto Balsemão liderou as subidas no PSI 20 ao somar 1,3% para os 5,45 euros, enquanto que a sua rival Cofina valorizou 0,92% para os 3,30 euros. A Jerónimo Martins fechou o dia a avançar 0,43% para os 11,55 euros, depois de ter renovado o máximo desde Dezembro de 2000, ao tocar nos 11,7 euros.

O Grupo Media Capital destacou-se ao apresentar a maior descida do índice de referência nacional, baixando 1,66% para os 5,32 euros. A Reditus também caiu mais de 1%, finalizando a sessão cotada nos 3,79 euros.

Lá fora, os principais mercados accionistas europeus voltaram a subir, tal como havia sucedido na véspera, recuperando dos mínimos de seis semanas que registavam na quarta-feira. Os ganhos variaram entre os 0,05% de Londres e os 0,46% de Paris, numa sessão em que a estabilização dos preços do petróleo deu novo fôlego à Europa.

Telecom fechou a semana em alta...
...Mas acumula perdas de 4,45% no último mês.
 
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