Caldeirão da Bolsa

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por valves » 17/3/2005 21:58

Mas nada justifica o comportamento provocatório, insultuoso e bastas vezes anti-desportivo do treinador do Chelsea. Não é preciso ser um Mourinho para se vencer na vida.

Nada de acordo se ele não fosse assim não o levavam a sério hoje em dia quem quer ser o melhor nalguma coisa infelizmente não há outra postura possivel ...


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Mitos

por luiz22 » 17/3/2005 18:53

OPINIÃO Publicado 17 Março 2005 13:59
Luis Nazaré
Mitos
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Do lado de lá do Atlântico, o tema do défice educacional invadiu os «fora» de discussão pública.
1. A excelência do sistema de ensino norte-americano, insistentemente glosada pela intelectualidade lusitana, parece afinal não resistir a uma análise mais atenta. Excelentes serão algumas das suas universidades, quer no domínio das ciências exactas, quer no das económicas e sociais. Mas mau, surpreendentemente mau, é o funcionamento do sistema de ensino básico e secundário. Numa recente conferência em Washinhgton, Bill Gates proferiu um discurso incendiário sobre o «obsoletismo» da escola americana, quando comparada com as de outros países. Segundo ele, todos os anos o sistema escolar estado-unidense estraga a vida de milhões de jovens, ao insistir em fórmulas educativas totalmente desfasadas das exigências do mercado de trabalho (onde será que já ouvimos isto?). Foi quanto bastou para os sinos tocarem a rebate e os poderes públicos se multiplicarem em promessas de reabilitação do sistema. Do lado de lá do Atlântico, o tema do défice educacional invadiu os «fora» de discussão pública. O jornal «The New York Times» considera o assunto especialmente grave para o futuro da economia americana, chegando a antever que «os jovens americanos se tornem a lanterna vermelha entre os países industrializados». A explicação do diário nova-iorquino para o mau desempenho do sistema de ensino é cristalina: «Nos Estados Unidos, a escola secundária nunca teve por vocação proporcionar um ensino de qualidade a todos os alunos; pelo contrário, foi concebida para preparar uma elite universitária, ao mesmo tempo que impedia os restantes de vagabundear pelas ruas, até terem idade para trabalhar nos campos ou nas fábricas. Hoje, esse tipo de empregos está praticamente desaparecido, ao passo que a escola se manteve.»

2. Os casos exemplares já não são o que eram. No mundo altamente concorrencial de hoje, as fontes de vantagem comparativa estão sob ataque permanente, o que torna o exercício da sustentabilidade uma missão de alto risco e desfecho incerto. A análise desassombrada de Manuel Castells, na sua última entrevista ao jornal Público, revela um claro desencanto por alguns dos modelos de desenvolvimento económico mais elogiados no espaço europeu. No que toca à Espanha, Castells qualifica de «desastre absoluto» a política de inovação seguida nos últimos cinco anos, apesar do bom desempenho económico global (o que não deixa de ser curioso); a Catalunha, que muitos tinham por um caso de sucesso na atracção de novas indústrias baseadas em factores dinâmicos de competitividade, surge como um exemplo típico do «modelo meridional», baseado na lógica do «turismo de sol e lua», que o professor catalão considera insustentável no médio prazo; não sem surpresa, é a Andaluzia (a par de Euskadi) e a sua nova dinâmica governativa quem mais aplausos merece da parte de Castells. Mas as decepções não se ficam pela Ibéria. A Noruega é vista como um «bluff», cuja prosperidade se fica unicamente a dever às receitas do petróleo; a Irlanda está condenada a assistir, impotente, ao abandono progressivo das multinacionais milagreiras, cada vez mais voltadas para Oriente; a Alemanha e a Itália não funcionam segundo modelos de inovação consistentes e vêem a sua competitividade diminuir. Já só restam os três países nórdicos da União Europeia – Dinamarca, Finlândia e Suécia – como fonte de inspiração para Castells. Debrucemo-nos pois sobre eles, embora saibamos à partida que os ingredientes activos de sucesso são inimitáveis.

3. José Mourinho está à beira de se transformar num verdadeiro caso de estudo. Não dou mais de um semestre até ver o seu exemplo referenciado nas disciplinas de «leadership» dos cursos de gestão. Nada de mais errado. O comportamento de Mourinho não deve servir de exemplo para ninguém, muito menos para um jovem. Bem sei que é um vencedor, que revela dotes apreciáveis de comando e psicologia de grupo, que importa valorizar o que é português e que temos poucos casos de sucesso internacional em ambientes competitivos. Mas nada justifica o comportamento provocatório, insultuoso e bastas vezes anti-desportivo do treinador do Chelsea. Não é preciso ser um Mourinho para se vencer na vida.
 
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