Caldeirão da Bolsa

Atmosfera lusitana

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por valves » 6/1/2005 21:12

Ora muito boas noites excelente artigo aliás vou aproveitar para comentar alguns excertos

Falta-nos alegria e rasgo, espírito de iniciativa e inconformismo

E está tudo dito é que sem querer tocou mesmo no ponto os Portugueses não vivem sobrevivem ( é o fado :mrgreen: ) o que é pena porque a vida é curta demais para nos centramos nas nossas fraquezas nas nossas misérias nas nossas fragilidades que há milhares de anos em vão tentamos superar se calhar talvez fossemos mais felizes se lidassemos com elas com sentido de humor

Deitados no divã da História, o nosso passado colectivo fustiga-nos com mil angústias e desencantos, como se de uma infância infeliz se tratasse, minando-nos a auto-estima e atiçando os piores demónios.

Aqui corre -me uma pequena questão se não formos nós a dizermos bem de nós proprios quem é que vai dizer

Os portugueses consideram-se especiais e são-no. Somos o único dos povos latinos (com a provável excepção dos romenos) que não se considera o eleito

É uma pena

Um abraço

Vasco
Aqui no Caldeirão no Longo Prazo estamos todos ricos ... no longuissimo prazo os nossos filhos estarão ainda mais ricos ...
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 2861
Registado: 17/4/2004 15:36

Caro Josema

por Visitante » 6/1/2005 16:01

O autor ,por acaso fui eu e até possuo alguns conhecimentos de história.
Acredito que houve realmente heróis mas, muitas vezes
fruto das circunstancias como o Soldado Milhões.
Quanto aos Reis, Mestres e Patrões não serem bons e fazerem fraco o forte povo pergunto que povo é este
que tem Reis Mestres e Patrões fracos e que também são povo?
bem, não queria entrar em polémica neste fórum
Obrigado Josema e um abraço
mcarvalho
Visitante
 

Descobri .............in Jornal de negócios- artº na integra

por mcarvalho » 6/1/2005 15:43

Com uma grande vénia ao Luis Nazaré
mcarvalho


Luis Nazaré
Atmosfera lusitana
--------------------------------------------------------------------------------


Falta-nos alegria e rasgo, espírito de iniciativa e inconformismo, essas marcas de carácter latino que os romanos não conseguiram ou não quiseram trazer para a Lusitânia.
É nos momentos de descrença que tendemos a desabar sobre a nossa própria condição e a reflectir sobre o que gostaríamos de ter sido e não somos. Deitados no divã da História, o nosso passado colectivo fustiga-nos com mil angústias e desencantos, como se de uma infância infeliz se tratasse, minando-nos a auto-estima e atiçando os piores demónios. De pouco servirá este exercício de auto-flagelação se não o aproveitarmos para tomar consciência das nossas fraquezas. É certo que nunca seremos suecos, nem espanhóis, nem anglo-saxões, nem chineses. Como na história do escorpião e da rã, ninguém consegue superar a natureza. Mas talvez possamos aprender a adaptarmo-nos melhor ao ambiente e a tirar partido dos poucos atributos que nos restam.

Os portugueses consideram-se especiais e são-no. Somos o único dos povos latinos (com a provável excepção dos romenos) que não se considera o eleito. Espanhóis, franceses e italianos crêem-se no centro do universo, numa exaltação constante da sua história, da sua cultura, dos seus costumes, da sua qualidade de vida. Nós não. Fazemos da pobreza e da maledicência a nossa principal diversão. Enquanto os outros celebram diariamente a vida, confiantes no presente e no futuro, nós afundamo-nos no pessimismo e no fado. Somos assim, tristes por natureza. Não me esquecerei facilmente de como quinze mil gregos foram capazes de silenciar, do primeiro ao último minuto, quarenta e cinco mil gargantas portuguesas na final de todas as nossas esperanças.

Um dia, Vinicius de Moraes classificou os portugueses como «engravatados». Era essa, segundo ele, a nossa característica dominante. Descontando a carga tropical do remoque, o poeta brasileiro só pecou por excesso de diplomacia (logo ele, que fora diplomata). O que nós somos é cinzentos. Ou um pouco coincés, como me dizem alguns franceses. Falta-nos alegria e rasgo, espírito de iniciativa e inconformismo, essas marcas de carácter latino que os romanos não conseguiram ou não quiseram trazer para a Lusitânia. Na melhor das hipóteses, teremos guardado alguns genes de capacidade imaginativa, mas muito poucos de criatividade.

À falta de influências latinas, poderíamos ao menos ter beneficiado dos cromossomas setentrionais de outros povos ocupantes, poderíamos ter compensado com tenacidade, rigor e disciplina o que manifestamente nos falta em dinamismo. Mas não. Assim se explica que o principal motivo de queixa dos estrangeiros residentes em Portugal seja a má qualidade dos serviços - públicos e privados - e a falta de profissionalismo da maioria dos seus agentes. Só nós, os portugueses de gema, é que sabemos que há uma atmosfera de nonchalance colectiva que nos domina e de que nunca nos conseguimos verdadeiramente libertar.

Há pouco tempo, um empresário do sector das rochas ornamentais contava-me alguns episódios reveladores da existência dessa atmosfera de incúria lusitana que parece atravessar todas as camadas da nossa sociedade. Destaco um, em particular. A sua unidade de transformação, na região de Lisboa, confronta-se regularmente com a falta de técnicos especializados em maquinaria de corte e lapidação e, sobretudo, com a extrema penúria de primeiras linhas de chefia. Conhecedor de um excelente contramestre numa fábrica congénere do sul de França, um português experiente, maduro e com vontade de regressar à pátria, o nosso empresário realizou uma operação de comando a terras gaulesas e em quinze dias o esmerado emigrante-contramestre estava a trabalhar em Portugal. «Foram os melhores quinze dias, os que antecederam a sua vinda, porque pensei que estava à beira de resolver definitivamente um problema agudo na fábrica. Mas após um mês de ares portugueses, o homem ficou exactamente como os anteriores - mole e descuidado. Eu nem queria acreditar que era o mesmo contramestre exemplar que tinha conhecido em França?», desabafava o nosso empresário. Não consigo retirar uma moral desta história, mas lá que começa a haver alguma evidência empírica da existência de uma «atmosfera lusitana», disso não tenhamos dúvidas
 
Mensagens: 7051
Registado: 17/2/2004 1:38
Localização: PORTO

Atmosfera Lusitana

por josema » 6/1/2005 15:40

Não faria nada mal ao autor do texto, que Mcarvalho cita, saber um pouco mais da História Portuguesa. Se o presente (dentro de portas)é tudo menos brilhante, tal não significa que a nossa História não esteja repleta de Portugueses que engrandeceram a Humanidade, quer no passado, quer no presente. É claro que os melhores fogem da mediocridade reinante. Ou melhor, são convidados a ir para outras paragens fazer o que aqui, a estreiteza de espírito de quem governa, os impede de fazer. Quanto à história do mestre de pedreira, excelente em França e medíocre em Portugal, eu perguntaria: que tipo de relação havia entre o patrão francês e o mestre e entre o mesmo mestre e o patrão português? É bom não esquecer Camões: "os fracos reis tornam franca a forte gente".
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 363
Registado: 11/2/2004 18:30
Localização: 1

por Visitante » 6/1/2005 15:14

chefe, os artigos q coloca aqui são interessantes ...mas acabam sempre a meio !!....onde pára o resto ?
Visitante
 

Já alguém escrevia no Frum de Bolsa da Sic

por mcarvalho » 6/1/2005 15:13

Que país é este?
Começa com um menino "bem" malcriado que queria ter um reino ;para isso bateu na mãe ...
O povo, não é povo mas, uma amálgama de individuos que foram fugindo às guerras do norte e centro da Europa e, quando aqui chegaram ...não podendo fugir mais por causa do mar ..tiveram que se adaptar a tudo
suspirando e relatando com "saudade" os tempos em que foram " heróis"!!!

um abraço
mcarvalho
 
Mensagens: 7051
Registado: 17/2/2004 1:38
Localização: PORTO

Atmosfera lusitana

por mcarvalho » 6/1/2005 15:05

com a devida venia
fonte Bpi


Atmosfera lusitana

06/01/2005 14:09

Atmosfera lusitana
É nos momentos de descrença que tendemos a desabar sobre a nossa própria condição e a reflectir sobre o que gostaríamos de ter sido e não somos. Deitados no divã da História, o nosso passado colectivo fustiga-nos com mil angústias e desencantos, como se de uma infância infeliz se tratasse, minando-nos a auto-estima e atiçando os piores demónios. De pouco servirá este exercício de auto-flagelação se não o aproveitarmos para tomar consciência das nossas fraquezas. É certo que nunca seremos suecos, nem espanhóis, nem anglo-saxões, nem chineses. Como na história do escorpião e da rã, ninguém consegue superar a natureza. Mas talvez possamos aprender a adaptarmo-nos melhor ao ambiente e a tirar partido dos poucos atributos que nos restam.

Os portugueses consideram-se especiais e são-no. Somos o único dos povos latinos (com a provável excepção dos romenos) que não se considera o eleito. Espanhóis, franceses e italianos crêem-se no centro do universo, numa exaltação constante da sua história, da sua cultura, dos seus costumes, da sua qualidade de vida. Nós não. Fazemos da pobreza e da maledicência a nossa principal diversão. Enquanto os outros celebram diariamente a vida, confiantes no presente e no futuro, nós afundamo-nos no pessimismo e no fado. Somos assim, tristes por natureza. Não me esquecerei facilmente de como quinze mil gregos foram capazes de silenciar, do primeiro ao último minuto, quarenta e cinco mil gargantas portuguesas na final de todas as nossas esperanças.

Um dia, Vinicius de Moraes classificou os portugueses como «engravatados». Era essa, segundo ele, a nossa característica dominante. Descontando a carga tropical do remoque, o poeta brasileiro só pecou por excesso de diplomacia (logo ele, que fora diplomata). O que nós somos é cinzentos. Ou um pouco coincés, como me dizem alguns franceses. Falta-nos alegria e rasgo, espírito de iniciativa e inconformismo, essas marcas de carácter latino que os romanos não conseguiram ou não quiseram trazer para a Lusitânia. Na melhor das hipóteses, teremos guardado alguns genes de capacidade imaginativa, mas muito poucos de criatividade.

À falta de influências latinas, poderíamos ao menos ter beneficiado dos cromossomas setentrionais de outros povos ocupantes, poderíamos ter compensado com tenacidade, rigor e disciplina o que manifestamente nos falta em dinamismo. Mas não. Assim se explica que o principal motivo de queixa dos estrangeiros residentes em Portugal seja a má qualidade dos serviços - públicos e privados - e a falta de profissionalismo da maioria dos seus agentes. Só nós, os portugueses de gema, é que sabemos que há uma atmosfera de nonchalance colectiva que nos domina e de que nunca nos conseguimos verdadeiramente libertar.

Há pouco tempo, um empresário do sector das rochas ornamentais contava-me alguns episódios reveladores da existência dessa atmosfera de incúria lusitana que parece atravessar todas as camadas da nossa sociedade. Destaco um, em particular. A sua unidade de transformação, na região de Lisboa, confronta-se regularmente com a falta de técnicos especializados em maquinaria de corte e lapidação e, sobretudo, com a extrema penúria de primeiras linhas de chefia. Conhecedor de um excelente contramestre numa fábrica congénere do sul de França, um português experiente, maduro e com vontade de regressar à pátria, o nosso empresário realizou uma operação de comando a terras gaulesas e em quinze dias o esmerado emigrante-contramestre estava a trabalhar em Portugal. «Foram os melhores quinze dias, os que antecederam a sua vinda, porque pensei que estava à beira de resolver definitivamente um problema agudo na fábrica. Mas após um mês de ares portugueses, o homem ficou exactamente como os anteriores - mole e descuidado. Eu nem queria acreditar que era o mesmo contramestre exemplar que tinha conhecido em França?», desabafava o nosso empresário. Não consigo retirar uma moral desta história, mas lá que começa...
 
Mensagens: 7051
Registado: 17/2/2004 1:38
Localização: PORTO


Quem está ligado:
Utilizadores a ver este Fórum: eurowire.financeiro, Google [Bot], iniciado1, m-m, Mr.Warrior, MR32, nunorpsilva, O Magriço, PAULOJOAO, SerCyc, Shift72, tami, yggy e 177 visitantes