Caldeirão da Bolsa

BCE alerta para riscos de empréstimos a taxas variáveis

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Touro » 29/11/2004 16:42

Acho despropositado este alerta, pois como já foi dito não estão reunidas neste momento as condições para aumento de taxas de juro. Mas mesmo que as taxas subam, nunca se afastarão muito dos valores actuais. Defendo que no futuro haja uma estabilização dos valores das taxas ligeiramente acima dos actuais, mas muito longe dos dois dígitos do passado recente.

Lembro que em 1997 já havia quem defendesse a contratação de empréstimos a taxas fixas, argumentando que as taxas estavam a mínimos históricos e por isso só poderiam subir (admito que na altura estivessem por volta dos 5 ou 6%). O tempo veio desmenti-los, parecendo-me que venha a acontecer o mesmo a estas afirmações do BCE.

Falar no efeito de um 'crash' imobiliário nos empréstimos não passa de uma abstracção teórica, penso que do Banco de Portugal. Quem conhece o mercado imobiliário sabe que, pelo menos em algumas zonas, ele está a corrigir no tempo desde há cerca de 5 anos os excessos de finais da década de 1990. A correcção está a ser feita no tempo de forma gradual, estando assim afastada a hipótese de 'crash'.

Queria ainda dizer que a maior parte do crédito à habitação vencido que consta nas estatísticas é temporário. Resulta geralmente de casos de processos de divórcio, que enquanto dura o processo de separação nenhum elemento do casal quer assumir os encardos do empréstimo, e então é suspenso o pagamento das prestações, que são regularizadas logo após a conclusão do divórcio.
Cumprimentos,
Touro
 
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por Visitante » 29/11/2004 14:31

n se fiem nisso!
o BCE tem uma política ultra-conservadora... mais, o BCE n tem política reage c uma inércia assustadoramente grande à política da FED!
Visitante
 

por djovarius » 29/11/2004 13:42

Sim, Dwer !
A esse propósito, recordo que amanhã são divulgados os números da Zona Euro - índice preços ao consumidor.
Espera-se uma queda de 2.4 para 2.2% anualizados.
Se assim for, não se esperem subidas de juros.

Mais, a questão cambial é muito importante. A subida do EUR vai manter a inflação em baixa, sobretudo se o petróleo não passar de 45 dólares, como preço médio.
Nesse caso, e dado que o IPC alemão não passa de 1.2%, eu apontaria para a estagnação de juros com tendência de queda, tanto mais que há hipótese de recessão ou estagnação !!

Um abraço

djovarius
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Que a mim me parece o mais provável

por Dwer » 29/11/2004 12:47

dada a subida meteórica do Euro.

Abraços,
Abraço,
Dwer

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por pedras11 » 29/11/2004 12:42

Convém também referir que em caso de descida dos juros(que não está totalmente posta de parte), também seremos dos mais beneficiados.
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BCE alerta para riscos de empréstimos a taxas variáveis

por Preocupado » 29/11/2004 12:34

A eventual subida do preço do dinheiro vai penalizar em primeiro lugar os que optaram por taxas de juro de curto prazo. Portugueses são dos mais expostos já que mais de 97 por cento dos financiamentos contratados no último ano têm taxas de juro inferiores a um ano

Os europeus "tentados" a financiar hipotecas nas actuais condições do mercado, a taxas de juro variáveis, deverão "estar conscientes" dos riscos que correm perante uma eventual subida do preço do dinheiro ou "crash" imobiliário.

A chamada de atenção partiu do Banco Central Europeu (BCE) e constitui um alerta para Portugal onde mais de 97 por cento dos créditos contraídos nos últimos doze meses são a taxas de juro fixas a menos de um ano.

"As famílias devem estar conscientes dos riscos que terão de enfrentar no futuro caso as taxas de juro voltem a subir para níveis mais consentâneos com os padrões históricos", alerta a autoridade monetária no boletim mensal de Outubro. O BCE estima que na eurolândia a percentagem de "hipotecas expostas a uma variação nas taxas de juro no ano seguinte", deverá corresponder a "cerca de um terço do saldo em dívida". "A percentagem de hipotecas com taxa de juro fixa para um período mínimo de dez anos é de cerca de 50 por cento da dívida hipotecária total na área", sendo a Bélgica, a Alemanha, a França e a Holanda, países onde os juros sempre foram baixos, os que mais têm recorrido a empréstimos a taxa fixa.

Em Portugal, não existem estimativas, mas a avaliar pelos contratos de crédito à habitação celebrados recentemente os níveis de exposição a eventuais subidas das taxas de juro são muito superiores à média europeia. Segundo a autoridade de supervisão dirigida por Vitor Constâncio, 97,2 por cento das operações de crédito à habitação celebradas no último ano, foram contratadas a taxa de juro variável por um prazo entre três e seis meses.

Um dado esmagador que indicia que os portugueses sentem as alterações nas taxas de juro mais rapidamente que os seus congéneres europeus. "A tradição do mercado português é de escolha de taxa variável a curto prazo, ao contrário do que acontece nalguns países da área do euro", disse ao PÚBLICO fonte bancária. A opção dos portugueses por financiarem a compra de casa com taxas de juro variáveis é explicada pela baixa do preço do dinheiro. "Se tivessem optado por taxas fixas não tinham beneficiado da baixa dos juros e agora estavam a pagar prestações mais altas", afirmam analistas.

"Crash" imobiliário teria efeitos devastadores

A baixa generalizada das taxas de juro, permitiu às famílias antecipar decisões de investimento e melhorar o nível de vida, através da acumulação de maiores "stocks" de divida. E o dinheiro foi canalizado para a compra de habitação (80 por cento dos empréstimos destinam-se a este fim) e não para consumo imediato. No crédito à habitação, o empréstimo tem uma garantia real, no caso um bem imobiliário. Como os valores das casas são superiores aos empréstimos pedidos, o risco do crédito hipotecário é menor do que no crédito ao consumo.

Contudo o elevado peso do crédito à habitação também comporta riscos. Como lembra o Banco de Portugal, se o imobiliário entrasse em queda, os seus efeitos tenderiam a ser devastadores no património das famílias, afectando todo o sistema financeiro. A evolução da economia portuguesa, o aumento do desemprego e a existência de franjas de empréstimos sobre 100 por cento do valor das casas, que podem esconder situações em que os bancos deram mais crédito do que deveriam ter feito, são factores acrescidos de pressão sobre os particulares.

Contudo, de acordo com dados de Setembro do Banco de Portugal, os créditos de cobrança duvidosa na habitação continuam baixos, não ultrapassando 1,5 por cento do total, contra quase cinco por cento no crédito ao consumo. O facto de o endividamento ter disparado também não alarma os analistas, desde que a tendência dos últimos anos não se mantenha.

A taxa de endividamento dos portugueses, medida pelas dívidas em percentagem do rendimento disponível passou de 40,9 por cento em 1995 para 110 por cento em 2003, mas a taxa de esforço, medida pelos juros em percentagem do rendimento disponível, manteve-se estável nos cinco por cento. Ou seja o crédito expandiu-se a um ritmo mais elevado do que os salários líquidos dos portugueses, mas o esforço que estes realizaram para saldar os seus compromissos com a banca permanece constante, graças à descida do preço do dinheiro.

Agora que os juros atingiram mínimos históricos a situação pode inverter-se, o que está a preocupar o Banco de Portugal. À semelhança do BCE, o banco central português não esconde que o recurso a taxas variáveis traz na actual conjuntura riscos acrescidos para os particulares que contratualizaram os seus empréstimos naquele regime. Se os juros subirem, as famílias terão de fazer um maior esforço para pagar as suas prestações.

No seu relatório de Setembro, a autoridade de supervisão portuguesa, mostra-se preocupada com os encargos financeiros associados à divida que se "tornaram excessivamente pesados nos orçamentos familiares", em consequência do "rápido crescimento do endividamento das famílias portuguesas".

Para o BP "é razoável admitir que, do ponto de vista da análise da estabilidade do sistema financeiro, as implicações de um aumento" dos juros são diferentes se "a repartição dos encargos for relativamente homogénea ou se, pelo contrário, os graus de esforço mais elevados se concentrarem, por exemplo, nas classes de rendimentos mais baixos", ou nos de menor idade. Na segunda metade dos anos noventa, o Banco de Portugal diz que foram os "mais jovens" os que mais contribuíram para o aumento do endividamento agregado". Este grupo, é o que "apresenta as taxas de esforço médias mais elevadas" e o "mais sub-representado nos inquéritos".

Cristina Ferreira
PÚBLICO
Preocupado
 


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