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Caldeirão da Bolsa

CTT - a mais recente acção da Bolsa portuguesa

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Re: Quanto valem os CTT?

por tiagopt2 » 11/11/2013 15:43

Elias Escreveu:tiagopt,

Excelente análise! Obrigado pela partilha.

Gostaria apenas de acrescentar um aspecto que poderá ser relevante para ajudar a ver as perspectivas para o sector: lá por fora a tendência bolsista das empresas homólogas não é convergente: por um lado temos o caso da Deutsche Post que sobe consistentemente há vários anos, por outro lado temos o caso das holandesas (a antiga TNT foi dividida em duas, a saber a Post NL e a TNT Express), e após um longo bear market que vinha desde 2007, começaram a ressaltar mas a tendência de longo prazo ainda é... como direi... assim mais ou menos!

Pelo meio houve a OPA da UPS à TNT Express, que entretanto foi retirada, mas que obriga a pensar nisto: qual a hipótese de haver fusões / aquisições / OPAs no sector e até que ponto isso poderá influenciar o preço?

Deixo links para tópicos de empresas do sector:

POST NL - viewtopic.php?t=73028
TNT Express - viewtopic.php?f=3&t=77118
Deut. Post - viewtopic.php?f=3&t=80624

1 abraço,
Elias


É verdade Elias, esse aspecto é muito relevante. Espera-se alguma degradação nos resultados do sector postal dos correios no longo prazo, muito à semelhança do que tem ocorrido em outros países. Acredito que uma OPA só ocorreria, no caso português, quando o preço reflectisse essa degradação.
Como o post já ia extremamente longo não me quis alargar no raciocínio mas quando se souber ao certo as condições do negócio volto à análise e pego nesse aspecto também
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Re: Quanto valem os CTT?

por Elias » 11/11/2013 15:37

tiagopt,

Excelente análise! Obrigado pela partilha.

Gostaria apenas de acrescentar um aspecto que poderá ser relevante para ajudar a ver as perspectivas para o sector: lá por fora a tendência bolsista das empresas homólogas não é convergente: por um lado temos o caso da Deutsche Post que sobe consistentemente há vários anos, por outro lado temos o caso das holandesas (a antiga TNT foi dividida em duas, a saber a Post NL e a TNT Express), e após um longo bear market que vinha desde 2007, começaram a ressaltar mas a tendência de longo prazo ainda é... como direi... assim mais ou menos!

Pelo meio houve a OPA da UPS à TNT Express, que entretanto foi retirada, mas que obriga a pensar nisto: qual a hipótese de haver fusões / aquisições / OPAs no sector e até que ponto isso poderá influenciar o preço?

Deixo links para tópicos de empresas do sector:

POST NL - viewtopic.php?t=73028
TNT Express - viewtopic.php?f=3&t=77118
Deut. Post - viewtopic.php?f=3&t=80624

1 abraço,
Elias
 
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CTT - a mais recente acção da Bolsa portuguesa

por tiagopt2 » 11/11/2013 15:02



Quanto valem os CTT? Esta será provavelmente a pergunta mais ouvida na segunda quinzena económica do mês de Novembro. Num ano onde assistimos à saída de bolsa da Brisa e da Sonaecom, à fusão da Zon com a Optimus, à fusão da PT com a Oi, a aumentos de capital e recapitalizações diversas, a OPV dos CTT tem tudo para ser o acontecimento mais relevante de 2013 na nossa praça. Nem tanto pelos montantes envolvidos mas sobretudo pelo mediatismo que previsivelmente envolverá a operação. E nem a passagem pelo PSI geral tirará glamour ao processo. Mesmo antes de serem conhecidos os contornos da operação de venda importa reflectir um pouco sobre o valor que poderíamos considerar justo para o total da operação.

Comecemos essa análise pela avaliação feita pelo grupo Urbanos, que cedo se mostrou interessado na aquisição da companhia. Este grupo avaliou os CTT numa cifra a rondar os 500-600 milhões de Euros. Vejamos, de forma superficial, alguns dados nas contas dos CTT. Em primeiro lugar, mas nem por isso pouco relevante, a dívida dos CTT tem contornos modestos se comparada com outras grandes empresas portuguesas. Como diria o Sr. Sócrates, uma dívida gerível. Assim, a dívida é um problema a menos para quem quiser comprar uma fatia dos CTT.

No que diz respeito aos lucros, o resultado líquido projectado para este ano rondará os 62 milhões de Euros, valor que está em linha com os montantes apresentados em anos anteriores.
Tem vindo a assistir-se a um decréscimo progressivo na facturação associada aos serviços postais, que representam ainda 70% dos lucros da companhia. Essa tendência não surpreende, já que o decréscimo se tem dado em todos os países do mundo civilizado, muito por culpa da comunicação por e-mail. Os CTT têm compensado essa diminuição - que pode ser um problema considerável num horizonte temporal de 5-10 anos - com o crescimento no sector expresso (correspondente a 18% dos rendimentos) e com a diminuição de custos com pessoal (muito por via da não substituição de activos nos casos de reforma).

Se olharmos para o PER dos pares europeus dos CTT poderemos especular em quanto poderá vir a ser avaliada a empresa. O Royal Mail (sim, aquela empresa cujas acções subiram 40% no primeiro dia de negociação) foi colocado em bolsa com um PER a rondar os 8. Correndo o risco de ser minimalista na análise, se olhássemos só para o PER, um valor a rondar os 8 seria o mínimo aceitável para os CTT. Se assim fosse, os CTT seriam avaliados em cerca de 500 milhões de euros. Mas, à luz das actuais cotações, o PER do Royal Mail já quase duplicou, aproximando-se do valor dos seus pares europeus (o Deutsche Post tem um PER de 15). Ficando a meio caminho, nos 12, teríamos um valor para os CTT a rondar os 750 milhões de Euros.

Analisando a capacidade de produção e distribuição de lucro aos accionistas, aspecto fundamental numa empresa madura, apontaria para uma Yield mínima de 5%. Considerando os 50 milhões de euros distribuidos em dividendos correspondentes ao ano de 2012 teríamos os CTT a valer cerca de 1000 milhões de euros. Assim, será razoável considerar (repito, sendo algo minimalista) que os CTT valerão entre 500-1000 milhões de euros. Abaixo desse nível estarão a prémio e acima dele serão demasiado caros.

Importa introduzir a contextualização política, determinante neste caso em concreto. Está, a meu ver, completamente posta de lado a possibilidade de venda abaixo da avaliação dos Urbanos - os 600 milhões de Euros. O Governo necessita de retirar dividendos políticos desta situação e quererá mostrar que zela pelos interesses do país. Para isso terá forçosamente de vender a um preço superior aos 600 milhões de euros. Considerando o actual estado de contida euforia no nosso mercado, facilmente uma OPV a 1200 milhões de euros seria um sucesso. É o que tantas vezes tem acontecido quando os privados vendem as suas empresas (se os CTT fossem avaliados com base no PER do Facebook, 215, valeriam 13 mil milhões de euros!!). Ora, não se espera isso de uma OPV por parte do Estado. Tão importante como o resultado económico é a satisfação do povo. E o governo não quer certamente ser acusado de vender caro e roubar os pequenos e ingénuos subscritores, como tantas vezes tem sido acusado Belmiro de Azevedo (eu prefiro elogiá-lo pela sua perspicácia estratégica). Tomando em consideração esta condicionante, a minha aposta pessoal vai para os 700-750 Milhões de Euros, valorização suficientemente atractiva para fazer desta OPV um sucesso e suficientemente cara para o governo se poder vangloriar de fazer excelentes negócios.

Uma nota para o custo por acção. Considerando que os CTT estão divididos actualmente em 17,5 milhões de acções, detidas a 100% pelo Estado, e apontando a valorização para os 750 milhões de euros, cada acção valeria cerca de 43€. Não sei se o Estado procederá a um stock split para diminuir o valor unitário por acção mas se não o fizer é importante desmistificar um conceito-base: valham as acções 43 cêntimos ou 43 euros, o valor para o accionista é precisamente o mesmo! A única diferença passa pelo número de acções que vai ter em carteira! Se valerem 0,43€ necessita de comprar 100x mais acções para adquirir o mesmo valor. Pessoalmente espero que os 17,5 milhões de acções sejam mantidos, já chega de penny stocks no PSI-20!

Fica por responder de forma directa a uma importante questão: "Valerá a pena comprar acções dos CTT?"... Para responder a essa fundamental questão (e até porque este post já vai demasiado longo) vou aguardar pela publicação por parte do governo da valorização final da empresa e das condições da OPV. Logo que os pormenores do processo sejam tornados públicos (provavelmente dentro de uma semana) voltarei ao tema com uma análise mais aprofundada.
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