ANA aberta à venda dos terrenos da Portela para reduzir custo do novo aeroporto

[Opcard]

Deram pouco espaço em Portugal ao comentário de Pablo Iglesias sobre o Prémio Nobel da Paz atribuído a María Corina Machado.

“há anos tentando dar um golpe de Estado em seu país”, poderiam “dar (o Nobel) diretamente a Trump ou até a Adolf Hitler”

[Minsk]

Cem, recordo-me bem de ler este post quando foi publicado aqui no caldeirao.

Relato fantastico e em 1 mao da vida num pais com potencial unico e devastado por uma ideologia da miseria, alimentado pela perpetuacao de poder.

[previsor]

A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, disse esta terça-feira que só poderá viajar para a Noruega, em dezembro, para receber o Prémio Nobel da Paz, caso o Presidente venezuelano abandone o poder, noticiou a EFE.

"Enquanto Maduro estiver no poder, não posso deixar o lugar onde estou escondida porque há ameaças diretas contra a minha vida", disse Machado, em entrevista ao jornal norueguês Dagens Naeringsliv.

https://www.cmjornal.pt/mundo/detalhe/m ... ar-o-poder

[PXYC]

tenho a mesma opinião da Venezuela e da Palestina.
individualmente cada história humana é muito triste, mas como país ou estado é irrecuperável, seria preciso morrer e nascer de novo pelo menos metade da população para eliminar a cultura de sobrevivência ao estado-crime que muitas vezes é um sinónimo de mais crime e mais corrupção.

sem mencionar que o melhor do capital humano venezuelano já saiu para outros países LATAM.

[previsor]

“The person who actually got the Nobel Prize called today, called me, and said, ‘I’m accepting this in honor of you, because you really deserved it.’”

“I didn’t say, ‘Then give it to me, though.’ I think she might have.”

Trump

[JorgeLima73]

Cem

Só para dizer que estou profundamente agradecido pela partilha. Ainda mais por teres tido a oportunidade de te cruzares com uma pessoa desse calibre. Obviamente, a humanidade não está perdida com este exemplos de coragem e empatia.

Um abraço

[previsor]

Sim, o prazo terminou a 31 de Janeiro

Nomination deadline is 31 January at 12 midnight CET.
https://www.nobelprize.org/nomination/p ... hatgpt.com

[niceboy]

"O processo de seleção dos Prémios Nobel envolve indicações confidenciais por parte de especialistas convidados, seguidas por uma avaliação rigorosa por comités em instituições específicas. As indicações são feitas anualmente até janeiro, seguidas por meses de deliberação e formação de listas restritas até que as decisões finais sejam tomadas em outubro para anúncio. "

Na altura das nomeações, o Trump ainda nem teria tomado posse, quanto mais ter tido tempo de tomar alguma ação passível de análise. Nunca estaria a tempo de ter sido galardoado este ano.
Eventualmente será nomeado o próximo ano.

[previsor]

Numa casa de apostas, a Polymarket, a probabilidade de ela ganhar subiu para 70% horas antes de ser anunciada como vencedora. Estão a investigar uma possível fuga de informação. Mas em nenhuma outra casa ela era favorita antes de vencer.

Acho que uma frase do texto exclui a possibilidade de o Trump ganhar, quando dizem: “When authoritarians seize power, it is crucial to recognise courageous defenders of freedom who rise and resist.” Têm acusado o Trump de autoritarismo, depois da parada militar no dia do seu aniversário e de enviar militares para guardar as ruas sem necessidade, como em Chicago, entre outras coisas

[Opcard]

Trump ainda pode gsnhar .


Vendo que Trump fala, as bolsas tremem devia ganhar o Nobel da Economia .

[previsor]

A Maria Corina Machado pertence à mesma família de partidos da Iniciativa Liberal: Internacional Liberal.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Vamos_Venezuela

Announcement, Nobel Peace Prize 2025

The Nobel Peace Prize for 2025 goes to a brave and committed champion of peace – to a woman who keeps the flame of democracy burning amid a growing darkness.

In its long history, the Norwegian Nobel Committee has honoured brave women and men who have stood up to repression, who have carried the hope of freedom in prison cells, on the streets and in public squares, and who have shown by their actions that peaceful resistance can change the world. In the past year, Ms Machado has been forced to live in hiding. Despite serious threats against her life she has remained in the country, a choice that has inspired millions of people.

When authoritarians seize power, it is crucial to recognise courageous defenders of freedom who rise and resist. Democracy depends on people who refuse to stay silent, who dare to step forward despite grave risk, and who remind us that freedom must never be taken for granted, but must always be defended – with words, with courage and with determination.

Maria Corina Machado meets all three criteria stated in Alfred Nobel’s will for the selection of a Peace Prize laureate. She has brought her country’s opposition together. She has never wavered in resisting the militarisation of Venezuelan society. She has been steadfast in her support for a peaceful transition to democracy.

Maria Corina Machado has shown that the tools of democracy are also the tools of peace. She embodies the hope of a different future, one where the fundamental rights of citizens are protected, and their voices are heard. In this future, people will finally be free to live in peace.
https://www.nobelprize.org/prizes/peace ... hatgpt.com

[previsor]

O Trump ainda não disse nada, mas já mandou dizer

"Política acima da paz". Casa Branca dececionada com escolha de Corina Machado para Nobel
https://www.rtp.pt/noticias/mundo/polit ... l_n1689980

[carlosdsousa]

Em que altura do ano foram feitas as nomeações/candidaturas?
Em que altura do ano foram feitas as votações?

boas

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pr%C3%A9mio_Nobel_da_Paz_de_2025

cumprimentos

[niceboy]

Em que altura do ano foram feitas as nomeações/candidaturas?
Em que altura do ano foram feitas as votações?

[Opcard]

É claro que Maria Corina Machado merecia o Nobel disso poucos duvidam.
Mas convenhamos sem Trump no palco mundial, talvez o comité nem se lembrasse dela , a escolha de um esquerdista era complicado havendo um candidato como Trump .

[Pmart 1]

Foi e é de momentos como este que se fez a história do Caldeirão e o Cem , foi e é uma fonte de conhecimento que ao longo de tantos anos tenho tido o prazer de ler.

Obrigado Cem , li o post como se fosse a primeira vez e está tudo dito

[Cem pt]

Conheci pessoalmente a nova premiada Maria Corina Machado, mais conhecida pelos venezuelanos por MCM, na altura em que trabalhei em Caracas entre 2012 a 2015 na qualidade de Diretor Comercial da Teixeira Duarte na América Latina nos países de língua espanhola.

Falamos episodicamente numa conversa simpática de "saludos" mútuos numa altura em que estivemos em mesas um pouco separadas num restaurante de comida basca na zona de Las Mercedes em Caracas, creio que tal ocorrência terá ocorrido por volta de finais de 2013. Depois disso nunca mais a vi ao vivo e fui apenas acompanhando o seu percurso corajoso como líder da oposição àquele regime opressor que de democrático nada tem.

Já nessa altura MCM era conhecida por ser uma deputada da oposição a Chávez e Maduro de enorme coragem, tendo tido a inaudita coragem de chamar ladrão a Hugo Chávez com todas as palavras, numa altura em que as prisões, torturas e eliminação de opositores eram rotina comum do conhecimento de todos os que residiam na Venezuela.

Resumindo e concluindo: por toda a sua coragem em enfrentar perigos excessivos e lutar intransigentemente pela liberdade do povo venezuelano o prémio Nobel que lhe foi atribuído é inteiramente merecido.

Atualmente a MCM encontra-se na clandestinidade, avidamente procurada pelo regime de Maduro, que procura desesperadamente a sua captura para a trocar pela eventualidade dos States deixarem de procurar caçar o Maduro na qualidade de capo de narcotráfico do Cartel de los Soles e de usurpador ilegal do poder por ter perdido as eleições de julho do ano passado por uma diferença de votos esmagadora, tendo-se auto-reeleito sem ter apresentado quaisquer provas das atas eleitorais, ao contrário da oposição que as comprovou na net de forma abrumadora.


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Uma vez que refiro este tópico sobre a Venezuela, relembro a mensagem mais longa que alguma vez terei publicado aqui no site e que na altura foi bastante comentado e que retratava bem a forma como se vivia naquele país na altura quente de 2014 sob aquele regime, enjoy it!


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Hoje no BCP o rating emocional de curto prazo voltou a baixar, entrando em terreno pessimista; em paralelo a volatilidade baixou pela primeira vez desde 19 de Fevereiro…o quê?!

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“Cem, tás bom da cabeça? Vives noutro mundo? Já viste em que data a última pessoa interveio aqui no teu tópico? Então vai ver… puxa, foi o amigo Skblz em 1 de Março! Que conclusões tiras? Pois, ninguém te liga!”

“Eh pá, ouve lá, mas quem é que se vai importar com indicadores esquisitos a que resolveste chamar de “emocionais”? Baza daí, vive a vida, cai na real, hoje podes tirar uma folga…”

Obrigadinho.

“Calma, querias o record do post mais longo, não era? Pois tens aqui uma boa oportunidade de o bater, atira-te a ele.”


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América Latina, Venezuela.

Caracas, 6 horas da tarde:


Vislumbro a avenida em baixo pela janela do edifício onde se encontra o meu escritório.

Já não se veem pessoas na rua, com a insegurança que reina por estes lados a cidade fica completamente deserta a partir do anoitecer que ocorre sempre a partir desta hora.

Esta cidade está pior que Bagdad, as estatísticas do ano passado só na grande Caracas indicavam em média 54 mortos por dia assassinados a tiro por motivos de roubo, assalto e sequestro!

As lojas já fecharam há muito, a partir das 3h ou 4h da tarde o pessoal venezuelano dá o seu dia por terminado sob o pretexto de ter de regressar a casa em segurança, há que fechar um pouco os olhos a este hábito local, a tradição conservadora nesta sociedade tem mais valor que o novo socialismo do século XXI.

A partir desta hora no nosso escritório contam-se pelos dedos duma mão os nacionais que, apesar da sua dedicação, ficam a trabalhar com os portugueses que estão habituados a dar o litro e que só regressam a suas casas em hora noturna bem adiantada.


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Caracas, 9 horas da noite:


Mais um dia de cão terminado, parte dos meus contactos com alguma influência ligada a fontes oficiais pouco progrediu em assuntos pendentes que avançam aos solavancos e outra parte nem sequer ligou às chamadas insistentes de telemóvel. Um dia pouco produtivo, tenho de reconhecer!

Paciência, este é um país em que temos de nos adaptar ao ritmo quente e lento do Caribe e não aos nossos desejos, diria que estamos mais perto de uma África nos métodos e na forma de ser, sem menosprezar os seus habitantes, do que numa Europa disciplinada e com regras. Mas enfim, os tugas são um povo que se adapta bem a qualquer forma de vida, nesse aspeto até os próprios locais reconhecem nos portugueses uns tipos que se evidenciam pela forma habilidosa de se desenrascarem!

Os serviços públicos venezuelanos trabalham agora a 10% ou 20% do seu ritmo normal, mesmo que não haja motivos para uma produtividade pública tão baixa os tumultos, as barricadas de rua, a necessidade de se abastecerem de bens básicos de alimentação e a turbulência da situação escaldante na “calle” são razões suficientes para justificar ausências ao trabalho que não podemos deixar de levar em conta.

Baixo à cave do estacionamento dentro do prédio do escritório, pego no Cherokee blindado e de vidros fumados, para preservar que alguém de fora identifique quem vai na viatura, e pratico o ritual diário que aqui é regra básica de segurança: trancar todas as portas e fechar todos os vidros. Pé no travão, mudança automática no “park”, que por estas bandas os carros de mudanças sincrónicas quase não existem, é quase tudo de mudanças automáticas e pela primeira vez na vida tive de me habituar a conduzir nesta modalidade, e dar à chave. Motor a trabalhar, passar mudança para “drive” e aí vou eu a subir a rampa que dá acesso para a rua.

O carro que a empresa me distribuiu é “sui generis”, na altura ainda perguntei porque motivo tinha de ser um jeep e a resposta foi a de que por estes lados quase 50% das viaturas que por aqui circulam têm de ser compactas e seguras, para isso nada melhor que um todo-o-terreno. Além do mais os gastos exagerados destas viaturas em combustível nada representam em custos neste país: encher o depósito completo do Cherokee não custa mais que 5 cêntimos de Euro (!!!) à cotação do Bolívar paralelo ou cerca de 0,50 Euros à cotação do Bolívar oficial, em qualquer dos casos a gasolina por aqui pode-se considerar um produto quase oferecido, à borla. Sempre que abasteço nem sequer tenho coragem de pedir fatura de gasolina para apresentar na empresa porque pago mais de gorja ao gasolineiro que pelo depósito cheio, até se iam rir se tal fizesse!

Felizmente que o bairro da casa onde habito é relativamente próximo do escritório, em geral não demoro mais de 10 minutos no percurso.

Claro que para conseguir fazer o percurso neste tempo tenho quase sempre de transgredir: circular em velocidade acima da média permitida e passar nos vermelhos das diversas ruas e avenidas que tenho de percorrer como se tais sinais não existissem. Parar no tráfego noturno é ser inconsciente, podem estar sempre uns tipos escondidos à coca em motorizadas prontos a assaltar, para isso é bom saber que os vidros do jeep em caso de assalto aguentam pelo menos 4 ou 5 impactos de bala de pistola calibre 32 antes de estilhaçarem, do mal o menos.

Antes de sair tive de recorrer ao telemóvel para consultar uma App importante no Twitter que permite saber em tempo real os obstáculos existentes de ruas encerradas ou com impedimentos no município de Chacao por onde circulo.

Esta é a zona da cidade onde vivem os estrangeiros e a classe alta e média alta venezuelana, onde existe também a maior densidade de clubes privados exclusivos onde se vive num país diferente dentro doutro país aos fins de semana.

É obviamente o local onde a oposição ganha eleições com maiorias confortáveis e por isso não admira que seja aqui a zona quente onde os oposicionistas se concentram nas suas marchas, manifestações e iniciativas contra o governo. Paradoxalmente é a zona mais segura de Caracas, por ser vigiada por câmaras de segurança todo o dia e por possuir a melhor e mais bem paga polícia municipal da cidade, a “Polichacao”, mas quando toca a enfrentar os populares que se manifestam esta polícia afasta-se, não só por ter apenas armas de fogo para dissuadir eventuais assaltantes mas porque iria reprimir os elementos da oposição que lhes pagam no seu município para atuar. Para fazer frente aos opositores o Governo usa uma entidade diferente, a GNB / Guardia Nacional Bolivariana, que está organizada a nível nacional e que se supõe ser o maior sustentáculo policial de proteção do “chavismo”.

Pois, deixem-me rever mentalmente, Altamira e Palos Altos estavam interditos, são as zonas quentes dos confrontos noturnos, juntamente com o bairro vizinho da Castellana, onde a Guardia e estudantada treinam ao cair da noite a pontaria num ritual quase diário de correrias, pedradas, “molotovs”, “perdigonazos” e bombas lacrimogéneas.

Tal como suspeitava, a GNB tinha trancado todos os acessos principais da grande avenida Francisco de Miranda que davam ligação ao bairro onde resido. Paciência, havia que dar a volta por Las Mercedes.

Para mim já não era novidade deixar de passar nessa zona chique, e gira também, porque Altamira detém muitos dos bares e restaurantes da moda da cidade que tiveram de encerrar à força nesta época “quente” da turbulência dos “trancazos”, agora parece uma zona de guerra urbana de caos total pejada de pedras e obstáculos de restos de barricadas feitos com os objetos mais estranhos que possam imaginar, que a Guardia a muito custo procura libertar nas manhãs seguintes através de pequenos corredores que deixam uma via estreita de passagem de fila única e vagarosa para os carros que se atrevem a circular por essas zonas de batalhas campais de véspera: ruas e avenidas com barricadas recentes de quase 100 em 100 metros cheias de sacos de lixo, carros abandonados, frigoríficos estragados, arame farpado, montes de terra e pedras, troncos de árvores, até piscinas de plástico, vale tudo!

Tive de dar uma volta maior e mesmo assim ainda apanhei uma zona imprevista de barricadas da oposição que o App não me sinalizou, o que me obrigou a voltar por outro caminho e a dar de caras com um controlo da GNB que me deixou passar sem problema.

Para isso tive de circular em baixa velocidade a 5 km/h quando passei junto à Guardia, vestida de verde e negra, fiel ao Governo de esquerda e sempre pronta para atuar em nome da defesa da revolução. Os guardas antimotim nestas alturas dos tumultos andam sempre equipados com armas de fogo, escudos, viseiras, capacetes e proteções de corpo inteiro anti-bala. Ao passar pelo controlo tive de entreabrir a janela para identificarem se quem ia ao volante era alguém da oposição procurado com mandato de detenção. Quem tenta passar sem baixar o vidro arrisca-se a levar um balázio. Tudo bem, siga!


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Caracas, 9h 20m da noite:


Finalmente, chegada a casa. Novo contratempo, o comando automático da garagem para abertura do portão metálico não funcionou, se calhar as pilhas estão fracas.

Deixar o carro no exterior não é opção, se tal fizesse o mais natural era ter o carro assaltado e sem rodas e jantes no dia seguinte. Além do mais sair do estacionamento exterior até à porta de casa era correr um grande risco, potenciais assaltantes ou sequestradores podiam estar a observar nas imediações, tinha de dar sempre uma corrida de uns 50 metros em 10 segundos para chegar à porta principal e avisar o segurança da cabina de vidro protegida à entrada para abrir a porta principal, uma operação que aqui é um risco permanente, se efetuado à noite, mesmo nas áreas mais protegidas da cidade, como é a zona selecta de Chacao.

Que fazer? Não havia escolha, tive de parar o motor, sair do carro por uns segundos e apontar o comando encostado ao lado de fora da garagem e, ufa, a engrenagem abriu o portão. Nova corrida para o jeep, trancas imediatas, motor a trabalhar e descer pela garagem ao piso -3 do posto reservado de estacionamento.

Mais um dia quase a terminar, felizmente também mais um que acabou sem contratempos à integridade física.

Parece que hoje foi um dia pacífico lá fora, nos confrontos das barricadas só se registaram 12 feridos até agora e os mortos do dia por assaltos registaram-se quase todos nos bairros problemáticos onde ninguém se atreve a entrar: Catia, El Limón e Petare, “business as usual”!

Subo num dos elevadores da garagem para o meu andar, entro em casa e ligo a televisão, pratico o meu ritual diário a ver as notícias dos 2 lados.

Os jornalistas dos canais do Governo anunciavam novas tentativas dos fascistas em querer destruir edifícios e serviços públicos incluindo autocarros e estações de metro. Estavam a entrevistar a presidente da “Fiscalia”, ou o equivalente à nossa Procuradoria da República, a justificar a detenção de mais um grupo de 20 perigosos paramilitares vestidos à civil, acusados de atuar em distúrbios à ordem do grupo direitista radical sob a influência de um dos líderes da oposição “fascista” que dá pelo nome de Leopoldo López. Parece que já vivi estes tempos na altura do PREC em Portugal, adiante!

Mudo de canal para a CNN em espanhol e vejo uma parte da entrevista de uma conhecida deputada da oposição, Corina Machado, a cascar na violência que a GNB exercia de forma desproporcionada sobre estudantes universitários detidos quando exerciam os seus direitos de cidadania de manifestação pacífica contra decisões do Governo, a sua política económica da cotação da moeda local contra o dólar, a escassez de bens nos supermercados e os tempos que se perdem em “colas” ou bichas para tudo, seja no tráfico automóvel, neste caso com a dificuldade em chegar aos locais de trabalho e a outros compromissos exteriores a horas decentes, seja nos serviços públicos ou na compra de comida.

Já vi este filme todos estes dias, não descobri aqui nenhuma novidade nesta troca de acusações permanentes de blocos inconciliáveis. Como vai isto terminar? Não sei e tenho raiva de quem queira saber!

Que pena, um país tão bonito, cheio de potencial e coberto de reservas gigantescas de petróleo e gás natural, nem sabem a sorte que têm!


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Caracas, 9h 45m da noite:


Ligar a esta hora para Portugal era impensável. Em Lisboa seriam umas 2h 15m da manhã e estava tudo a dormir. Para saber notícias da família tive de ligar durante o dia do escritório para saber se estava tudo bem, felizmente que pelo nosso país as notícias eram como sempre calmas e mais ou menos rotineiras.

Estava tudo excelente de saúde e a minha filha tinha acabado de chegar do clima gelado de Varsóvia, depois de terminar a fase do Erasmus do 3º ano de Gestão da Católica. A minha mulher, coitada, tem sido extraordinária em lá continuar de forma estoica em Portugal. Aí tem de gerir a empresa totalmente dela de consultoria em Lisboa, Porto e Coimbra. Não abandonou os seus empregados, no fundo ela sabe ter uma responsabilidade social que não pode deixar de cumprir embora eu saiba que o seu maior desejo era fechar temporariamente o negócio e vir ter comigo para Caracas. Além do mais acabava de montar uma delegação de serviços no setor da qualidade, segurança e ambiente junto de vários serviços públicos em Cabo Verde, arriscou na exportação de serviços quando sentiu que em Portugal o setor estava a ficar com menos clientes e felizmente as coisas correram-lhe bem, em poucos meses acabou por ganhar vários contratos que tornaram a empresa dela líder do mercado no seu ramo na Cidade da Praia.

Família separada = um sacrifício duro que tivemos de assumir. Saudades, muitas obviamente!

As notícias que chegam da política interna tuga não deixam de ser a rotina do costume: mais medidas de austeridade em preparação pelo Governo e o PS a querer desmarcar-se mas sem ter medidas concretas para apresentar como alternativas sérias ao estado quase vexatório como a classe política deixou e vai deixando os portugueses que por lá ficaram no país distante.

Senti-me relaxado e se calhar menos indignado do que na altura em que deixei Portugal há dois anos atrás, talvez estivesse só a olhar de forma injusta para o meu caso pessoal. Pelo menos cá fora no estrangeiro deixei de ser “chulado” pelo fisco português, lá pela santa terrinha mais de metade do que ganhava ficava no Estado, aqui fora no estrangeiro por estas bandas, não será regra geral mas ficará lá próximo, ganham-se quase 3 vezes mais e pagam-se 3 vezes menos impostos. Não me posso queixar, fui bafejado pela sorte na altura própria quando a empresa onde trabalhava me “convidou” em boa hora a sair para outro país.


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Caracas, 10h da noite:


Um banho rápido de chuveiro de água morna e mudança de roupa para um traje mais informal: escolha de uma t-shirt pendurada no armário, vinda do monte de roupa suja que na véspera deixei para a mulher- a-dias agrupar na lavadora-secadora de casa e passar a ferro em seguida; escolhi também umas calças de pijama curtas e umas havaianas brasileiras que para andar aqui à vontade à noite são confortáveis e dão um jeitão.

Saboreei um jantar rápido dos restos de uma lagosta cozida, cortada em medalhões e com molho de maionese, que tinha comprado no restaurante basco de peixe a que fui ao almoço, para levar para casa à noite naquelas caixas de alumínio de comida preparada para o efeito. Hoje já me tinha decidido a não cozinhar o meu jantar. Louça passada por água e máquina de lavar com ela, felizmente que esta semana consegui arranjar pastilhas de lavagem apropriadas numa altura em que só tinha uns restos que me davam para mais 3 aplicações, um pequeno milagre, mas se tivesse de lavar com água da torneira e detergente normal, tudo bem na mesma!


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A minha curiosidade agora residia em saber como tinha terminado o dia dos mercados na Europa e nos States e saber o veredito do sistema de trading.

Apesar de ter muitos anos com rotinas diárias de pôr à noite a correr os programas de computador dos mercados financeiros, continuo a parecer um miúdo a abrir as prendas do pai natal para ver como me vou divertir! Tenho sempre a expetativa de encontrar uma surpresa de sinais inesperados mas acima de tudo continuo apaixonado por este mundo fascinante dos mercados e para onde os seus preços se dirigem, onde corremos riscos medidos mas conscientes, desde que isso possa ser visto como forma de extrair vantagens probabilísticas de aumentar o valor da nossa carteira, enfim, nem sempre se consegue mas a prazo estamos quase sempre lá.

Abri o meu portátil caseiro e felizmente hoje não tive problemas de ligação de banda larga à internet. Ultimamente de vez em quando falta a net, não sei se é do responsável do “provider” ou se é por motivos ligados aos tumultos, também não quero saber.

Hoje tinha rede e por isso estava tudo bem, uau! Fiz o download das cotações dos componentes da minha carteira “Emocional” e agora só me faltava pôr a trabalhar o sistema de trading para saber o que fazer no dia seguinte em cada um dos papéis.

Caramba, o calor dentro de casa estava a ficar insuportável, vou fazer um pequeno intervalo e a seguir logo vejo o que me diz o “Emocional 2014”. Desliguei o computador e guardei-o de novo na maleta do Toshiba.


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Caracas, 10h 30m da noite:


A noite de Caracas estava mais quente que o habitual, pus a funcionar o ar condicionado nos 20º graus e mesmo assim senti que a casa continuava quente. O apartamento deve ter acumulado sol demais durante o dia e o ar ficou quase irrespirável, era bem melhor aproveitar o clima fantástico lá de fora desta cidade bafejada pela primavera permanente durante o ano inteiro.

Como? Ir para o exterior com esta insegurança? Não, simplesmente aproveitar a prisão de luxo do condomínio.

À volta de todo o condomínio há um muro protegido por câmaras de vídeo e rede de arame eletrificado para não deixar que ninguém salte lá para dentro, para além de haver sempre um guarda de segurança privado armado.

No amplo jardim lá de fora existe ginásio com aparelhos e sauna e, melhor ainda, uma piscina ótima, de água mais quente que a temperatura ambiente, rodeada de guarda-sóis e cadeiras de recosto de praia, incluindo toda uma área de banda larga livre onde podemos levar os portáteis e relaxar nas calmas a navegar na net.

Mudança rápida das calças do pijama para fato de banho, toalha de banho aos ombros, pegar na maleta do portátil e ala para a piscina.

O ar cá fora estava quente e sentia-se um leve cheiro esquisito proveniente de algum fumo disperso que era facilmente identificável com restos ténues de gases lacrimogéneos que a GNB tinha lançado nesta noite mais uma vez para dispersar os manifestantes noturnos da oposição. De onde em onde ouviam-se os estampidos dos tiros da Guardia ao longe na guerrilha das barricadas, o hábito desta rotina faz com que a gente que aqui vive já nem ligue, tornamo-nos uns verdadeiros insensíveis a estes tristes acontecimentos que parecem intermináveis e fazem já parte do dia-a-dia.

Tirando isso a temperatura estava nos 27º e era magnífica para um convite irrecusável a umas braçadas relaxadas na piscina deserta iluminada.

Depois de uma seca rápida com a toalha sento-me numa das mesas e abro de novo o computador, corro o sistema de trading e nada de especial a assinalar: manter as eternas posições compradas nos diferentes papéis da carteira, exceto no Banif onde estou neutro; na componente oscilatória reparei que esta correção que hoje se sentiu mais no setor bancário aproximou o programa da possibilidade de a curto prazo poderem ser disparados mais alguns sinais de compras nesta modalidade. Pois se tal acontecer cá estaremos prontos a dar ao “gatilho”, ou como quem diz, a introduzir as respetivas ordens.

Como não tinha nada a reportar ao pessoal, porque tudo continua igual, entretive-me em seguida a atualizar a leitura de outros tópicos imperdíveis do Caldeirão.

Pois claro, deixa cá ver o que vomitou hoje aqui no “PARA TUDO” este impagável do repórter de guerra em que se transformou o Mech, vá lá hoje não falou daquele famoso almoço no Tromba Rija e das figuras tristes que lá fizemos.

Siga, a curiosidade das estratégias e do seguimento de carteiras de outros colegas destas lides: o Zeca continua em grande, tá um mestre nas mudanças de direção; olha-me este “caramelo” do Sniper, como é que ele que não fazia mal a uma mosca e com esta figura de urso de peluche avermelhado só com umas obrigações com maturidades esquisitas bate o meu método? “Cem, disse cá para comigo, cala-te mas é e aprende coisas novas, afinal andamos aqui a espiolhar essencialmente para melhorar o que nós próprios fazemos, não é? Pois, prometo olhar com atenção para este assunto das obrigações, afinal isto é assunto que tá mesmo a bombar.”

Este outro sim, dá-me cabo da cabeça, para já é muita areia este método novo com volumes e “value zones” de negociar o S&P em “intra day” do Arnie, que me anda a espicaçar a curiosidade, será que ele está a ganhar uma pipa de massa? Ele não revela essas coisas mas cá para mim qualquer dia aparece aí com um Ferrari novinho em folha. A propósito de bombas automóveis, por onde andará a estas horas o César Borja e o seu Porsche, bons e saudosos tempos de outro “site” concorrente e de alguns almoços que fizemos nos restaurantes da praia do Guincho.

E dos outros meus amigos, pois, não posso falar em todos mas tenho de referir alguns, a começar pelo Bogos e daquelas viragens de swing doidas contra a tendência, ganda maluco! Um tipo super fixe e muito humilde, do melhor que há; eh pá, Bogos, dá-lhe com força que eu torço a sério para que tudo de bom te aconteça, o que vale é que aquele método tem mesmo muito potencial na vertente oscilatória vista de forma isolada, podia ser melhor se desse mais peso à trend, mas pronto, ele lá ganhou aquela teimosia de não ligar muito à tendência, mas ok, agora estou mais descansado porque ele já me prometeu que vai lá pôr qualquer coisa para 2015, cá estamos para ver!

Agora temos de ver também com atenção o Pitchfork do Alquimista, este malandro que apareceu pelo fórum sabe mais do que aquilo que diz, de certeza que nos conhecemos do passado mas mais do que o canal espero que comece também a dar as suas dicas da “minha bola de cristal diz que …”, como prometeu com o outro nick. Dale duro, compañero!

Olha, temos nova “bond girl” no Caldeirão. As cartas à CIA desta Maria João, que é nova por estas bandas, ainda vão desembocar no James Bond. E já agora, por falar nas raparigas do Caldeirão, onde andam as minhas velhas amigas da Patarocas, já não anda de vassoura em punho a pôr os homens em sentido, e da Reason, essa brasa que qualquer sogra gostaria de ter como nora? Mech, não me enganas, pá! Ver novas mensagens delas neste “site” é como encontrar agulhas num palheiro. Siga!

Bem, deixa-me cá espiolhar umas coisas mais naïfs, pois exato, as intervenções no tópico do comatoso do Banif que me fazem sempre questionar os motivos psicológicos e mais profundos de atração pelos quais as ações super baixas se revelam sempre tão chamativas para quem cá anda há pouco tempo, “Banif só vendo a 0,03 ou 0,04 no mês que vem, só podem subir; e não podem descer? Não, já estão tão baratas que aquilo não pode descer mais. Fogo à peça, pois então!”, onde e quantas vezes já vimos esta mesma história no passado com outros nomes? Quem sabe, se calhar um dia também lá vou molhar a sopa, o melhor é não falar antes de tempo!

Inclusive até fui espreitar se o almoço do Caldeirão poderia ou não coincidir com uma data de ida esporádica a Portugal, saudades do pessoal e de todo o grupo do fórum, estou a ficar demasiado remeloso.

Até que cheguei a uma mensagem do Ulisses onde ele diz que volta a vestir o fato de micha se o PSI-20 vier abaixo dos 6300 / 6400 pontos. Estava eu a pensar cá para comigo “Caramba, eu aqui sem ideias sobre o que escrever, e afinal está aqui uma coisa gira para falar no tópico, porque não pôr o “Emocional” a vomitar os números a que fecharia o nosso índice as posições compradas e compará-los com os do Ulisses? Se calhar era um assunto giro.”

Estava eu embrenhado nestes pensamentos sobre o PSI à beira da piscina quando acaba de chegar aqui e sentar-se, olha quem, mesmo no guarda-sol ao meu lado, uma das minhas vizinhas solteiras, ou divorciadas porque esses detalhes a gente também não pergunta, do prédio. Uma daquelas boazonas sobre quem é difícil não estar sempre a deitar o olho!

Se as venezuelanas são conhecidas por alguma coisa é pela forma como chamam a atenção dos homens, e se chamam! Arranjam-se como ninguém para as noites e obviamente não passam despercebidas.

Esta por acaso até é muito simpática, e não só (!), e já não é a primeira nem a segunda vez que mete conversa comigo. Trazia um biquíni daqueles super reduzidos, é o normal por aqui, e tenho a certeza, esta é daquelas que não enganam ninguém quanto aos implantes da parte superior do corpo que faz gala em deixar bem à vista!

Vaya, como consigo resistir? Logo na altura em que estava a ler a crónica do Ulisses sobre a continuação do “bull market”?! Bem, lá tive de esquecer o “bull” por uns minutos porque a miúda foi-se logo plantar meia deitada na cadeira de espreguiçar num ângulo frente ao sentido para onde eu estava virado!

Amigo Ulisses, sorry, não pude ligar mais à tua crónica do JN porque outros valores mais altos se levantaram!

Estas chicas quando ainda por cima sentem que do outro lado está alguém que é estrangeiro fazem umas deduções rápidas, mais depressa que as loiras, e cheira-lhes logo a cifrões e a outro tipo de histórias que não vou aqui revelar. Há que ter cuidado para não escorregar, refiro-me à esparrela que elas armam e não ao chão da piscina.

Bem, como podem ver abaixo lá tive de ser simpático e dar mais uma nega, custa mas tem de ser. Realmente gosto muito de preservar a minha relação de confiança absoluta familiar, longínqua que seja, mas que ainda assim é um desafio engraçado que tenho um prazer enorme em manter e que nos faz sentir bem connosco próprios, para evitar a todo o custo aventuras que podem acabar mal!

“Qué tal, estás bueno, te gusta Venezuela y las venezolanas?”
“Sí, como non, Venezuela un país maravilloso, lástima la inseguridad, y las mujeres, cautivan cualquier uno, non? Bellísimas ustedes, las chicas más guapas están aquí, verdad?”
“Bueno, sí, aquí tenemos muchas ganas conocer otras culturas, otros costumbres, tienes tu número de celular para charlar un poco?”
“Non, desafortunadamente mi móvil está estropeado, a arreglar en una tienda en el centro comercial, lo siento que no me recuerdo su número.”
“Tranquilo, te gusta un trago? Tengo un whisky en mi apartamento, lo he comprado por una amiga que ha venido de Aruba esta semana.”
“Amiga vecina, imposible hoy, un programa chévere pero mi mujer está acá, un día nos vemos otra vez. Tchau, encantado verte, cuidate.”
“Tchau, hasta luego, nos vemos.”

Enfim, um totó este Cem, pensarão muitos!


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Caracas, meia-noite:


Que seca, então hoje não vou dizer nada outra vez no meu “tópico” do “Emocional”? Parece que não, se não há mudanças nas posições das ações da carteira para quê estar a chatear o pessoal com um texto como este só para encher chouriços?

Pois tomem lá com esta longa exposição que não adianta muito em relação à carteira do “Emocional” mas que a mim me deu muito gozo escrever.

Ah, mas então no PSI-20, para responder ou confirmar a dúvida que me levantaram os 6300 / 6400 do Ulisses, o que diz o “Emocional” sobre o final do “bull”? E na carteira, hoje ganhei ou perdi dinheiro?

Pois eu quero lá saber, no sábado se tiver pachorra logo verei depois do que se passar na última sessão da semana, agora quero é dormir e descansar de mais um dia cheio de stress desta vida intensa de uma cidade sitiada em estado de guerra permanente, mañana es otro día!

Ao fundo ainda ouvia o eco de tiros pela janela entreaberta do quarto, comecei a sonhar e um anjo das tentações pareceu-me segredar ao ouvido: “Cem, Cem, és mesmo um ganda totó!...”

Paciência!