
Caro João Contente,
o que apresenta é uma questão de perspectiva porque o que referiu para a meteorologia e para as sondagens pode ser aplicado de igual forma na Análise Técnica, no entanto não extendeu o raciocínio à Análise Técnica.
Por exemplo: existem estudos e livros que apresentam a taxa de acerto histórica de determinadas figuras e padrões (e existem casos com taxas de acerto na ordem dos 80%!). Claro que, e como referi no post anterior, a Análise Técnica (com letra maiúscula) segue critérios: existem definições, conceitos e critérios de avaliação, que claro está se forem violados colocam em risco os resultados da Análise Técnica.
Desenvolvendo um pouco mais, um exemplo muito debatido: uma LT - Linha de Tendência (vista aos olhos da Análise Técnica) segue determinados regras e critérios que são diariamente violadas pelas mais diversas mentes bem intencionadas que se debruçam sobre as análises técnicas - como qualquer sondagem ou previsão meteorológica, pode ser mal realizada.... e até acertar, como no caso da tal rádio... lol.
Mesmo dentro da Análise Técnica existem muitos ramos distintos mas a grande parte, antes de chegarem ao público em geral, foram intensamente estudadas e avaliadas, não é astrologia!...
O facto de existirem diariamente muitas análises diferentes deriva de vários factores:
- Abordagens: a análise técnica divide-se em diversas abordagens desde as mais simplistas às mais complexas (como as Ondas de Elliot, por exemplo). Dentro de cada abordagem ainda existem diversas perspectivas de investimento (desde o curtíssimo-prazo ao muito longo-prazo).
- Subjectividade: os gráficos têm uma grande componente subjectiva, no aspecto de a que é que se dá mais importância; neste ponto a «sensibilidade» do analista para detectar o que é importante em determinado momento pode dar uma grande ajuda (nem todos têm queda para a cozinha nem para a carpintaria, portanto não pode pedir que todos tenham a mesma queda para a análise técnica...).
- Validade: como atrás referi a Análise Técnica deve ser respeitada enquanto tal. Não podemos pôr em causa a Análise Técnica devido a resultados menos bons de análises que não respeitam os critérios da Análise Técnica. Isso seria o mesmo que dizer que as previsões meteorológicas não funcionam porque o meteoroligista que ouvimos todos os dias usa o método de moeda ao ar e os resultados são medíocres.
Em relação a uma sua passagem que me parece de real importância, pois permite vários desenvolvimentos:
<i>« É que por vezes vejo o curso das acções ignorarem completamente esses gráficos mas depois lá vem alguém sempre dizer que afinal era isso mesmo, afinal a resistência estava era mais acima, etc etc.
Conclusão: não me parece uma ciencia porque não consigo dizer que falhou.»</i>
Mas é claro que falhou!...
Por um lado existe uma tendência para visualizarmos no gráfico aquilo que entendemos (por vezes inconscientemente). Por essa razão, para mim a objectividade é um requisito essencial do analista (este tem de ser imparcial e objectivo, não pode olhar para o gráfico com ideias pré-concebidas).
Por outro lado, temos o «síndroma do dia seguinte»: eu costumo dizer que qnd vejo as linhas a serem alteradas diariamente para se ajustarem aos acontecimentos estamos perante uma análise 100% certa e 0% útil. É uma análise à posteriori e por essa razão não tem qualquer utilidade. A linha que conta é a da véspera, se estava mal traçada não é pelo dia de hoje que vai passar a estar correcta. Se seguirmos por essa via, amanha estamos de novo a ajustar a recta aos novos acontecimentos (isto acontece muito, por exemplo, quando a validade da recta depende do último ponto que temos disponível, o que é um erro crasso mas repetido inúmeras vezes diariamente).
Portanto, é sempre possível visualizar no gráfico uma «análise lindinha» que bate certo com todas as linhas, pontos no gráfico não faltam... basta ter imaginação. Mas a partir daí não podemos inferir da validade dessa análise. Por vezes não existe canal nenhum, mas «há que d'el rei que tenho de meter aqui um canal», de outras o gráfico não apresenta nenhum padrão válido «mas aquilo parece mesmo um H&S, vamos ver se resulta...», etc, etc...
Se tentamos projectar algo no gráfico corremos o sério risco de falharmos... Eu tento sempre que seja o gráfico a dizer-me o que lá está...
Por fim e não menos importante:
1. A Análise Técnica não tem de explicar tudo o que acontece no mercado;
2. A Análise Técnica não tem de acertar sempre para ser válida ou útil.
Pelo facto falhar não permite concluir que a análise técnica não tem utilidade ou não é válida. E tão pouco a Análise Técnica tem de ser aplicável a tudo o que acontece no mercado para ser válida. Por vezes, pelo facto de querermos ajustar os acontecimentos à Análise Técnica é que acabamos por realizar análises altamente falíveis e sem sentido. Por vezes, olho para um gráfico e vejo pouca coisa relevante do ponto de vista técnico... e qnt tal outro investidor tem no mesmo gráfico mil e uma rectas que justificam mil e um movimentos e mil e um acontecimentos na evolução da cotação... Faz-me lembrar aqueles jornalistas que encontram sempre uma justificação para os acontecimentos, de tudo fazem notícia... Pois, o erro é do mesmo calibre se se tentar fazer de tudo Análise Técnica...
Peço desculpa se fui demasiado extenso mas sinto que ficou ainda muito para dizer. E o mérito é do João Contente, pois colocou aqui posts que permitem grandes desenvolvimentos...
o que apresenta é uma questão de perspectiva porque o que referiu para a meteorologia e para as sondagens pode ser aplicado de igual forma na Análise Técnica, no entanto não extendeu o raciocínio à Análise Técnica.
Por exemplo: existem estudos e livros que apresentam a taxa de acerto histórica de determinadas figuras e padrões (e existem casos com taxas de acerto na ordem dos 80%!). Claro que, e como referi no post anterior, a Análise Técnica (com letra maiúscula) segue critérios: existem definições, conceitos e critérios de avaliação, que claro está se forem violados colocam em risco os resultados da Análise Técnica.
Desenvolvendo um pouco mais, um exemplo muito debatido: uma LT - Linha de Tendência (vista aos olhos da Análise Técnica) segue determinados regras e critérios que são diariamente violadas pelas mais diversas mentes bem intencionadas que se debruçam sobre as análises técnicas - como qualquer sondagem ou previsão meteorológica, pode ser mal realizada.... e até acertar, como no caso da tal rádio... lol.
Mesmo dentro da Análise Técnica existem muitos ramos distintos mas a grande parte, antes de chegarem ao público em geral, foram intensamente estudadas e avaliadas, não é astrologia!...
O facto de existirem diariamente muitas análises diferentes deriva de vários factores:
- Abordagens: a análise técnica divide-se em diversas abordagens desde as mais simplistas às mais complexas (como as Ondas de Elliot, por exemplo). Dentro de cada abordagem ainda existem diversas perspectivas de investimento (desde o curtíssimo-prazo ao muito longo-prazo).
- Subjectividade: os gráficos têm uma grande componente subjectiva, no aspecto de a que é que se dá mais importância; neste ponto a «sensibilidade» do analista para detectar o que é importante em determinado momento pode dar uma grande ajuda (nem todos têm queda para a cozinha nem para a carpintaria, portanto não pode pedir que todos tenham a mesma queda para a análise técnica...).
- Validade: como atrás referi a Análise Técnica deve ser respeitada enquanto tal. Não podemos pôr em causa a Análise Técnica devido a resultados menos bons de análises que não respeitam os critérios da Análise Técnica. Isso seria o mesmo que dizer que as previsões meteorológicas não funcionam porque o meteoroligista que ouvimos todos os dias usa o método de moeda ao ar e os resultados são medíocres.
Em relação a uma sua passagem que me parece de real importância, pois permite vários desenvolvimentos:
<i>« É que por vezes vejo o curso das acções ignorarem completamente esses gráficos mas depois lá vem alguém sempre dizer que afinal era isso mesmo, afinal a resistência estava era mais acima, etc etc.
Conclusão: não me parece uma ciencia porque não consigo dizer que falhou.»</i>
Mas é claro que falhou!...
Por um lado existe uma tendência para visualizarmos no gráfico aquilo que entendemos (por vezes inconscientemente). Por essa razão, para mim a objectividade é um requisito essencial do analista (este tem de ser imparcial e objectivo, não pode olhar para o gráfico com ideias pré-concebidas).
Por outro lado, temos o «síndroma do dia seguinte»: eu costumo dizer que qnd vejo as linhas a serem alteradas diariamente para se ajustarem aos acontecimentos estamos perante uma análise 100% certa e 0% útil. É uma análise à posteriori e por essa razão não tem qualquer utilidade. A linha que conta é a da véspera, se estava mal traçada não é pelo dia de hoje que vai passar a estar correcta. Se seguirmos por essa via, amanha estamos de novo a ajustar a recta aos novos acontecimentos (isto acontece muito, por exemplo, quando a validade da recta depende do último ponto que temos disponível, o que é um erro crasso mas repetido inúmeras vezes diariamente).
Portanto, é sempre possível visualizar no gráfico uma «análise lindinha» que bate certo com todas as linhas, pontos no gráfico não faltam... basta ter imaginação. Mas a partir daí não podemos inferir da validade dessa análise. Por vezes não existe canal nenhum, mas «há que d'el rei que tenho de meter aqui um canal», de outras o gráfico não apresenta nenhum padrão válido «mas aquilo parece mesmo um H&S, vamos ver se resulta...», etc, etc...
Se tentamos projectar algo no gráfico corremos o sério risco de falharmos... Eu tento sempre que seja o gráfico a dizer-me o que lá está...

Por fim e não menos importante:
1. A Análise Técnica não tem de explicar tudo o que acontece no mercado;
2. A Análise Técnica não tem de acertar sempre para ser válida ou útil.
Pelo facto falhar não permite concluir que a análise técnica não tem utilidade ou não é válida. E tão pouco a Análise Técnica tem de ser aplicável a tudo o que acontece no mercado para ser válida. Por vezes, pelo facto de querermos ajustar os acontecimentos à Análise Técnica é que acabamos por realizar análises altamente falíveis e sem sentido. Por vezes, olho para um gráfico e vejo pouca coisa relevante do ponto de vista técnico... e qnt tal outro investidor tem no mesmo gráfico mil e uma rectas que justificam mil e um movimentos e mil e um acontecimentos na evolução da cotação... Faz-me lembrar aqueles jornalistas que encontram sempre uma justificação para os acontecimentos, de tudo fazem notícia... Pois, o erro é do mesmo calibre se se tentar fazer de tudo Análise Técnica...
Peço desculpa se fui demasiado extenso mas sinto que ficou ainda muito para dizer. E o mérito é do João Contente, pois colocou aqui posts que permitem grandes desenvolvimentos...