Heróis da Guerra em Gaza: Casos de Coragem Individual
Heroísmo Palestiniano
1. Dr. Hussam Abu Safiya
(Novembro–Dezembro de 2023)
Pediatra e diretor do Hospital Kamal Adwan, no norte da Faixa de Gaza.
Durante o cerco israelita ao hospital, o Dr. Abu Safiya recusou abandonar os pacientes — entre eles dezenas de recém-nascidos em incubadoras, feridos graves e grávidas em trabalho de parto. Continuou a trabalhar sem anestesia, com luz de telemóvel, escassez extrema de medicamentos e falta total de eletricidade.
Apesar de ferido por estilhaços, permaneceu em funções. Foi visto a caminhar calmamente entre tanques israelitas e escombros, com bata branca e um megafone, pedindo proteção para as equipas médicas.
No final de dezembro, quando as tropas israelitas invadiram o hospital, ele foi detido pelas Forças de Defesa de Israel (IDF) e levado para interrogatório. A sua imagem tornou-se um símbolo de coragem médica sob fogo.
Fonte: Al Jazeera, The Guardian, New Arab, MSF, vídeos verificados no local.
2. Dr. Ghassan Abu Sittah
(Outubro–Dezembro de 2023)
Cirurgião plástico e reconstrutivo palestiniano-britânico.
Voluntariou-se para entrar em Gaza através do Egito logo após o início da ofensiva aérea e terrestre. Trabalhou principalmente no Hospital Al-Shifa, realizando entre 30 e 40 cirurgias por dia em condições extremas. Tratava feridos por estilhaços, amputações e queimaduras, muitas vezes sem analgésicos adequados nem luz elétrica.
Permaneceu no hospital mesmo após bombardeamentos nas redondezas. Teve de abandonar Gaza quando o cerco tornou impossível continuar. Posteriormente foi impedido de voltar pelas autoridades israelitas. Tornou-se uma das vozes médicas mais ouvidas internacionalmente sobre o impacto da guerra nos civis.
Fonte: BBC, Al Jazeera, The Guardian, Channel 4 News, The New York Times.
Heroísmo Israelita
1. Rachel Edri (65 anos)
(7 de Outubro de 2023)
Residente na cidade de Ofakim, sul de Israel.
Durante o ataque do Hamas, dois militantes armados invadiram a sua casa e fizeram reféns Rachel e o marido, David. Rachel manteve a calma e começou a servir chá, bolachas e a conversar com os atacantes. Fez piadas, tentou acalmá-los e prolongou a interação durante mais de 15 horas, enquanto o marido conseguia comunicar discretamente com as forças especiais.
Quando os agentes entraram, os militantes foram neutralizados sem que Rachel ou o marido fossem feridos. A sua astúcia e sangue-frio tornaram-na um símbolo nacional de coragem civil.
Fonte: Associated Press, Ynet News, Times of Israel, entrevistas televisivas.
2. Amit Mann (22 anos)
(7 de Outubro de 2023)
Enfermeira e socorrista do Magen David Adom (MDA).
Trabalhava no kibutz Be’eri quando o local foi invadido por dezenas de combatentes do Hamas. Em vez de fugir, permaneceu no seu posto, tratando os feridos e protegendo os residentes. Montou um ponto improvisado de socorro e acolheu crianças escondidas.
Foi morta enquanto tentava resgatar uma família sob fogo cruzado. O seu corpo foi encontrado com luvas postas e equipamento médico. Foi homenageada postumamente como heroína nacional e internacional pela entrega à missão de salvar vidas.
Fonte: Magen David Adom, Haaretz, Times of Israel, Jerusalem Post.
Combatentes Palestinianos vistos como heróis (do lado de Gaza)
1. Abu Anas al-Ghandour
(morto em julho de 2024)
Comandante da Brigada de Gaza do Hamas.
Considerado um dos principais estrategas militares do Hamas, foi responsável por operações de defesa urbana em Gaza e pela organização da resistência na zona norte. Era natural do bairro de Shuja’iyya, onde liderava pessoalmente ações de combate e logística.
Morreu num ataque aéreo israelita enquanto coordenava o transporte de feridos e munições. O Hamas declarou-o “mártir comandante de honra” e a sua morte gerou protestos e luto em várias cidades palestinianas.
Fonte: Al-Aqsa TV, Al Jazeera, canais Telegram ligados ao Hamas.
2. Combatente desconhecido – Jabaliya
(março de 2024)
Vídeo amplamente partilhado mostra um combatente (sem identificação) que, durante um ataque israelita em Jabaliya, corre entre destroços para retirar três crianças soterradas.
O vídeo mostra o homem a puxar uma menina coberta de pó e sangue e dois rapazes, sob o som de drones de reconhecimento. O gesto foi partilhado como símbolo da ligação entre combatentes e civis.
Embora não oficialmente reconhecido como “herói militar”, o seu gesto é exaltado em redes palestinianas como exemplo de coragem e humanidade em meio ao caos.
Fonte: Al Mayadeen, Telegram, partilhas locais verificadas.
Soldados Heróis de Israel (IDF)
1. Arnon Zmora (36 anos)
Comandante da unidade de elite Yamam – Nuseirat, 8 de junho de 2024
Comandante operacional da unidade antiterrorista Yamam, Zmora liderou a operação que libertou quatro reféns israelitas em Nuseirat, incluindo Noa Argamani. A ação foi realizada em plena luz do dia, sob forte resistência.
Zmora entrou primeiro num dos apartamentos, onde enfrentou militantes armados. Foi baleado durante o resgate, mas conseguiu proteger os reféns até à sua evacuação. Morreu pouco depois devido aos ferimentos.
A operação foi renomeada “Operação Arnon” em sua homenagem. Foi condecorado postumamente com a Medalha de Valor da polícia de Israel.
Fonte: Times of Israel, Haaretz, Ynet, The Guardian.
2. David Yehuda Yitzhak (23 anos)
Sargento da Brigada Givati – Khan Younis, julho de 2024
Durante operações terrestres intensas em Khan Younis, a sua unidade ficou sob fogo cruzado. Um soldado foi atingido e ficou exposto. David saiu da cobertura, rastejou até ao colega e carregou-o às costas por 300 metros sob fogo direto, sendo ele próprio atingido por estilhaços.
O soldado ferido sobreviveu graças ao seu ato. David foi condecorado com a Medalha de Coragem das FDI.
Fonte: IDF Blog Oficial, Jerusalem Post, Channel 12.
Heroísmo de Estrangeiros em Gaza
1. Dr. Mohammed Taher
(2024–2025)
Neurocirurgião iraquiano, voluntário com a ONG Al-Ayn Foundation.
Trabalhou em hospitais no sul de Gaza, realizando mais de 290 cirurgias em três meses. Um dos casos mais emblemáticos foi o reimplante de um braço amputado de uma menina de 9 anos, feito sem luz elétrica, anestesia adequada ou instrumentos modernos.
Tratou mais de 1.100 pacientes num ambiente de devastação total. Mesmo após bombardeamentos nas redondezas, recusou evacuação. Foi chamado de “anjo de Gaza” por familiares de pacientes e colegas médicos.
Fonte: Al-Ayn Foundation, relatos em vídeo, The New Arab, Reddit verificado.
2. Dr. Thienminh Dinh
(Julho de 2025)
Médico vietnamita-americano, voluntário com a ONG Medical Relief for Gaza.
Trabalhou no Hospital Al-Aqsa, onde tratava diariamente crianças com ferimentos devastadores, malnutrição severa e traumas de guerra. Escreveu um diário clínico, publicado no The Guardian, onde partilhou a experiência de operar entre bombardeamentos e sem descanso.
Relatou a coragem “silenciosa e persistente” dos médicos locais, e a angústia de ter de escolher quem podia ser salvo. O seu testemunho mobilizou solidariedade internacional e foi descrito como uma das denúncias humanitárias mais poderosas da guerra.
Fonte: The Guardian (18 de julho de 2025), Medical Relief for Gaza.