Daniel, tópico muito oportuno, vi/li tudo agora e o video está
Muito interessante! Os outros 7 participantes foram também muito assertivos e trouxeram dados relevantes (Djovarius, pessoalmente, sobre a quantificação trillions para $ é para mim a correta, como só é correto falar para essa quantia como Billions quando se trata de €. Não interessa o continente onde se vive/trabalha, o que releva é de que moeda se trata).
Inflação (4,2%) a níveis recorde de 13 anos (a tocar no nível do malfadado ano de 2008). Preço das commodities a disparar, cobre nos 36%, alumínio sobe 24%, madeira a subir 123% year to date ou 337% em 12 meses (ver infra), Crude oil só sobe 9%, mas à espera do reforço do conflito no Médio Oriente para disparar.
Apenas acrescento sobre o tópico 3 pontos sobre a deturpação generalizada e inevitável (porque as métricas estão institucionalizadas há 90 anos) do impacto quantitativo e qualitativo da inflação 2021:1 - O que ninguém diz e que é fundamentalmente importante / Contextualizar e desdramatizar os 4,2% de inflação: A)
A inflação e o CPI medem-se YoY (ano sobre ano).
2020. devido à pandémica semi-paralização da atividade económica (quedas dos PIB's Ocidentais entre 3,2 e 14%),
foi um ano "nano inflacionário"/ recessivo em alguns meses. 2021 é garantidamente um ano de macro-expansão "estelar", de crescimento robusto dos PIB's, de pressão, em alta, sobre os custos/fatores de produção. Passou-se de um caveat emptor para um caveat vendor (primado do vendedor quando a procura iguala ou excede a oferta).
Ao comparamos o ano mais recessivo desde 1940 (2020) com o ano mais expansivo desde, pelo menos, 1955 (2021) estamos a ser forçados a empolar um problema. Num alt-universe do pragmatismo, estes 4,2% de inflação deviam ser divididos por 2 anos (2020+2021), o que daria
abaixo da média de 100 anos dos países ocidentais (2,9%).B) O FED ainda não deu grande importância a este aumento acentuado da inflação, porque soube contextualizar, porque
tinha logo referido no início da pandemia que baixava as tx referência para as repôr logo que terminassem os efeitos recessivos da pandemia (portanto o aumento, em 2 fases, de 50 bp's está garantido, devendo a primeira ser já em Junho), porque
sabe que a pressão inflacionista - pela métrica adotada - reduz-se à normalidade logo que se compare 1º trim. 2022 com 1º trim. 2021.2 -
Explicar parte das quedas das NNT+growth stocks USA:A inflação tem um efeito pernicioso na avaliação de todas as empresas Mundiais, mas sobretudo nas growth stocks, pelo método DCF (discounted cash flows). Se descontarmos o cash flow a 5/6 anos de uma empresa ao momento presente projetando um determinado crescimento da receita bruta e do Ebitda, ano ano, mas a seguir descontamos mais e mais, ano a ano, pela inflação projetada, retiramos uma fatia gorda do cash flow operacional e até da margem líquida anual teórica (aumento direto do OPEX e do serviço da dívida). Efeito acrescido para empresas que estarão em fases expansionistas (Growth), com pouca rentabilidade e passivo normalmente em crescendo (tb com exceções do tipo Tesla e Palantir) porque o Capex é "omnipotente".
Consequentemente,
sempre que o input inflação aumenta, diminui o output avaliação da Empresa.3 - Se é verdade que as empresas cíclicas suportam/gerem melhor a inflação (agricultura/transformação alimentar, commodities, seguros, indústria/hardware, Pharma+saúde, serviços terciários), sobre a Banca e setor financeiro existem fatores preversos que são secundarizados mas que anulam o efeito benéfico sobre os spreads »
aliás a Banca valoriza com mais consistência após período de baixa de taxas de juro do que após períodos em que estas sobem (ex: 2009 a 2014 vs 2006 a 2008).Correlações positivas - O crédito mal parado aumenta (com delay de 6/9 meses) proporcionalmente sempre que a taxa de juro aumenta. Segunda correlação positiva - Sobe a inflação, sobe a onça de ouro e sobem as Yields sobre Treasuries e corporate Bonds (desde AA até Junk).
Outra correlação positiva com inflação é que o crédito concedido a particulares e empresas tende a diminuir gradualmente com a subida das taxas de juro (correlações negativas » e a baixar o preço de venda das casas/lojas/empresas » que demoram mais tempo a ser vendidas).
link para outras correlações positivas e negativas: viewtopic.php?f=3&t=84008&p=1189131#p1189131Risco de Head&Shoulders (imperfeito) » padrão de inversão de Bull para Bear market (imperfeito - porque
a cabeça devia corresponder a um higher high e não é esse o caso) no
Nasdaq Compx (por causa das Growth stocks) ver link com a imagem de um H&S:
viewtopic.php?f=3&t=84008&start=200#p1173731