Lição Nº 7.
Trading em suportes e resistências.
O último artigo teve por objectivo identificar zonas de suporte e resistência, mas de que forma isso é relevante para o nosso
trading? Este artigo vai analisar os métodos básicos para incorporar os conceitos de suporte e resistência no nosso modo de negociar. O primeiro e mais óbvio método é o de comprar no suporte e vender na resistência. Para aqueles que não estão familiarizados com o
shortselling (ou a venda a descoberto) é quando se vende acções/contratos que não se possui (o seu broker empresta), e depois irá comprar de volta, mais tarde (também conhecido como
shortcovering), idealmente a um preço mais baixo do que aquele pelo qual se vendeu. Com o
shortselling está a lucrar quando o título desce de preço.
Aqui está um gráfico do GOOG e neste identifiquei as zonas de suporte e resistência mais óbvias que vejo.

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Portanto, o plano aqui é simples: se o preço entrar na zona de resistência entra-se curto (entrar
short). Se o preço entrar na zona de suporte, entra-se longo (compra-se o activo). O que é interessante neste tipo de trading (comprar suporte, vender resistência) é que geralmente oferece um bom
risk reward ratio. Se entrar curto (
shortar) na resistência e o preço fizer um break e romper em alta fecha-se a posição com uma perda pequena ou moderada. Se, em oposição, o preço for “barrado” nessa zona de resistência e voltar para baixo, deveremos obter um bom lucro no
trade. A parte complicada pode ser descobrir exactamente onde colocar o nosso stop de perda (conhecido também por
stoploss) em relação á zona de apoio ou à resistência. É necessário dar margem suficiente ao preço que permita as suas flutuações ou oscilações, não se podendo definir os limites à perda um tick ou um cêntimo acima/abaixo das zonas de resistência/suporte respectivamente, evitando assim disparos do nosso stop à perda (
stoploss) de forma precoce. O preço pode penetrar através das zonas de apoio/resistência, atingir o preço limite definido para perda, e depois retornar novamente na direcção que se pensava, deixando-o para trás para observar. Assim os seus limites de perda devem ter uma folga suficientemente afastada para contabilizar as flutuações normais do mercado e a volatilidade, mas não tão afastados que se transformem numa perda demasiado significativa caso seja atingida. Uma outra coisa que pode fazer é esperar para entrar no
trade até que o preço tenha realmente perfurado um pouco o suporte ou a resistência. Usando o gráfico acima como exemplo, a resistência parece estar um pouco acima de 440, diremos 442. Muitos
traders podem entrar curto (
short) a 442, e estabelecendo um stop de perda (
stoploss) a 444. Digamos que o mercado está extra volátil e que quebra a resistência 442 acabando por atingir 445, provocando o accionamento das ordens de stop posicionadas a esse nível (444), mas depois voltando a descer e acabando por continuar a cair. Se tivesse esperado até que a resistência fosse perfurada um pouco e entrasse no
trade a 444, não teria sido impedido de sair (visto ter colocado a ordem stop mais acima). Outra vantagem deste método é que pode manter uma ordem
stoploss mais apertada porque está a entrar na extremidade mais distante da zona de suporte/resistência. Mas há um inconveniente neste sistema/método, alguns hipotéticos
trades serão perdidos, uma vez que nem todos se comportam idealmente desta forma (como o caso atrás apresentado), em que o preço se desloca até ao extremo da zona de suporte ou resistência. Para
traders muito conservadores e pacientes, que não se importam de perder (deixar passar) alguns
trades, é um bom método, pois acrescenta segurança baixando o risco.
Comprar suporte e vender resistência é a forma mais básica de os utilizar, mas não é a única forma.
Playing breakouts é um outro método de
trading, e o conceito básico desta estratégia é esperar até que a resistência seja quebrada e depois entrar longo (comprar o activo), ou esperar até que o suporte seja quebrado e entrar curto (vender o activo, ou
shortselling). No parágrafo anterior mencionei que uma forma conservadora de negociar (comprar suporte e vender resistência) era esperar que o preço começasse a perfurar a respectiva zona comprando no limite desta; este método "alternativo" (
playing breakouts) é exactamente o oposto do anterior. Num
breakouts queremos ser um comprador quando a resistência é quebrada e um vendedor quando o suporte é quebrado. Então, pergunta e bem o leitor, como é que se faz, uma vez que anteriormente se referiu que devemos comprar no apoio apoio e vender resistência, e aqui se advoga um princípio contrário? Confuso, não é? Não há uma resposta perfeita para isto, uma grande parte do
trading é apenas fazer apostas ou formulações sensatas e pensadas (
educated guesses) e seguirmos com estas, assumindo sempre que podemos estar errados e que caso o nosso “palpite” esteja incorrecto devemos encerrar o
trade a assumir a perda.
Estão aqui alguns aspectos a considerar ao tomar as suas decisões. A primeira coisa que eu olharia é a recente acção do preço. Como é que o preço chegou a esta área de suporte ou resistência? Será que chegou lenta e metodicamente à sua posição actual, ou chegou lá fazendo um movimento brusco e violento? Se uma acção está a testar a resistência logo após já feito uma grande corrida, eu não estaria inicialmente à procura de um
breakout porque sei que haverá muitas pessoas que irão procurar vender depois de terem feito bons lucros em tão curto espaço de tempo. Outra coisa a procurar é a consolidação, que é basicamente quando o preço começa a ser negociado numa faixa estreita durante algum tempo. Se um activo subiu para uma área de resistência (ou desceu para uma área de suporte) e começa a consolidar (lateralizar), isso pode muitas vezes ser um precursor para uma ruptura (
breakout). Pense nisso como se o preço estivesse a descansar e a formar uma base a partir da qual descolar. Uma vez que o preço começa a quebrar e a negociar do outro lado do suporte ou da resistência, normalmente gostamos de observar o volume a aumentar, de certa forma mostra que os outros (o mercado) estão a ver e a negociar o mesmo que nós. Sem volume para confirmar o
breakout, podemos estar a comprar uma armadilha, um falso break,
bulltrap ou
beartrap conforme o caso.
Há uma forma alternativa de negociar uma quebra de suporte ou resistência (ainda no método
playing breakouts), e este método não só é mais conservador como, pela minha experiência, tem maiores probabilidades de sucesso. O método consiste em aguardar que o preço rompa claramente o apoio ou a resistência, depois esperar e assistir a um eventual regresso e reteste à área em que ocorreu o breakout. A resistência antiga será um novo suporte e o suporte antigo será uma nova resistência. Quanto mais tempo uma linha de tendência ou linha horizontal tiver actuado como apoio ou resistência, maior a probabilidade de ser testada. Quando se compra ou se vende (
shorta ) o reteste, a
risk reward ratio é muito elevada (interessante entenda-se). O inconveniente aqui - de forma semelhante ao método descrito atrás de somente entrar após o preço perfurar profundamente a zona suporte/resistência - é que nem sempre os retestes (após
breakouts) ocorrem, pelo que uma vez mais quem optar por entrar somente seguindo este método, perderá alguns trades. Uma alternativa é fazer compras parciais, um lote no breakout outro lote no reteste, por exemplo.
Aqui está um exemplo de um
breakout e depois um teste de apoio.

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Olhando para o gráfico acima, pode ver que em Fevereiro o preço fez um pivot alto (high) e depois desceu. Esse pico anterior vai actuar como resistência, e quando o preço saltou directamente de volta ao intervalo do nível de preços desse pico, a resistência foi também reforçada pelo facto de a média móvel de 200 dias também estar ali. Mencionei num artigo anterior que as médias móveis também podem actuar como suporte e resistência. Considerando que o preço subiu quase directamente de 290 para essa zona de resistência por volta de 380, o meu pensamento inicial seria o de entrar curto (
short) quando o preço o testasse. Se o tivesse feito, teria sido
stopado assim que visse o preço começar a disparar através da resistência, e não só isso, pois também o volume teve um aumento incrível nesse período, o que deveria também funcionar como aviso. Por isso, acabaria a ser
stopado e a fechar o
trade com uma pequena perda. Contudo face ao comportamento anterior, procuro agora entrar longo (comprar) se vir uma oportunidade. Por sorte, o preço acaba por descer e executa um reteste à velha resistência, agora um novo suporte. Lembre-se, não só temos esse suporte horizontal, como também temos a MM200 a funcionar igualmente da mesma forma. Este é o momento perfeito para arriscar e entrar longo, comprando em qualquer lugar naquela zona de suporte geral e definindo um
stoploss algures abaixo desta zona.
Todos os métodos que já revi foram todos em termos de entradas, mas também pode utilizá-los facilmente como estratégias de saída. Se estiver numa posição longa e procurar vender, basta usar as estratégias de venda a descoberto (
shortselling), uma vez que a venda a descoberto não é mais do que vender. Se estiver numa posição curta e procurar fechá-la (cobertura/compra), basta usar as estratégias para entradas longas (comprar), uma vez que cobrir uma posição curta (um
short) é essencialmente fazer uma compra.
Uma vez que já ultrapassámos o conceito por detrás da identificação de tendências e apoio/resistência, é agora possível combinar as duas para, assim o esperamos, obter melhores probabilidades de sucesso. Se a tendência a médio prazo estiver em baixa no período de tempo em que está a negociar e a tendência a curto prazo estiver em alta, pode ser uma boa ideia procurar uma forte resistência no curto prazo (para vender/entrar curto). Do mesmo modo, se a tendência a médio prazo for ascendente, mas a tendência a curto prazo for para baixo, poderá querer identificar algum suporte sólido (para comprar/entrar longo). Se estou à procura de um
breakout (quebra de resistência), quase sempre quero que a tendência a médio prazo seja para cima.
Neste momento, tem mais do que uma base sólida para trabalhar, tem de facto o suficiente para montar um método legítimo de sistematizar as suas operações. Ainda há formas de acrescentar e aperfeiçoar a sua estratégia, mas esta deve ser a sua “carne e batatas” (nota:
meat & potatoes no original)t, tudo o resto será apenas “molho”. Lembre-se apenas de não exagerar no molho, caso contrário, arruinará uma refeição perfeitamente boa…