Em Outubro de 2012 o Público da simbiótica Bárbara Reis deu em parangonas para anunciar uma cacha que o jornalista Cerejo apresentou: um assunto obscuro de verbas europeias, ocorrido dez anos antes. É certo que o mesmo Público e o mesmo Cerejo tinham dado destaque ao assunto da licenciatura na Independente do então PM, José Sócrates. Mas assuntos relacionados com este eram tantos que ficou sempre muito a desejar do Público, nesta matéria.
O caso de 2002, resumia-se a suspeitas de que Passos, enquanto deputado tinha usufruído de vantagens indevidas, mas nem sequer se apurou a eventual dimensão criminal do assunto em causa. Bastou a suspeita de ter recebido por fora e não ter declarado à Segurança Social...Passos, em 2012 era primeiro-ministro e em plena campanha de "cortes" no Estado e na função pública que punha em pé-de-guerra os sindicatos comunistas e o socialismo de fome de poder mais a geringonça que daí viria.
Passos era para abater, quanto antes ao efectivo político e o Público tinha um instrumento precioso: usar um suposto jornalismo de investigação que poucas vezes usaram, para abater a sua credibilidade até aí impoluta. O outro antigo PM, pejado de casos e casinhos já não interessava para nada...
Assim, o caso foi puxado para as primeiras páginas e espiolhado nos blogs que nunca se interessaram pelo outro. E como é que apresentavam o caso? Simples e a esfregar as mãos já à espera do efeito eleitoral: "Enche 6 páginas a investigação do Público sobre a corrupção o cadastro de Passos e Relvas, durante os governos de Durão Barroso e Santana Lopes, nos negócios entre o Estado e a Tecnoforma: Relvas no Governo e Passos na empresa (interpelado Passos Coelho por no currículo não constar que foi administrador da Tecnoforma, disse que se esquecera") era um ver se te avias que isto não dura sempre."
A palerma Ana Gomes, antiga maoista esquentada, denunciou nas Europas o escândalo ocorrido dez anos antes, retomando os artigos do Público, exclusivamente, quando nunca o fez relativamente aos seus colegas de partido, com rabos de palha até Bruxelas. Em 2014 o assunto ficou arrumado e como é que o Público lidou com o assunto? Assim, com umas parangonas que assustavam o Correio da Manhã e preparavam o caminho à Geringonça, evidentemente:
Agora toma-se conhecimento do arquivamento do caso, definitivamente, pelo MºPº, numa assunção clara de impasse investigatório perante a ausência de crime. E que faz o Público onde tudo começou?
O director Dinis, Dinis que alguém assim quis, remeteu para uma página interior e uma colunazinha o assunto requentado e sem interesse algum. A Geringonça já está no poder...https://portadaloja.blogspot.com/2017/0 ... lismo.htmlOntem, quem estava de serviço na redacção deste jornal cada vez mais apasquinado, deve ter matutado na notícia que iria colocar na primeira página. Havia uma, inevitável: o Costa enquanto presidente da Câmara tinha objectivamente autorizado uma recepção junto aos mortos excelentíssimos no Panteão, em 2013. Como tinha dito que tal era coisa indigna, a notícia era de manual porque era o homem a morder o cão.Mas...o Público não quer chatices como poder do Costa e não faz ondas porque o Dinis ou quem o substitui precisa de emprego futuro e nunca se sabe.
Logo, Tecnoforma! Bingo! Um artiguelho de António Cerejo que é confrangedor pela pobreza noticiosa e pelo vazio do assunto de fundo. Sobre o Costa e o Panteão? Nem uma linha...Vejamos então o assunto Tecnoforma que em escutas do Marquês já deu para entender que era caso político, acima de tudo. Logo, o Público está na corrida neste jornalismo de causa já ganha, mas nunca se sabe o que virá e o melhor é continuar a malhar no Passos mesmo que o motivo seja inócuo, irrelevante ou até despiciendo, como este já é desde há muito tempo.
A notícia de fundo assenta numa novidade antiga: o Ministério Público investigou a denúncia que uma Ana Gomes mandou seguir desde Bruxelas, contra o famigerado Passos da troika e da austeridade e encontrou nada que lhe pudesse apontar em modo criminal. Zero. Nada. Quanto ao seu ministro plenipotenciário, da altura, Relvas de apelido e a quem cassaram o título de licenciado ao contrário do que fizeram ao outro que anda por aí a viver à custa de alguém, o que nunca incomodou particularmente o Público, o MºPº arquivou igualmente o procedimento criminal porque nada encontrou de penalmente censurável. O Público em vez de esclarecer o leitor devidamente sobre isto tergiversa e titula: "eventual abuso de poder de Relvas prescreveu". O "eventual" nunca passou disso e quando o MºPº arquiva fá-lo porque não recolheu elementos suficientes para acusar seja quem for. Mesmo assim, adiantou que ainda que tivesse recolhido, o assunto estava prescrito. Isto é muito diferente do que o Público escreveu, mas é este jornalismo que temos.
Ou seja, o Ministério Público investigou para além do que o OLAF poderia ter feito e chegou a conclusão diversa, assentando na ausência de indícios da prática de crime. Ponto final, porque nem houve reabertura de inquérito ( o Público poderia ter-se constituído assistente e assim o requerer...) nem novas provas suplementares. Não são estas que agora o Público vem requentar que terão esse efeito, aliás.
Tudo isto se torna claro, menos para o Público e o seu vergonhoso director que anda nestas poucas-vergonhas há anos e não tem emenda. Se calhar acha que isto é que é jornalismo de investigação: aquele que tem sempre os destinatários certos em mira, pejados de argueiros e desvaloriza as traves que vê todos os dias noutros destinatários que não lhe interessa nada investigar. Por exemplo, António Costa, sobre o apartamento da Av. da Liberdade. https://portadaloja.blogspot.com/2017/1 ... ntada.html