Obrigado pelas palavras simpáticas
O caso do Mugabe, dólar do Zimbabwe, é algo que não pode ser visto dessa maneira.
Era um caso típico de hiperinflação / monetização do défice, como visto em tantos pontos de África e antes na América Latina, tanto em países pobres como ricos.
Então, nesse caso, mais do que emissão de moeda, há uma forma abusiva, pois não pensaram na inflação.
Já o Japão, fazendo algo semelhante (embora esterilizado), não consegue combater a deflação.
Mesmo assim, a alternativa nesses países como o Zimbabwe, é uma moeda forte de referência, emitida por Estados credíveis, como o USD e o EUR.
Não é por acaso que havia um Franco CFA (linkado ao antigo franco francês), não é por acaso que o escudo de Cabo Verde está indexado ao EUR (antes ao PTE).
As cripto, até pela volatilidade que transmitem, não são na verdade moedas ou divisas, são um instrumento especulativo. Mesmo que as coisas fossem diferentes, seriam um investimento, eu diria um ouro digital.
E repito: os Estados não abdicarão da emissão de moeda, do seu meio nacional de pagamentos, porque isso faz parte da política monetária, das políticas do custo do próprio dinheiro e, até, da política fiscal.
Quanto à aceitação do dinheiro emitido: não creio que os servidores públicos, as autoridades, os pensionistas, enfim, os que estão na folha salarial do Estado vão a fugir trocar os seus Euros (no nosso caso) por criptomoedas que tanto sobem hoje 40% como descem 30% amanhã.
Não existem casos de sucesso de "dual currency" por muito tempo, nem sequer se fazem necessários.
Por isso, é que um cripto Yuan chinês, nada mais será que o atual Yuan, embora "digitalizado". O resto são investimentos, mais ou menos especulativos, mas que podem colocar em causa a estabilidade de vários sistemas financeiros.
O meu ceticismo, já o disse, vem daí. Aliás, mesmo como meio de pagamento em massa, não vejo grandes vantagens, sabendo-se que o número de transações por X tempo é limitado, nada que qualquer Visa ou Master não possam ultrapassar.
Até o perigo dos pagamentos online já está a ser resolvido, como fizemos no turismo, quase tudo são números virtuais de cartão, não o próprio número real.
As altas loucas e as correções, também loucas, levaram-me a apelidar isto de "casino global". A culpa não é minha, são as circunstâncias...
Abraço
dj