Pata-Hari Escreveu:Soma e segue, se a esperança de vida nos últimos 40 anos disparou e a idade de reforma não acompanhou, como queres que matematicamente seja possível tornar o sistema sustentável?
Boa noite Pata
A idade da reforma acompanhou o ritmo da esperança de vida e de que maneira. Já levo 43 anos de descontos para a SS e ainda me faltam trabalhar mais 6 para me poder reformar, ou seja, sei bem do que falo, na melhor das hipóteses vou reformar-me com 49 anos de descontos, uma vida, quando existe no mercado de trabalho, tantos jovens que querem trabalhar e não conseguem arranjar um emprego. Um absurdo, quando se sabe que existem classes profissionais que se reformam aos 55 anos de idade, para não falar de muito boa gente que com apenas 36 anos de idade já se encontram aposentados e com chorudas reformas.
Como é que matemáticamente seria possível tornar o sistema sustentável ?
Pata, dou-te algumas dicas para refletires:
- Impor um teto limite do valor da aposentação para quem a venha a solicitar.
- Reduzir reformas astronómicas que presentemente estão a ser pagas para um valor limite, e redistribuir o diferencial por pessoas que recebem reformas de miséria depois de uma vida de trabalho.
- Redifinir o conceito de descontos para a Segurança Social (SS) que vigora há decadas. No contexto atual, faz algum sentido as entidades patronais estarem a descontar cerca de 23,75% sobre o vencimento de cada trabalhador ?
- O conceito de descontos para a SS, assenta na massa salarial do trabalhador, quando este deveria incidir sim, sobre o volume de faturação da entidade patronal.
- O conceito em vigor de descontos pagos à SS por parte da entidade patronal, é completamente descabido no contexto atual em que vivemos. É um convite à não contratação de novos trabalhadores, sendo fortemente penalizador para as empresas que mais mão de obra emprega. (as fábricas por exemplo).
- Para manter o sistema sustentável, a contribuição por parte das entidades patroniais, deveria assentar numa determinada % sobre o valor da sua faturação mensal.
- Dou um exemplo conhecido, a Brisa que tinha milhares de portageiros, foram despedidos ou afastados por terem sido implementadas as conhecidas máquinas de cobrança criadas para o efeito, ou seja, o posto de trabalho foi extinto, mas a empresa continua a faturar e bem. E quais foram as consequências ? Menos receita para o Estado por força da extinção de contribuições, e concumitantemente, o Estado teve acrescimos de encargos, por força de reformas antecipadas que ocorreram ou pagamento de subsidios de desemprego. A Brisa ou outras empresas do género que estão sistemáticamente a substituir a mão de obra por máquinas e sistemas computadorizados/tecnologias mais evoluidas, tinham que descontar uma % para a SS sobre o valor da sua faturação, contrariamente à redução resultante da drástica redução do número dos seus colaboradores.
- Pata, repara nesta realidade, temos um significativo número de empresas com reduzido número de trabalhadores, que são altamente produtivas por força da inovação e de ganhos de produtividade que conseguiram alcançar, que mensalmente faturam milhões e descontam tostões para a SS, e tens outras (fábricas por ex) que são geradoras de milhares de postos de trabalho e são altamente penalizadas quando contratam novos colaboradores, dado se traduzir em significativos acrescimos de custos, sendo um deles, os descontos para a SS.
Pata, não sei se me fiz entender, o conceito de descontos para a SS está completamente desajustado à realidade atual, há que o alterar quanto antes. Também poderia partilhar outras cenas que ajudariam a manter sustentável a SS, mas fica para uma outra oportunidade.
Cumprimentos