Re: Fisco já está a abordar contribuintes que aderiram ao RE

Pata-Hari Escreveu:Pemides, assumes que as pessoas estão todas em incumprimento, que são todas criminosos. É um principio profundamente errado. Não somos todos criminosos nem somos supostos ser tratados como tal à cabeça e à partida.
Como disse acima, não tendo existido nada de ilegal, será apenas uma questão de responder às questões do fisco e tudo estará bem.
Mas dum ponto de vista de scoring, se eu trabalhasse no fisco e tivesse que assignar recursos para investigações, consideraria os participantes nos RERT como pessoas "high risk", onde os recursos seriam melhor focados, por existir uma probabilidade superior à média de essas pessoas estarem envolvidas em fraudes ou fugas fiscais.
Pata-Hari Escreveu:Com estes dados, o único em falha é o estado que se acha no direito de ignorar e infringir as regras que definiu. Não sei qual a moralidade de controlar alguém se não somos gente de bem e somos os primeiros a quebrar as regras (por nós definidas!). O estado definiu as regras, o estado está a quebrar as suas regras.
O estado quebrar com a sua palavra é o pão nosso de cada dia… podem queixar-se disso os funcionários públicos que viram a sua idade de reforma aumentar bastante, os seus horários aumentarem, salários diminuírem durante o período da troika; todos os profissionais que viram carreiras congeladas, etc etc.
Mas é mesmo isso que está a acontecer aqui? Segundo sei, estes RERT equivalem a um perdão pelas acções que deram origem aos rendimentos repatriados. Mas o que estava a acontecer era que eram, de facto, um salvo conduto para quaisquer acções praticadas pelos participantes em datas inferiores ao RERT. Ou seja, se escondeste mil milhões de rendimentos e depois repatriaste 100 milhões num RERT, se o fisco conseguir apanhar 50 milhões numa acção de investigação, podes sempre dizer "ahh, mas esses 50 milhões são precisamente os que eu repatriei no RERT e estão perdoados".
Segundo sei, o que está em causa aqui é que o fisco está a começar a pedir aos contribuintes que descrevam a origem dos montantes repatriados, para que se depois apanharem outras operações que não foram as descritas, possam tomar as devidas acções sobre os contribuintes. Isto não é quebrar a sua palavra, isto é perfeitamente dentro quer da letra quer do espírito dos RERT - ficarem perdoadas apenas as acções que deram origem aos montantes repatriados. Esta situação visa apenas corrigir uma consequência prática que nunca esteve nem na letra nem no espírito da lei: que o contribuinte tenha a capacidade de remeter para os RERT toda e qualquer infracção pela qual tenha sido apanhado.
Ignorar as regras que definiu e não ser pessoa de bem seria tentar condenar as pessoas pelos crimes cometidos associados aos montantes repatriados no âmbito dos RERT. Isso, obviamente, não seria possível em tribunal, porque qualquer juiz os absolveria tendo em conta a lei existente na altura. Não é isso que está a acontecer. E, da minha parte, espero que continuem a considerar estes contribuintes de "alto risco", e que com a clarificação do que está incluído nos RERT, os possam apanhar por outros crimes eventualmente cometidos. Se é verdade que nem todos os que aderiram aos RERT cometeram crimes fiscais, muitos haverão que sim, e seguramente que os recursos do fisco estarão melhor apontados a essa pool de contribuintes do que a ver se eu por acaso não me enganei e não pus umas despesas de saúde a mais na declaração de IRS...