Re: A Europa em tempos de (colera)-covid

Boas,
Já vi que este tópico é mais filosófico....
A Europa passou por muitos casos destes. A diferença é a falta de memória.
A peste bubónica (também veio do oriente, talvez da China, via rota da seda, através dos ratos infetados que sempre vinham com a mercadoria) hoje seria combatida com dois comprimidos, na época dizimou mais de 1/3 da população europeia, ou até mais, dependendo do historiador.
A última grande memória de algo assim é mesmo a gripe "espanhola" (la pneumonica) que na verdade nada tinha de espanhola, existia já nas trincheiras da I Grande Guerra, mas isso não se podia dizer, porque os jornais estavam sujeitos a censura militar até 1918.
Ao falar, hoje, com a minha mãe sobre o assunto, era relembrava que o meu pai, ainda criança, passou por isso, lá em Vila Real de St. António.
Na família dele, foi o único que não apanhou a gripe, numa casa onde todos estavam afetados, de modo a que nem tinham força para sair da cama, muito menos para fazer o almoço. Aparentemente tiveram sorte, sobreviveram.
O meu pai lembrava-se do número impressionante de mortos, muitas vezes nem havia caixões, eram enterrados mesmo só na mortalha, tamanho o volume de vítimas num curto espaço de tempo. Às vezes, nem havia padre disponível para os funerais.
O que causava mais impressão para qualquer criança, dizia o meu pai, era ver passar caixões pequenos, de criança, em números nunca vistos. Ou seja, a pneumónica afetava fortemente os jovens, tal como os adultos. Ainda por cima, estava em forte a tuberculose, pelo que ninguém já sabia bem se a causa da morte era uma ou outra.
Espero que este testemunho histórico deixe as coisas em perspetiva...
Até já
dj
Já vi que este tópico é mais filosófico....
A Europa passou por muitos casos destes. A diferença é a falta de memória.
A peste bubónica (também veio do oriente, talvez da China, via rota da seda, através dos ratos infetados que sempre vinham com a mercadoria) hoje seria combatida com dois comprimidos, na época dizimou mais de 1/3 da população europeia, ou até mais, dependendo do historiador.
A última grande memória de algo assim é mesmo a gripe "espanhola" (la pneumonica) que na verdade nada tinha de espanhola, existia já nas trincheiras da I Grande Guerra, mas isso não se podia dizer, porque os jornais estavam sujeitos a censura militar até 1918.
Ao falar, hoje, com a minha mãe sobre o assunto, era relembrava que o meu pai, ainda criança, passou por isso, lá em Vila Real de St. António.
Na família dele, foi o único que não apanhou a gripe, numa casa onde todos estavam afetados, de modo a que nem tinham força para sair da cama, muito menos para fazer o almoço. Aparentemente tiveram sorte, sobreviveram.
O meu pai lembrava-se do número impressionante de mortos, muitas vezes nem havia caixões, eram enterrados mesmo só na mortalha, tamanho o volume de vítimas num curto espaço de tempo. Às vezes, nem havia padre disponível para os funerais.
O que causava mais impressão para qualquer criança, dizia o meu pai, era ver passar caixões pequenos, de criança, em números nunca vistos. Ou seja, a pneumónica afetava fortemente os jovens, tal como os adultos. Ainda por cima, estava em forte a tuberculose, pelo que ninguém já sabia bem se a causa da morte era uma ou outra.
Espero que este testemunho histórico deixe as coisas em perspetiva...
Até já
dj