Re: CoronaVirus, panico justificado...?
Enviado: 22/11/2020 20:00
Ulisses Pereira Escreveu:BearManBull, qual era a tua sugestão?
As respostas existem, só que não são do interesse do establishment. Pensar dá muito trabalho e trabalhar ainda mais.
“Este confinamento não serve para nada. Uma crise económica é uma crise de saúde”
Não é isso que tem sido feito?
Acho até que as medidas de confinamento, como estão a ser usadas, não servem para nada. Podem dizer que é para achatar a curva, mas na minha opinião, a curva achata-se rastreando, com testes rápidos, toda a população — e conseguindo isolar quem estiver infetado. E sobretudo deixar os outros trabalhar. Precisamos de trabalhar para produzir riqueza. Já vai ser uma crise terrível em termos económicos e será uma crise ainda pior. É que uma crise económica também é uma crise de saúde. Tem um impacto brutal na saúde das populações.
Apelidou as medidas do governo de extremismos. São mesmo?
Para mim o que é extremismo é parar a economia. Parar a sociedade quando há alternativas ao combate à pandemia. Usar máscara, lavar as mãos, garantir distanciamento, levar que as pessoas não se aglomerem em grupos, isso é fundamental para controlarmos a situação. O que me incomoda é que não esteja a ser feito o suficiente para motivar a população a aderir a essas medidas. O que é que está a ser feito? Anúncios nas autoestradas? Umas conferências de imprensa a dizer que isso é importante? Há nichos da população que não acedem a essa informação, áreas problemáticas, relativamente marginalizadas, que não acedem a essa informação. O problema está aí. É preciso ir lá.
O estado falhou e muito, foi incompetente, incapaz, inútil e fechou os olhos a zonas problemáticas e depois paga o justo pelo pecador como sempre sucinto no aforismo estado social. A fiscalização falhou, se as medidas light fossem cumpridas à risca dificilmente estaríamos numa situação caótica que estamos.
Grande admiração pela coragem e ousadia de dizer as verdades, num em que ainda vinga a lei das palas.
Notou-se um relaxamento na postura durante o verão. Acha que também aí houve uma falha de comunicação?
Em março toda a gente sabia que ia haver uma segunda vaga. Toda a gente sabia que ela iria surgir no outono, no tempo frio. Tivemos de março até outubro para reagir e organizar uma resposta hospitalar. Não vi acontecer nada e sei que não aconteceu nada. E isso é grave. É preciso corrigi-lo.
Acredita que não foi feito nada? Em que sentido?
Tenho a certeza absoluta. Não há qualquer gestão integrada de camas hospitalares em cuidados intensivos. Isso foi proposto, era possível fazê-lo, criar um sistema que centralmente controlasse todas as camas dos hospitais públicos, privados e do setor social. Contando, claro, com a adesão voluntária desses setores, e sendo justamente remunerada. Não sou defensor de requisições civis.
Como é que poderia ser feito?
Não é preciso criar hospitais de campanha. É preciso usar hotéis em zonas estratégicas, para poder libertar os hospitais dos casos sociais — doentes que estão bem mas que ocupam camas porque não há onde os por. Andam agora à pressa a fazer um acordo para 200 camas no setor social. Valha-me Deus. Há aqui alguma coisa que não bate certo. Ninguém preparou esta segunda vaga quando se sabia que viria aí e que seria mais grave do que a primeira. Acho que ainda é possível fazer algo, é preciso é querer e pensar fora da caixa.
A OMS è hoje em dia uma entidade politizada que perdeu muito do respeito que a comunidade mèdica tinha pela instituiçao.
A propósito de medicamentos usados para tratar a doença disse, depois de frisar que há medicamentos eficazes que foram rejeitados por organizações como a OMS, que os médicos portugueses “se marimbam” para as recomendações das autoridades de saúde e que ”fazem a medicina como deve ser feita”. Como assim?
Neste momento, a evidência científica mostra que nem o Remdesivir, nem a hidroxicloroquina ou outros que foram testados nos ensaios da OMS, têm efeito na mortalidade de doentes Covid. No entanto, o estado gastou 30 milhões a comprar Remdesivir e nas normas de orientação clínica da DGS, este é um fármaco de primeira linha. E toda a gente sabe que as orientações estão erradas. Não fazem sentido. É preciso alterá-las. Demonstrou-se, contudo que a dexametasona salva vidas — e é por isso que digo que os médicos portugueses são diferentes, porque a usam. Foi provado em ensaios clínicos. Este medicamento foi logo de início contraindicado pela OMS, quando toda a gente sabia (todos os que tratam de doentes críticos) que nas infeções, quando surge esta reação exacerbada, os corticosteróides têm um efeito benéfico. O que digo é que a OMS é responsável pela morte de dezenas de milhares de doentes, porque noutros países com culturas diferentes, os médicos, mesmo que achem que devem dar um medicamento, não o dão porque as autoridades recomendam que não seja dado. E se derem e o doente falecer, vão ter um processo judicial em cima.
Porque é que as organizações não recomendaram o uso, sabendo que havia vantagens?
Porque se metem onde não são chamados. Não havia evidência nenhuma contra a dexometasona. Deixem os médicos trabalhar. Só o fizeram porque no caso deste vírus e no caso destes pacientes, não havia prova. Não porque houvesse qualquer suspeita para dizer que é ineficaz. Ao fazerem essa recomendação para não usar, provocaram mortes.