rtavares Escreveu:Boas,
Um ponto prévio: lamento sempre a morte de qualquer pessoa. Sempre.
Adiante ao que importa:
Não nego capacidade empresarial ao Belmiro de Azevedo, nem recuso que fosse um homem de visão.
Pessoalmente, não sendo daqueles que batem em mortos, também não sou daqueles que deificam os que partiram.
Mau feitio? Ressentimento?
Desculpem-me, não quero magoar os sentimentos mais puros de todos os que aqui já vieram chorar o Engº Belmiro, no entanto, penso que no caso vertente, deixar passar em branco alguns dos erros deste empresário é uma questão de civismo.
É ponto assente que os países civilizados não se constituem sobre 'cafres'. Os países civilizados constituem-se sobre a ação de cidadãos com espírito cívico. Ora os cidadãos com uma noção forte de civismo pagam impostos no seu país.
E fazem-no por patriotismo? Também. E por inteligência.
Pagar impostos dá-nos poder e impede que outros paguem a nossa parte ao coletivo.
Vai daí e não consigo elogiar-lhe o pagamento de impostos no estrangeiro. Acho que foi um dos seus maiores defeitos.
Sei que este defeito não era propriedade exclusiva sua. Aliás, basta ver o conjunto de posts a elogiar esta faceta do cidadão falecido para percebermos que lhe cabia, como 'Grande Homem', tentar influenciar a sociedade num azimute mais consentâneo com um país europeu e menos próximo das noções de cidadania da zululândia.
Mais a mais, como tenho a certeza que se serviu mais vezes de equipamentos e infraestruturas nacionais do que das infraestruturas holandesas, parece-me que foi o empresário agora falecido quem ficou em dívida com o nosso país.
Também não consigo atribuir-lhe os méritos de criação de emprego que lhe são atribuídos. (Não é mau feitio meu nem ressentimento. Repito-o.) Objetivamente as cidades médias deste país têm menos gente a trabalhar no comércio. As grandes superfícies estão por trás desta autêntica hecatombe social. Com o alastrar de continentes e pingos doces, ficaram criadas as condições para o pequeno comércio só poder ser assegurado por cidadãos de países de elevado civismo e de elegante forma de estar em sociedade. Agora, no centro da cidades, ouve-se falar chinês, bengasi, árabe... Enfim! Viva o multiculturalismo, o internacionalismo! E isso tudo.
Por fim a questão da produtividade portuguesa. A pro-du-ti-vi-da-de! Eia, pá! Que grande argumento para se pagar umas merdas às pessoas em paga dos seus sacrifícios e canseiras...
Caros: cabe à gestão organizar o trabalho de forma a que este seja rentável e produtivo.
Se o problema de produtividade fosse do 'tuga', este não seria bem recebido como emigrante em todo o lado. Ou não será isto como eu digo?
Dito isto, deixo claro o meu lamento pela morte de um marido, de um pai e de um avô carinhoso.
Sem mais,
Raposo Tavares
Caro e estimado amigo Raposo...
Quero-me focar essencialmente neste teu trecho que coloco a vermelho. Quanto ao restante da tua opinião não me irei pronunciar, porque ainda bem que há opiniões diversas, diversificadas e para todos os gostos, quer sejam eles pessoais, políticos, religiosos, ou até qui çá de lazer...
Produtividade tuga, quando é recebido como emigrante em todo o lado.
Ora aí está uma questão que nos deve perturbar aqui dentro de portas, na nossa Tugalândia.
Porque é que ele vai lá para fora e é produtivo e cá dentro é aquilo que se vê frequentemente dito, que o tuga não é produtivo!!!
Parece-me a mim que o Tuga tanto é produtivo aqui como na Alemanha, nos EUA, na Sibéria ou na Conchunchina.
O problema não está na capacidade de trabalho do tuga, o problema sempre esteve no modelo politico governativo deste país, que se chama "parasitismo".
E, para que não choque aqui ninguém, nenhum dos governos pós 25 ade Abril se salva desta minha constatação.
Belmiro de Azevedo foi pragmático e matemático.
Se tenho um negócio em que vendo a 10, pago 5 em mão de obra, 3 para restantes custos fixos, fico com 2 de lucro e o Estado Parasitário me quer 2, tenho que espremer no resto para obter os meus 2. Ora não podendo espremer no parasitismo estatal (coisa que não depende do Engenheiro Belmiro), teria que espremer nos restantes 8 que sobram. Mas daqueles 3 a realidade dura da coisa é que são custos de funcionamento (também alguns deles de caracter parasita consumidos por monopólios instalados)
Sobra o pessoal, que de custo de 5 terá que passar a custo de 4. Mas Belmiro não é um Estaline!!!! Só trabalha por 4 que quer. E é esta liberdade de escolha que 99% das pessoas que frequentam este fórum e que pertencem a esta sociedade ficam chocados.
Se ninguém quiser trabalhar por 4 está no seu pleno direito e liberdade. Sou o primeiro a concordar com quem não queira, como sou solidário com aquele que o pretenda fazer.
Mas vamos à vaca fria.....O homem não foi patriota porque colocou a sua sede lá fora e para quê? Para tentar cumprir o desígnio matemático do seu negócio, ou seja, ficar com aqueles 2 pontos (Ou não será também legitimo que ele queira remunerar o seu trabalho de criação de negócio?) Normalmente quem diz que há que perder a vergonha e ir buscar o dinheiro ao investidor é que tem tiques de Estalinismo. Bem, mas lá fora só lhe levam 0,5. E matemática 2>1,5>0,5, logo a decisão é simples. E não se trata de patriotismo, trata-se de lógica simples matemática como já referi. Patriotismo não tem um parasita, porque não está disposto em trabalhar em prol de outrém, mas sim em colar-se aquele que quer desenvolver e fazer crescer.
Então, chega até ser curioso, que daqueles 1,5 que lhe sobraram para pagar o seu investimento, muito dele retornou à economia...não fosse o grande grupo em que se tornou.....
Busílis da questão.......
Deixem os criativos e investidores trabalhar de forma concorrencial. Deixei o mercado de trabalho ajustar-se nas suas diversas vertentes económicas.
O tuga é produtivo. Se tiver inovação associada o produto pode ser vendido a 15, ou mais. Se for vendido a 15 e o empresário for "inteligente" pagará melhor para manter e fazer crescer o seu negócio. O problema neste emaranhado todo de decisões é o parasita, que vindo de fora quer "comer aquilo para o qual não trabalhou".
Metam uma coisa na cabeça.....
O que este país precisa é de liberalismo clássico, de liberdade de escolha, de troca voluntária e de um Estado que deixe de ser parasitário e seja reduzido ao mínimo das suas funções essenciais.
Essa liberdade de escolha é que nos deve guiar na nossa tomada de decisões. O cidadão individual deve ser responsável pelos seus atos e decisões. E é através da troca voluntária que o mundo pode avançar.
Fica a MHO.
Bogos