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Caldeirão da Bolsa

A importância da cotação na vida da empresa?

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Re: A importância da cotação na vida da empresa?

por rollingsnowball » 8/5/2016 11:23

Google: general theory of reflexivity - George Soros:

High quality global journalism requires investment. Please share this article with others using the link below, do not cut & paste the article. See our Ts&Cs and Copyright Policy for more detail. Email ftsales.support@ft.com to buy additional rights. http://www.ft.com/cms/s/2/0ca06172-bfe9 ... z483aKJLSz

I can state the core idea in two relatively simple propositions. One is that in situations that have thinking participants, the participants’ view of the world is always partial and distorted. That is the principle of fallibility. The other is that these distorted views can influence the situation to which they relate because false views lead to inappropriate actions. That is the principle of reflexivity. For instance, treating drug addicts as criminals creates criminal behavior. It misconstrues the problem and interferes with the proper treatment of addicts. As another example, declaring that government is bad tends to make for bad government.


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In the real world, the participants’ thinking finds expression not only in statements but also, of course, in various forms of action and behavior. That makes reflexivity a very broad phenomenon that typically takes the form of feedback loops. The participants’ views influence the course of events, and the course of events influences the participants’ views. The influence is continuous and circular; that is what turns it into a feedback loop.


A reflexividade das cotações tem influência diferente conforme a empresa subjacente:
1) Se a cotação de um banco cai a pique, mesmo que sem razão verdadeira, a ideia de que o banco está mal vai ser publicitada e a cotação vai cair ainda mais. Isso vai criar ainda mais má publicidade e pode surgir uma qualquer notícia a dizer que os depositantes vão perder os seus depósitos ou pelo menos a dizer que o banco está em dificuldades. Aí os depositantes vão ficar receosos, alguns depositantes vão retirar o dinheiro do banco e os outros vão aperceber-se que há uma corrida ao banco e fazer o mesmo e com isso o banco vai ao charco.

2) Se uma empresa com muita dívida de curto prazo vir a sua cotação cair isso significa que o mercado julga (naquele momento) que as perspectivas da empresa são más. Isso vai reflectir-se na taxa que os credores vão pedir nos empréstimos que a empresa vai ter que refinanciar a curto prazo e pode mesmo fazer com que não haja credores interessados. A ideia (mesmo que falsa) de que as perspectivas da empresa são más pode, neste caso, colocar a empresa em dificuldades ou na falência (basta ver exemplos passados de empresas que cresceram de forma altamente alavancada e são vistas a posteriori como exemplos de óptima alocação de capital e/ou negócios de muito boa qualidade mas que, por vezes, estiveram perto da falência por causa destas oscilações - isto lembrou-me que tenho que acabar de ler sobre o John Malone). Salvo erro, o próprio Benjamin Graham sugere que a avaliação que o obrigacionista necessita de fazer é diversa e mais simples do que a do accionista porque tem os accionistas à frente e sugere mesmo que se veja qual é a capitalização accionista para perceber se o valor accionista excede largamente o valor obrigacionista, tornando assim o investimento obrigacionista mais seguro (o que significaria que quando a cotação cai a rede de segurança também cai).

No entanto:
3) Se uma empresa não endividada, com muito cash em mão e com um accionista maioritário vir a sua cotação cair a pique a influência sobre o dia a dia da empresa pode não existir, ou pode resumir-se à hipótese de recompra de acções, situação em que o efeito em vez de ser negativo é positivo.
As opiniões traduzem uma interpretação pessoal da realidade não se constituindo como sugestões de investimento. Por serem uma interpretação pessoal, estas opiniões vão obrigatoriamente estar erradas por vezes, pelo que cada um deve efectuar a sua própria análise.
 
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Re: A importância da cotação na vida da empresa?

por Dr Tretas » 7/5/2016 23:16

rsacramento Escreveu:obrigado pela resposta, dr

agora imagina que criei uma empresa e detenho 10% das suas acções

posso criar uma segunda empresa ao lado que detenha 40.1% do capital da primeira, não posso?


Pois, aí não há problema, e a participação total é 50,1 portanto de controlo. Suponho que seja um caso hipotético, mas na prática qualquer pessoa que queira criar uma empresa deve ler com muita atenção o código das sociedades comerciais, o do IVA e o do IRC, pelo menos.
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Re: A importância da cotação na vida da empresa?

por rsacramento » 7/5/2016 23:02

obrigado pela resposta, dr

agora imagina que criei uma empresa e detenho 10% das suas acções

posso criar uma segunda empresa ao lado que detenha 40.1% do capital da primeira, não posso?
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Re: A importância da cotação na vida da empresa?

por Dr Tretas » 7/5/2016 22:53

As sociedade não devem, em geral, ser accionistas de si próprias. Os 10% já são um caso especial. Diz assim no código das sociedades comerciais:

Artigo 317.º
(Casos de aquisição lícita de acções próprias)
1 - O contrato de sociedade pode proibir totalmente a aquisição de acções próprias ou reduzir os casos em que ela é permitida por esta lei.
2 - Salvo o disposto no número seguinte e noutros preceitos legais, uma sociedade não pode adquirir e deter acções próprias representativas de mais de 10% do seu capital.
3 - Uma sociedade pode adquirir acções próprias que ultrapassem o montante estabelecido no número anterior quando:
a) A aquisição resulte do cumprimento pela sociedade de disposições da lei;
b) A aquisição vise executar uma deliberação de redução de capital;
c) Seja adquirido um património, a título universal;
d) A aquisição seja feita a título gratuito;
e) A aquisição seja feita em processo executivo para cobrança de dívidas de terceiros ou por transacção em acção declarativa proposta para o mesmo fim;
f) A aquisição decorra de processo estabelecido na lei ou no contrato de sociedade para a falta de liberação de acções pelos seus subscritores.
4 - Como contrapartida da aquisição de acções próprias, uma sociedade só pode entregar bens que, nos termos dos artigos 32.º e 33.º, possam ser distribuídos aos sócios, devendo o valor dos bens distribuíveis ser, pelo menos, igual ao dobro do valor a pagar por elas.


edit: só mais uma coisa, se porventura o limite dos 10% for ultrapassado legalmente, a sociedade tem 3 anos para rectificar a situação:

Artigo 323.º
Tempo de detenção das acções
1 - Sem prejuízo de outros prazos ou providências estabelecidos na lei, a sociedade não pode deter por mais de três anos um número de acções superior ao montante estabelecido no artigo 317.º, n.º 2, ainda que tenham sido licitamente adquiridas.
2 - As acções ilicitamente adquiridas pela sociedade devem ser alienadas dentro do ano seguinte à aquisição, quando a lei não decretar a nulidade desta.
3 - Não tendo sido oportunamente efectuadas as alienações previstas nos números anteriores, deve proceder-se à anulação das acções que houvessem de ser alienadas; relativamente a acções cuja aquisição tenha sido lícita, a anulação deve recair sobre as mais recentemente adquiridas.
4 - Os administradores são responsáveis, nos termos gerais, pelos prejuízos sofridos pela sociedade, seus credores ou terceiros por causa da aquisição ilícita de acções, da anulação de acções prescrita neste artigo ou da falta de anulação de acções.
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Re: A importância da cotação na vida da empresa?

por rsacramento » 7/5/2016 22:32

Dr Tretas Escreveu:
rsacramento Escreveu:
Dr Tretas Escreveu:Se estiver ridiculamente subavaliada como esteve por exemplo a F. Ramada há uns anos, a empresa pode decidir adquirir acções próprias, como foi o caso, basicamente pegou nuns trocos e comprou 10% do capital que é o limite na nossa lei para acções próprias. Na prática, isso significa que todos os accionistas restantes ganharam 10% de participação no capital sem fazer nada.

a tua resposta levantou-me uma questão: porque é que o limite é de 10% e não de 20, ou 30, ou no limite, porque é que existe?


Isso aí já não sei... os desígnios do regulador são insondáveis :|
Mas a empresa pode sempre extinguir as acções que tem (redução de capital) e depois comprar mais...

estou perplexo (deve ser da ignorância): então se houver um núcleo duro este pode deter a maioria das acções, mas a empresa não pode comprar mais de 10%? :shock:
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Re: A importância da cotação na vida da empresa?

por Dr Tretas » 7/5/2016 22:28

rsacramento Escreveu:
Dr Tretas Escreveu:Se estiver ridiculamente subavaliada como esteve por exemplo a F. Ramada há uns anos, a empresa pode decidir adquirir acções próprias, como foi o caso, basicamente pegou nuns trocos e comprou 10% do capital que é o limite na nossa lei para acções próprias. Na prática, isso significa que todos os accionistas restantes ganharam 10% de participação no capital sem fazer nada.

a tua resposta levantou-me uma questão: porque é que o limite é de 10% e não de 20, ou 30, ou no limite, porque é que existe?


Isso aí já não sei... os desígnios do regulador são insondáveis :|
Mas a empresa pode sempre extinguir as acções que tem (redução de capital) e depois comprar mais...
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Re: A importância da cotação na vida da empresa?

por BearManBull » 7/5/2016 20:12

SFT Escreveu:
lfhm83 Escreveu:
SFT Escreveu:A influência da cotação sobre a operação da empresa é, directamente, nula.


Então e para os credores?

O financiamento de uma empresa bem cotada não será bastante mais fácil?


O financiamento depende do risco que a empresa tem e não da cotação, senão as empresas a cotar a 3 dígitos teriam maior financiamento que aquelas a cotar a 1-2 dígitos.

Quanto muito a empresa pode financiar.se através dos aumentos de capital mas isso não afecta, à partida, a operação da mesma (assumindo que não ocorre nenhuma mudança na estratégia).



Ok mas o calculo do rating das obrigações nao tem em conta o preço? Deve ter pelo menos em consideração o PER. Sendo eu um credor de certeza que olhava para esse indicador e deve prática comum.
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Re: A importância da cotação na vida da empresa?

por SFT » 7/5/2016 18:24

lfhm83 Escreveu:
SFT Escreveu:A influência da cotação sobre a operação da empresa é, directamente, nula.


Então e para os credores?

O financiamento de uma empresa bem cotada não será bastante mais fácil?


O financiamento depende do risco que a empresa tem e não da cotação, senão as empresas a cotar a 3 dígitos teriam maior financiamento que aquelas a cotar a 1-2 dígitos.

Quanto muito a empresa pode financiar.se através dos aumentos de capital mas isso não afecta, à partida, a operação da mesma (assumindo que não ocorre nenhuma mudança na estratégia).
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Re: A importância da cotação na vida da empresa?

por BearManBull » 7/5/2016 17:29

SFT Escreveu:A influência da cotação sobre a operação da empresa é, directamente, nula.


Então e para os credores?

O financiamento de uma empresa bem cotada não será bastante mais fácil?
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Re: A importância da cotação na vida da empresa?

por rsacramento » 7/5/2016 16:38

Dr Tretas Escreveu:Se estiver ridiculamente subavaliada como esteve por exemplo a F. Ramada há uns anos, a empresa pode decidir adquirir acções próprias, como foi o caso, basicamente pegou nuns trocos e comprou 10% do capital que é o limite na nossa lei para acções próprias. Na prática, isso significa que todos os accionistas restantes ganharam 10% de participação no capital sem fazer nada.

a tua resposta levantou-me uma questão: porque é que o limite é de 10% e não de 20, ou 30, ou no limite, porque é que existe?
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Re: A importância da cotação na vida da empresa?

por SFT » 7/5/2016 14:51

A influência da cotação sobre a operação da empresa é, directamente, nula.

A influência da cotação sobre a Administração é quase total (assumindo que não existe um núcleo duro como disse o Dr Tretas).

Claro que que se a cotação pode alterar a composição, e por consequência, o comportamento da Administração então a operação da empresa pode sofrer alterações por via da alteração da estratégia empresarial.

Mas em termos teóricos, valer 1 EUR ou 1000 EUR não altera o funcionamento da empresa.
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Re: A importância da cotação na vida da empresa?

por Dr Tretas » 6/5/2016 17:05

Depende da estrutura accionista. Se tiver um accionista ou um núcleo duro com a maioria do capital, não tem importância nenhuma, porque não pode sofrer uma OPA. Lembro-me que o Belmiro de Azevedo um dia disse que se estava a borrifar para a cotação da Sonae :mrgreen:

Se estiver ridiculamente subavaliada como esteve por exemplo a F. Ramada há uns anos, a empresa pode decidir adquirir acções próprias, como foi o caso, basicamente pegou nuns trocos e comprou 10% do capital que é o limite na nossa lei para acções próprias. Na prática, isso significa que todos os accionistas restantes ganharam 10% de participação no capital sem fazer nada.

Por outro lado, quando acontece o contrário, ou seja, a cotação está ridiculamente inflacionada, isso já é importante porque permite à empresa utilizar as suas acções como moeda de troca para adquirir outras empresas ou para pagar bónus aos trabalhadores e principalmente à gestão. Isso cá em Portugal não se vê desde a bolha das dot.com, mas nos EUA é vulgar.
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A importância da cotação na vida da empresa?

por Former » 6/5/2016 16:45

Boa tarde,

Após acompanhar o fórum durante algum tempo, surgiu-me uma dúvida que gostaria de ver esclarecida e solicito o contributo de todos os foristas do caldeirão.

Qual é a real importância da cotação bolsista no funcionamento regular da empresa? Imaginando que o mundo ficou a dormir e não avaliou corretamente uma empresa com resultados extraordinários, e por conseguinte o valor das suas ações caíram muito. Qual é o importância desse facto para a própria empresa, para os seus trabalhadores e para os seus resultados?

Grato pelos esclarecimentos.
 
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