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Caldeirão da Bolsa

BES - A LUTA

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 20/3/2015 19:52

Boas,

ECONOMIA
SALGADO DIZ QUE CUMPRIU ORDENS DO BDP «ATÉ AO COLAPSO FINAL»
Ex-presidente do BES admite que aumentou a exposição do banco já em 2014, mas para «reembolsar os clientes»

Por: Catarina Pereira Catarina Pereira Cláudia Lima da Costa Cláudia Lima da Costa / | ontem às 17:46

Ricardo Salgado garante que cumpriu todas as ordens do Banco de Portugal no âmbito do ring-fencing [o perímetro exigido pelo BdP para proteger o BES da exposição ao GES] e que foi precisamente isso que ditou o fim do grupo. «Cumprimos até ao colapso final», resumiu.

O ex-presidente do BES já tinha utilizado a intervenção inicial para arrasar a auditoria forense encomendada pelo Banco de Portugal, mas foi confrontado pelo deputado do PS Pedro Nuno Santos, ponto a ponto, com as desobediências contidas nesse relatório.

«O ring-fencing foi absolutamente cumprido (…) Foi por causa do ring-fencing que o grupo colapsou. Se não tivéssemos cumprido, se calhar não tinha colapsado».

Salgado admitiu que aumentou a exposição do BES já no primeiro semestre de 2014, mas sublinhou que foi para «reembolsar os clientes» do banco, para que a «confiança se mantivesse». Primeiro, os «clientes particulares», «depois os bancos».

Recorde-se que a auditoria reportou o desvio de dinheiro da conta destinada a reembolsar os clientes do papel comercial para dois bancos, o Montepio e o BCP. O ex-presidente do BES explicou que esse dinheiro tinha chegado a essa conta através de «empréstimos de curtíssimo prazo» a esses bancos, que tinham então que ser pagos.

Confrontado pelo deputado socialista com o facto de, nessa altura, já ser proibido pelo Banco de Portugal esse aumento da exposição ao GES, o banqueiro exemplificou que a proibição do financiamento à ESFG só chegou a 30 de junho.

«O financiamento foi destinado ao reembolso de clientes do grupo. Não contornámos o ring-fencing, fizemos tudo o que podíamos para reembolsar os clientes do banco».

Daí, o ex-presidente do BES ter «a certeza» que não fez «nenhuma desobediência ilegítima», apesar de a auditoria lhe apontar 21 casos.

Aliás, Ricardo Salgado defende que avisou «três vezes» o Banco de Portugal para o «risco sistémico» desse aumento da exposição, apontando novamente as culpas ao supervisor, sendo que voltou a criticar Carlos Costa por ter partido logo do princípio da sua culpa.

«Fiquei profundamente chocado com o julgamento sumário que governador fez [a 3 de agosto] e percebi que estávamos perante um julgamento prévio».

O caso «certamente acabará em tribunal», avisou o banqueiro, acrescentando: «Estou confiante na justiça portuguesa».
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 20/3/2015 19:48

Boas,

RICARDO SALGADO, TENHA PACIÊNCIA...
ANTÓNIO COSTA
antonio.costa@economico.pt
00:06
Ricardo Salgado voltou a repetir uma narrativa sobre a falência do Grupo Espírito Santo (GES) e do BES em que omite os pecados originais - não foi apenas um - e centra toda a estratégia na responsabilização do Banco de Portugal e de Carlos Costa. Numa espécie de realidade paralela, à segunda audição entrou mal, mas não saiu pior.
Entre a primeira audição a 9 de Dezembro do ano passado e a segunda audição, no dia de ontem, muita coisa foi conhecida, muitas audições foram feitas e, até alguns relatórios da auditoria forense foram revelados. Os deputados foram muito mais agressivos, a experiência conta nestas coisas, e o próprio Ricardo Salgado também aprendeu. Preparou-se bem, e refinou a sua estratégia de explicação para o fim do grupo. No essencial, cometeu erros, não o fez com dolo, não beneficiou pessoalmente de qualquer dinheiro do BES e Carlos Costa foi o responsável pela falência do banco.
Já sabemos que Carlos Costa vai ter novas explicações a dar ao Parlamento e ao país, sobretudo pelo que não fez nas semanas anteriores à decisão de resolução do BES, sobretudo tendo em conta o que foi dizendo publicamente. Lá chegaremos, quando o governador for ao Parlamento, mas os pecados originais são de Ricardo Salgado e, por omissão e ou benefício próprio, da maioria das pessoas com quem trabalhava no GES e BES. Excepção a José Maria Ricciardi, goste-se ou não.
Quando o endividamento da holding de topo do grupo, a ESI, é ocultado, e ninguém acredita que tenha sido apenas por iniciativa de Machado da Cruz, o ‘commissaire aux comptes'. Quando pôs o BES a financiar o grupo e a família, para manter o controlo do banco, quando o BESA se transformou num ‘mealheiro' e, no último ano crítico, quando furou todas as instruções do Banco de Portugal, aproveitou todas as frinchas, e rebentou com uma coisa em que só o governador acreditava, o ‘ringfencing' do BES e do GES.
Os erros, os pecados capitais, não tinham solução de mercado, o famoso ETRICC, o relatório que avaliou a exposição do BES à área não financeira do grupo. O ETRICC é da PwC, a pedido do Banco de Portugal, e só mesmo no papel é que é possível acreditar na sua viabilidade para salvar o grupo. A partir de uma certa altura, o GES e o BES só poderiam acabar mal ou muito mal. Carlos Costa contribuiu para a segunda solução, sim, mas é fácil dizê-lo hoje, depois de tudo o que se sabe.
Por isso, Ricardo Salgado, tenha paciência...
PS: Se Maria Luís Albuquerque tem mesmo aspirações políticas, ou se alguém as tem pela ministra das Finanças, as afirmações que fez sobre os ‘cofres cheios' do Estado mostram que ainda tem um caminho a fazer, e de estágio no PSD. O auto-elogio até se justifica, se compararmos com os cofres vazios que nos levaram quase à bancarrota em 2011, a estratégia conservadora do IGCP, tutelado por Maria Luís Albuquerque, é um descanso quando olhámos para a Grécia (ainda se lembram?). Mas é de uma enorme infelicidade, ou incompetência, uma ministra de Estado vangloriar-se de uma riqueza do Estado - dívida, diga-se de passagem - quando os portugueses vivem uma situação ainda difícil.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 20/3/2015 17:44

Boas,

ECONOMIA/POLÍTICA00:07
SALGADO ACUSA CARLOS COSTA DE IMPEDIR SALVAÇÃO DO BES
FILIPE ALVES
filipe.alves@economico.pt
00:07

Ricardo Salgado acusa BdP de impedir capitalização do BES pelo Blackrock, KKR e Third Point, três semanas antes da resolução.
Foi um Ricardo Salgado desafiador que ontem compareceu perante os deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão do BES. O antigo presidente-executivo (CEO) do banco disparou em várias direcções, acusando o Banco de Portugal de o querer condenar na praça pública, questionando as conclusões e a metodologia da auditoria forense e acusando o próprio governador, Carlos Costa, de ter provocado o colapso do BES, ao manter a dúvida sobre quem seria o seu sucessor, durante as semanas que se seguiram à conclusão do aumento de capital no banco.
A argumentação de Salgado contra o Banco de Portugal (BdP) assentou em dois pontos: o facto de Carlos Costa não ter recusado imediatamente o nome de Morais Pires para seu sucessor à frente do BES, em 19 de Junho de 2014, causando receio no mercado; e o facto de, segundo afirma, o Banco de Portugal ter rejeitado as manifestações de interesse dos fundos Blackrock, KKR e Third Point LLC em capitalizarem o BES, em meados de Julho, três semanas antes da resolução, que foi a 3 de Agosto. Ao Third Point, o BdP terá respondido que o BES estava sólido e "não precisava de capital", frisou.
"Em bom português, o regulador inviabilizou a injecção complementar de fundos privados no BES, o que viria a exigir escassos 16 dias depois", disse Salgado, referindo ao "ultimato" que o supervisor fez a Vítor Bento a 29 de Junho, exigindo a apresentação de um plano de capitalização. "Em síntese, inviabilizou-se o BES", acusou, queixando-se de não ter tido tempo para resolver os problemas do grupo e do banco.
Carlos Costa regressa à comissão de inquérito a 24 de Março
O ex-banqueiro teve, ainda assim, vários momentos em que foi obrigado a jogar à defesa, nomeadamente quando os deputados o interrogaram sobre a ES Enterprises, o passivo oculto da Espírito Santo International (ESI) e o chamado caso Eurofin, o esquema de financiamento do GES através da emissão de obrigações de longo prazo do BES, com promessa de recompra. Questionado sobre este esquema, que lesou o banco em mais de 800 milhões de euros, Ricardo Salgado disse desconhecer os contornos do dito. "Essas operações eram do departamento financeiro", respondeu, passando assim a responsabilidade para a área do banco que era tutelada pelo CFO Amílcar Morais Pires e pela directora Isabel Almeida.
Auditoria posta em causa
Os ataques à auditoria forense encomendada à Deloitte pelo Banco de Portugal constituíram a maior parte da longa intervenção inicial de Salgado, que durou cerca de uma hora.
"O próprio relatório reconhece que as informações e documentos analisados na auditoria são insuficientes. Prova disso resulta de terem sido eliminadas do documento enviado para esta Comissão todas as páginas que, no final do relatório, sintetizam as diversas limitações da auditoria, tecnicamente designadas por "limitações de âmbito", defendeu, lembrando que no final do documento entregue aos deputados pelo Banco de Portugal estão "quatro páginas em branco".
"Ao longo do relatório do primeiro capítulo, é afirmada, por inúmeras vezes, a falta de prova ou informação relevante. Pelo menos, em dez descobertas do relatório é referido que não foi disponibilizada informação ou prova ou, então, que a informação existente é inconclusiva", afirmou Salgado.
O ex-banqueiro defendeu, por isso, que o Banco de Portugal pretende julgá-lo na "praça pública" e a "conta-gotas".
"A auditoria baseou-se, exclusivamente, em informação prestada pelo Banco de Portugal e pelo Novo Banco, leia-se, Banco de Portugal. Aparentemente, não houve a preocupação de confirmar a informação junto de terceiros, obtendo documentos sobre as sociedades portuguesas e estrangeiras mencionadas no relatório", acusou.
Ricardo Salgado questionou os ‘findings' da auditoria, por exemplo no que diz respeito à utilização da conta bancária criada para reembolsar os clientes de retalho do banco que tinham investido em dívida do grupo. "O Banco de Portugal monitorizava diariamente a conta ‘escrow'", disse Salgado, acrescentando que a conta foi usada apenas para reembolsar esses clientes. Referindo-se ao facto de a auditoria ter detectado a saída de 120 milhões dessa conta para pagamentos ao BCP3.51% e ao Montepio, explicou que esse movimento teve que ver com o reembolso de empréstimos que tinham sido contraídos para reembolsar a clientes de retalho que investiram em papel comercial.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 20/3/2015 14:28

Boas,

GES NÃO RECEBEU DINHEIRO DE ANGOLA E O QUE SALGADO RECEBEU JÁ FOI DECLARADO
Março 19th, 2015
Citamos

Observador

Salgado voltou para defender a sua razão”. Garante que o GES não recebeu dinheiro do BESA. Ele recebeu no passado, mas já declarou. Salgado conta que Gaspar lhe agradeceu duas vezes o apoio ao país.

Pedir desculpa é pior do que não ter razão. Eu estou aqui para defender a minha razão”. Foi com uma citação de Fernando Pessoa que Ricardo Salgado respondeu às acusações feitas pelo deputado social-democrata, Carlos Abreu Amorim, que pediu ao ex-presidente do BES para assumir as suas responsabilidades e pedir desculpa, como fizeram Granadeiro e José Manuel Espírito Santo. A frase atribuída ao poeta (Álvaro de Campos) acabou por corrigida no final da audição para “Não dar desculpas, é melhor que ter razão”.

O ex-presidente do BES disse várias vezes que se sentia como estando “perante um tribunal, na qual o juiz me chama para dizer que a sentença está declarada e que agora vai proceder ao julgamento.”

Ricardo Salgado foi o primeiro a regressar à comissão de inquérito aos atos de gestão do BES e do Grupo Espírito Santo (GES). Na exposição inicial, que demorou cerca de uma hora, Ricardo Salgado escolheu um alvo: o governador do Banco de Portugal e a “justiça de pelourinho” do supervisor que em 30 de julho anunciou logo a existência de irregularidades e a suspeita de atos de gestão ruinosa. Para Salgado, o governador Carlos Costa “não percebeu o problema” e que se pode caracterizar a atuação do regulador numa palavra: “Estupefação”.

O ex-presidente do BES sublinhou que o “ring fencing” (barreira de proteção entre o grupo e o banco) a que foi obrigado pelo Banco de Portugal foi um “ring fencing cego” que “prejudicou o BES em vez de o proteger”. No limite, concluiu que foi esta imposição que precipitou o colapso do grupo e do banco. Acusou ainda Carlos Costa de “manifesta falta de isenção”.

Numa reação à primeira parte da auditoria forense, Ricardo Salgado defendeu que as operações que o Banco de Portugal diz terem contornado a proibição de aumentar a exposição do BES ao GES, (ring-fencing), serviram, pelo contrário para cumprir esse ring-fencing, na medida que asseguraram o reembolso de clientes que investiram em dívida do GES, cumprindo uma determinação do supervisor.

O dinheiro usado para reembolsar os investidores da dívida das empresas da área não financeira foi retirado ao BES, mas Salgado assegura que estes clientes, mesmo os do private banking (gestão de fortunas) eram não qualificados e estavam como tal cobertos pela garantia imposta pelo Banco de Portugal.

Na intervenção inicial (que pode ler em anexo), culpou igualmente o Banco de Portugal, cuja atuação e discurso provocaram: “a volatilidade das ações e a fuga de depósitos. Foram estas duas circunstâncias que ditaram a destruição do BES”.

Salgado repetiu a tese (ladainha na expressão do deputado comunista Miguel Tiago) de que o BES não faliu, foi forçado a desaparecer2, invocando o excesso de provisões imposto pelo Banco de Portugal e as implicações da resolução na perda da garantia de Angola.

“Gaspar agradeceu-me duas vezes o apoio do BES ao país”

Mariana Mortágua comparou Ricardo Salgado ao maestro de uma orquestra que prefere afundar com o barco (o Titanic) do que admitir que acabou, considerando que o banqueiro esteve a gerir um grupo falido durante dez anos. Salgado responde: “O Estado português estava falido e o BES ajudou o Estado, tal como ajudou vários grupos que estavam falidos. Por duas vezes, Vítor Gaspar agradeceu-me o apoio que o BES estava a dar ao país. Tive dois telefonemas. A única coisa que pedimos foi uma reciprocidade.”

Zeinal e Granadeiro sabiam que iam manter investimentos no GES por um ano

Sobre a Portugal Telecom, Ricardo Salgado assegura que Granadeiro, Zeinal Bava e os acionistas brasileiros da Oi sabiam que havia um compromisso para a PT manter os investimentos no BES/GES durante mais um ano. Esse compromisso tinha como objetivo assegurar a “reciprocidade em relação aos parceiros brasileiros”. Eles sabiam dos 900 milhões aplicados na Rioforte? Sabiam do investimento na Espírito Santo Internacional, responde. Esta aplicação foi transferida para a Rioforte no início de 2014.

Salgado reafirmou a veracidade do mail enviado a dois investidores brasileiros a lembrar esta reciprocidade e que foi desmentido pela Oi. Mas se os brasileiros sabiam, então porque é que os portugueses aceitaram rever a fusão em termos que prejudicaram a PT? Salgado recorda que nessa altura (julho de 2014) estava totalmente absorvido na “situação terrível do BES”. Deixou de ter possibilidade de intervir. “Não tive tempo para me mexer”, responde quando questionado porque não disse nada. Mas lembra que Granadeiro e Bava também sabiam.

“Não acredito” que tenha saído dinheiro do BESA para financiar o GES

E o dinheiro que saiu do BESA (Banco Espírito Santo Angola) via BES? O deputado socialista Pedro Nuno Santos cita a auditoria forense conhecida esta semana e a imprensa para perguntar se esses fundos foram parar a Ricardo Salgado, Amílcar Morais Pires e Álvaro Sobrinho (ex-presidente do BESA). “Serviu para ir para a família, para empresas que tivessem dívida, através de sociedades offshore?

“No que diz respeito à minha pessoa e a Amílcar Morais Pires, não. Não posso falar por ele, mas conheço a sua extraordinária competência técnica e profissional”, defende Salgado que ignora a referência a Álvaro Sobrinho. Numa resposta dada mais tarde ao deputado comunista Miguel Tiago,Salgado acaba por admitir que tudo o que recebeu via Angola foi já divulgado e declarado no quadro do RERT (perdão fiscal), relativo aos rendimentos que tinha fora do país e que foram regularizados em 2012. O antigo banqueiro volta a acusar o BdP de ter montado uma narrativa na imprensa. O banqueiro admite que teve dinheiro em offshores, mas que já não tem.

Confrontado igualmente com as conclusões da auditoria sobre a relação com o BESA, que apontam para a saída de fundos da conta do banco angolano no BES para entidades ligadas ao grupo, Ricardo Salgado deixa a convicção. “De forma alguma, houve recursos do BESA que tenham vindo para financiar o GES. Não acredito. Não é verdade”. Salgado não diz contudo quem são os proprietários das sociedades offshore que terão beneficiado desses fundos, invocando o sigilo bancário angolano.

No que diz respeito à Vaningo, uma empresa angolana que comprou a Legacy, mas em relação à qual o GES continuou a pagar juros, explica que essa situação aconteceu para evitar que houvesse imparidades no BES. O BES financiou a Legacy que foi vendida à Vaningo, mas o GES continuou a pagar os juros do empréstimo da Legacy ao BES. “Fizemos muita coisa para ajudar o BES. Está-se a rir, mas é verdade”, diz Salgado, em reposta ao deputado socialista Pedro Nuno Santos.

Chamar ao BES banco mau “é uma fachada”

Salgado voltou a atacar a solução de resolução que colocou as ações do BESA do lado do banco mau. “Para mim, é como uma facada chamarem ao BES banco mau”. Os 3700 milhões serviram para provisionar a totalidade do crédito ao BESA. Ou seja, conclui, isto significa que a garantia soberana foi considerada “falsa”. E se é verdade que o Novo Banco conseguiu recuperar uma parte, cerca de 680 milhões de euros, perdeu o resto, 80% do crédito que tinha sido concedido pelo BES à operação angolana.

O ex-presidente do BES recusou ainda a tese de que a ES Enterprise era um saco azul do grupo e justifica a empresa pela forma como o grupo cresceu de fora para dentro de Portugal. Descreve-a como uma empresa de partilha de serviços. Desconhece se mais alguém, para além de Hélder Bataglia, recebeu pagamentos através desta sociedade offshore que não estava identificada na estrutura do grupo devido a uma “falha”.

Mas o tema é proibido porque está em segredo de justiça. O mesmo argumento é usado para limitar as respostas sobre a Lecacy e a Vaningo, duas sociedades relacionadas com a Escom e cujo crédito ao BES estava coberto pela garantia soberana de Angola.

A Apollo vai ter um lucro brutal na Tranquilidade

O ex-presidente do BES lamenta o preço a que foi vendida a seguradora Tranquilidade. Apesar de reconhecer à deputada do CDS, Cecília Meireles, que os investimentos feitos no GES tiveram impacto negativo no valor da seguradora, cerca de 150 milhões de euros, Salgado contrapõe que foram a instabilidade e a queda das ações do BES que levaram os interessados a esperarem para poderem fazer uma oferta mais baixa.

“Vão ver a Apollo realizar “um lucro brutal” com a venda da Tranquilidade, daqui a uns anos. Salgado revela que houve um investidor da ESFG que impugnou a venda e que só desistiu do processo, que chegou a travar a negócio, porque o fundo americano lhe ofereceu 8% do capital da seguradora. A Tranquilidade foi vendida por 40 milhões que é menos do que o valor das suas participadas, acrescenta.

A segunda audição a Ricardo Salgado durou dez horas com uma pausa rápida para jantar.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 20/3/2015 14:27

Boas,

RICARDO SALGADO ELEGE CARLOS COSTA COMO INIMIGO NÚMERO 1
Março 19th, 2015
Citamos

Negócios

O ex-presidente do BES acusa o governador do Banco de Portugal de “julgamento sumário” e de estar a “construir o processo na imprensa”. O antigo banqueiro até já levantou um incidente de suspeição contra Carlos Costa por “falta de isenção”.
O governador do Banco de Portugal (BdP) foi o alvo de todas as críticas de Ricardo Salgado na segunda audição do ex-presidente do BES na comissão parlamentar de inquérito. O antigo banqueiro acusou Carlos Costa de o ter feito vítima de “um julgamento sumário”, responsabilizando-o pela queda do banco. E de estar a “construir na imprensa o processo” contra o ex-líder do banco, com a divulgação “gota a gota” dos resultados da auditoria forense, encomendada à Deloitte.

Mas ainda antes do regresso ao Parlamento, os ataques de Salgado a Carlos Costa já tinham passado das palavras aos actos. Em Fevereiro, o antigo banqueiro levantou “um incidente de suspeição” contra o governador do Banco de Portugal, por “manifesta falta de isenção”. Isto depois de o supervisor ter comunicado ao ex-líder do BES um projecto de decisão de um processo em que Salgado é responsabilizado pelo agravamento da situação financeira do banco.

“Solicitei ao Banco de Portugal a consulta do processo administrativo” e, segundo o gestor, foi-lhe dito que não havia nada para consultar a não ser o projecto de decisão.

“Aguardo há mais de um mês a decisão dos restantes membros da administração do Banco de Portugal, apesar de terem oito dias para responder a incidentes de suspeição”, revelou Salgado para demonstrar que está a ser vítima de um ataque de Carlos Costa.
Para o antigo banqueiro, “o julgamento sumário” do supervisor contra si começou a 3 de Agosto, quando o governador falou de “esquemas fraudulentos” como sendo a causa por trás da necessidade de aplicar uma medida de resolução ao BES. Houve uma “pré-condenação anunciada de viva voz e em directo”, criticou.

Depois da resolução do banco, o Banco de Portugal passou a construir o processo contra o antigo líder do BES através da comunicação social, alega Salgado. “É inadmissível que o BdP esteja a construir o processo na imprensa para uma condenação já decidida”, respondeu irritado quando questionado sobre se recebeu dinheiro do BESA. Uma questão que surgiu depois de o segundo bloco da auditoria forense que o supervisor pediu à Deloitte ter concluído que houve transferências de fundos do banco angolano para sociedades “offshores” de antigos responsáveis do BES e do BESA, entre os quais o próprio Salgado.

As críticas do antigo banqueiro ao BdP concentraram-se ainda nas conclusões da auditoria forense, sobretudo do primeiro bloco – quanto à segunda parte, relativa às relações entre o BES e o BESA, Salgado alegou não ter tido tempo de a ler, já que foi divulgada 48 horas antes desta audição. Um “timing” de divulgação que também criticou perante os deputados. E igualmente com o supervisor na mira.

“A grande maioria dos ‘findings’ [conclusões da auditoria forense] não estão bem”, denunciou o ex-presidente do BES, criticando o facto de a Deloitte considerar uma desobediência às exigências do Banco de Portugal o reembolso de papel comercial do GES a certos clientes do banco. Salgado garante que só foram feitos pagamentos a clientes de retalho. “A lista de clientes foi enviada e aceite pelo Banco de Portugal”, esclareceu, acrescentando que os movimentos na conta dedicada ao papel comercial (“escrow”) eram comunicados “diariamente” ao supervisor.

Perante a sucessão de críticas do antigo banqueiro à autópsia ao BES, que na sua intervenção inicial tentou rebater quase todas as conclusões da auditoria, o deputado do PS, Pedro Nuno Santos, perguntou: “Porque não participou na auditoria forense?” Salgado respondeu: “Fiquei profundamente chocado com o julgamento sumário que o governador fez no dia 3 de Agosto, acusando a administração do banco dos maiores desvios de capitais. A partir daí recusei-me a participar”.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 20/3/2015 14:25

Boas,

SALGADO ARRASA BANCO DE PORTUGAL. ERAM ENVIADAS INFORMAÇÕES DIÁRIAS SOBRE A CONTA ESCROW
Março 20th, 2015
Citamos

Jornal I

Ex-presidente do BES acusa Carlos Costa de falta de isenção, repete que dinheiro não desapareceu e dá respostas vagas sobre contabilista e a E.S.Enterprise
Ricardo Salgado sabia ao que vinha. E antes de ser bombardeado com as falhas apontadas pelos primeiros dois capítulos da auditoria forense, o ex-presidente do BES entrou, pela segunda vez em três meses e meio, na sala 6 do parlamento, com uma declaração inicial de uma hora em que prometia desfazer todos os “equívocos” da auditoria e com um alvo bem escolhido: o governador do Banco de Portugal. O regresso de Salgado cem dias depois, com uma gravata da mesma cor, e o mesmo discurso sobre a necessidade de salvaguardar a honra da sua família e mostrar que a queda do GES não foi obra de um homem só. “Formou-se uma imagem errática sobre este caso e os seus responsáveis. Nunca pretendi dizer que nada fiz nem nada tenho que ver com nada, mas certamente que não terei tudo a ver com tudo, como tantas vezes foi sugerido pela opinião pública.”

Depois de deixar uma palavra aos clientes, investidores e accionistas que confiaram no BES, Salgado partiu de imediato para o ataque, rebatendo, ponto a ponto, as conclusões do primeiro capítulo da auditoria forense. Se esta concluiu que a conta escrow terá servido para outros fins que não só o de reembolsar os clientes de retalho do BES que tinham investido em papel comercial do GES, Salgado não esteve para meias medidas: “Eram enviados relatórios diários com os movimentos da conta escrow ao Banco de Portugal.”

Mais à frente, questionado sobre se o supervisor bancário nunca levantou questões sobre o uso que estava a ser dado à conta, o ex-presidente do BES disse desconhecer. Joaquim Goes, contou, seria o administrador com maiores responsabilidades no acompanhamento da escrow account. Como o i já adiantara, cartas enviadas pelo BES ao Banco de Portugal, em Dezembro de 2013, já mencionavam a existência de relatórios sobre os movimentos desta conta. Não diários, como disse Salgado, mas semanais.

E houve clientes favorecidos em relação a outros, como frisava a auditoria? Salgado também rejeitou. Os clientes que foram reembolsados seriam clientes não institucionais e não qualificados do BES Açores, do BEST, e da ESAF, por exemplo, e todos eles constavam de uma base de dados que estava na posse do Banco de Portugal.

E por que razão o dinheiro que deveria servir para o reembolso dos clientes foi usado para pagar empréstimos ao BCP e Montepio? Por uma razão simples, explicou Salgado. “Porque foi necessário pedir financiamentos de curto prazo para reembolsar clientes de papel comercial. Quando a conta teve fundos, esses foram utilizados para pagar estes empréstimos.”

O ataque não terminou por aí. Salgado acusou o Banco de Portugal de divulgar “gota a gota” informações na imprensa para motivar um julgamento antes de tempo na opinião pública. E chegou mesmo ao ponto de acusar o governador de falta de isenção, razão pela qual levantou um incidente de suspeição contra Carlos Costa, num processo administrativo movido pelo Banco de Portugal. O seu pedido, contou, ainda carece de resposta. Salgado, por mais de uma vez, mostrou-se revoltado por, na conferência dada pelo governador a 3 de Agosto de 2014, Carlos Costa ter falado de práticas fraudulentas. “Onde estão essas fraudes?”, perguntou, voltando a repetir: “O dinheiro não desapareceu. Ficou no Novo Banco.”

Mas nem para tudo Salgado teve respostas na ponta da língua. Nem sequer para algumas perguntas que seriam previsíveis. Embrulhou-se quando confrontado com as declarações de Machado da Cruz: não teve encontros em Lisboa para combinar discursos, não o enviou para o Brasil, nem o mandou falsificar discursos. E a Espírito Santo Enterprise? Salgado voltou a embrulhar-se. Disse apenas que não é um saco azul, mas uma empresa de serviços partilhados virados para operações no exterior. E onde ficava? “No Luxemburgo? Haaaa. Não me lembro.”
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 19/3/2015 19:49

Boas,

SALGADO DIZ QUE "O DINHEIRO NÃO DESAPARECEU" E ESTÁ NO NOVO BANCO
"O dinheiro não desapareceu, os ativos foram transferidos para o Novo Banco", afirmou Ricardo Salgado, ex-presidente do BES na comissão parlamentar de inquérito ao caso GES/BES. E reiterou: "Não houve um desvio de dinheiro".

Anabela Campos e Isabel Vicente |
16:36 Quinta feira, 19 de março de 2015 Última atualização há 57 minutos
"Pedir desculpa é pior que não ter razão, dizia o poeta Fernando Pessoa. Estou aqui para defender a minha razão", sublinhou Ricardo Salgado

Ricardo Salgado fez a declaração já quase no fim da sua intervenção de uma hora na CPI. O ex-banqueiro disse querer responder à pergunta tantas vezes feitas, "onde está o dinheiro?". E responde: "Como já referi, o relatório elaborado pela KPMG sobre a ESI demonstra que não houve qualquer desvio de fundos".

"Basta ver as contas do BES no primeiro semestre de 2014 e as contas do Novo Banco, que foram divulgadas em 9 de março de 2015, para concluir que não houve desvio de dinheiro", prossegue Salgado. E sublinha: "O dinheiro não desapareceu. Os ativos transitaram para o Novo Banco, por decisão do regulador".

O ex-banqueiro diz ainda que foi transferido do BES para o Novo Banco em agosto de 2014 2,8 mil milhões de euros.

Salgado afirma ainda: "Estou aqui para defender a minha razão", quando o deputado Carlos Abreu Amorim lhe pergunta porque não pede desculpa. "Pedir desculpa é pior que não ter razão, dizia o poeta Fernando Pessoa. Estou aqui para defender a minha razão", sublinhou.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 19/3/2015 19:47

Boas,


COMISSÃO DE INQUÉRITO AO BES
SALGADO CITA PESSOA: “PEDIR DESCULPA É PIOR DO QUE NÃO TER RAZÃO. ESTOU A DEFENDER A MINHA RAZÃO”
Salgado intensifica os ataques ao Banco de Portugal que responsabiliza por uma "justiça de pelourinho". E as acusações? Cita Pessoa para dizer: "Estou aqui para defender a minha razão". Siga em direto


Salgado queixa-se da falta de isenção do Banco de Portugal
© Hugo Amaral/Observador
BES
COMISSÃO DE INQUÉRITO AO BES
GES
RICARDO SALGADO
Documentos

INTERVENÇÃO INICIAL DE SALGADO
Pedir desculpa é pior do que não ter razão. Eu estou aqui para defender a minha razão”. É com esta citação de Fernando Pessoa que Ricardo Salgado responde às acusações feitas pelo deputado social-democrata, Carlos Abreu Amorim, que pediu ao ex-presidente do BES para assumir as suas responsabilidades. “Com as suas declarações sinto-me naquela situação de ser apresentado perante um tribunal, na qual o juiz me chama para dizer que a sentença está declarada e que agora vai proceder ao julgamento.”

O ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES) é o primeiro a regressar à comissão de inquérito aos atos de gestão do BES e do Grupo Espírito Santo (GES). Na exposição inicial que vai demorar cerca de uma hora, Ricardo Salgado escolheu um alvo: o governador do Banco de Portugal.

No início da audição, Ricardo Salgado apontou o dedo ao governador do Banco de Portugal Carlos Costa dizendo que o governador “não percebeu o problema” e que se pode caracterizar a atuação do regulador numa palavra: “Estupefação”.

Na audição, o ex-presidente do BES optou por fazer uma exposição inicial onde já criticou o governador, dizendo que a operação de “ring fencing” a que foi obrigado pelo Banco de Portugal foi um “ring fencing cego” que “prejudicou o BES em vez de o proteger”. Além disso já acusou Carlos Costa de “manifesta falta de isenção”.

Para Ricardo Salgado, as operações que o Banco de Portugal diz terem contornado a proibição de aumentar a exposição do BES ao GES, (ring-fencing), serviram, pelo contrário para cumprir esse ring-fencing, na medida que asseguraram o reembolso de clientes que investiram em dívida do GES, cumprindo uma determinação do supervisor.

O dinheiro para pagar aos investidores em dívida das empresas da área não financeira foi retirado ao BES, mas Salgado assegura que estes clientes, mesmo os do private banking (gestão de fortunas) eram não qualificados e estavam como tal cobertos pela garantia imposta pelo Banco de Portugal.

Na intervenção inicial (que pode ler em anexo), apontou ainda responsabilidade ao Banco de Portugal tendo em conta os argumentos que levaram à decisão de intervenção no BES: “A volatilidade das ações e fuga de depósitos, foram estas duas circunstâncias que ditaram a destruição do BES”.

Ricardo Salgado foi confrontado com contradições, desmentidos e omissões. Esta poderá ser a última oportunidade para persuadir a opinião pública e os deputados de que a queda do BES/GES não foi obra de um só homem.

Brasileiros e Zeinal sabiam que PT ia manter investimentos no GES por um ano

Sobre a Portugal Telecom, Ricardo Salgado assegura que Granadeiro, Zeinal Bava e os acionistas brasileiros da Oi sabiam que havia um compromisso para a PT manter os investimentos no BES/GES durante mais um ano e que tinha como objetivo assegurar a “reciprocidade em relação aos parceiros europeus”. E sabiam dos 900 milhões aplicados na Rioforte? Sabiam do investimento na Espírito Santo Internacional, responde. Esta aplicação foi transferida para a Rioforte no início de 2014.

Salgado reafirmou a veracidade do mail enviado a dois investidores brasileiros a lembrar esta reciprocidade e que foi desmentido pela Oi. Mas se os brasileiros sabiam, então porque é que os portugueses aceitaram rever a fusão em termos que prejudicaram a PT. Salgado recorda que nessa altura (julho de 2014) estava totalmente absorvido na “situação terrível do BES”. Deixou de ter possibilidade de intervir. “Não tive tempo para me mexer”, responde quando questionado porque não disse nada. Mas lembra que Granadeiro e Bava também sabiam.

“Não acredito” que tenha saído dinheiro do BESA para financiar o GES

Confrontado ainda com as conclusões da auditoria forense sobre a relação com o BESA, que apontam para a saída de fundos da conta do banco angolano no BES para entidades ligadas ao grupo e a responsáveis do banco português, Ricardo Salgado deixa a convicção. “De forma alguma, houve recursos do BESA que tenham vindo para financiar o GES. Não acredito. Não é verdade”. Salgado não diz contudo quem são os proprietários das sociedades offshore que terão beneficiado desses fundos, invocando o sigilo bancário angolano.

No que diz respeito à Vaningo, uma empresa angolana que comprou a Legacy, mas em relação à qual o GES continuou a pagar juros, explica que essa situação aconteceu para evitar que houvesse imparidades no BES. O BES financiou a Legacy que foi vendida à Vaningo, mas o GES continuou a pagar os juros do empréstimo da Legacy ao BES. “Fizemos muita coisa para ajudar o BES. Está-se a rir, mas é verdade”, diz Salgado, em reposta ao deputado socialista Pedro Nuno Santos.

O ex-presidente do BES recusa ainda a tese de que a ES Enterprise era um saco azul do grupo e justifica a empresa a forma como o grupo cresceu de fora para dentro de Portugal.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 19/3/2015 19:42

Boas,


MINUTO-A-MINUTO: "DE FORMA ALGUMA HOUVE RECURSOS DO BESA PARA FINANCIAR O GES"
19 Março 2015, 14:37 por Maria João Gago | mjgago@negocios.pt, Diogo Cavaleiro | diogocavaleiro@negocios.pt, Pedro Elias - Fotografia | pedroelias@negocios.pt

Ricardo Salgado está a ser ouvido no Parlamento. Pela segunda vez. Começou por uma intervenção inicial de uma hora. Não pediu desculpas, mas lamentou o que aconteceu aos clientes e trabalhadores, prometeu lutar pela sua honra e da família que, disse, não ficou com o dinheiro. Nessa intervenção, o principal visado foi o Banco de Portugal, em particular Carlos Costa.
18h34 Cecília Meireles pergunta a Salgado se houve ou não 739 milhões para pagar a clientes que não eram clientes de retalho, 500 milhões para a área "private" e o restante para outros segmentos. O antigo presidente do BES respondeu: "Não era para dar tratamento especial a esses clientes, era para agir de acordo com as exigências do BdP. Eram clientes não institucionais. Estamos tranquilos em relação a este finding" (conclusão) da auditoria forense."

18h33 Ricardo Salgado diz que o dinheiro para reembolsar os clientes do papel comercial também se destinada a clientes do BES Açores, do Best e até da ESAF, desde que fossem clientes de retalho, ou seja, não qualificados como institucionais.

18h31 "O que posso dizer ao sr. Martins e ao sr. Falcão é que houve dinheiro posto de lado para o reembolso destes clientes", disse Ricardo Salgado em resposta à deputada do CDS.

18h28 Ricardo Salgado responde que sempre foram dadas ordens para serem mostrados os prospectos destas emissões aos clientes. "Os prospectos diziam que havia risco", respondeu o antigo presidente do BES.

18h27 Cecília Meireles recorda a história de um emigrante no Brasil, João Martins, que depositou as suas poupanças no BES. E de outro investidor que aplicou dinheiro em papel comercial do GES. "A estas pessoas tem mais alguma coisa a dizer? Pensavam que o seu banco não tinha risco e esse risco materializou-se".

18h18 "De forma alguma houve recursos do BESA para financiar o GES", repetiu Salgado, acrescentando que "os procedimentos de crédito no BES foram sempre impecáveis".

Pedro Nuno Santos questiona Salgado sobre os donos da empresa Vaningo. "A Vaningo era uma empresa angolana cujo crédito estava garantida pelo presidente de Angola. Não era do GES. Mas fizemos muita coisa para ajudar o banco", disse Ricardo Salgado. O deputado não conteve o riso. E Salgado disse-lhe "Não se ria". "Peço desculpa, não me controlei", respondeu Pedro Nuno Santos. Salgado retorquiu: "Compreendo que seja difícil ter ideias positivas depois desta desgraça que aconteceu. Há de saber-se um dia quem são os donos da Vaningo.", invocando o segredo bancário angolano para não responder à questão.

18h14 Pedro Nuno Santos pergunta a Salgado se houve dinheiro do BESA para a família ir a aumentos de capital, para empresas diversas pagarem créditos ao BES e para o antigo banqueiro, para Morais Pires e para Álvaro Sobrinho. "Para mim e para Morais Pires não! Não respondo por ele, mas conheço a probidade do homem e a sua qualificação técnica", respondeu Salgado. "É inadmissível que o BdP esteja a construir o processo na imprensa para uma condenação já decidida. Os recursos que recebi foram divulgados na imprensa do dr. Álvaro Sobrinho. Não recebi mais um centavo", contra-atacou.

18h13 Ricardo Salgado lamenta que o novo banco só tenha recuperado 680 milhões de euros do crédito de 3.300 milhões que o BES concedeu ao BESA. O deputado socialista recorda-lhe que os 680 milhões serão pagos ao longo do tempo. "Ainda por cima", critica Salgado, "foi uma negociação desastrosa".

18h07 O deputado do PS, Pedro Nuno Santos, pergunta a Salgado sobre a relação entre o BES e o BESA. Salgado responde: "Era a área internacional que seguia essa relação e o responsável era Amílcar Morais Pires. Muitas dessas operações eram para financiar exportadores portugueses. Tudo estava protegido por uma garantia absoluta que era do presidente de Angola. Os angolanos ficaram sem compromisso e foram negociar com os nossos sucessores condições inaceitáveis".

18h05 Pedro Nuno Santos pergunta a Ricardo Salgado porque não denunciou publicamente que os brasileiros da Oi sabiam que a PT tinha investimentos em dívida da Rioforte quando, em Julho, foram renegociados os termos da fusão da PT e da Oi. "Não tive tempo. Já tinha começado o colapso. Estava completamente absorvido no BES", justificou o antigo líder do BES.

18h04 "Pedi a Zeinal Bava e transmiti a Henrique Granadeiro que o investimento fosse feito por um ano", em linha com a parceria estratégica acordada com os parceiros brasileiros. "Ninguém estava à espera do colapso que veio a acontecer", lamentou Ricardo Salgado.

Pedro Nuno Santos questiona: "Zeinal Bava sabia do investimento da PT na Rioforte?" Salgado responde: "Acredito que sim". Pergunta do deputado: "Granadeiro sabia?" Resposta de Salgado: Acredito que sim". E os accionistas brasileiros "sabiam e depois desmentiram. Estava nas contas do aumento de capital".

17h56 "A PT deslocou o investimento da ESI para a Rioforte por sugestão da área financeira. Não sei por quem. Essa conversa foi tida com a área financeira. Esse investimento já lá estava", respondeu Ricardo Salgado. O deputado do PS insistiu. "Eu não trato de operações
De forma alguma houve recursos do BESA para financiar o GES.

Ricardo Salgado
financeiras. Trato com os responsáveis da PT de desenvolvimentos estratégicos", respondeu Salgado, recusando ter "combinado" aquele investimento, como Morais Pires afirmou em carta recente aos deputados da comissão de inquérito.

17h54 "Com quem é que operação de investimento da PT na Rioforte foi combinada?", perguntou Pedro Nuno Santos. Ricardo Salgado voltou a contar a história da parceria estratégica entre a PT e o BES, que remonta a 2000.

17h53 Pedro Nuno Santos pede a Ricardo Salgado que não perca horas a dizer o mesmo que já disse antes. "Não repita as mesmas respostas. Já ouvimos uma intervenção inicial de uma hora", disse o deputado do PS em tom de crítica.

17h49 Ricardo Salgado diz que vai explicar o que se passou com a PT. Quando foi estabelecida a imparidade de 700 milhões de euros na ESFG, os investidores procuraram fazer arbitragem entre a dívida da ESI e da Rioforte. "Os investidores na ESI pediram para arbitrar as suas posições na ESI pela Rioforte", sublinhou Salgado. "Foi a mesma posição que a PT. A PT não aplicou assim de mão beijada 900 milhões no grupo", sublinhou.

17h42 Pedro Nuno Santos quer saber porque é que a Rioforte comprou a ESFG à ESI. "A ideia era reconfigurar o grupo para que houvesse a sua consolidação", explicou Ricardo Salgado. "Não houve movimentação de capitais praticamente nenhuma", garantiu. Pedro Nuno Santos recordou que esta operação fez aumentar a dívida da Rioforte, tornando-a devedora à ESI.

17h40 "A questão era resolver o problema dos clientes. Para que a confiança do banco se mantivesse", afirmou Ricardo Salgado para dizer que respeitou o "ring fencing" e que o dinheiro da conta "escrow" só serviu para pagar a clientes de retalho.

17h37 "Porque não participou na auditoria forense?", questionou o deputado do PS. "Fiquei profundamente chocado com o julgamento sumário que o governador fez no dia 3 de Agosto, acusando a administração do banco dos maiores desvios de capitais. A partir daí recusei-me participar. Estou convencido da bondade dos nossos procedimentos", insistiu Salgado.

17h34 Pedro Nuno Santos, diz a Ricardo Salgado que "devia ter falado com a Deloitte, que estava disponível para isso" quando o antigo banqueiro começou a apresentar explicações para contestar as conclusões da auditoria forense que conclui que o BES violou as exigências do Banco de Portugal sobre o "ring fencing" do banco face ao GES.

17h34 Ricardo Salgado diz que não houve dinheiro da conta "escrow" para pagar clientes do segmento "private", contrariando a auditoria forense. "Os clientes private não qualificados, como os do segmento BES 360, eram clientes de retalho", sublinhou o antigo banqueiro. Pedro Nuno Santos revela que não pode "esmiuçar toda a auditoria forense" nesta sessão.

17h29 "Desculpe-me a teimosia. Eu avisei três vezes o Banco de Portugal sobre o risco sistémico. A última vez foi a 31 de Março. Essa carta foi apresentada ao Presidente da República e ao primeiro-ministro. O que descrevi nessa carta foi o que aconteceu. Disse sempre para se cumprir o ring fencing. O que fiz foi dizer para se cumprir o ring fencing até ao colapso final", sublinhou Salgado. O antigo líder do BES diz que só saíram fundos da conta "escrow" [conta criada para reembolsar papel comercial detido por clientes de retalho], contrariando a auditoria forense

17h26 "Não contornámos o 'ring fencing'. Fizemos tudo para reembolsar os clientes do banco" que tinham papel comercial da ESI, refere Ricardo Salgado, insistindo que a auditoria forense aponta "potenciais desobediências ilegítimas".

17h23 Pedro Nuno Santos interrompe Salgado, que fazia uma longa exposição a explicar como cumpriu o "ring fencing", e pede: "vamos fazer isto de forma mais sintética". O deputado do PS faz perguntas directas e o antigo presidente do BES responde que cumpriu. "Havia um objectivo que era eliminar a exposição do BES a ESI, que o banco violou, insiste Pedro Nuno Santos. "Tenha paciência. Nós cumprimos exactamente com o 'ring fencing' e foi por causa disso que o grupo colapsou. Se não, se calhar, não tinha colapsado", contrariou Salgado.

17h20 - Ricardo Salgado diz que algumas das conclusões da auditoria forense são "infundadas".

17h19 - De acordo com a primeira parte da auditoria forense, o BES violou as determinações do Banco de Portugal destinadas a proteger o banco dos problemas financeiros do GES por 21 vezes.

17h18 - Pedro Nuno Santos, deputado do PS, pergunta a Ricardo Salgado porque não respeitou as medidas de 'ring fencing' determinadas pelo Banco de Portugal. O antigo banqueiro diz que "foi integralmente cumprido".

17h17 - Fernando Negrão, que preside à comissão de inquérito, pede menos enquadramento e respostas mais directas a Ricardo Salgado.

17h16 - Carlos Abreu Amorim, do partido maioritário do Governo, vai terminar a sua primeira fase de perguntas. Cada grupo parlamentar tem oito minutos na primeira ronda. Conclui: "a versão com que aqui fez teima não faz qualquer sentido". Salgado bebe um copo de água entretanto. O advogado volta a esboçar um sorriso. "Não tem sustento. O meu diagnóstico é duro mas é aquilo que sinto", atacou Salgado.

17h12 - A auditoria forense pedida pelo Banco de Portugal relata que o BES cedeu créditos ao BESA que passaram depois para "offshores". Uma delas é a Savoices. Carlos Abreu Amorim questionou a Salgado se era uma sociedade sua. Salgado respondeu que já não tinha "offshores" em seu nome e que a Savoices foi encerrada há mais de dois anos.

17h09 - "Não tenho esses elementos". É assim que Salgado responde sobre os efeitos da crise do grupo nos accionistas angolanos do BES.

17h04 - Hélder Bataglia, presidente da Escom, havia dito na sua audição que recebeu dinheiro pela ES Enterprise uma vez. Salgado referiu que "houve uma operação pontual".

17h03 - Abreu Amorim pergunta porque, não sendo um saco azul, não constava do organograma do grupo: "Não fazia parte. É uma falha".

17h00 - Ricardo Salgado avança com explicações para negar a ideia de que a Espírito Santo Enterprise seja um saco azul. O ex-banqueiro sublinha a história do grupo dizendo que era preciso, no início da vida do grupo, uma empresa de serviços partilhados. A empresa assegurava o "controlo interno, o somatório de relatórios de todos os controlos internos de todas as instituições financeiras do grupo". Além disso, também tratava dos serviços partilhados de serviços jurídicos e de auditoria. Numa fase sequencial, também prestou serviços partilhados à área não financeira".

16h56 - Carlos Abreu Amorim pergunta pela ES Enterprise, que se acredita que seja um saco azul do GES. "Não é um saco azul, senhores deputados", respondeu Salgado

16h54 - "As coisas demoram muito tempo em Angola". Fala-se de activos que o GES tinha no país africano e da dificuldade que foi registar a propriedade. "Quer-nos convencer que quem consegue em Angola uma garantia soberana não consegue o registo de prioridade?", atirou Abreu Amorim.

16h41 - "Ninguém na família sabia exactamente o que é que se passava. Se soubéssemos não teríamos investido os nossos recursos nos aumentos de capital [da sociedade do GES, em 2011 e 2014]".

16h40 - Ricardo Salgado continua a dizer que Machado da Cruz, que também foi ouvido na comissão de inquérito mas à porta fechada, não foi despedido do GES logo depois de se ter descoberto que havia passivo escondido na ESI porque era a única pessoa que sabia preencher os relatórios necessários nos Estados Unidos relativos à unidade do BES no país. "Foi uma situação extremamente infeliz".

16h38 - Salgado nega ter tido encontros, em Lisboa e Cascais, com o "commissaire aux comptes" para estabelecer a estratégia de defesa sobre a ocultação de contas. O ex-presidente do BES repete que já ouviu mais do que uma versão sobre a posição de Machado da Cruz. Mas continua a dizer que "o Dr. Machado da Cruz prestou bons serviços ao grupo".

16h36 - Tenciona processar o Dr. Machado da Cruz?, pergunta o deputado social-democrata. Francisco Proença de Carvalho, o advogado de Salgado, esboça um sorriso. Por sua vez, Salgado diz que é uma pergunta difícil de responder. "Julgo que não sei o que se virá passar. Vamos assistir ao desenrolar da situação através dos tribunais de Luxemburgo".

16h31 - Carlos Abreu Amorim pergunta se Salgado não sabia da ocultação de dívida na Espírito Santo International: "A minha opinião é sempre a mesma. Não tenho nenhum elemento novo que me permita alterar: não dei instruções para a ocultação da dívida". Foi isto que afirmou na primeira audição, a 9 de Dezembro. Outra coisa, diz Salgado, é que se sabia que não havia contas consolidadas no grupo. Foi quando se consolidou as contas da ESI, no âmbito do exercício determinado pelo Banco de Portugal ETTRIC 2, que se concluiu que havia mais de mil milhões de euros que não estavam contabilizados como dívida.

16h25 - Ricardo Salgado admite que se devia ter começado a reduzir a dívida da área não financeira mais cedo, em 2007. Contudo, esta só se iniciou em 2010, com a venda da Escom, que nunca se concretizou já que nunca foi paga na totalidade. "Não houve tempo", reitera Salgado, dizendo que o passivo da ESI foi sendo aumentado a partir da crise financeira internacional.

16h22 - Ricardo Salgado tem uma caneta na mão e vai rodando-a enquanto fala. Carlos Abreu Amorim pede explicações sobre a ESI.

16h19 - "As pessoas podem mudar de opinião, mas não vou comentar aquilo que é verdadeiro insulto", disse Salgado, acrescentando que enviou uma carta ao presidente do ISEG em resposta. O ex-banqueiro relembrou que foi aí que se licenciou e frisou que a faculdade até tinha uma sala com o nome BES.

16h18 - Carlos Abreu Amorim tinha referido, nas suas perguntas, a frase de João Duque quando o presidente do ISEG, numa entrevista, afirmou ter premiado "um escroque da pior espécie" quando lhe atribuiu um doutoramento "honoris causa".

16h17 - "Em relação ao pedido de desculpa, gostava de recordar um poeta português muito importante para o nosso país que é Fernando Pessoa: 'Pedir desculpa é pior que não ter razão'. Eu estou aqui a defender a minha razão. E acho que a melhor forma de defender os interesses dos clientes é provar que tenho razão. Essa razão espero vi-la a obter quanto for julgado nos tribunais", responde Salgado.

16h16 - "Sou responsável certamente e cometi erros", continua o banqueiro. "Não tenho nenhum problema em os assumir".

16h15 - "Sinto-me naquela situação de ser apresentado perante um tribunal no qual o decisor, o juiz, me chama para dizer que a sentença está declarada mas que vai prosseguir o julgamento. Parece-me que o Dr. Carlos Abreu Amorim está a ir além daquilo que é considerável em termos de justiça", respondeu Ricardo Salgado na primeira resposta a deputados.

16h14 - "Este é o momento para tentar reverter o resvalar da sua reputação. Assuma as suas responsabilidades concretas neste descalabro". Carlos Abreu Amorim faz este apelo a Salgado.

16h11 - É o Partido Social Democrata, pela voz de Carlos Abreu Amorim, que inicia as perguntas. O deputado social-democrata pede que Salgado, além de "lamentar", peça desculpa aos accionistas, investidores, clientes, trabalhadores do BES e GES e portugueses em geral.

16h11 - Praticamente ao fim de uma hora, como anunciado, terminou a intervenção inicial do homem que foi presidente executivo do Banco Espírito Santo.

16h10 - "Nunca, em momento algum, tive intenção de prejudicar interesses do BES, clientes e accionistas", conclui Salgado.

16h10 - "Continuo sem compreender a actuação do regulador", concluiu Ricardo Salgado a intervenção inicial.

16h06 - "A 22 de Dezembro, o Banco de Portugal tomou a deliberação que permitiu aumentar o capital próprio do Novo Banco em mais de 500 milhões de euros". Salgado refere-se ao empréstimo montado pelo Goldman Sachs e que distribuiu dívida por vários investidores através da Oak Finance, que saiu do BES "mau" para o Novo Banco. Essa decisão, de Dezembro de 2014, foi tomada "para melhorar o balanço do Novo Banco, e foram prejudicados" outros investidores ligados ao BES, ataca Ricardo Salgado.

16h04 - Salgado anuncia que acaba a sua intervenção inicial a responder à pergunta: "onde está o dinheiro". E avança: "O dinheiro não desapareceu. Não houve qualquer desvio de fundos. Basta ver com atenção as contas do BES para concluir que não houve desvio de dinheiro". Salgado também garantiu que o dinheiro não foi desviado para a família.

16h03 - "27 dias antes da resolução, o governador referiu que, caso fosse necessário, estava disponível a linha de recapitalização pública". Com base nesta ideia, Salgado deixou uma pergunta aos deputados: "quem forçou a resolução?"

16h00 - Era para esta hora que estava inicialmente marcado o arranque da audição de Salgado na comissão de inquérito à gestão do BES. Começou cerca de 50 minutos antes. Nestes minutos, o terceiro banqueiro da família Espírito Santo tem lançado duras críticas ao Banco de Portugal e tem mesmo personalizado os ataques na pessoa do governador Carlos Costa.

15h59 - O ex-CEO do Banco Espírito Santo defende que muitas das cartas enviadas pelo Banco de Portugal para o banco, a obrigar a constituição de provisões ou a dar determinações, tinham outros fins que não aqueles para as quais eram anunciadas. Segundo Salgado, o regulador estava "já a preparar terreno para as medidas de resolução". Sobre este tema, disse que as cartas eram enviadas mas sem um intuito verdadeiro. E quis fazer uma citação: "Já o padre António Vieira dizia que em nenhuma parte como em Portugal se gasta tanto em papel".

15h56 - Ricardo Salgado cita Carlos Costa. "Temos de saber claramente que há um espaço e que há espaço que tem de ser dado [a uma instituição financeira]". Ricardo Salgado diz que, apesar de o governador ter dito esta frase, não a cumpriu em relação ao BES.

15h53 - "O regulador inviabilizou uma injecção de capital no BES". Mais um ataque de Ricardo Salgado ao Banco de Portugal. Defende que houve fundos interessados em ajudar o banco, dos quais o regulador teve conhecimento, mas defende que apenas foram tomadas notas.

15h51 - Salgado considera que o regulador "estava ciente de que passou a ser necessário injectar capital adicional no BES" no início de Junho.

15h50 - O BES detinha um "buffer" de capital de 2,1 mil milhões de euros acima do rácio mínimo regulamentar, relembra Salgado sobre a situação do banco no início de Junho de 2014. "Portanto, o BES estava sólido". O que o deixou instável foi a recusa do Banco de Portugal em aceitar uma nova liderança no banco, acusou.

15h47 - "Não houve oposição do Banco de Portugal". O ex-presidente do BES volta a dizer, como da primeira vez que falou aos deputados, que quando avançou o nome de Amílcar Morais Pires para o substituir nunca teve oposição do regulador do sector financeiro.

15h45 - "Vamos, então, aos factos". Ricardo Salgado repete a ideia de que está a enunciar factos para criticar a acção do Banco de Portugal. Bebe um copo de água, entretanto.

15h44 - Queda do valor das acções do BES e fuga de depósitos: "foram estas duas circunstâncias que determinaram a destruição do BES".

15h40 - Salgado faz insinuações sobre a escolha da PwC para fazer o ETTRIC 2, o exercício determinado pelo Banco de Portugal que descobriu que havia dívida escondida na Espírito Santo International, aquela que era sociedade de topo do Grupo Espírito Santo. Ricardo Salgado diz que, depois disso, dois directores de supervisão do Banco de Portugal transitaram para a PwC: Luís Costa Ferreira e Pedro Machado. Alguns deputados esboçam sorrisos.

15h36 - O ex-presidente executivo do BES defende que conseguiu, em seis meses, reduzir mais de 70% da dívida do GES que estava nas mãos dos clientes de retalho do BES. Diz que não pôde continuar esse caminho por o processo ter sido "interrompido". "Trata-se de um facto objectivo", lançou.

15h35 - Os deputados vão ouvindo a declaração de Salgado. Na sala, ouvem-se as teclas dos computadores dos jornalistas. Alguns deputados vão tirando notas nos seus computadores.

15h33 - Nesse sentido, o ex-banqueiro diz que Carlos Costa é protagonista de uma "manifesta falta de isenção". Por isso, lançou um processo de "suspeição" à postura de Carlos Costa. "Aguardo há mais de um mês a decisão dos restantes membros da administração do Banco de Portugal", disse.

15h32 - Salgado defende que foi alvo de uma "pré-condenação anunciada de viva voz e em directo" pelo governador quando, a 3 de Agosto de 2014, Carlos Costa frisou que havia esquemas potencialmente "fraudulentos" cometidos pela gestão do BES.

15h31 - "No passado mês de Fevereiro, fui confrontado por um processo de decisão no qual o regulador presume que sou responsável pelo agravamento da situação do BES", anuncia Salgado. "Solicitei ao Banco de Portugal a consulta do processo administrativo". Foi-lhe dito que não havia nada para consultar a não ser a decisão.

15h29 - "O 'ring-fencing' prejudicou o BES em vez de protegê-lo", afirmou Ricardo Salgado. O 'ring-fencing' foi a separação entre BES e a área não financeira do GES que o Banco de Portugal quis determinar e que, segundo a auditoria forense, não foi cumprida pela gestão do banqueiro.

15h28 - Salgado dá a sua versão do dinheiro que saiu da conta destinada a clientes do retalho com papel comercial do GES para o Montepio e BCP. Eram empréstimos que tinham sido concedidos ao BES para pagar a esses clientes e que, quando chegaram à maturidade, tiveram de ser reembolsados.

15h25 - Sobre as cartas a duas sociedades da Venezuela em que se garantia a dívida da ESI nas suas mãos, Salgado afirma que elas não estavam "sujeitas a condições". E os proprietários "nem sequer" as mostraram que queriam usar, disse. Está aqui um ataque ao Banco de Portugal, à KPMG e à administração de Vítor Bento que constituiu uma provisão de cerca de 300 milhões de euros para proteger estas cartas.

15h25 - "À excepção das cartas-conforto, em que consegui identificar a minha intervenção, o relatório da auditoria não identifica a actuação concreta de qualquer administrador do Banco Espírito Santo", diz. Não há nomes nas fases da auditoria já conhecidas.

15h21 - Os fotógrafos e os repórteres de imagem abandonam a sala. Nas restantes audições têm menos tempo para tirar fotografias. Esta quinta-feira, puderam permanecer na sala cerca de 15 minutos. Ao mesmo tempo, Ricardo Salgado vai criticando as desobediências de que a sua gestão é acusada na auditoria forense.

15h20 - Ricardo Salgado diz que não houve vontade do Banco de Portugal em procurar terceiras confirmações das informações recebidas".

15h19 - Os dados da auditoria forense "são insuficientes". Salgado diz que muitas das desobediências referem que "não foi disponibilizada informação" ou que "informação é inconclusiva".

15h18 - Salgado começa a sua defesa com ataques à auditoria forense. E lança farpas ao Banco de Portugal dizendo que só teve acesso ao documento que o critica e que menciona que pode ter cometidos crimes "pelos jornais. "É verdadeiramente inadmissível", lançou.

15h17 - Ao invés, Salgado falou pela primeira vez dos lesados pela derrocada do grupo e do banco. "Lamento profundamente", disse. "Nunca esquecerei os clientes e colaboradores que em nós confiavam", acrescentou ainda.

15h16 - Salgado repete ideias já lançadas na primeira audição: "só quero lutar pela minha honra e pela da minha família. Sei que os anos que restam de vida serão passadas nesta luta".

15h14 - Ricardo Salgado começa esta segunda audição a dizer que se criou uma "imagem rápida e simples" sobre a queda do BES: a de que "era o único responsável" com conhecimento de todos os actos e factos. "Não terei tudo a ver com tudo como tantas vezes tem sido sugerido", contrapõe o que agora passou a ser designado de ex-dono disto tudo.

15h12 - Ricardo Salgado irá fazer uma intervenção inicial de cerca de uma hora.

15h11 - Fernando Negrão começa por pedir pouco ruído na sala, já que há muito mais pessoas do que habitualmente.

O presidente da comissão relembra que "há matéria nova" nesta segunda audição. Mas deixa um aviso": Não estamos aqui nem para acusar nem para julgar ninguém. Isso cabe ao poder judicial. Temos uma competência: fiscalização e legislativa. É nosso dever apurar os factos que ocorreram e que levaram ao fim do Grupo BES e GES. Esses factos é nossa obrigação apurar". Fernando Negrão pede "perguntas claras" aos deputados e respostas esclarecedoras a Salgado.

15h10 - "Cuidado aí ao centro por causa da câmara". O aviso vem de um funcionário da Assembleia que pede aos inúmeros repórteres de imagem na sala para não se colocarem à frente das câmaras do canal Parlamento.

15h07 - Ouvem-se "flashes" das máquinas fotográficas. Ricardo Salgado entrou na sala 6. Vem acompanhado pelo advogado Francisco Proença de Carvalho, como no dia 9 de Dezembro. Tal como dessa vez, entrou pela porta das traseiras da sala, contrariando aquilo que aconteceu com a quase totalidade das personalidades chamadas à comissão de inquérito.

15h00 - A hora marcada para a audição chegou, mas o ex-banqueiro ainda não está na sala. Os deputados conversam entre si. Os repórteres de imagem seguram nas câmaras mas ainda há pouco para filmar.

14h52 - Faltam oito minutos para a audição de Ricardo Salgado. Há jornalistas, fotógrafos, repórteres de imagem na sala 6 do Parlamento. Há deputados do PSD e do CDS. Também há funcionários da própria Assembleia da República.

Primeiro foi a 9 de Dezembro. Agora é a 19 de Março. Ricardo Salgado vai ser questionado pela segunda vez pelos deputados da comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES. Na primeira audição, passaram-se cerca de dez horas de perguntas e respostas. A segunda devia começar pelas 16 horas mas foi antecipada para as 15 horas.

Desta vez, nas mãos dos deputados há novos dados como as primeiras conclusões das auditorias forenses, que dizem que a gestão de Salgado desobedeceu mais de 20 vezes ao Banco de Portugal e que havia um descontrolo no crédito que saía do BES para a subsidiária BES Angola.

(Notícia em actualização)
files Discurso de Ricardo Salgado na CPI de 19 de Março de 2015
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 19/3/2015 19:40

Boas,

SALGADO NEGA TER TIRADO DINHEIRO DA CONTA DO PAPEL COMERCIAL PARA MONTEPIO E BCP
19 Março 2015, 17:45 por Diogo Cavaleiro | diogocavaleiro@negocios.pt

A auditoria forense pedida pela Deloitte refere que houve desvio de dinheiro para dois bancos da conta criada para reembolsar papel comercial, em vez de se destinar o dinheiro aos clientes. O ex-banqueiro diz que era um financiamento que tinha de ser pago.
Ricardo Salgado nega a conclusão da auditoria forense que defende que saiu dinheiro da conta criada exclusivamente para reembolsar clientes do BES com papel comercial de sociedades do GES para pagar ao Montepio e ao BCP.

O ex-presidente do BES explicou que, no arranque de 2014, estava em curso a dispersão do capital da Espírito Santo Saúde por diversos investidores através da colocação em bolsa. Nessa altura, o banco pediu ao BCP e ao Montepio "empréstimos de curtíssimo prazo para alimentar a conta 'escrow'", a conta que o BES teve de constituir para assegurar o pagamento das dívidas que aqueles clientes tinham adquirido aos seus balcões.

Os empréstimos eram "bridge loans", ou seja, apenas até ao fim do processo que estava em curso. Ou seja, segundo Salgado, tinham de ser pagos quando recebesse a receita da venda da posição da ES Saúde em bolsa.

"Depois, quando a venda dos activos da ES Saúde se procedeu, foram reembolsados os bancos". Mas Salgado assegura que, antes disso, já tinham sido reembolsados os clientes.

Contudo, houve alguns clientes do banco que não receberam o capital e os juros que investiram em títulos de dívida da ESI e Rioforte, sendo que ainda estão, neste momento, por pagar.

Esta foi uma das críticas que Salgado fez na audição na comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 19/3/2015 13:04

Boas,

A AUDITORIA É UMA ARMA NO 2º. ROUND COM SALGADO
Março 19th, 2015
Citamos

Negócios

Há declarações que vieram opor-se ao depoimento de Salgado, há uma auditoria forense e há um melhor conhecimento do que levou à queda do BES. Os deputados prometem uma melhor audição ao ex-banqueiro.
“Gostaria de ver o resultado das auditorias forenses. Gostaria de ver para perceber”. A afirmação foi feita por Ricardo Salgado a 9 de Dezembro, na primeira audição no inquérito. A 19 de Março, quando se sentar …
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 19/3/2015 13:03

Feliz dia do Pai...,

RICCIARDI TEM DE PROVAR OPOSIÇÃO ÀS DECISÕES DE SALGADO NO BES
Março 19th, 2015
Citamos

Económico

Banco de Portugal convoca seis membros da família Espírito Santo para se pronunciarem sobre decisão que os torna responsáveis pela queda do BES. José Maria Ricciardi é o único ainda em funções na banca.

José Maria Ricciardi e outros cinco membros da família Espírito Santo que exerceram funções no BES têm até ao fim de Março para apresentarem ao Banco de Portugal (BdP) argumentos que demonstrem que não foram responsáveis pelo colapso da instituição, apurou o Económico. Se não demonstrarem que se opuseram de forma “activa e consequente” às decisões que levaram à queda do BES, os depósitos e outras responsabilidades que pudessem exigir vão permanecer congelados no banco “mau”.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 19/3/2015 13:01

SALGADO DEBAIXO DE FOGO POR GESTÃO RUINOSA E DESVIO DE DINHEIRO
Inquériro BES/GES
Salgado debaixo de fogo por gestão ruinosa e desvio de dinheiro
Ricardo Salgado vai à Assembleia da República debaixo de duras acusações: gestão ruinosa, falsificação de contas, desvio de dinheiro do BES Angola, informalidade na concessão de crédito à administradores. Desta vez, o ex-banqueiro terá mais dificuldade em defender-se. Há acusações graves e alegados crimes nas duas partes já conhecidas da auditoria da Deloitte ao BES e ao GES. Salgado terá de esclarecer contradições em que foi apanhado

ANABELA CAMPOS E ISABEL VICENTE | 10:42 Quinta, 19 de Março de 2015

Ricardo Salgado, ex-presidente do BES e o rosto do grupo da família Espírito Santo, vai sentar-se de novo, esta quinta-feira. na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ao caso BES/GES, desta vez sob fortes indícios de atos de gestão danosa e infrações especialmente graves, apontados pela auditoria forense, encomendada pelo Banco de Portugal, à Deloitte, em junho. Crimes punidos com uma pena de prisão até cinco anos, e nos casos das contraordenações com multas que poderão chegar aos cino milhões de euros. Salgado foi ouvido pela primeira vez na CPI a 9 de dezembro, numa audição de mais de 9 horas, onde foi relativamente poupado, sacudiu responsabilidades e apontou a culpa em várias direções: o Banco de Portugal, a indisponibilidade do governo para apoiar, a crise, o BESA de Álvaro Sobrinho, e o contabilista da Espírito Santo International, uma das holdings de topo do Grupo Espírito Santo (GES), que manipulava contas desde 2008.

Agora terá o caminho mais dificultado, Salgado já foi alvo de várias acusações e contradições e agora existe a auditoria forense (foram divulgadas duas partes, de um relatório que terá cinco), com a qual não colaborou, mas que lhe imputa grande responsabilidade pela derrocada do BES.

"Ninguém se apropriou de um tostão, nem na administração, nem na família, nem nos quadros diretivos", disse Salgado. Agora a auditoria da Deloitte vem dizer o contrário. Também o contabilista da Espírito Santo International, Machado da Cruz, de ter sido sob as ordens de Salgado que as contas foram manipuladas.

São gravíssimas as acusações identificadas nas conclusões nos dois relatórios da auditoria já divulgados, e aos atos de gestão danosa, juntam-se suspeitas de burla qualificada, falsificação e infidelidade. Os indícios estão a ser enviados para o Ministério Público.



Dinheiro de Angola em offshores
Na terça-feira foram revelados atos de gestão ruinosa na concessão de crédito do BES Angola, junto do BES, na altura os que estes bancos eram presididos, respetivamente, por Álvaro Sobrinho, e Ricardo Salgado. O segundo relatório da Deloitte aponta também indícios de que Salgado, Álvaro Sobrinho, e Amílcar Morais Pires, administrador financeiro do BES, como pelouro no BESA desde março de 2012, receberam dinheiro diretamente da conta do BES Angola no BES. "No âmbito da análise efetuada a movimentos a débito (de saídas de fundos) ocorridos nas contas de depósitos à ordem do BESA junto do BES no período entre 1 de janeiro de 2010 e 30 de junho de 2014, foram identificadas situações que (...) tinham como beneficiário entidades relacionadas com o BES, entidades mencionadas nos meios de comunicação social como tendo ligação a responsáveis do BES e/ou BESA", lê-se na auditoria. Confirmasse assim a notícia do Expresso de 2014 que relacionava os dinheiros pagos pelo BESA a sociedades offshores atribuídas a órgãos sociais, nomeadamente Ricardo Salgado, cuja empresa era Savoices, e Amílcar Morais Pires (a Alltine), bem como a créditos que terão sido concedidos à Pineview Overseas, de Álvaro Sobrinho, empresa dona do jornal 'Sol' em Portugal.

Há suspeitas de que o crédito do BES ao BESA tenha ultrapassado os 3,3 mil milhões. E que a compra de obrigações do tesouro angolano, financiadas pelo Banco Espírito Santo ao banco angolano, no valor de 1,5 mil milhões de dólares, terá sido feita sem análise de risco, nem sequer registo de operação, e que até poderá ter sido desviada. Mas há mais na auditoria ao BESA: houve casos em que a gestão de tesouraria foi cruzada entre os dois bancos sem autorização formal dos órgãos competentes, falha na verificação pelos órgão internos do BES da exposição entre os dois bancos, e, entre outros, ausência de análise de risco ao BESA. São ao todo mais de 30 irregularidades detetadas na auditoria forense da Deloitte sobre Angola.



Desrespeitar o Banco de Portugal
Ricardo Salgado e sua equipa de gestão desobedeceram 21 vezes ao Banco de Portugal (BdP), de Carlos Costa, entre dezembro de 2013 e julho de 2014, revelou a primeira parte da auditoria forense da Deloitte, a 5 de março. Já o banco estava sob vigilância apertada do supervisão. O BES serviu-se da conta que o BdP exigiu para pagamento do papel comercial aos clientes de retalho, no valor de 750 milhões de euros, para pagar a clientes de private banking, entidades institucionais e a bancos que tinham dívidas do GES, nomeadamente o BCP, Montepio e Crédit Suisse. A auditoria identificou quatro atos de gestão danosa, entre eles, as cartas de conforto à Venezuela, assinadas por Ricardo Salgado e José Manuel Espírito Santo, que garantiam o reembolso de 328 milhões de dívida da ESI, e sete financiamentos a entidades não financeiras do GES, sem documentação e numa altura em que o BdP já o tinha proibido. Entre os indícios de irregularidades encontradas estão: a concessão de financiamento a administradores sem respeito pelas regras aplicáveis, empréstimos sem garantia e movimentos financeiros sem explicação através da sociedade suíça Eurofin.



Contradições de Salgado
Na audição a 9 de dezembro, Salgado garantia: "Não houve desvios de capital para fora do banco. Ninguém se apropriou de um tostão, nem na administração, nem na família, nem nos quadros diretivos". A auditoria vem dizer o contrário. Sobre a má gestão, Salgado disse então: "Estou de consciência tranquila (...) Em 40 anos de atividade bancária não tenho nada de que me arrependa". A Deloitte vem apontar vários atos de gestão danosa, que a provar-se serão punidos com prisão. Como se justificará agora Salgado.

A 9 de dezembro, o ex-presidente do BES mantinha-se fiel ao que já havia dito em entrevista ao Jornal de Negócios. "Nunca dei instruções a ninguém para ocultar passivos do grupo", referindo-se à responsabilidade do contabilista da ESI, Francisco Machado da Cruz, ao qual tinha atribuído a culpa pelo manipulação das contas a partir de 2008. Machado da Cruz, em meados de janeiro, garantiu à CPI, que foi Ricardo Salgado a decidir e a assumir pessoalmente o empolamento dos ativos da holding ESI. Disse mais. Salgado deu ordens para sobrevalorizar uns ativos e incluir outros que ou não pertenciam à ESI ou nem sequer existiam. Recorda uma conversa com Salgado: "Ó Francisco, agora vais ter de sair daqui, vais para o Brasil ou para a Bolívia".

Salgado queixa-se de ter pedido tempo ao BdP e de este não lho ter dado. Mas o Banco de Portugal tem-se percebido terá dado tempo de mais ao ex-presidente do BES. Ontem Fernando Ulrich, presidente do BPI, disse na CPI que se tivesse recebido um presente de 14 milhões de euros, já não voltava a entrar no banco. "Se eu fizesse isso (receber 14 milhões a título de presente de um cliente, José Guilherme), nessa tarde já não entrava no banco", ironizou. Ulrich, tal como outros responsáveis já tinham defendido, afirmou ontem que as autoridades , BdP, CMVM e Governo, deviam ter agido mais cedo.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 19/3/2015 12:57

Boas, Feliz Dia do Pai...

MISSÃO IMPOSSÍVEL? SALGADO RESPONDE A ACUSAÇÕES E CONTRADIÇÕES
19 Março 2015
ana suspiro lowres
Ana Suspiro
Quantas vezes foi a versão de Ricardo Salgado contrariada ou desmentida? 39 audições e milhares de páginas, cartas e respostas depois, o ex-presidente do BES responde. 10 dúvidas essenciais.

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Quase 40 audições depois e de milhares de páginas de documentos, cartas e auditorias enviados à comissão parlamentar de inquérito aos atos de gestão do Banco Espírito Santo (BES) e do Grupo Espírito Santo (GES), Ricardo Salgado volta a ser ouvido. Durante os mais de quatro meses que passaram sobre a sua primeira audição, que se realizou a 9 de dezembro de 2014, por várias vezes o ex-presidente do BES pediu o direito ao contraditório e insistiu em voltar a esclarecer a opinião pública e os deputados.

As cartas e posições do Banco de Portugal, as declarações comprometedoras atribuídas ao contabilista e os resultados da primeira parte da auditoria forense, que apontam para quatro atos de potencial gestão ruinosa ao ex-presidente executivo do BES, foram os três casos que suscitaram reação do antigo banqueiro. Mas muito mais foi dito e revelado. Entre contradições, desmentidos, e factos em que alguém não conta a verdade, tal a disparidade das versões, há muito mais para conferir nesta audição. E a primeira já durou quase dez horas. Estes são dez temas incontornáveis.


1. Quem mandou esconder a dívida da ESI?
Qual foi o envolvimento de Ricardo Salgado na ocultação de contas da Espírito Santo Internacional (ESI)? Segundo a versão dada pelo próprio, o ex-presidente do Banco Espírito Santo só teve conhecimento da ocultação de passivo da ESI em novembro de 2013, na sequência da auditoria feita no quadro do ETRICC (exame à solidez financeira dos grandes devedores da banca), e que o Observador divulgou.

Ainda sobre este tema, Salgado garantiu: “Nunca dei instruções a ninguém para ocultar o passivo.” E para sustentar a sua posição, remeteu para a auditoria feita à Espírito Santo Financial Group (ESFG) em que Machado da Cruz, o contabilista da ESI, assumiu as responsabilidades pelas contas falsificadas. Ricardo Salgado negou, ainda, a existência de fraude (ocultação deliberada). “Se tivesse havido fraude ou intenção de fraude não seriam dados todos os elementos como foram”.


Machado da Cruz versus Ricardo Salgado. Onde está a verdade?

Foi precisamente o testemunho de Machado da Cruz que mais contrariou a história contada por Ricardo Salgado. Numa audição à porta fechada, mas da qual saiu informação suficiente para tramar o ex-presidente do BES, o antigo contabilista diz que Ricardo Salgado não só sabia como deu ordem para a ocultação de dívida da Espírito Santo Internacional. Começou em 180 milhões de euros em 2008 e em 2013 chegava aos 1300 milhões de euros.

E porque teria Machado da Cruz a iniciativa de esconder a dívida? Ricardo Salgado nunca ataca diretamente o contabilista, que terá atuado daquela forma porque pensava que estava a ajudar o grupo. O contabilista diz que assumiu a culpa por “absoluta lealdade aos superiores hierárquicos no grupo” e porque lhe disseram que era para ajudar o GES. O contabilista afirmou que foi de Ricardo Salgado que recebeu a instrução para se retratar quando foi ouvido na auditoria à ESFG, dizendo que as suas declarações a um escritório de advogados feitas em abril, em que envolve Salgado, José Castella (o tesoureiro do grupo), Manuel Fernando Espírito Santo e José Manuel Espírito Santo, tinham sido “um erro.”

2. Quem lucrou?
“Ninguém se apropriou de um tostão, nem na administração, nem na família, nem nos quadros diretivos do banco”, garantiu logo na sua intervenção inicial o ex-presidente do BES. “Ninguém na família teve ganho”, repetiu Ricardo Salgado ao longo da audição, a propósito da recompra de obrigações do BES pelo banco nas semanas que antecederam a resolução.

A auditoria ao BESA revela que pelo menos no caso da conta do banco angolano junto do BES, foram detetadas saídas de fundos que tiveram como beneficiários entidades relacionadas com o BES e entidades relacionadas com responsáveis do banco e do Banco Espírito Santo Angola. Esta é uma das situações já identificadas pelas autoridades que mais compromete a tese de que não houve vantagens pessoais. Há muito mais casos suspeitos.

3. Os avisos de Ricardo Salgado ao poder. Quem diz a verdade?
Ricardo Salgado diz que avisou o Banco de Portugal, o Governo e o Presidente para o risco sistémico da queda do grupo e do próprio banco. Os responsáveis do Governo que já responderam na comissão de inquérito dizem que nas reuniões realizadas a pedido do ex-presidente do BES este pediu ajuda para o GES e nunca para o banco. Todas as respostas batem certo numa coisa: Salgado nunca pediu uma recapitalização do banco com fundos públicos. Cavaco Silva foi o único que a maioria PSD/CDS não deixou responder.

4. Garantia soberana de Angola pouco sólida?
Para o ex-presidente do BES, a situação no BESA não era um problema até à resolução imposta ao banco, o que qualifica de “ofensa diplomática a Angola” e que, argumenta, levou Luanda a retirar a garantia que protegia o banco de prejuízos na ordem de três mil milhões de euros.

“O que aconteceu no BESA deve-se fundamentalmente ao ato de resolução do BES que pôs a operação angolana no banco mau.” Para confirmar esta tese, Ricardo Salgado recuperou parte do teor de uma carta do Banco de Portugal em que se diz não esperar um impacto significativo no BES da exposição a Angola por via da garantia soberana.

Esta tese tem sido contrariada por documentos e testemunhos. Há uma carta de julho de 2014 do Banco Nacional de Angola ao Banco de Portugal em que o regulador angolano informa que se prepara para intervir no BESA e rever os créditos de 5.700 milhões cobertos pela garantia, antes de estar decidida a resolução.


Autoridades angolanas avisaram Pedro Passos Coelho que não era possível encontrar solução para o BESA em tempo útil.

Nas respostas ao Parlamento, Pedro Passos Coelho revela uma troca de impressões com o vice-presidente angolano em que Manuel Vicente lhe transmite que não seria possível encontrar uma solução para o BESA que assegurasse a estabilização do banco português em tempo útil.

Também a auditoria forense à relação do BES com o BESA conclui que os administradores que sabiam da situação no BESA, Salgado certamente está incluído, tinham elementos suficientes para saber que os problemas no banco angolano “configuravam a ocorrência de um evento com potencial impacto negativo relevante nos resultados do BES”.

5. Descontrolo no BESA? Ou não?
Ricardo Salgado admite que começaram a chegar informações estranhas a partir de meados da década de 2000. E atribui a falta de controlo no BES ao BESA à famosa separação de redes informáticas imposta pelo Banco Nacional de Angola em 2009. Reconhece que o departamento de risco do BESA foi “pervertido”, mas responsabiliza Álvaro Sobrinho, ex-presidente do banco angolano. Diz que parte substancial do aumento de crédito, financiado pelo BES, foi para beneficiar empresas portuguesas exportadoras.

O capítulo da auditoria forense às relações entre o Banco Espírito Santo e sua participada angolana desmonta esta desresponsabilização do banco em Lisboa e aponta diretamente o dedo aos administradores do BES que tinham o pelouro do BESA, sobretudo até 2011. Há atos potenciais de gestão ruinosa na forma descontrolada como aumentou o crédito do BES ao BESA, no caso de não se comprovar racionalidade económica nesse aumento de exposição. Esta suspeita de crime envolve os responsáveis do BES com o pelouro do BESA no período analisado: Ricardo Salgado e Amílcar Morais Pires.


Álvaro Sobrinho não pode ser o único mau da fita no BESA

O sumário executivo, divulgado esta semana, coloca também em cheque a versão mais benévola de que a concessão de crédito em Angola beneficiou empresas portuguesas exportadoras. A auditoria detetou operações de saídas de fundos da conta do BESA no BES que tiveram como beneficiários entidades relacionadas com o BES (presumivelmente empresas do grupo ou família Espírito Santo) e entidades associadas nos media com tendo ligações a responsáveis do BES e/ou BESA. Pistas que apontam claramente na direção de Salgado, mas também de Amílcar Morais Pires e Álvaro Sobrinho.

O documento aponta, ainda, para falhas sistemáticas e repetidas nos sistemas de controlo interno do próprio banco em Portugal no relacionamento com Angola e na transferência de fundos para Luanda. E quanto aos limites ao acesso do sistema informático, a partir de Lisboa, o presidente do BPI, Fernando Ulrich, não podia ser mais categórico quando assegurou: nunca tive qualquer dificuldade em aceder a toda a informação de que precisava sobre o BFA (Banco do Fomento Angola).

6. Desobediência ao Banco de Portugal. Houve ou não?
“Violou, em algum momento, as imposições do Banco de Portugal relativamente à exposição do BES ao GES?”. A pergunta feita pelo deputado do PSD, Carlos Abreu Amorim, teve a seguinte resposta: “O Banco de Portugal acompanhava em permanência os grandes riscos e, portanto, nunca violámos esse aspeto”.

Ao longo da audição, o ex-presidente do BES sublinhou, ainda, que o banco tinha de cumprir as instruções do Banco de Portugal, “como, sempre, procurámos cumprir”. E depois de ter assegurado que o governador nunca lhe pediu taxativamente para abandonar funções, conclui: “Sempre acolhi as instruções do governador.”


Auditoria identifica 21 desobediências ao Banco de Portugal, liderado por Carlos Costa.

A forma como o BES e a sua gestão respeitou e deu seguimento às instruções do Banco de Portugal foi a primeira parte da auditoria forense a ser revelada. As conclusões não podiam ser mais contraditórias. E apontam para mais de 20 desobediências a ordens do Banco de Portugal durante o mandato de Ricardo Salgado e que se concentram, em especial, em contornar a proibição do BES aumentar a sua exposição ao Grupo Espírito Santo.

Entre as muitas operações que contrariam a ordem de limitar o crédito, encontram-se quatro que configuram uma “potencial prática de atos dolosos de gestão ruinosa”. Aqui estão, por exemplo, as cartas conforto assinadas por Ricardo Salgado e José Manuel Espírito Santo a favor da Venezuela.

7. Proteger os clientes? Alguns são mais clientes do que outros?
O ex-presidente do Banco Espírito Santo justificou muitas das operações mais questionadas, em particular as realizadas nas últimas semanas da sua gestão, como tendo sido realizadas com o objetivo de proteger os clientes. Foi essa a justificação dada à recompra de obrigações do BES pelo próprio banco, conhecidas como o caso Eurofin devido à intermediação desta sociedade suíça.

A finalidade “era exatamente a de proteger os clientes que tinham exposição ao Grupo da área não financeira. Foi solicitado que reembolsassem, e isto em linha com os princípios do Banco de Portugal, ou seja, de defender a imagem do Banco e a confiança no Banco Espírito Santo”. Ricardo Salgado argumentou que estes, ao contrário dos clientes de retalho, não beneficiavam da garantia de reembolso que se apoiava na provisão de 700 milhões de euros que era garantida pela seguradora Tranquilidade. Salgado realça, ainda, que o grupo conseguiu reduzir a exposição dos clientes do banco à dívida da ESI em mais de mil milhões de euros em apenas cinco meses.


Subscritores de papel comercial do GES ainda estão à espera de ser reembolsados.

Ainda sem entrar no caso Eurofin, que justifica que será tratado em outro bloco, o primeiro capítulo da auditoria mostra que a prioridade não foi dada aos clientes de retalho que tinham investido, ao contrário do que estava previsto no plano acordado com o Banco de Portugal.

A conta Escrow da ESI no BES, criada com esse fim específico, serviu para pagar mais de 500 milhões de euros a clientes de private banking [gestão de fortunas], bancos como o BCP, o Montepio e o Crédit Suisse, e até uma empresa sedeada na Madeira. Há 2.500 clientes de retalho que ainda não receberam, nem sabem se vão receber, mais de 500 milhões de euros de papel comercial.

8. Quem mandava? Salgado, Salgado, Salgado.
“Não posso aceitar ser responsável por tudo o que aconteceu na área financeira“. Salgado disse que se dedicava a 100% à área financeira. Adiantou, ainda, que o GES era composto por cinco grupos paritários “e ninguém tinha a supremacia de voto”.

Esta visão tem sido contrariada por quase todos os testemunhos ouvidos que atribuem a Ricardo Salgado a centralização de todas as decisões e o conhecimento de todas as informações, não só no banco, mas também no grupo, onde tinha como braços direitos José Castella e Machado da Cruz.

Relações com o Banco de Portugal, controlo do BESA, Álvaro Sobrinho só reportava a Salgado, investimentos da Portugal Telecom, escolha dos sucessores, venda da Escom, negociação da garantia com José Eduardo dos Santos, tudo passava por ele. Ricardo Salgado decidia tudo e os outros confiavam nas decisões e na informação.


José Maria Ricciardi aponta o dedo a Ricardo Salgado. Mandava em tudo.

O testemunho de José Maria Ricciardi: “Como toda a gente sabe, o Grupo Espírito Santo e o Banco Espírito Santo tinham uma liderança absolutamente centralizadora, absolutamente indiscutível, não havia qualquer decisão, até as relativamente sem qualquer importância, que não passasse pela mesma pessoa”

“Nunca tive nenhuma interação com o governador, fiz fé no que Ricardo Salgado me disse”, esclareceu Morais Pires a propósito da sua indicação para presidente executivo do BES. “Quem é que em Portugal não confiava em Ricardo Salgado?“. Foi este o argumento invocado por José Manuel Espírito Santo para explicar porque assinou as cartas que comprometiam o BES no reembolso da dívida do GES vendida à Venezuela.

9. Afinal de contas, o que correu mal?
Na narrativa de Ricardo Salgado, o BES/GES eram um grupo estruturante. Como tal, “não se podia resolver o problema do BES sem resolver o problema do GES”. Foi esta a relação incontornável de interdependência que procurou passar nas sucessivas conversas e reuniões com o Banco de Portugal e membros do Governo quando pediu um financiamento de 2,5 mil milhões de euros, que foi recusado. A tese das autoridades era outra e apostava na viabilidade de separar os problemas do grupo dos problemas do banco.

A realidade veio a cumprir a auto-profecia do ex-presidente do BES, para quem a “sentença de morte veio quando não foi possível fazer o aumento de capital da Rioforte”. A argumentação de Ricardo Salgado mostra que o ring-fencing [barreira de proteção], tal como proposto pelo Banco de Portugal, nunca funcionaria, pelo menos com ele à frente do banco. E, no entanto, segundo o ex-presidente do BES, foi o próprio governador que lhe pediu para liderar a transição para um BES livre de família Espírito Santo, em nome da estabilidade.

Não foi só a estratégia que correu mal, foi também o timing. Para Ricardo Salgado era preciso dar tempo para o plano de reestruturação da área financeira ser viável. “Não nos foi dado tempo, quem vende depressa vende mal”. O plano apresentado ao Banco de Portugal previa que o GES fosse viável ao fim de dez anos, se tudo corresse muito bem. Na sua audição, o ex-presidente do BES lamentou o prazo impossível de concretizar dado para reembolsar a dívida vendida aos balcões do banco.


Fernando Ulrich, presidente do BPI, defende que a intervenção do Banco de Portugal devia ter ocorrido mais cedo.

Já para o presidente do BPI, o problema foi precisamente o inverso. A intervenção do Banco de Portugal deveria ter sido mais cedo, quanto muito em 2012. Fernando Ulrich defendeu que, desde 2011, que se conheciam os problemas de excesso de crédito em Angola e da utilização da rede do banco para financiar o grupo, um sinal de grande fragilidade.

Também José Maria Ricciardi acredita que se o BES tivesse sido alvo de recapitalização pública em 2012, com os fundos da troika, teria sido possível salvar o banco, ainda que o grupo caísse.

10. Uma relação especial com a verdade?
Para a história das frases que fazem a história da comissão de inquérito ficará, pelo menos, uma de Pedro Queiroz Queiroz Pereira. O “Dr. Ricardo Salgado tem um problema: não lida maravilhosamente com a verdade”, comentando as respostas evasivas que o banqueiro lhe deu sobre quem era o acionista da offshore que tinha uma participação na Semapa.

Não sendo um aspeto essencial a esclarecer, o conhecimento da gravação das reuniões do Conselho Superior do Grupo Espírito Santo (GES), é uma das matérias em que é mais fácil apanhar Ricardo Salgado em falso.

“Posso garantir que nem sabia que estava a ser gravado”. Este desconhecimento tem sido sistematicamente desmentido por todos os outros participantes nas reuniões. Até o tesoureiro, José Castella, que no essencial confirmou a versão de Salgado sobre as contas da ESI, acabou por desmentir o ex-presidente do BES nesta questão. As gravações começaram após desentendimentos entre Ricardo Salgado e José Maria Ricciardi, mas os membros do Conselho Superior tinham oportunidade de corrigir estas atas e todos sabiam que estavam a ser gravados.

Foi o BES que fez cair a PT?

Na sua primeira audição, Ricardo Salgado sublinhou: “Foi uma tristeza o que aconteceu na PT. Foi o único elemento que não previ” quando alertou, em março do ano passado, o Banco de Portugal para o risco sistémico. Para Henrique Granadeiro “não foi a PT que fez cair o BES, foi o BES que fez cair a PT”.

Foi Ricardo Salgado quem pediu à PT no início de 2014 para trocar os investimentos que vinha realizando na Espírito Santo Internacional pela Rioforte. Mas ao mesmo tempo que promovia a holding não financeira junto de investidores, estava já em marcha o plano de reestruturação do grupo que levou a Rioforte a comprar a Espírito Santo Financial Group por um preço muito superior ao do mercado à ESI. Resultado: a Rioforte ficou com um forte desequilíbrio financeiro e necessidades de capital acrescidas.

O ex-presidente da PT aponta o dedo aos responsáveis do banco e diz que “se soubesse das contas da Rioforte, nunca teria autorizado”. O ex-administrador financeiro da PT foi mais longe. Pacheco de Melo acusa Salgado de ter omitido deliberadamente informação sobre a Rioforte quando fez a apresentação, designadamente o valor da compra da ESFG pela Rioforte.

“ESTOU PERFEITAMENTE CONVICTO QUE A PT, EU E O SEU PRESIDENTE E OS TRABALHADORES, FOMOS ENGANADOS E DEFRAUDADOS PELOS ESPÍRITOS SANTOS, PELO BES E PELOS SEUS MAIS ALTOS RESPONSÁVEIS.”
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 18/3/2015 21:12

Boas,

PORTAS FRAGILIZA GOVERNADOR DO BANCO DE PORTUGAL
Março 18th, 2015
Citamos

Diário de Notícias

Inquérito. Na qualidade de líder partidário e não da de vice-primeiroministro, Portas falou em “falhas” na atuação do regulador bancário

JOÃO PEDRO HENRIQUES

A posição do governador do Banco de Portugal- cujo mandato termina em maio/junho, podendo (ou não) ser renovado – ficou ontem mais frágil, depois do depoimento de Paulo Portas na comissão parlamentar de inquérito ao caso BES.

O vice-primeiro-ministro distanciou-se do argumentário que Passos Coelho já usou para este caso, no qual colocou todo o peso das responsabilidades na gestão Espírito Santo, ilibando totalmente Carlos Costa.

No meio de uma “rajada” sobre mais ou menos toda a gente – com a exceção evidente do governo -, Paulo Portas – despindo a farda de vice-primeiro-ministro e assumindo a de líder partidário – disparou: “Há falhas na supervisão.” Mais tarde, deixou no ar uma frase equívoca, sobre o caso BPN, mas que para alguns deputados pareceu ao princípio poder ser sobre o BES: “Mais eficaz do que fazer mais regulamentos é mudar o administrador da supervisão.”

A supervisão bancária foi um dos alvos do vice-primeiro-ministro mas não, como já se disse, o único alvo: “Acho que há manifestamente falhas na gestão do banco e no sistema de controlo. Há manifestamente falhas nas auditorias e auditores, há manifestamente falhas no sistema de controlo que o sistema e o próprio banco tinham para evitar situações destas.” Portas considerou também “lamentáveis” as “dessintonias” entre o regulador bancário e a CMVM e fez apelos aos deputados para que não concluam os trabalhos da comissão de inquérito sem que haja propostas legislativas que melhorem o funcionamento do sistema bancário. Devem ser centradas, segundo sugeriu, no problema das sociedades participadas no estrangeiro.

A troika também não passou incólume: “Nunca em reuniões em que eu estive presente a troika revelou preocupações com o BES. E a troika tinha opiniões sobre tudo. Se tinha, reservou-as para o governador do Banco de Portugal.”

Portas esforçou-se durante toda a reunião por passar a mensagem de que a entidade responsável pela solução dada ao BES (a chamada “resolução”) foi exclusivamente o Banco de Portugal. Mas defendeu a solução adotada, embora muito por exclusão das outras: anacionalização tenderia a repercutir-se sobre todos os contribuintes (“o contribuinte paga tudo”), a recapitalização com fundos da troika não tinha condições para ser operacionalizada porque implicaria não só um plano de reestruturação que não existia como um processo moroso de aprovação no BCE e na Co missãoEuropeia. E o contexto, acrescentou, era o de uma corrida contra o tempo: no dia 1 de agosto de 2014 (uma sexta-feira) o BCE deixou de financiar o BES e era preciso resolver o problema até à segunda-feira seguinte, quando os balcões reabrissem.

Mas Portas não só limitou o governo a um papel secundário como também limitou o seu próprio papel. Disse que não participou na parte do Conselho de Ministros de 31 de julho (uma quinta-feira) que aprovou um decreto, a pedido do governador do Banco de Portugal, que operacionalizaria a “resolução” do BES (e “pelo que soube” nessa reunião, o decreto em causa só foi discutido “em abstrato”, sem referências ao BES); salientou que só soube dessa solução na sexta-feira (1 de agosto), quando o regulador bancário a levou a cabo; e assumiu como única responsabilidade direta sua o facto de no domingo seguinte (3 de agosto) ter coordenado o Conselho de Ministros, que decorreu por mail, e no qual foi aprovado um outro decreto.

Pega com José Magalhães
Momento quente da presença de Portas ontem na comissão foi o confronto com José Magalhães. O deputado do PS preferiu centrar-se noutros casos – submarinos e Portucale – sobre as relações do CDS com o banco da família Espírito Santo (“como é que justifica o milhão de euros depositados em contas do CDS em 2004?”).

Portas chamou-lhe “estalinista” e “inacessível à racionalidade”, acusou Ana Gomes de truncar transcrições de escutas acrescentando-lhes palavras, disse que Magalhães estava a “difamar” pessoas absolvidas em processos judiciais, recordou que as condições de financiamento que obteve para a compra dos submarinos foram ” 60 vezes melhores” do que as obtidas por um governo do PS para comprar helicópteros, além de que, no caso do submarinos, houve um leilão para decidir o financiamento, enquanto nos helicópteros foi por “escolha a dedo”.

Mais tarde, questionado por Mariana Mortágua (BE), recusou dizer se pediu ou não a Ricardo Salgado, nos submarinos, que baixasse o spread do empréstimo bancário do BES ao Estado, para que o Deutsche Bank não ficasse com esse crédito: “Se falei, cumpri o meu dever. E se não falei, bastou a firmeza do secretário-geral do Ministério da Defesa.”

Perdas da PT

Henrique Granadeiro quer acareação

Henrique Granadeiro, antigo chairman da PT, propôs ontem por escrito à comissão de inquérito um confronto direto (acareação) com o antigo responsável financeiro da PT, Luís Pacheco de Melo, sobre a responsabilidade do desastroso investimento de 900 milhões de euros feito pela operadora em papel comercial do GES, investimento todo perdido devido ao colapso do grupo.

Em causa está o facto de Pacheco de Melo ter dito na comissão que Granadeiro validou esse investimento.

Enquanto isto, Amílcar Morais Pires, antigo chefe financeiro do BES, também escreveu à comissão dizendo que o investimento resultou de uma “combinação” entre Granadeiro e Ricardo Salgado.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 17/3/2015 22:34

Boas,

AUDITORIA. AUMENTO DO CRÉDITO DO BES A ANGOLA FOI POTENCIAL ATO DE GESTÃO RUINOSA
ATUALIZADO
Auditoria diz que aumento da exposição do BES a Angola foi potencial ato de gestão ruinosa. Saíram fundos do BESA para entidades relacionadas com o BES e associadas a responsáveis do BES e do BESA.
Álvaro Sobrinho e João Moita (esquerda) foram ex-responsáveis do BESA ouvidos no Parlamento
LUSA
A auditoria forense à exposição do Banco Espírito Santo (BES) à sua participada angolana, o BESA, conclui que houve uma falha repetida e sistemática nos sistemas de controlo interno por parte do banco português e da holding financeira do Grupo Espírito Santo (GES), a Espírito Santo Financial Group.

Foram também identificadas operações que tiveram como beneficiários entidades relacionadas com o BES e entidades associadas na imprensa a responsáveis do BES e ou do BESA (Banco Espírito Santo Angola). A auditoria considera mesmo que o aumento de exposição do banco português a Angola configura um ato potencial de gestão ruinosa que envolve diretamente Ricardo Salgado.

No trabalho conduzido pela Deloitte de análise aos movimentos de saídas de fundos ocorridas nas contas de depósito à ordem do BESA junto do BES, no período entre 1 de janeiro de 2010 e 30 de junho de 2014, “foram identificadas situações que, de acordo com os detalhes das mensagens de SWIFT [mensagens eletrónicas de operações bancárias) obtidas tinham como beneficiários entidades relacionadas com o BES (presumivelmente da área não financeira do Grupo Espírito Santo) e entidades mencionadas nos meios de comunicação social como tendo ligação a responsáveis do BES e/ou BESA”.

Segundo o documento, a evolução da situação financeira do BESA, designadamente do excesso de créditos face a depósitos, “era do conhecimento dos membros do conselho de administração (CA) do BES desde janeiro de 2012″, porem segundo a informação que foi transmitida no quadro da auditoria, os administradores do BES com o pelouro do BESA partilhavam com o CA do BES que a situação do BESA se encontraria controlada”.

A auditoria cobre o período entre 2010 e 2014, incluindo a gestão de Álvaro Sobrinho que respondia perante Salgado, mas também do seu sucessor Rui Guerra, que respondia já perante Amílcar Morais Pires, ex-administrador financeiro do BES.

Gestores informados sabiam que BESA teria impacto negativo relevante no BES

A auditoria pedida pelo Banco de Portugal conclui ainda que os dados disponíveis em 2013 sobre a situação financeira do BESA “configuram elementos suficientemente fortes para criar nos administradores em posse das informações aqui identificadas juízo de que os mesmos configuravam a ocorrência de um evento com potencial impacto negativo relevante nos resultados do BES”. Essas situações incluíam as dificuldades de financiamento do BESA no mercado monetário angolano e o não reembolso dos juros devidos ao BES, o incumprimento das reservas mínimas obrigatórias junto do Banco Nacional de Angola (BNA) e a composição da carteira de crédito.

Aumento da exposição do BES ao BESA é um “ato potencial de gestão ruinosa”

Nos 16 pontos destacados no sumário executivo, “insuficiências ao nível do sistema de controlo do BES”, é a expressão mais vezes repetida na segunda parte do trabalho conduzido pela Deloitte para o Banco de Portugal sobre o cumprimento das regras e das leis por parte da administração do Banco Espírito Santo, na gestão liderada por Ricardo Salgado. Num dos pontos, a auditoria aponta para mesmo para “um potencial ato de gestão ruinosa, em detrimento dos depositantes, investidores e demais credores, por parte dos membros do conselho de administração do BES com o pelouro do BESA”.

Em causa estão procedimentos e operações autorizadas até novembro de 2011, quando Ricardo Salgado tinha a responsabilidade de Angola e quando Álvaro Sobrinho era presidente executivo do BESA. Neste ponto da auditoria são referidas várias operações de financiamento da participada angolana por parte do BES feitas de forma informal e sem a autorização formal.

A auditoria considera que, “na ausência de um racional económico que legitimamente justifique um aumento de exposição do BES ao BESA, este poderá ser configurado como um potencial ato de gestão ruinosa”. É mais uma suspeita grave contra o antigo presidente do BES, conhecida dois dias antes de Salgado voltar a ser ouvido na comissão parlamentar de inquérito.

A Deloitte conclui aliás pela “inexistência do contrato de crédito a descoberto entre o BESA e diz que até novembro de 2011, eventuais necessidades pontuais de liquidez eram geridas entre os dois bancos, sem “autorização formal de descobertos, nem definição de limites”. Várias destas operações foram autorizadas apenas um administrador, ao contrário do previsto nas regras bancárias.

Recuando ao financiamento original concedido pelo BES em 2008, e que foi justificado com a compra de dívida pública angolana por parte do BESA, a auditoria não conseguiu encontrar evidências de que esse empréstimo tenha sido totalmente utilizado para a compra de 1500 milhões de dólares em dívida soberana.

Vários gestores do BES sabiam de situação do BESA desde final de 2013

A concessão de crédito ao BESA ultrapassou os três mil milhões de euros, montante que inclui os juros que a filial angolana deixou pagar à casa-mãe. Até novembro de 2011, não foi encontrado no BES qualquer análise de risco à exposição global à filial angolana, que no entanto, ficou protegido quando foi emitida a garantia soberana pelo Estado angolano no final de 2013.

Segundo a auditoria, vários administradores do BES ficaram a conhecer a situação no BESA, na sequência da assembleia geral do banco angolano realizada em outubro do mesmo ano, tendo também ficado a saber que estava em curso a negociação de uma garantia com o governo de Luanda para cobrir o risco de crédito do BESA.

Auditoria sustenta processos de contraordenação e segue para a PGR

Esta auditoria incide sobre a relação entre o BES e a sua participada angolana, mas não sobre o BESA cuja supervisão pertence ao Banco Nacional de Angola. O relatório final e a documentação irá integrar processos de contraordenação e poderá apoiar o “apuramento de eventuais responsabilidades de natureza criminal”. Toda a auditoria, cujo sumário executivo foi entregue à comissão parlamentar de inquérito ao BES/GES, será remetida para a Procuradoria-Geral da República (PGR).

Nos processos do Banco de Portugal estão em causa infrações muito graves, que poderão originar a aplicação de coimas até cinco milhões de euros.

Falhas na prevenção do branqueamento a clientes do BESA

A nível do controlo interno do próprio BESA, a auditoria aponta “potenciais deficiências” nas obrigações legais de prevenção de branqueamento de capitais e financiamento de terrorismo no que toca aos clientes do banco em Angola. O departamento responsável do BES por esta área não terá feito nenhuma ação concreta para avaliar o cumprimento destas regras em relação aos clientes do BESA.

Outra falha identificada foi a ausência de análise de risco na concessão de créditos em Angola e nas próprias operações de financiamento do BES ao BESA. Também a nível da auditoria interna do banco em Portugal foram encontradas falhas na análise e acompanhamento da situação em Angola.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 17/3/2015 22:32

Boas,

CRISE NO GES
FMI NÃO TINHA MANDATO NEM AUTORIDADE PARA SUPERVISIONAR BANCOS, AFIRMOU SUBIR LALL
HÁ 2 HORAS
Chefe da missão do FMI para Portugal afirmou que o Fundo “não tinha mandato nem autoridade” para supervisionar os bancos. O objetivo do programa era assegurar a estabilidade financeira.


Subir Lall respondeu às críticas de Fernando Ulrich
O chefe da missão do FMI para Portugal, Subir Lall, afirmou nesta terça-feira que o Fundo “não tinha mandato nem autoridade” para supervisionar os bancos, reiterando que o objetivo do programa era assegurar a estabilidade financeira sistémica e que “isso foi garantido”. “Não exigimos nada às autoridades porque não desempenhamos o papel de supervisores. Não tínhamos o mandato ou a autoridade para supervisionar os bancos”, afirmou Subir Lall numa conferência hoje em Lisboa quando questionado sobre se o Fundo teve conhecimento dos problemas detetados no Banco Espírito Santo (BES) durante o programa de resgate.

“Se trabalhámos com os bancos? Sim. A questão é que temos de olhar para que servia o programa? Era para garantir a estabilidade financeira sistémica e isso foi garantido”, disse ainda o responsável durante uma conferência promovida pela Ordem dos Economistas.

O presidente do Conselho de Administração do BPI, Fernando Ulrich, criticou hoje a atuação da ‘troika’ no que refere ao BES, lamentando em concreto a atuação do Banco Central Europeu (BCE). “O banco que não precisava de capital público estoirou e a ‘troika’ não percebeu (…) CAUSA-ME ALGUMA PERPLEXIDADE POR QUE É QUE O BCE TERÁ SIDO TÃO VIOLENTO COM O BES E ANDA COM OS BANCOS GREGOS AO COLO. POR QUE É QUE FOI TÃO DURO E EXIGENTE COM O BES?”, QUESTIONOU ULRICH NA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO À GESTÃO DO BES E DO GRUPO ESPÍRITO SANTO (GES).
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 17/3/2015 22:29

Boas,


COMISSÃO DE INQUÉRITO AO BES
ULRICH. INTERVENÇÃO NO BES/GES DEVERIA TER SIDO EM 2012, MAS GOVERNO TAMBÉM TEM CULPA
17/3/2015, 9:29
Presidente do BPI diz que dívida do GES nos fundos do BES era um sinal de fraqueza que deveria ter levado a uma intervenção mais cedo. A culpa não é só do Banco do Banco, mas também do governo.

BPI
COMISSÃO DE INQUÉRITO AO BES
CRISE DO GES
FERNANDO ULRICH
Fernando Ulrich começa a sua intervenção inicial na comissão parlamentar de inquérito ao Banco Espírito Santo (BES) e ao GES (Grupo Espírito Santo), contrariando o depoimento de Vítor Gaspar à comissão, a propósito dos contactos feitos pelo então ministro das Finanças com operadores do sistema financeiro. Na resposta à comissão de inquérito, Gaspar disse ter tido conhecimento dos problemas no banco e no grupo pelos jornais, apenas depois de sair do Governo. E testemunhou que nos contactos que teve com o setor financeiro entre 2011 e 2013 não lhe foi transmitida preocupação em relação ao BES e ao GES.

“Gostava de dizer que falei com Vítor Gaspar, ministro das Finanças, talvez em maio ou junho de 2013. Nessa conversa, um dos assuntos que referi foi a minha preocupação com a situação no BES e no GES. E ele atuou de imediato porque, em menos de 24 horas, fui contactado por um alto funcionário do Banco de Portugal que pediu para falar comigo. E nessa conversa expliquei mais em detalhe as razões de ser da preocupação, o que aconteceu a partir daí não sei. Todas as partes envolvidas fizeram o que tinham de fazer. Eu comuniquei, e o ministro atuou e o Banco de Portugal também.”

Troika mandou calar Ulrich quando este falou sobre o BES

O presidente do BPI testemunha também que teve contactos com a troika onde falou dos problemas do BES que eram públicos no caso da exposição ao GES e Angola. Revela que nesta reunião, em setembro de 2013, “até houve uma pessoa da troika que o mandou calar.”

Ulrich não percebe porque é que o Banco Central Europeu atuou de forma “tão violenta” para com o Banco Espírito Santo, ao contrário do que fez com outros bancos. E questiona como foi possível que o BES estoirasse sem a troika dar por isso, já que a estabilidade financeira da banca era uma parte muito importante no programa de assistência a Portugal.

Intervenção deveria ter sido em 2012

Para o presidente do BPI, a situação de grande fragilidade do grupo era visível quando este começou a vender a dívida das empresas da área não financeira nos fundos de investimento comercializados aos balcões do BES. O fundo ES Liquidez começou a ser comercializado com forte exposição a títulos de dívida das empresas do Grupo Espírito Santo a partir de 2011, e cresceu sempre até 2013.

Para Fernando Ulrich, o BES/GES deveria ter sido “alvo de intervenção o mais tardar em 2012″. A intervenção deveria ter acontecido em 2012, pelo menos no Grupo Espírito Santo, reafirma. Acrescenta contudo que não sabe que leitura teve a situação do grupo no supervisor. Admite ainda que hoje é fácil avaliar que o regulador deveria ter intervindo mais cedo, mas ao mesmo tempo lembra que existiam já sinais públicos dos problemas do grupo e do banco. Também no BESA (Angola), os sinais de descontrolo existiam desde 2009, quando o BES começou a financiar a operação em Angola. Fernando Ulrich garante que nunca teve qualquer problema em ter acesso a toda a informação sobre o BFA, o o banco angolano controlado pelo BPI.

“Voto em Passos”, mas a culpa também é o do governo

Ulrich considera que a política de financiamento do grupo pelos clientes do banco era uma “confissão de fraqueza e vulnerabilidade. Não estou a ver alguém a usar a rede de retalho se não estiver em grande necessidade”. No primeiro semestre de 2014, já a gestão do banco e do grupo estavam em “fuga para a frente”. O presidente do BPI considera que nunca se deveria ter realizado o aumento de capital do BES, que aconteceu em maio de 2014 e admite que “as autoridades poderiam ter feito mais e mais cedo”. Quais autoridades? O Banco de Portugal, a CMVM e o governo.

Confessando que “votou em Passos Coelho e que provavelmente votará outra vez”, Fernando Ulrich não aceita a tese de que a culpa é toda do Banco de Portugal, o governo também é responsável pelo que aconteceu. “Não estou disponível para dizer que a culpa é toda do Banco de Portugal. Tudo o que ouvi e li, não é possível excluir o governo. Tenho pena, falo contra o meu interesse político”, mas não é possível fazer essa separação. As responsabilidades são mais vastas, acrescenta.

O presidente do BPI aponta, concretamente, ao dedo do governo na medida de resolução aplicada ao Banco Espírito Santo. Todas as alternativas à resolução implicariam uma intervenção do executivo. “Não consigo conceber que possa ter sido decidido este caso sem que o governo tivesse nada a ver com isso”. Fernando Ulrich até compreende a solução, o que não aceita é que fique estabelecido um limite para as perdas que o sistema bancário poderá ter que suportar com a resolução.

Tem que haver um limite para as perdas da banca



O gestor recorda que, para além da perda que pode decorrer da venda do Novo Banco, há ainda a possibilidade do custo de decisões judiciais desfavoráveis ser transferido para o Fundo de Resolução, e para os bancos. Ulrich não consegue entender que o impacto da resolução do BES sobre a banca não tenha sido analisado antes da tomada de decisão. “E se a perda for dois mil milhões? Vão os bancos portugueses ser obrigados a fazer aumentos de capital? Tem que haver um limite”. O banqueiro diz que já perguntou às autoridades, mas não obteve resposta.

Sem garantia de Angola, o BES estoirava

Sobra a garantia dada por Angola ao BES não final de 2013, conclui que se ela não tivesse acontecido naquela altura, os dois bancos (o BES e o BESA) estoiravam. A garantia soberana permitiu ganhar tempo até à aplicação da resolução. Hoje, o banqueiro reconhece que o Banco de Portugal deveria ter atuado mais cedo, considerando que no final de 2013 o ponto de não retorno já estava ultrapassado. Mas salientas que o BdP foi a única instituição que afrontou o poder de Salgado.

“Nunca percebi donde vinha a ideia de que Salgado tinha muito poder”

E sobre o todo poderoso ex-presidente do BES, Fernando Ulrich confessa que nunca percebeu donde vinha a ideia de que Ricardo Salgado tinha muito poder, lembrando que há grupos muito mais importantes do que GES. “Foi-se criando um mito” por parte das pessoas que o rodeavam. “Penso que este mito até não foi útil para o BES e para o próprio, porque não correspondia à realidade.”
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 17/3/2015 22:27

Boas,

PORTAS: “NÃO É LEGAL NEM CORRECTO DAR INSTRUÇÕES PARA UM BANCO PÚBLICO ACUDIR UM GRUPO PRIVADO”
Março 17th, 2015
Citamos

Negócios

Audição de Paulo Portas

O vice-primeiro-ministro admite ter tido um encontro com Ricardo Salgado em que foi pedida ajuda institucional ao grupo – e não para o banco.
“Sempre foi matéria consensual dentro do Governo que não é legal nem é correcto dar instruções a um banco que é público mas que tem uma administração independente para acudir ou socorrer um grupo privado em particular. Não é legal nem é aceitável”.

Esta é a opinião que Paulo Portas diz ser a do Executivo e foi aquela que demonstrou depois de pedidos de ajuda institucional feitas por Ricardo Salgado a vários membros do Executivo para o Grupo Espírito Santo.

O vice-primeiro-ministro admitiu, na comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES, que se encontrou com o ex-líder do BES, Salgado, juntamente com José Honório e José Manuel Espírito Santo. Segundo Portas, era “sugerido que houvesse uma intervenção do sistema financeiro público – leia-se a Caixa Geral de Depósitos” para ajudar o GES. Aí, o ex-banqueiro mostrou uma carta que havia dirigido ao Banco de Portugal sobre o tema.

Em resposta à deputada Mariana Mortágua, o governante quis frisar que o pedido de auxílio foi feito ao grupo e não ao BES. “O memorando era sobre a situação do GES”, acrescentou. “Acho importante que haja uma definição rigorosa do perímetro”.

Paulo Portas conversou sobre este encontro com o primeiro-ministro, disse o vice-primeiro-ministro. Na segunda-feira, chegaram as respostas, por escrito, de Pedro Passos Coelho garantindo que lhe foi pedida ajuda, a que não foi dado seguimento, em torno de 2,5 mil milhões de euros.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 17/3/2015 22:24

Boas,

PORTAS CRITICA BANCO DE PORTUGAL: “HÁ FALHAS NA SUPERVISÃO”
MARÇO 17TH, 2015
Citamos

O Observador

O vice-primeiro-ministro admitiu falhas na supervisão e nos auditores, a propósito do caso BES. Paulo Portas garante que Salgado só pediu apoio do governo para o GES e não para o banco.

vice-primeiro-ministro foi esta quarta-feira à Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo para dizer que na reunião que manteve com Ricardo Salgado, o ex-líder do BES apenas lhe falou sobre o “apoio institucional” ao Grupo Espírito Santo e não ao BES. Portas garantiu ainda que conversou com o primeiro-ministro sobre a matéria, mas que na altura, nada foi dito sobre a situação do banco. No que diz respeito à supervisão, Paulo Portas diz que “há falhas na supervisão”.

Nas respostas aos deputados, Paulo Portas garantiu ainda que no conselho de ministros em que foi aprovada a legislação que cria o sistema de resolução não foi discutida a situação “em concreto” do BES, mas foi sim, uma aprovação “em abstrato” da legislação caso fosse necessário agir. Tudo, disse, a pedido do governador do Banco de Portugal.

Além destes esclarecimentos, Paulo Portas pediu para se pronunciar enquanto líder partidário, apesar de estar numa comissão de inquérito como vice-primeiro-ministro, para poder criticar o que aconteceu livremente. Disse Portas: “Acho que há manifestamente falhas na gestão do banco e no sistema de controlo. Há

manifestamente falhas nas auditorias e auditores, há manifestamente falhas no sistema de controlo que o sistema e o próprio banco tinham para evitar situações destas. Há falhas na supervisão”.

Na audição, Portas disse ainda que na reunião que teve com o presidente angolano José Eduardo dos Santos, falou sobre o BES sobre outros assuntos e que coordenou com o governador do Banco de Portugal o que dizer sobre a relação entre o BES e o BESA que estava na ordem do dia.

A audição do vice-primeiro-ministro estava prevista desde o início, quando os partidos entregaram os nomes que queriam ouvir, mas só ficou agendada depois de uma carta de Ricardo Salgado – divulgada pelo Observador em primeira mão – ter dado conta de um encontro entre o ex-presidente do BES e Paulo Portas.

De acordo com a carta de Ricardo Salgado aos deputados, a reunião aconteceu a 20 de maio de 2014 e Salgado terá feito um “pedido de apoio institucional” e pedir “confiança nos planos de recuperação” do BES.

Entretanto, o primeiro-ministro respondeu por escrito aos deputados e garantiu que coordenou o tratamento a dar ao caso BES com a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque e com o vice-primeiro-ministro Paulo Portas.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 17/3/2015 18:38

Boas,

EMPRESAS/FINANÇAS13 MAR 2015
BES: AUDITORIA DETECTOU INFRACÇÃO QUE DEPOIS DEIXOU DE O SER
FILIPE ALVES
filipe.alves@economico.pt

BES: Auditoria detectou infracção que depois deixou de o ser
Auditoria forense considerou infracção o uso da conta ‘escrow’ para pagar a clientes do BEST, no início de 2014. Mas pouco depois BdP mudou de ideias e permitiu pagamentos.
A auditoria forense à gestão do Banco Espírito Santo (BES), que o Banco de Portugal (BdP) pediu à Deloitte e à SRS Advogados, é apenas o ponto de partida para um longo processo de investigação, que poderá assistir à retirada de vários dos indícios detectados, bem como ao eventual surgimento de novos. Esta será a lição a retirar do facto de a Deloitte ter incluído no rol de alegadas infracções uma prática que era proibida pelo Banco de Portugal no início de 2014, mas que pouco depois passou a ser permitida.

Trata-se da utilização da conta ‘escrow' da ESI para pagar a clientes de duas subsidiárias do BES, os bancos BEST e BES Açores, que está entre as 21 alegadas desobediências ao supervisor, detectadas na auditoria forense.

Numa fase inicial, o BdP determinou que essa conta apenas poderia ser utilizada para pagar a clientes do BES que investiram em papel comercial da ESI e da Rioforte, deixando de fora os clientes das suas subsidiárias; assim, os pagamentos feitos a clientes do BEST e BES Açores (23 milhões e 52 milhões de euros, respectivamente), a partir dessa conta, foram incluídos na lista de alegadas infracções cometidas pela gestão do BES, como alegada desobediência a instruções do supervisor. Porém, ao que o Diário Económico apurou, poucos meses depois, o BdP mudou de entendimento e esses movimentos passaram a ser permitidos, uma vez que o BEST e o BES Açores eram bancos controlados pelo BES. Assim, a infracção identificada na auditoria diz respeito apenas à fase em que vigorou a proibição.

Daí que, numa carta que o governador Carlos Costa enviou à ministra das Finanças, a 7 de Julho, o supervisor referisse que o BES assumira a responsabilidade pelo reembolso de todos os clientes que investiram em papel comercial da ESI e da Rioforte, incluindo os das suas participadas BEST e BES Açores.

"É de sublinhar que, segundo os termos do plano de contingência comunicado ao BdP, o BES assegurará, em caso de incumprimento da ESI ou da Rio Forte, o reembolso da dívida colocada em clientes não-institucionais que a tenham subscrito através do BES ou de uma das suas participadas", refere a carta assinada por Carlos Costa, que foi entregue à Comissão.
O que é um cliente "não-institucional"?
Esta carta do governador dá azo a outra dúvida em volta das conclusões da auditoria forense, devido ao significado de "cliente não-institucional".

O BES entendia que, independentemente dos critérios de marketing interno, cabiam nesta classificação todos os clientes individuais, incluindo os de ‘private banking', considerando que só ficavam abrangidos pela proibição os clientes institucionais, isto é, as empresas e fundos de investimento.

Já o Banco de Portugal considera que a definição de cliente não-institucional aplica-se apenas aos clientes de banca de retalho. Os restantes, incluindo de ‘private banking', são considerados "institucionais", na óptica do supervisor. Entre as infracções identificadas na auditoria, está o reembolso de 500 milhões de euros, através da conta ‘escrow', a clientes de ‘private banking' que tinham papel comercial da ESI e Rioforte. Estes e outros argumentos deverão ser esgrimidos pelo Banco de Portugal e por antigos responsáveis do GES, nos processos de contra-ordenação que deverão abertos pelo supervisor no seguimento da auditoria forense.

O segundo capítulo da auditoria forense, sobre as relações entre o BES e o BES Angola, deverá ser entregue na Comissão Parlamentar de Inquérito ainda esta semana, segundo a carta enviada pelo supervisor ao Parlamento, no passado dia 4.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 17/3/2015 18:34

Boas,

ECONOMIA
BES: AUDITORIA REFERE «GESTÃO RUINOSA» NA EXPOSIÇÃO AO BESA
Auditoria forense ao BES revelou 16 situações de potenciais incumprimentos relativamente ao BES Angola

Por: Redação / LF | há 57 minutos

A auditoria forense ao Banco Espírito Santo (BES) revelou 16 situações de potenciais incumprimentos relativamente ao BES Angola (BESA).

A TVI teve acesso à auditoria que refere haver um potencial ato de gestão ruinosa e a prática de atos dolosos por parte do Conselho de Administração do BES, com o pelouro do BESA, com consequências para os depositantes, investidores e credores da instituição.

«Na ausência de um racional económico que legitimamente justifique o aumento de exposição do BES ao BESA, este poderá ser ainda configurável como um potencial ato de gestão ruinosa pelo que, caso sejam apurados factos adicionais relativamente ao mesmo, tal poderá ser configurável como a prática de atos dolosos de gestão ruinosa, em detrimento dos depositantes, investidores e demais credores, por parte dos membros do CA do BES, com o pelouro do BSA», lê-se no documento.

A Deloitte detetou também que houve situações, nos movimentos nas contas do BESA, em que os beneficiários finais eram entidades relacionadas com o BES e entidades que a comunicação social identificava como estando ligadas a responsáveis do BES e/ou do BESA.

A auditoria refere ainda que se verificou a aprovação de várias operações de crédito do BESA junto do BES «por apenas um membro permanente do Conselho Diário e Financeiro de Crédito».

O documento revela ainda que diversas operações de crédito do BESA junto do BES foram encontradas situações que punham em causa o controlo interno do BES. Por exemplo, noutra situação, a Deloitte escreve que não conseguiu encontrar provas que, em 2008, o dinheiro que o BES emprestou ao BESA, com o argumento de que ia comprar Obrigações do Tesouro no valor de 1.500 ME, tenha sido, de fato, usado para esse fim.

A comissão de inquérito ao caso BES prossegue: teve a primeira audição a 17 de novembro de 2014 e tinha inicialmente um prazo total de 120 dias, até 19 de fevereiro, mas foi prolongado por mais 60 dias.

Esta manhã, os deputados ouviram o presidente do BPI, Fernando Ulrich, seguindo-se o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas.

Os trabalhos dos parlamentares têm por objetivo «apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos e as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo do GES, designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades».
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 17/3/2015 18:21

Boas,

ULRICH DESMENTE GASPAR, CONTRARIA SALGADO E CRITICA TROIKA E BANCO DE PORTUGAL
FILIPE ALVES E PEDRO LATOEIRO
14:40

Audição do presidente do BPI na comissão de inquérito foi das mais reveladoras de como as autoridades nacionais e a troika ignoraram os sinais de alerta sobre a situação do Grupo Espírito Santo (GES).
Fernando Ulrich precisou apenas de 50 minutos para desmentir Vítor Gaspar, contrariar Ricardo Salgado sobre Angola, imputar ao Governo a resolução do Banco Espírito Santo (BES) e pôr em causa a actuação das autoridades nacionais e da troika neste caso.
O gestor apresentou uma análise de risco elementar apenas com base em informação pública para argumentar que já em 2011, ano em que Portugal pediu o resgate externo, o GES "mostrava enorme fragilidade". Citou nessa análise a diferença entre os fundos levantados em aumentos de capital e o montante distribuído em dividendos, o crescimento exponencial do crédito a Angola e, sobretudo, o financiamento através da venda de dívida de curto prazo a fundos comercializados pelo próprio BES.
Ulrich partiu depois para o ataque cerrado em todas as direcções. Revelou que em Maio ou Junho de 2013 - mais de um ano antes do colapso do BES - partilhou com Vítor Gaspar as suas preocupações em relação ao GES. Desmentiu assim o que o antigo ministro das Finanças disse, por escrito, à mesma comissão de inquérito: "Mantive entre Junho de 2011 e Junho de 2013 frequentes contactos com operadores no sistema financeiro português (...) Desses contactos, não decorreu qualquer preocupação particular com a situação do Banco ou do Grupo".
Revelou que menos de 48 horas depois desse desabafo foi contactado pelo Banco de Portugal que, tanto quanto é sabido, só agiu em Novembro de 2013 com a exigência de uma auditoria à Espírito Santo Intenational. Fernando Ulrich evitou críticas directas ao banco central - que "tem acesso a tudo o que se passa dentro de um banco, desde actas a emails" -, mas as suas afirmações constituem um novo indício de que Carlos Costa, que termina o actual mandato em Maio, reagiu demasiado tarde. Até porque para o presidente do BPI-0.63% "no final de 2013 o destino [do BES] estava traçado, já não havia soluções boas."
As críticas mais duras foram disparadas contra a troika. Ulrich disse não entender como podem ter escapado aos credores internacionais, por entre tanto escrutínio, problemas estruturais do único dos grandes bancos privados que não recorreu a fundos públicos para se capitalizar. Relatou uma reunião em que "uma pessoa da troika pediu que me calasse porque queriam falar do BPI e não de outros bancos". Criticou também por isso que o Banco Central Europeu (BCE), um dos elementos da troika, tenha sido "tão violento" com o BES quando leva hoje "ao colo" alguns bancos gregos.
Mas para o presidente do BPI, que é hoje um dos 15 interessados do Novo Banco, são "os gestores do GES e do BES os principais responsáveis". Refutou nesta altura algumas declarações de Ricardo Salgado nesta mesma comissão. Ulrich disse ter "informação tão cuidadosa e rigorosa sobre o que o BFA [Banco Fomento de Angola, controlado pelo BPI] como tenho do BPI", enquanto Salgado afirmou que "há uma regra fundamental em Angola: quem violar o segredo bancário, quem der informações para o exterior pode ser preso. Isso é considerado crime em Angola. Aliás, há pareceres sobre essa matéria". Ulrich também disse que se recebesse um presente de 14 milhões de euros de um cliente, oferta que o construtor José Guilherme fez a Ricardo Salgado, "nessa tarde já não entraria no banco".
Por último, Fernando Ulrich disse não acreditar que o Governo tenha sido um actor secundário no desfecho do BES, algo sugerido ontem por Pedro Passos Coelho que, por escrito, garantiu à comissão que o Executivo não teve "intervenção especial". "Não consigo conceber que possa ter sido decidido este caso como uma decisão que eu tomo em minha casa e que o governo não sabe", considerou o banqueiro, fazendo depender do valor da venda do Novo Banco o sucesso ou o fracasso da medida de resolução.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 17/3/2015 18:20

Boas,

COMISSÃO DE INQUÉRITO AO BES DESISTE DE OUVIR METADE DOS NOMES
Março 16th, 2015
Citamos

Económico

Das mais de 140 pessoas propostas para as audições, deputados ouviram perto de 60. Presidente da comissão assegura que “todas as pessoas mais relevantes foram ouvidas”.

A comissão parlamentar de inquérito ao caso BES/GES dura desde Outubro e tem já fim à vista, previsto para Abril. No entanto, depois da enxurrada de nomes propostos inicialmente pelos partidos, os trabalhos deverão chegar ao término sem que tenha sido ouvida cerca de metade dessa primeira lista.

Dos mais de 140 nomes propostos, a comissão ouviu cerca de 60. Das audições que estão marcadas – e que poderão ser a últimas – só constam dois novos nomes, os de Paulo Portas e de Fernando Ulrich. Ou seja, feitas as contas, em termos de audições presenciais, cerca de 57% dos nomes propostos não chegarão a ser ouvidos pelos deputados. Se partirmos do princípio que todos os requerimentos para receber respostas por escrito forem cumpridos – o que não é provável – a percentagem de cumprimento da lista inicial dos partidos com assento parlamentar fica mais composta: passa dos perto de 43% para cerca de 48%.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 17/3/2015 18:18

Boas,

MONTEPIO RECLAMA 60 MILHÕES DA ES HOTÉIS
Março 16th, 2015
Citamos

Jornal de Negócios

Metade da dívida da Espírito Santo Hotéis é perante o Montepio. A justiça diz que o empréstimo do banco não é garantido. A caixa económica contestou essa decisão e quer ter poder para reter as acções do Tivoli.
O Montepio reclama um crédito de 60 milhões de euros da Espírito Santo Hotéis, sociedade através da qual o Grupo Espírito Santo controlava os Hotéis Tivoli e que pediu a entrada em Processo Especial …
 
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