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Caldeirão da Bolsa

BES - A LUTA

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 24/3/2015 19:10

Boas,


CARLOS COSTA RECOMENDA QUE TITULARES DE PAPEL COMERCIAL RECLAMEM CRÉDITO PRIMEIRO NO LUXEMBURGO
24 Março 2015, 17:02 por Diogo Cavaleiro | diogocavaleiro@negocios.pt

O governador admite soluções para os detentores de papel comercial do GES por parte do Novo Banco. Mas primeiro devem reclamar no Luxemburgo. E quem foi enganado deve fazer queixas à CMVM, aconselhou.
Carlos Costa deixou um roteiro aos titulares de papel comercial de sociedades em insolvência do Grupo Espírito Santo. Segundo o governador do Banco de Portugal, devem assumir-se como credores para serem incluídos na reclamação de créditos. Depois disso é que poderá haver uma negociação com o Novo Banco para a aquisição desses títulos, assumindo sempre uma perda face ao que foi investido.

"Os detentores de papel comercial do GES têm o direito de reclamar créditos sobre as massas insolventes das entidades emitentes", disse Carlos Costa aos deputados na comissão parlamentar de inquérito. A ESI e a Rioforte, as grandes emitentes destes títulos, estão em insolvência no Luxemburgo, país onde estão sediadas. "É muito importante que os detentores exerçam os seus direitos". Depois disso, procura-se comprador: e um deles pode ser o Novo Banco, na sequência da análise à relação comercial por parte da instituição.

Depois disso, "e em função do valor esperado de recuperação desses créditos, o Novo Banco pode desenvolver iniciativas comerciais junto dos clientes, através das propostas de compra de papel comercial que tenham em conta o seu valor de mercado e, desse modo, conceber propostas que valorizem esse papel e atenuem as perdas decorrentes dos investimentos realizados pelos clientes". Ou seja, é preciso que haja a reclamação dos créditos junto da emitente para que a entidade presidida por Eduardo Stock da Cunha avance com uma proposta de aquisição daquele produto.

"Tais iniciativas só podem ser promovidas se forem geradoras de valor para o banco, nomeadamente se não colocarem em causa os rácios de capital e permitirem preservar a relação comercial do banco com os seus clientes". O Negócios avançou ontem que a proposta comercial prevê a conversão daquele papel comercial em obrigações mas com uma perda implícita superior a 50% face ao capital investido inicialmente.

Segundo Carlos Costa, o valor a pagar pelo Novo Banco não pode prejudicar os seus rácios e só poderá ter um prémio face ao valor de mercado se for efectivamente para a instituição financeira. E admite que o valor a pagar será inferior ao investimento inicial no papel comercial.

Queixas na CMVM

Mas o líder do regulador do sector financeiro considera que há diferentes situações. Daí que aconselhe quem foi enganado a fazer queixas na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. "Os clientes que tenham sido comprovadamente vítimas de práticas de comercialização de títulos desajustadas ao seu perfil de risco ou grau de literacia financeira terão que reclamar", passando depois, se lhes for dada razão pela autoridade, a ter "direitos indemnizatórios sobre o BES". Isto é, passam a ser credores seniores, com "preferência sobre a maioria dos credores do BES".

Aqueles que não estão nessa situação estão conectados às sociedades que emitiram o papel comercial nas suas mãos, embora o Novo Banco possa chegar ao tal acordo com eles.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 24/3/2015 15:30

Boas,

REGULADOR INVESTIGA SUSPEITAS DE INSIDER TRADING COM ACÇÕES DO BES
Março 24th, 2015
Económico

CMVM abre 80 processos de averiguações. Carlos Tavares diz que haverá participações ao Ministério Público.

O presidente da CMVM, Carlos Tavares, disse hoje que o supervisor abriu 80 processos de averiguação relativos a suspeitas de “insider trading”, relacionadas com a negociação de acções do Banco Espírito Santo (BES) nos três meses anteriores à resolução da instituição.

“Neste momento, com base no que sabemos, não se pode excluir a possibilidade de algumas participações ao Ministério Público. Há um conjunto de casos já analisados, que geram dúvidas e carecem de diligências que estão a ser feitas”, disse Carlos Tavares, que começou há minutos a ser ouvido na Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão do BES.

Os investidores abrangidos pelas averiguações da CMVM são investidores institucionais, investidores particulares e “insiders” (pessoas ligadas ao BES), disse o presidente da CMVM.

Acrescentou que no âmbito desta investigação o supervisor pediu informações ao Novo Banco, ao Ministério das Finanças, aos auditores e à Comissão Europeia, para apurar quem teve conhecimento do que estaria a ser preparado no BES. “Destas entidades, só a Comissão Europeia não respondeu ao nosso pedido, até à data”, afirmou.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 24/3/2015 15:29

Boas,

CONSTÂNCIO REMETE SUPERVISÃO SOBRE BES PARA O SEU VICE-GOVERNADOR NO BANCO DE PORTUGAL
Março 24th, 2015
Citamos

Negócios

supervisão bancária estava sob um dos vice-governadores do Banco de Portugal, lembrou Constâncio. Não tendo lançado alertas é porque não havia problemas no Banco Espírito Santo, diz o vice-governador do BCE aos deputados.
O Banco Espírito Santo não merecia atenção especial no âmbito da supervisão feita pelo Banco de Portugal entre 2000 e 2010. Pelo menos, o vice-governador com esse pelouro nunca transmitiu preocupações a Vítor Constâncio.

“Desde sempre, no Banco de Portugal, os assuntos de supervisão bancária estavam entregues a um vice-governador”, começou por dizer, por escrito, Vítor Constâncio aos deputados da comissão parlamentar de inquérito, quando questionado sobre a auditoria da PwC, em 2001, que levantava já dúvidas sobre a organização do Banco Espírito Santo e que motivou reuniões com o regulador.

“Seguramente, no julgamento dos serviços, quaisquer assuntos que pudessem ter sido abordados nessas reuniões não eram de molde a levantar problemas significativos nem a pôr em causa a solidez geral da instituição e, portanto, não justificavam envolver o governador no assunto”, disse aos deputados, numa resposta por escrito que chegou já fora dos prazos regulamentares.

Constâncio, que não responde a muitas questões porque, citando o Tratado da União Europeia, diz que o Banco Central Europeu não responde perante Parlamentos nacionais mas perante o Parlamento Europeu, esteve no Banco de Portugal entre 2000 e 2010. No primeiro mandato, António Marta era o seu vice-governador com o pelouro da supervisão bancária, tendo sido, em 2006, substituído por Pedro Duarte Neves que, até 2014, manteve essa função.

Duarte Neves e António Marta foram visados, mesmo sem que os nomes tenham sido indicados, noutras respostas: “Desde sempre no Banco de Portugal, o pelouro da supervisão bancária esteve entregue a um vice-governador e, em condições normais, o governador e o conselho de administração [do Banco de Portugal] eram informados e envolvidos quando os assuntos eram mais relevantes para a solidez das instituições, o cumprimento das regras prudenciais fundamentais examinados em relatórios de inspecção ou se referiam a indícios considerados como provados pelos serviços de irregularidades que poderiam justificar sanções”.

“Durante o período em que exerci essas funções, nunca recebi, quer dos serviços, quer do vice-governador responsável pelos assuntos de supervisão bancária, informações que pudessem pôr em causa a solidez financeira do Banco Espírito Santo ou o respectivo cumprimento dos rácios prudenciais que constituem apelo fundamental da supervisão bancária”, acrescentou ainda Constâncio, assegurando que, após a necessidade de nacionalizar o BPN, em 2008, foram feitos esforços de melhor supervisão.

Depois da crise, assegurou o vice-governador do BCE, houve um “reforço dos recursos humanos” e a “intensificação das inspecções aos principais bancos”. Também houve, disse a colocação “permanente dentro das sedes dos bancos equipas de inspectores na proximidade das respectivas administrações para poderem atempadamente seguir todos os assuntos relevantes para as instituições”. Uma das técnicas permanentes destas equipas que estava no BES foi ao Parlamento mas poucas foram as informações que transmitiu aos deputados ao ponto de a audição da segunda técnica ter sido cancelada.

Nas respostas por escrito aos deputados, o antigo ministro das Finanças socialista que está no BCE desde 2010 assegurou que só teve conhecimento dos problemas do BES quando o assunto se tornou público.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 24/3/2015 15:27

Boas,

ATM: SOLUÇÃO PARA PAPEL COMERCIAL FAVORECE QUEM INVESTIU EM RISCO E PREJUDICA INVESTIDORES CONSERVADORES
24 Março 2015, 14:19 por Diogo Cavaleiro | diogocavaleiro@negocios.pt

O presidente da associação de pequenos investidores considera que deve haver um tratamento caso a caso para os detentores de papel comercial do GES. Octávio Viana defende que os investidores conservadores têm de ser protegidos.
A Associação de Investidores e Analistas Técnicos do Mercado de Capitais, conhecida por ATM, considera que a solução para os clientes do Novo Banco com papel comercial de sociedades do Grupo Espírito Santo, que prevê perdas de mais de metade do capital investido nestes produtos, é boa para os investidores especulativos e injusta para os que não tinham consciência do investimento em causa.

"Para alguns investidores que possam ter investido conscientes do risco e com intuito especulativo, a solução apresentada pode ser muito boa e até positivamente discriminatória. Já para clientes cujo perfil de risco e de investimento em nada se coaduna com o produto vendido, a solução encontrada é manifestamente injusta", comentou ao Negócios Octávio Viana, o presidente da ATM.

Também a Associação de Indignados e Enganados do Papel Comercial se mostrou contra esta proposta que, como avançou o Negócios ontem, está a ser trabalhada pelo regulador e pelo Novo Banco, e que passa por converter o papel comercial em obrigações seniores do Novo Banco, com uma perda face ao capital investido que pode oscilar entre 60% a 70%. Além disso, conforme noticiado, os clientes serão convidados a fazerem uma aplicação adicional em títulos do Novo Banco na ordem de 20% do capital inicialmente investido para que tenham acesso à solução global.

É por considerar "injusta" para parte dos investidores que Octávio Viana defende que "as reclamações dos lesados com papel comercial devem ser vistas casuisticamente, ou pelo menos em categorias de investidores e tratados de forma igual na medida em que se igualam e de forma desigual na medida em que se desigualam".

"Por exemplo, os investidores com mais de 65 anos, reformados, cujo rendimento (da reforma) será constante até ao resto da vida, tendo esta já um horizonte curto e incompatível com este tipo de produtos, com um histórico de investimentos em depósitos a prazo ou equivalentes, devem ser ressarcidos pela totalidade do investimento e respectivos juros", considera o presidente da associação que defende pequenos investidores. Octávio Viana diz mesmo que a ATM, através dos seus advogados, está a dar "apoio a alguns lesados com idade igual e superior a 65 anos" que não tenham histórico de investimento de risco.

"Nestes casos é inequívoco que o banco não cumpriu com os seus deveres de diligência, com a obrigação de prestar informação adequada (que deve ser tanto maior e inteligível quanto menor é o conhecimento do cliente sobre os produtos) e, essencialmente, de se abster de realizar operações que são claramente contra o interesse do cliente (tendo em conta o perfil do mesmo, nomeadamente a idade e fontes de rendimento)", conclui ainda o responsável da ATM em respostas ao Negócios.

Esta solução avançada ontem está ainda a ser trabalhada, sendo que o presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, Carlos Tavares, já afirmou que a mesma não parece razoável.
 
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Re: BES - A LUTA

por carvalhasjon » 24/3/2015 14:01

Santa Maria Escreveu:Quem também parece não estar convencido com esta proposta é a Associação de Indignados e Enganados do Papel Comercial. Ricardo Ângelo, porta-voz do movimento, descreveu a solução como “impensável” e prometeu que “no dia em que a proposta for apresentada, vamos convidar todos os associados, juntamente com todos os 1.500 detentores de papel comercial, a tirar todo e qualquer euro, até ao último cêntimo, do Novo Banco, nesse mesmo dia”.



No dia que a proposta for apresentada será tarde, deve ser já, para os restantes clientes ficarem desconfiados e começarem a retirar também o seu dinheiro.
Quando começar a sair em massa o capital dos clientes do Novo Banco vão pensar que é um erro tremendo não assumir O Papel Comercial, que afinal tinha provisão, deixou de ter, tem mas é noutro lado, etc....
Reguladores destes, só para pagar bons ordenados no fim do mês aos administradores.

Mas alguém ainda tem dúvidas que "todos" sabiam do estado do BES, eu não tenho!
Entre eles a conversa era do género, "Ó Ricardo, vê lá se aguentas isso, que eu fecho os olhos, mas cuidado não dês muito nas vistas, pois se isto foi abaixo, terei (Carlos Costa) de mentir e dizer que nada sabia. É a imagem do sistema financeiro em causa, não podemos dar parte de fracos!!!!
Entretanto vai avisando os nossos amigos comuns para se livrarem desses produtos de risco, que eu faço o mesmo!


Estas pessoas não merecem respeito nenhum! Os Diretores do NOVO BANCO, que são os mesmos!! Não merecem respeito nenhum!! Pelo menos estes sabiam bem!! E deviam zelar pelos clientes que sempre lhes deram confiança e dinheiro a ganhar, mas nada, que eu saiba ainda nenhum se demitiu por discordar com as medidas que estão a tomar!
Os colaboradores e gestores de conta, alguns até foram enganados, mas como recebiam prémios por vendas e por aplicações que faziam também era tudo maravilhas! Era só receber!

A Banca está a ficar cada vez mais desacreditada e quanto a mim é isso que tem que ser passado para o povo, perder a confiança em todos os bancos!!!
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 24/3/2015 13:07

Boas,

INQUÉRITO/BES: CONSTÂNCIO DIZ QUE SOLIDEZ FINANCEIRA NÃO FOI ABORDADA QUANDO ESTEVE NO BDP Por Lusa O antigo governador do Banco de Portugal (BdP) Vítor Constâncio disse hoje, numa carta, que enquanto exerceu o cargo, entre 2000 e 2010, não recebeu informações sobre eventuais perigos da solidez financeira do Banco Espírito Santo (BES). "Durante o período em que exerci essas funções nunca recebi, quer dos serviços, quer do vice-governador responsável pelos assuntos de supervisão bancária, informações que pudessem pôr em causa a solidez financeira do BES ou o respetivo cumprimento dos rácios prudenciais que constituem aspeto fundamental da supervisão bancária", declarou Constâncio. As palavras do atual vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE) surgem em carta endereçada à comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo (GES), com Constâncio a responder na missiva - a que a agência Lusa teve acesso - a várias perguntas enviadas por escrito pelos vários partidos.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 24/3/2015 13:05

Boas,
GES ADIA VENDA DE IMÓVEIS

A venda da empresa que controla o império imobiliário da família Espírito Santo já foi adiada por três vezes. Pelo meio, o património já desvalorizou quase 90 milhões de euros. CONHEÇA AS PROPRIEDADES DOS ESPÍRITO SANTO

Paulo M. Santos (texto publicado na VISÃO 1151, de 19 de março)
11:05 Terça feira, 24 de Março de 2015 |


Após o colapso do império Espírito Santo, a família tem sido obrigada a vender quase todo o seu património de forma rápida para realizar dinheiro e pagar as suas inúmeras dívidas. Foi assim com a venda da seguradora Tranquilidade, da Espírito Santo Saúde, da Espírito Santo Viagens e dos hotéis Tivoli. Os processos foram céleres e o dinheiro encaixado serviu para pagar aos respetivos credores. Mas nem todas as empresas do universo Espírito Santo conseguem ser vendidas com a mesma eficiência. Alguns dos negócios que estavam agendados, para serem finalizados no ano passado, teimam em não se concretizar.

Um deles é a da Espírito Santo Property, uma subsidiária da Rioforte, que agrupa inúmero património imobiliário espalhado um pouco por todo o País. Gere, atualmente, ativos avaliados em cerca de 843 milhões de euros. Entre estes estão grandes empreendimentos, como a Herdade da Comporta, vários prédios urbanos no coração de Lisboa, os terrenos da Matinha, condomínios de luxo de norte a sul, projetos de escritórios, entre muitos outros.

O processo de venda foi desencadeado a 14 de outubro de 2014. Nessa altura, foram convidados cerca de sessenta potenciais investidores nacionais e internacionais. Na sua maioria pertenciam ao ramo da gestão imobiliária, mas foram também contactados alguns grandes fundos de investimento, os chamados private equity. O negócio envolvia não só a Espírito Santo Property que engloba 16 outras empresas, na sua grande maioria envolvidas com o setor, casos da promoção de imóveis, gestão e fiscalização de obras, mediação imobiliária e gestão de fundos - como também dois outros fundos que eram controlados diretamente pela Rioforte, o Fimes I (proprietário da Quinta do Peru) e o Fimes II (que gere o complexo Oeiras Golf & Residence).

O negócio foi anunciado, os investidores contactados e o Grupo Espírito Santo formalizou a intenção de venda. O objetivo inicial era o de que o negócio estivesse concluído ainda antes do final de 2014.

Dos 60 grupos contactados, apenas seis manifestaram interesse em avançar para o negócio. E quando se aproximou o dia da venda, apenas sobravam dois a avançar com propostas concretas, um grupo norte-americano e um português.

No entanto, a data da operação acabou por ser adiada.

Não por uma, mas por três vezes. Sem que tenha sido dada qualquer explicação aos interessados.

Entretanto, desde o anúncio da venda até ao presente, os principais fundos geridos pela Espírito Santo Property desvalorizaram cerca de 90 milhões de euros. Em apenas quatro meses.

A VISÃO tentou contactar o responsável pela Espírito Santo Property, Caetano Espírito Santo Beirão da Veiga, para saber quais os motivos dos sucessivos adiamentos, mas tal não foi possível.

Conseguimos apurar, no entanto, que as propostas estão em "fase de apreciação" por parte de Caetano Beirão da Veiga, Ana Paula Alves, antiga administradora da Rioforte com o pelouro das finanças, que substituiu na altura Gonçalo Cadete, e pelas autoridades luxemburguesas, através dos seus consultores locais, a PricewaterhouseCoopers.

É que a 8 de dezembro do ano passado, o Tribunal do Comércio do Luxemburgo declarou a falência da Rioforte, empresa sediada naquela país e que é a principal acionista da Espírito Santo Property. Desta forma o tribunal rejeitou o pedido de admissão da sociedade ao regime de gestão controlada, que entretanto tinha sido feito pela família, e foi nomeado um administrador judicial luxemburguês, Paul Laplume, para proceder à liquidação da Rioforte e das respetivas subsidiárias, entre as quais a Espírito Santo Property.

Gestão controlada?

A administração da Espírito Santo Property que estava em funções na altura da decisão de venda, composta por Joaquim Paiva Chaves, Joana Freitas e Aniceto Viegas, foi entretanto substituída por Caetano Espírito Santo Beirão da Veiga, Pedro Espírito Santo Mello Breyner e Vasco de Sousa Uva. O primeiro destes gestores é o homem que foi designado, em agosto, pelo clã Espírito Santo para substituir Ricardo Salgado à frente dos destinos do que restava do império da família.

Ao contrário da equipa de Joaquim Paiva Chaves, a nova administração tem pouco conhecimento deste setor de atividade.

Paiva Chaves, engenheiro civil formado na École Polytechnique Fédérale de Lausanne, na Suíça, e com um MBA pelo INSEAD, acumulava uma larga experiência no setor imobiliário: foi administrador da Torralta, da Sonae Turismo, da Edifer Imobiliária e responsável por todos os acessos e transportes da Expo 98. O seu afastamento foi um processo considerado estranho no meio empresarial, mas que apenas se justificaria pela redução de custos que o Grupo Espírito Santo pretendia implementar nas empresas, de forma a proceder à sua rápida liquidação.

Alguns dos potenciais compradores da Espírito Santo Property ficaram indignados com o facto do Tribunal Luxemburguês não ter autorizado o pedido de gestão controlada solicitado pela família Espírito Santo, e, posteriormente, o administrador judicial, designado pelo próprio tribunal, ter deixado que fossem elementos da família a desempenhar os cargos executivos nas empresas em liquidação. E questionam se não será essa a razão que estará a provocar tanta demora na venda da Espírito Santo Property, um processo em contraciclo com o que aconteceu, por exemplo, com a venda da Espírito Santo Saúde, dos Hotéis Tivoli, da seguradora Tranquilidade ou mesmo da Espírito Santo Viagens. Negócios que foram rápidos e eficazes, como se pretende num processo de liquidação de empresas.

Perda de valor

Desde que a intenção de venda da Espírito Santo Property foi anunciada, em outubro de 2014, o património das duas sociedades gestoras de fundos de investimento que estão sob a sua alçada, o Fimoges e o Gesfimo, já perdeu uma boa parte do seu valor. Segundo os dados estatísticos da Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, o Fimoges detinha, na altura da decisão da venda, ativos no valor de 207 milhões de euros, enquanto a Gestimo geria um total de 722 milhões de euros, o que perfazia uma soma de 929 milhões.

Atualmente, segundo os dados estatísticos da mesma fonte, o Fimoges perdeu cerca de um milhão de euros nos ativos sob gestão, valendo agora 206 milhões, enquanto o Gestimo vale 637 milhões, uma perda de 85 milhões de euros no espaço de quatro meses.

No total, as duas sociedades gestoras gerem atualmente 843 milhões de euros.

Se recuarmos a janeiro de 2014, a desvalorização é ainda maior. Na altura, o Gesfimo tinha sob a sua alçada um património de 732 milhões de euros, enquanto o Fimoges geria ativos avaliados em mais de 274 milhões de euros. Juntos, estes dois fundos, os principais da Espírito Santo Property, tinham em seu poder imóveis que totalizavam mais de mil milhões de euros.

Plano especial

Apesar de estar em processo de liquidação, a Espírito Santo Property solicitou um PER, um processo especial criado no âmbito do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas, que permite ao devedor estabelecer negociações com os respectivos credores.

Após este processo especial, foi apresentada uma lista provisória de credores, com um total de 58,7 milhões de euros a receber.

Entre eles estão os subscritores de papel comercial, vários bancos e o Estado, este com um crédito de 4,99 milhões de euros sobre esta sociedade do Grupo Espírito Santo.

Entre os principais credores bancários estão o Banco Comercial Português, com 13,5 milhões de euros, o Banco BIC Português, com 11,3 milhões de euros, a Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo, com 1,5 milhões de euros, e a Caixa de Crédito Agrícola da Costa Azul, também com 1,5 milhões de euros.

Os credores da Espírito Santo Property que aplicaram o seu dinheiro em papel comercial da empresa ascendem a cerca de quatro centenas. A sua maioria tem aplicações no valor de 50 mil euros, acrescidas de juros de 1 250 euros.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 24/3/2015 13:01

Boas,


CARLOS TAVARES: "DEVE SER APLICADA A SOLUÇÃO QUE MELHOR DEFENDA OS INVESTIDORES" DE PAPEL COMERCIAL DO GES
24 Março 2015, 11:33 por Maria João Gago | mjgago@negocios.pt, Bruno Simão - Fotografia

A solução para os clientes de retalho que compraram papel comercial do GES deve ser "a que melhor defenda os investidores" defendeu o presidente da CMVM. Carlos Tavares apelou à aprovação de uma proposta "justa" e diz que há risco de pôr em causa a reputação dos supervisores. Subentendida ficou a sua posição crítica face à última proposta que o Banco de Portugal pôs na mesa.
O problema do papel comercial de empresas do grupo Espírito Santo detido por clientes de retalho do Novo Banco deve ser resolvido da forma que "melhor defenda os investidores", defendeu Carlos Tavares na comissão parlamentar de inquérito. "Deve ser uma solução justa, com menores riscos jurídicos", defendeu o presidente da CMVM.

"Não resolver o problema também tem riscos, como o risco de litigância e de reputação do Novo Banco e dos próprios supervisores. E este é um bem que não tem preço", justificou Tavares.

Para o presidente da CMVM, "os supervisores têm de encontrar uma solução que salvaguarde os dois interesses", ou seja, do Novo Banco e dos seus clientes. Mas Tavares acredita que "deve ser aplicada a solução que melhor defenda os interesses dos investidores".

O responsável do supervisor do mercado ainda não se pronunciou sobre a última proposta em que o Banco de Portugal e o Novo Banco estão a trabalhar, mas ficou subentendida a sua oposição a esta solução.

Nas suas declarações iniciais, Tavares tentou mesmo desvalorizar a polémica entre os supervisores. "Este não é um caso da CMVM contra o Banco de Portugal ou o contrário", sublinhou. E chegou a avaliar como correcta a decisão do Banco de Portugal de ter optado por tranquilizar os clientes, tentando arranjar mecanismos que permitissem ao BES reembolsar o papel comercial do GES, em vez de ter lançado um alerta sobre os riscos de estes títulos não virem a ser pagos.

"Não houve nenhum alerta aos investidores" depois de se descobrir que as contas da Espírito Santo International não eram verdadeiras. "Entre as condições de reembolso antecipado do papel comercial, está a prestação de informação não verdadeira. Se tivesse havido um alerta, os clientes poderiam ter reclamado o reembolso antecipado. Mas isso teria causado alarme e problemas reputacionais. O Banco de Portugal entendeu dar tranquilidade aos investidores através dos mecanismos destinados a assegurar o reembolso, como a provisão do ESFG e [a conta 'escrow' aberta no] BES. E no nosso entender bem", defendeu o presidente da CMVM.

No entanto, esta estratégia do supervisor implica uma obrigação de reembolso do papel comercial do GES por parte do BES que, no entender de Tavares, devia ter sido transferida para o novo banco.

"As provisões mostram que a obrigação de reembolso era do novo banco. A CMVM entende que não há ilegalidade em transferir estas obrigações de reembolso para o novo banco. A proporia Deliberação do banco de Portugal de 14 de Agosto diz que, no reembolso do papel comercial deve ser avaliado o impacto para o novo banco, tendo em conta as provisões existentes", sublinhou o responsável pelo supervisor da bolsa.

Para Carlos Tavares, "O problema jurídico" que dificulta concretização do reembolso, "surge com a publicação das contas do novo banco que mostra que a provisão [destinada ao reembolso do papel comercial] ficou no BES", em vez de ter sido transferida para o Novo Banco.
 
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Re: BES - A LUTA

por nisoda » 24/3/2015 12:25

mail enviado a BP e outros

ATT: Governador e outros incompetentes - BES - Obrig. Subordinadas

Eu não sou investidor qualificado. Em 2010 foi-me impingido um produto seguro que afinal eram OBRIGAÇÕES SUBORDINADAS e fiquei sem xxxxx €.

A culpa foi do BES e dos seus funcionários que me burlaram, mas tb da incompetência do BP.

O caricato da história é que quem não chora, não mama.

Todos os que subscreveram produtos aos balcões do BES, estão a ter propostas de resolução, mais ou menos agradáveis, menos nós.
Por não fazermos barulho, ninguém fala sobre esses cientes e esses produtos.

Mas afinal o que se passa?

SERÁ QUE ATÉ AQUELES QUE TÊM PAPEL COMERCIAL DE OUTRAS EMPRESAS FALIDAS VÃO RECEBER PARTE DO SEU DINHEIRO E EU QUE TB FUI ENGANADO, FICO SEM NADA?

ENTÃO VÃO PAGAR DIVIDAS ALHEIAS E NÃO PAGAM AS SUAS DIVIDAS?

MAS QUE DATA DE COBARDES E INCOMPETENTES ANDAM A GRAVITAR NESTE SISTEMA FINANCEIRO PORTUGUES?

SOLICITO RESPOSTA. OU VÃO-SE ACOBARDAR E ESCONDER-SE TIPO RATOS DE ESGOTO?
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 24/3/2015 12:08

Boas,


Carlos Tavares: "CMVM já abriu investigações preliminares" a quem vendeu acções do BES antes da resolução
24 Março 2015, 09:53 por Maria João Gago | mjgago@negocios.pt

O supervisor já identificou 80 investidores que fizeram "vendas expressivas" de acções do Banco Espírito Santo na semana que antecedeu a resolução do banco. A CMVM já tem em curso "investigações preliminares" a estes investidores.
Desde que Carlos Tavares esteve pela primeira vez na Comissão Parlamentar de Inquérito à Gestão do BES e do GES, a CMVM já identificou a identidade dos investidores que realizaram transacções com acções do BES, tendo sido detectados 80 investidores que fizeram vendas "expressivas" de títulos, revelou o presidente do supervisor da bolsa esta terça-feira, 24 de Março, no Parlamento.

"Já foram identificados praticamente todos os comitentes das operações realizadas na última semana antes da resolução. A negociação já não tem segredos para nós. Agora, há que, a partir da história, construir ou acusar e provar que houve utilização de informação privilegiada", adiantou Carlos Tavares.

Além do BES, as investigações da CMVM recaem sobre acções da Espírito Santo Financial Group, tendo já sido abertos "processos ou investigações preliminares".

Entre os 80 investidores que fizeram vendas expressivas de acções do BES, "predominam os institucionais estrangeiros. Os particulares são maioritariamente nacionais e há investidores permanentes, ou seja, ligados ao BES, designadamente através de offshores. Muitos tinham adquirido acções após o aumento de capital", adiantou Carlos Tavares aos deputados.

Além disso, a CMVM pediu informação sobre os responsáveis de diversas entidades que tiveram acesso à informação privilegiada de que o BES ia ser alvo da resolução, designadamente altos quadros do novo banco, do Banco de Portugal e da Comissão Europeia. "Só a Comissão Europeia não disponibilizou esta informação", revelou o líder do supervisor.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 24/3/2015 12:06

Boas,

CMVM CONTRA SOLUÇÃO DE CARLOS COSTA PARA PAPEL COMERCIAL DO GES
Março 24th, 2015
Citamos

Económico

Solução prevê perda de 60% das aplicações. Carlos Tavares e Carlos Costa vão hoje ao Parlamento.

A solução para os clientes lesados com papel comercial do Grupo Espírito Santo, que está a ser ultimada pelo Banco de Portugal (BdP) e que prevê a perda de mais de metade do capital investido, não tem a simpatia nem a concordância da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o supervisor do mercado de capitais, apurou o Económico. A CMVM, que não tem poder de veto sobre a solução gizada pelo Banco de Portugal, entende que a mesma não corresponde às promessas feitas aos clientes lesados. E considera que visa apenas facilitar a venda do Novo Banco ao melhor preço possível.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 24/3/2015 12:05

Boas,

COSTA SABIA DO BES UM ANO ANTES DA QUEDA
Março 24th, 2015
Citamos

Correio da Manhã

Carta a Salgado revela que governador tinha raio-x dos problemas do banco.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 24/3/2015 12:04

Boas,

BANCO DE PORTUGAL REJEITOU SOLUÇÕES MAIS FAVORÁVEIS PARA OS SUBSCRITORES DE PAPEL COMERCIAL DO GES
Março 24th, 2015
Citamos

Observador

Banco de Portugal vê com bons olhos solução encontrada para os clientes lesados do GES, que prevê perdas a rondarem os 60%. Mas havia outras propostas mais favoráveis. Todas rejeitadas pelo regulador.

Tal como foi sendo conhecido nos últimos dias, os investidores que fizeram aplicações em papel comercial emitido por empresas do Grupo Espírito Santo (GES) através dos balcões do Banco Espírito Santo (BES) poderão perder mais de metade do capital. Isto, caso se venha a confirmar a solução que está a ser negociada entre Banco de Portugal (BdP) e Novo Banco e que, neste momento, parece ganhar mais força. No entanto, escreve o Diário de Notícias esta terça-feira, esta solução, entre todas as que estão em cima da mesa, está longe de ser a mais favorável para os investidores e está a causar desconforto entre a administração do “banco bom”, que defende uma solução que proteja mais quem investiu dinheiro no GES.

A possibilidade que está a ser ponderada é a de transformar o papel comercial de unidades do GES em títulos obrigacionistas do Novo Banco remunerados a uma taxa de juro de 5% durante dez anos, mas com uma perda de 60% a 70% do capital aplicado pelos investidores não qualificados, isto é, não profissionais. A solução proposta, que agrada ao governador do banco central, Carlos Costa, distingue ainda entre investidores na Espírito Santo Internacional e quem comprou dívida da Rioforte: se os primeiros podem esperar recuperar 30% do montante investimento, os segundos talvez consigam reaver 40% do investimento, explica o Jornal de Negócios.

Acresce, também, que, nesta solução, ainda a ser negociada, os subscritores teriam ainda de fazer um investimento mais 20% do capital inicial em títulos de capital contingente (“CoCos”), emitidos pelo Novo Banco. Ou seja, além das perdas iniciais na casa dos 60%, os clientes do GES teriam ainda de investir em títulos com risco do Novo Banco e que cujo retorno não será nunca a curto prazo.

Ora, esta resolução está a gerar muito desconforto na equipa liderada por Stock da Cunha, que preferia uma solução mais favorável e, sobretudo, mais rápida para os clientes lesados do GES, escreve o Diário de Notícias. A administração do Novo Banco terá mesmo testado junto de Carlos Costa propostas informais que previam o pagamento de até 60% do investimento e a um prazo de reembolso menos longo do que o defendido pelo BdP. Uma proposta que, no entanto, não terá convencido Carlos Costa e a sua equipa, que querem uma solução que implique menos riscos para o Novo Banco e, principalmente, que não obrigue a gastar dinheiro.

Se o objetivo dos reguladores é garantir que o Novo Banco – cujo destino ainda é incerto, mas deverá passar pela venda ou fusão – não perca valor no mercado, o objetivo de Stock da Cunha é, não só proteger os clientes lesados do GES, mas, também, garantir que a reputação da instituição não saia manchada de todo o processo. Uma inevitabilidade caso os subscritores de papel comercial do GES percam mais de metade do dinheiro aplicado, acredita Stock da Cunha.

Quem também parece não estar convencido com esta proposta é a Associação de Indignados e Enganados do Papel Comercial. Ricardo Ângelo, porta-voz do movimento, descreveu a solução como “impensável” e prometeu que “no dia em que a proposta for apresentada, vamos convidar todos os associados, juntamente com todos os 1.500 detentores de papel comercial, a tirar todo e qualquer euro, até ao último cêntimo, do Novo Banco, nesse mesmo dia”.

“Pedir para os clientes aumentarem o seu envolvimento, levando mais recursos para o banco, não garantindo o ressarcimento de 100% do nosso dinheiro, é um acto de má-fé e chantagem emocional”, acusou o representante dos clientes, em declarações ao Jornal de Negócios.

Também a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) parece estar do lado da administração do Novo Banco e defende que a instituição deve ressarcir os investidores, acentuando-se, assim, o pingue-pongue entre os reguladores, já que o banco central continua a afirmar que reparação dos investidores não qualificados deve caber ao “banco mau”.

Esta terça-feira, de resto, o líder da CMVM, Carlos Tavares, vai regressar ao Parlamento para prestar esclarecimentos na comissão de inquérito ao Banco Espírito Santo (BES). O presidente da CMVM tem sido uma voz ativa na defesa dos interesses dos investidores não qualificados que subscreveram instrumentos de dívida de empresas GES aos balcões do BES, nomeadamente das holdings Espírito Santo International (ESI) e Rioforte, ambas em processo de insolvência nos tribunais do Luxemburgo.

Existem 2.500 investidores afetados pela colocação de dívida do GES através dos balcões do BES. No final do primeiro semestre de 2014, estavam por reembolsar 550 milhões de euros relativos àqueles subscritores, o que representava cerca de 31% do total de clientes que fizeram aplicações em papel comercial da ESI e Rioforte.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 24/3/2015 0:29

Boas,

EMPRESAS/FINANÇAS20:55
SOLUÇÃO PARA PAPEL COMERCIAL PREVÊ PERDA DE MAIS DE METADE DO CAPITAL
FILIPE ALVES E ANTÓNIO COSTA
20:55
Solução para papel comercial prevê perda de mais de metade do capital
A solução para os clientes lesados com papel comercial do Grupo Espírito Santo, que está a ser ultimada pelo Banco de Portugal (BdP), prevê a perda de mais de metade do capital investido, apurou o Económico.
Em causa estão investimentos no valor de 527 milhões de euros, feitos por 2500 clientes de retalho do BES. Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, tem audição marcada para amanhã às 15h00, na Comissão Parlamentar de Inquérito ao BES e a solução definitiva poderá ser anunciada nessa ocasião. O certo é que deverá ser recebida com forte contestação pelos clientes lesados, que no fim de semana fizeram uma manifestação à porta de casa do próprio Carlos Costa. A associação de lesados já fez saber que não concorda com a solução que está ser ultimada, considerando-a "imoral" e "indigna".
Ao que o Diário Económico apurou, os clientes do BES que investiram em papel comercial da Rioforte e da ESI poderão recuperar cerca de 40% do capital investido, num prazo de 10 anos. Os contornos da solução foram noticiados pelo "Jornal de Negócios" e confirmados ao Diário Económico por fontes ligadas ao processo: por cada 100 mil euros investimentos em papel comercial, os clientes de retalho receberão entre 30 e 40 mil euros, na forma de obrigações seniores do Novo Banco, com maturidade de 10 anos e um cupão anual de 5%. Ou seja, os clientes perdem entre 60% e 70% do investimento.
MAS HÁ MAIS: PARA TEREM ACESSO A ESTA SOLUÇÃO, OS CLIENTES TÊM DE INVESTIR O EQUIVALENTE A 20% DO CAPITAL INVESTIDO, EM TÍTULOS DE CAPITAL CONTINGENTE. OU SEJA, SE UM CLIENTE INVESTIU 100 MIL EUROS EM PAPEL DA RIOFORTE, VAI RECUPERAR 30 MIL EUROS, NA FORMA DE OBRIGAÇÕES SENIORES COM MATURIDADES QUE PODEM CHEGAR AOS 10 ANOS, MAS TEM AINDA DE INVESTIR MAIS 20 MIL EUROS. Desta forma, o impacto no balanço do Novo Banco será neutro, tal como exigido pelo Banco de Portugal, que pretende assegurar que a venda da instituição tem lugar ao melhor preço. O processo de venda entrou na fase de propostas não-vinculativas e deverá estar concluído no final de Junho.
 
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Re: BES - A LUTA

por Ferraria » 23/3/2015 19:09

boa tarde

A existir algum reembolso será apenas o tal papel comercial? quem tinha acções não vai ter hipótese de receber nada...certo?

obrigado
 
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Re: BES - A LUTA

por carvalhasjon » 23/3/2015 18:58

os jornais sabem tudo.
não brinquem com a saúde das pessoas também vocês!!
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 23/3/2015 18:26

Boas,


SOLUÇÃO PARA PAPEL COMERCIAL PREVÊ PERDA DE MAIS DE METADE DO INVESTIMENTO
23 Março 2015, 17:14 por Helena Garrido | Helenagarrido@negocios.pt, Maria João Gago | mjgago@negocios.pt

A proposta de solução para o papel comercial do GES devolve aos investidores menos de metade do capital investido, numa aplicação a dez anos. A solução está a ser negociada entre o Novo Banco e o Banco de Portugal, que durante o fim-de-semana estiveram a trabalhar no assunto para chegarem a um acordo.
A solução para o papel comercial do Grupo Espírito Santo envolve perdas do capital inicialmente investido. De acordo com as linhas gerais de uma solução que ainda está a ser negociada entre o Banco de Portugal e o Novo Banco, os detentores destes títulos de dívida das empresas do GES poderão recuperar, na melhor das hipóteses, 40% do capital investido, apurou o Negócios.

Quer o Banco de Portugal, quer o Novo Banco pretendem chegar a uma solução ainda antes da Páscoa, admitindo-se que a proposta final possa ser anunciada esta terça-feira, 24 de Março, dia em que o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, vai ser ouvido pela segunda vez na comissão parlamentar de inquérito (CPI) à gestão do BES e do GES. Durante todo o fim-de-semana decorreram reuniões entre os técnicos do Banco de Portugal e o Novo Banco para se chegar a uma solução que concilie os objectivos de todas as partes.

De acordo com o que está em cima da mesa neste momento, a proposta comercial poderá passar por converter o papel comercial do GES em obrigações do Novo Banco com um "haircut" [perda] que pode ir de 60% a 70%. Além disso, os clientes serão convidados a fazer uma aplicação adicional no banco.

Em linhas gerais, por cada 100 mil euros aplicados em papel comercial do GES, os investidores não qualificados já identificados receberiam 30 a 40 mil euros em obrigações seniores do Novo Banco com uma taxa de juro da ordem dos 5% ao ano. Para terem acesso a esta solução teriam ainda de investir mais cerca de 20 mil euros (cerca de 20% do capital inicialmente investido) em títulos do Novo Banco com características de capital. Ou seja, produtos equivalentes a instrumentos de capital contingente ("CoCos").

Com esta solução, quem quiser pode vender de imediato as obrigações do Novo Banco que vai receber, ficando com dinheiro, mas realizando a perda – 60 a 70% do que investiu. Ou, não vende, podendo esperar para ver quem compra o Novo Banco, tentando reduzir ligeiramente as perdas na expectativa da valorização dos títulos que passou a deter. Ou ainda manter as obrigações em carteira, obtendo uma remuneração anual de 5% durante dez anos. A aplicação adicional não deverá, a curto prazo, dar um rendimento.

Seja qual for a solução final, a proposta comercial passará sempre pela perda de mais de metade do capital inicialmente investido. A dimensão da perda dependerá do título subjacente: o papel comercial da Rioforte vale mais do que o da ESI, por exemplo.

Para a proposta chegar aos clientes é preciso que o Novo Banco e o Banco de Portugal cheguem a acordo sobre o desenho final do produto. Para já parece certo que as posições do Novo Banco e do banco central estão a aproximar-se. Fechado este acordo é preciso que os clientes aceitem a proposta comercial do Novo Banco.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 23/3/2015 12:17

Boas,

PAPEL COMERCIAL: NUNO MELO ACUSA NOVO BANCO
Março 22nd, 2015
Citamos:

RTP

O Novo Banco está a aliciar clientes do BES para assinarem uma autorização que dá ao banco poder para reclamar créditos, no processo de insolvência da Rioforte. A denúncia foi feita ontem pelo eurodeputado Nuno Melo, no programa Três Pontos, da RTP Informação e já foi confirmada por clientes do BES. Nuno Melo considera a situação grave e aconselha os clientes a não assinarem qualquer documento.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 23/3/2015 12:16

Boas,

BES CONTINUOU A VENDER PAPEL COMERCIAL
Março 22nd, 2015
Citamos:

Observador

O Banco Espírito Santo (BES) ainda comercializou papel comercial de empresas do Grupo Espírito Santo (GES) depois de ser dada ordem para travar estas operações, que tem data de 14 de fevereiro de 2014. A comunicação desta instrução, que é um dos passos da estratégia de ring-fencing (barreira de proteção entre banco e grupo), terá demorado algum tempo a chegar à rede comercial, admite um ex-administrador do BES. Segundo Jorge Martins, “ter-se-á verificado alguma falha”, um “delay“, que terá de ser analisada em sede da auditoria forense pedida pelo Banco de Portugal ao BES. O gestor admite um “problema de comunicação interna” e diz que as operações pararam no dia 24 de fevereiro.

Jorge Martins cita o caso de uma emissão lançada em 13 de fevereiro e que só ficou concluída dias depois e já dentro do período de proibição do Banco de Portugal. Estas operações de venda de papel comercial realizadas à revelia das instruções representaram aplicações de 23 milhões de euros.

O gestor admite que o facto de a ordem ter sido dada numa sexta-feira poderá justificar uma comunicação mais lenta. A data de 14 de fevereiro era o limite temporal da garantia de reembolso assegurada ao nível da Espírito Santo Financial Group e para a qual foi constituído um penhor sobre a Tranquilidade, avaliado em 700 milhões de euros. A ordem travava a venda de papel comercial da ESI e Rioforte.

Jorge Martins e João Freixa, dois antigos administradores executivos do BES, foram ouvidos esta terça-feira na comissão parlamentar de inquérito ao BES e aoGES. Jorge Martins assegura que sempre houve intenção da comissão executiva em cumprir as ordens de ring-fencing. Para João Freixa, o ring-fencing implementado ao nível do banco e da Espírito Santo FinancialGroup (ESFG) e a provisão constituída para o reembolso teriam sido suficientes para salvaguardar o banco das perdas no papel comercial dos seus clientes se aESFG tivesse cumprido a garantia.

Os dois gestores testemunharam só terem tido conhecimento dos problemas nas contas da Espírito Santo Internacional (ESI) numa reunião a 4 de dezembro de 2013 em que foram informados de uma discrepância de 1000 milhões de euros nas contas. Adiantam contudo que foi assegurado que o problema seria resolvido em breve com aumentos de capital da ESI que permitiriam o reembolso da dívida comprada pelos clientes do BES. A partir dessa data, acredita João Freixa, o banco terá travado a venda de papel comercial da Espírito Santo Internacional no retalho, mas prosseguiu com a colocação de dívida da Rioforte.

Papel comercial representava em média 31% do património dos clientes no BES

No final do primeiro semestre de 2014, estavam por reembolsar 550 milhões de euros relativos a 2500 clientes, o que representava cerca de 31% do total de subscritores. São estes clientes que viram o reembolso do papel comercial travado pela resolução do BES e agora pelo Novo Banco. Segundo a apresentação feita pelos dois ex-gestores, estas 2508 pessoas teriam no final de junho de 2014 recursos totais de 1800 milhões de euros no BES, pelo que a aplicação em papel comercial representaria, em média, 31% do património financeiro total que estes clientes tinham à data no banco.

Os clientes do BES chegaram a ter 1720 milhões de euros em papel comercial no final de 2013. Estes produtos foram vendidos sem tomada firme e garantia de reembolso por parte do banco. Segundo João Freixa, estes clientes terão sido informados das características do papel comercial, embora não excluam que tenham ocorrido casos de venda defeituosa. Jorge Martins admite que os casos de má venda são pontuais e representam os dedos de uma mão e que foram situações de incumprimento de instruções do banco.

No final de 2013, havia mais de seis mil clientes com papel comercial GES, em particular da ESI e segundo os ex-gestores do banco, 77% do valor foi tomado por clientes de private banking e afluentes, ou seja, clientes com património financeiro significativo. A subscrição mínima era de 50 mil euros por cliente.

O papel comercial da ESI dominava estas aplicações com 1000 milhões de euros, mas foi sendo reembolsado e substituído por títulos da Rioforte. No final de maio de 2014, a exposição dos clientes tinha caído para 615 milhões de euros, dos quais 200 milhões eram dívida da ESI e 380 milhões eram dívida daRioforte. As duas empresas estão insolventes.

O tema do papel comercial por reembolsar já colocou o Banco de Portugal e a Comissão de Mercado de Valores Mobiliários em rota de colisão, depois de o supervisor bancário ter atirado a responsabilidade para a CMVM. A supervisora da bolsa reafirma que sempre defendeu o reembolso ou compensação destes clientes, lembrando que esse era o compromisso assumido pelo Novo Banco durante a gestão de Vítor Bento. Sob a liderança de Sotck da Cunha, o Novo Banco já avisou que não é responsável pelo reembolso, porque essa é uma responsabilidade do BES (banco mau). O gestor invoca diretivas do Banco de Portugal e assinala que o pagamento integral destas aplicações colocaria os rácios da instituição no limite mínimo. O Novo Banco está em processo de venda.

Quem ficou com os ganhos da recompra de obrigações? Ainda não se apurou

“Ficámos todos atónitos com a descoberta”, foi assim que Jorge Martins descreveu a reação à descoberta do esquema que foi revelado na recompra de obrigações do próprio Banco Espírito Santo. O provisionamento total da perdas com estes títulos, no valor de 1250 milhões de euros, foi feito por imposição do auditor nas contas do primeiro semestre. O BES teve de registar menos-valias para ajustar o valor de balanço destas obrigações ao preço do mercado e assumir nas contas o impacto do seu reembolso antecipado. Mas essas perdas, realçam, não foram causadas pela recompra, mas pela forma como estas obrigações foram concebidas e transacionadas. E quem ficou com os ganhos? Segundo João Freixa ainda não foi possível apurar quem se apropriou das mais-valias, que resultaram da diferença entre o preço e remuneração destas obrigações, entre o momento da colocação, revenda a terceiros e recompra pelo banco.

A auditoria a estas obrigações já permitiu concluir que terão sido usadas para substituir títulos de dívida do GES que estavam colocados em quatro veículos cujas ações preferenciais foram alienadas aos clientes finais. Neste caso, terão servido para contornar o ring-fencing que impedia o BES de financiar o GES que se terá apropriado das mais-valias. Só quem estava por dentro da montagem das obrigações saberia o impacto que teriam no balanço do BES, esclarece o ex-administrador, a propósito da decisão do banco em recomprar estes títulos.

As recompras foram feitas sob enorme pressão dos clientes, quando estes deixaram de conseguir colocá-las em mercado secundário, para proteger o franchising e o nome do banco. A Eurofin atuou como intermediário, mas os dois antigos gestores não conseguem precisar mais. João Freixa e Jorge Martins saíram da administração do Novo Banco em setembro, na sequência da saída de Vítor Bento, e a seu pedido.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 23/3/2015 12:15

Boas,

ADMINISTRAÇÃO DO NOVO BANCO REÚNE COM LESADOS NA SEXTA-FEIRA
MARÇO 23RD, 2015
Citamos

Económico

Equipa de gestão do Novo Banco e Lesados do Papel Comercial sentam-se na sexta-feira, e pela primeira vez, à mesma mesa, para discutirem condições da reclamação de créditos ao Luxemburgo.

A associação que reúne os clientes lesados pela venda de papel comercial do GES aos balcões do BES reúne na próxima sexta-feira com a administração do Novo Banco, pela primeira vez. Em causa estão as reclamações de créditos das entidades emitentes do papel comercial, com sede no Luxemburgo, que estes clientes recusam assinar uma vez que entendem que assim isentam o Novo Banco de qualquer responsabilidade com o ressarcimento do capital aplicado.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 23/3/2015 12:03

Boas,

ELES NÃO QUEREM FICAR SOTERRADOS NAS RUÍNAS DO BES

Dizem ter sido enganados quando subscreveram papel comercial do GES. Têm poupanças de uma vida congeladas. Esperam para ver o que vai o governador do Banco de Portugal dizer, terça-feira. no Parlamento. Terá Carlos Costa uma solução para o calvário que vivem?

Albano viu o seu gestor de conta no BES a subscrever papel comercial em seu nome – sem consentimento. Ao pai de Marta e a António prometeram um produto sem risco, muito mais interessante do que o depósito a prazo. Estão entre os 2.500 clientes do BES que investiram em papel comercial do Grupo Espírito Santo (GES) e têm as suas poupanças congeladas.

Dizem-se enganados – pelos gestores de conta, pelo banco em quem confiaram – e ignorados – pelas autoridades. Mas a Renascença também ouviu o relato de um gestor, que não quis ser identificado, que se sentiu "manipulado" pelas chefias, nesta matéria. E há relatos de responsáveis por agências bancárias que dão conta de incentivos aos gestores para venderem papel comercial do GES. Fala-se em visitas domiciliárias aos clientes, da abertura de garrafas de champanhe para brindar à subscrição.

A história começa da mesma forma em vários casos: o cliente detinha um depósito a prazo no BES, a maturidade aproximava-se e, entre Janeiro e Fevereiro de 2014, surge um contacto por parte do gestor de conta. Fala de um produto garantido, com uma taxa de juro ligeiramente superior à do depósito, e sugere a subscrição de papel comercial do GES.

É assim que começa a história de Marta Lestro. A bióloga, de 37 anos, dá o seu testemunho em nome do irmão mais velho, incapacitado devido a um acidente que aconteceu há mais de 20 anos.

Tornaram-se clientes do BES para depositar a indemnização compensatória do acidente. Já não esperavam receber o dinheiro, que lhes ajudou a pagar os tratamentos.


Marta e o irmão, antes do acidente

"Decidimos procurar um banco que nos oferecesse confiança", conta. O BES foi o banco que lhes "ofereceu mais confiança": "era um banco muito antigo, com muito prestígio, muitos valores e muitos clientes". Mais: o banco de Ricardo Salgado "era o único banco que não tinha recorrido à ajuda da troika".

Em 2013, fizeram um depósito a prazo no BES. Meses depois, começaram a receber chamadas da gestora de conta: não quereriam mudar de produto para um melhor?

"O meu pai tem 70 anos, é uma pessoa assume os seus compromissos de honra, é uma pessoa que está habituada a negociar com gente séria e foi educado a selar os seus negócios com um aperto de mão. Houve aqui uma falta de respeito para com muitas pessoas, nomeadamente pessoas como o meu pai: pessoas iletradas, pessoas mais velhas, que confiam, pessoas que não têm noção", critica Marta Lestro.

"Uma pessoa que nunca teve nenhuma aplicação financeira em nenhum banco, e muito menos naquele de que era cliente há um ano, muito me espanta que lhe tenha sido oferecido [este produto]."

A jovem mãe de dois está sentada numa poltrona na sala de casa dos pais em Rio Maior, rodeada de mesinhas com fotografias de família, imagens de um tempo mais fácil. A conversa é interrompida pela mãe – a menina acordou da sesta.

Na sala de trás, o irmão vê televisão com o pai e o outro sobrinho. É uma família unida e feliz, apesar da situação actual. Mas Marta tem medo do futuro e da responsabilidade que sabe que lhe vai cair em cima.

Um contrato sem assinatura
Uns quilómetros a sul, em Lisboa, Bruno Vaz também fala por um membro da família: o avô.

Mas no caso deste engenheiro de 29 anos, a história começa mais longe, no Norte, no concelho de Vinhais. O avô Albano José Vaz, hoje com 81 anos, esteve emigrado 40 anos em França e, "no seu período de reforma, decidiu voltar às origens para gozar o resto dos seus dias".

Albano foi contactado no início de 2014 pelo seu gestor de conta em Chaves para vir renovar o seu depósito a prazo. Nunca as palavras "papel comercial" foram proferidas. "Viemos a constatar ao longo do tempo que, obviamente, o meu avô não aderiu a qualquer depósito a prazo, mas sim subscreveu este papel comercial sem o seu consentimento", acusa Bruno Vaz.

Disseram-lhe, na altura, que não podiam dar-lhe os documentos relativos à renovação porque havia "uma falha no sistema informático". "Passados dez dias, chega-lhe um papel que ele nem sequer chegou a assinar, um papel meramente indicativo do produto que estava a subscrever".

Os papéis continuam por assinar por parte do cliente. O gestor assinou e carimbou a sua parte, deu ordem de subscrição, mas nunca esperou pelo aval de Albano José Vaz, o que já leva o caso para o âmbito jurídico.

"Além disso", acrescenta Bruno, ao folhear os papéis que apresenta sobre a mesa da sala de jantar, "o meu avô é uma pessoa com 81 anos, com um nível de instrução mínimo, com muita dificuldade em ler, com problemas de saúde, e não consegue sequer ler estas letras minúsculas e todas estas cláusulas associadas".


No contrato de Albano José Vaz não consta a sua assinatura

Bruno fala num "golpe baixo" no avô, que "nunca foi investidor": "Chega ao seu país-natal com o dinheiro ganho em França e são-lhe retiradas as suas poupanças."

Sentado na sala da casa que o avô ajudou a arrendar, não esconde a admiração pelo homem que lhe pagou os estudos – "teve uma vida de sacrifício, privou-se de qualquer tipo de vida boémia para ter uma vida digna" – e sempre o apoiou na sua busca por melhores condições de vida. Por isso, dá a cara e o testemunho de uma história que espera que venha a ter um desfecho positivo.

"Desde há um ano para cá que não durmo descansado"
António Ribeiro Nunes pode rever-se na história de Albano. O reformado de 68 anos fala a custo. Ainda lhe custa a acreditar que possa ter comprometido tanto dinheiro, guardado à confiança num banco de que era cliente há 40 anos. "Fui levado talvez pelo aspecto religioso… Achei que se era 'Espírito Santo' podia confiar…", confessa.

Não quer ser entrevistado em casa porque já está cansado dos mexericos entre os vizinhos. Conta como foi abordado pela gestora de conta para subscrever a um produto "muito bom, com capital e juros garantidos".

Mostra a resma de papéis que foi coleccionando desde Janeiro do ano passado: o contrato do papel comercial, que também nunca chegou a assinar; cartas do BES, seguidas de certas e extractos bancários do Novo Banco; cartas do Banco de Portugal, da CMVM; recortes de jornais – um sem-número de documentos que testemunham o árduo processo pelo qual tem passado.

Mostra o documento – sem qualquer assinatura, nem sequer do gestor – do papel comercial: "Diz: 'para todos os efeitos, conheço e aceito todas as condições da operação.' Mentira. Passei-me logo. 'Compreendo os riscos envolvidos': falso. 'Possuo todas as informações necessárias para uma tomada de decisão esclarecida': não."

Emociona-se. "Era o dinheiro das minhas poupanças, dinheiro do meu sogro, do meu pai, nosso, de 56 anos de trabalho. Somos uma família prudente e poupada… Também havia aqui dinheiro da minha filha mais nova."

O produto foi subscrito pela mulher. O contrato de 28 páginas só foi apresentado depois da confirmação da ordem. Quando chegou a casa à noite, António começou a ler, e começou a ficar preocupado. Viu escrito "Rioforte" e começou a desconfiar. Ligou para a gestora. "Não quero isto".

A resposta: "Agora já não posso anular, mas isto vai correr bem. Isto é garantido, não tenha problemas".


António Ribeiro Nunes investiu as poupanças de três gerações da família

Atrás dos óculos escuros, o reformado esconde a vergonha. "Desde há um ano para cá que eu não durmo descansado. E a partir de 3 de Agosto fiquei muito preocupado mesmo. Acordo de noite, a minha mulher acorda de noite…"

Olha para trás, para os edifícios do hospital que se desenham ao fundo da rua. "Tenho aqui um psiquiatra em Santa Maria onde vou de vez em quando", confessa. Mas ganhou coragem para dar a cara pelos lesados do papel comercial quando percebeu que poucos iriam tomar essa atitude.

Bruno Vaz fala pelas inúmeras pessoas nesta situação: "A relação de confiança com o gestor era tão elevada e foi-lhes dada tanta segurança que as pessoas nem se deram ao trabalho de ler os contratos que lhes foram devolvidos", afirma. "Não tem qualquer qualificação no dicionário como é que estes senhores são capazes de cometer este tipo de acto".

"Um funcionário de um banco que está a dar a cara ao cliente, que está a vender um produto, tem de ter conhecimentos do que está a fazer!", atira António Ribeiro Nunes, que permanece na incredulidade, mesmo passados meses do ocorrido.

Curiosamente, o extracto bancário continua a apresentar o saldo como se o dinheiro lá estivesse disponível. E o cabeçalho diz "Novo Banco", apesar de o presidente, Eduardo Stock da Cunha, afirmar que o banco, a versão "boa" que saiu do processo de resolução do BES, não tem qualquer obrigação legal de reembolsar os clientes do papel comercial. Argumentação: os produtos subscritos pertenciam ao GES e não ao BES, mesmo tendo sido comprados aos balcões do Banco Espírito Santo.

Culpados com nome
Em Rio Maior, Marta Lestro está longe de se interessar pelas minudências da questão. Para ela, a realidade é dura, e, sem dinheiro, tende a tornar-se ainda mais complicada. "É como se eu tivesse três filhos, com a consciência de que um deles nunca vai crescer."

"Imagine-se, daqui a 20 anos, como é que eu vou conseguir ter capacidade para isto tudo? Isso assusta-me um bocado. Mas o que me está a custar mais neste momento é ver uma pessoa honrada como o meu pai a sentir-se enganado. Mais do que roubado, ele sente-se enganado", diz.

O pai, no breve momento em que toca no assunto, só consegue dizer: "… ela [a gestora de conta] disse que era garantido".

Sem o dinheiro que "investiram", sem saber o que estavam efectivamente a fazer, o futuro fica mais nebuloso. "Já há muitos anos que sabia como seria o meu futuro. Nunca pensei que fosse tão difícil", diz Marta. Não consegue evitar emocionar-se, mas não interrompe por um segundo o seu testemunho.

Os culpados têm nomes, diz Marta. A raiva com as entidades reguladoras é generalizada. "Isto passou por baixo do nariz do Banco de Portugal", critica.


Slogan de campanha do Novo Banco não é bem recebido entre os clientes lesados.

"Não consigo compreender como é que o Banco de Portugal tinha, à data de Outubro de 2013, tinha presente as ilegalidades que existiam na venda a retalho do papel comercial, e não proibiu automaticamente essa venda. Aliás, nós fazemos parte de uma série que já foi emitida após a suspensão e na qual são englobadas pessoas que compraram após a data de 14 de Fevereiro. Isto é de uma gravidade atroz", declara a bióloga.

"Isto é claro. Houve uma burla. Os culpados estão identificados. Agora, ninguém quer resolver", afirma, por seu lado, Bruno Vaz.

Com a resma de correspondência entre mãos, António Ribeiro Nunes diz o mesmo. "Falei para o Novo Banco a reclamar, disseram-me que o assunto estava no Banco de Portugal. O Banco de Portugal respondeu que a competência é da CMVM e andaram ali a passar a bola. Já recebi 'n' cartas, fiz exposições para o Presidente da República, para a ministra das Finanças, para todas as entidades. Não resolvem nada."

"Todas estas entidades em que nós, cidadãos, devíamos ter confiança, estão a ter um comportamento infantil de passar responsabilidades uns para os outros. A clara sensação que temos é que estão todas envolvidas no mesmo jogo", acusa Bruno Vaz.

O silêncio dos responsáveis
Marta, Bruno e António inscreveram-se na Associação dos Lesados do Novo Banco. Não obstante as tentativas da associação, da parte dos gestores de conta, o silêncio é quase absoluto.

No caso de Marta, a gerente do banco local "começou a apresentar algum desconforto" e foi a própria que sugeriu que a família procurasse apoio jurídico, marcando reuniões com a direcção regional para os pôr a par da situação corrente.

Foto: Steven Governo/Lusa No decorrer desta reportagem, a Renascença foi contactada pela direcção de comunicação do Novo Banco, que afirmou terem sido já prestados todos os esclarecimentos sobre o assunto. Questionado sobre se os gestores de conta sabiam que estavam a vender um mau produto, o Novo Banco remeteu para esclarecimentos que, até ao momento, não chegaram.

Contactados pela Renascença, quatro dos sindicatos bancários do país não formularam qualquer resposta. A Renascença tentou ainda contactar directamente, por e-mail, vários gestores de conta do Novo Banco – também sem resposta.

Uma solução?
O "Expresso" avançou no sábado que o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, quer apresentar-se na terça-feira, na comissão de inquérito ao caso BES/GES, já com uma solução para os clientes de retalho do BES que subscreveram papel comercial de entidades do GES.

Outras notícias detalharam pormenores da possível proposta, que prevê o reembolso através de um depósito a prazo, com o prazo máximo de dez anos. A Associação de Lesados do Novo Banco já reagiu: não vai aceitar perdas de capital.

Os clientes só vão acreditar numa resolução quando a virem por escrito. É que a história já vai longa, e as promessas goradas têm-se sucedido.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 22/3/2015 17:26

Boas,

antonio.costa@economico.pt
20 Mar 2015
A HISTÓRIA DE UM CARRO E DOS SEUS PASSAGEIROS
O Governo, habilmente, deixou Carlos Costa assumir o protagonismo, e o governador não percebeu o caminho em que se estava a meter. Agora, Passos e Maria Luís podem assistir, da bancada, ao que acontecer.
Após a segunda audição de Ricardo Salgado na comissão de inquérito ao caso GES/BES, e quando falta ainda ouvir outra vez Carlos Costa, é já possível concluir que o antigo banqueiro é o condutor deste carro que, a partir da crise, entrou em derrapagem. O governador sentou-se no lugar do morto, o primeiro-ministro e a ministra das Finanças foram, sempre, no banco de trás e houve ainda um atrelado, onde estavam a PT, Henrique Granadeiro e Zeinal Bava.
Ricardo Salgado contou a sua história, centrou a discussão e o fim no último ano, percebeu que tem tudo a ganhar, do ponto de vista político e jurídico, em responsabilizar Carlos Costa. O governador vai ter de dar novas explicações sobre o que sucedeu, especialmente em 2014, mas seria trágico confundir o que são as responsabilidades dos dois, misturar as decisões de Salgado, com ou sem dolo, com as falhas da supervisão.
O Governo, habilmente, deixou Carlos Costa assumir o protagonismo, e o governador não percebeu o caminho em que se estava a meter. Agora, Passos e Maria Luís podem assistir, da bancada, ao que acontecer.
A comissão de inquérito fez o seu trabalho, fê-lo quase sempre bem, os deputados prepararam-se para inquirir as dezenas de pessoas que passaram pelo Parlamento, uns mais difíceis do que outros, uns mais colaborantes do que outros, uns, poucos, lamentáveis no que disseram e no que se esqueceram de dizer.
O país está hoje muito mais informado, e bem informado, sobre o que aconteceu e tem condições para retirar as suas próprias conclusões, absolutamente legítimas e num plano diferente daquele que será feito em tribunal. Num outro tempo, também.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 22/3/2015 17:20

Boas,

QUEDA DO BES

Graves prejuízos e a disputa na sucessão dentro da família Espírito Santo abriram uma crise no interior do grupo. Nem a joia da coroa, o BES, escapou, dando origem ao Novo Banco. Agora, uma comissão parlamentar tentar apurar o que aconteceu.

1:33
CRISE NO GES

15:28 22.03.2015
DERROCADA DO BES FOI "UM MARTELO EM CIMA DA NOSSA CABEÇA"

O primeiro-ministro e líder do PSD diz que nunca ninguém vai poder dizer que o Banco Espírito Santo colapsou por causa do governo. No encerramento do congresso do PSD Açores, Passos Coelho admitiu ainda que o executivo levou com um "martelo na cabeça" com a derrocada do banco, logo após o encerramento do programa de ajustamento.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 22/3/2015 13:57

Boas,

“GATO” ENTALADO COM 150 MIL € NO BES
Março 22nd, 2015
Citamos

Correio da Manhã

Ricardo Araújo Pereira, dos Gato Fedorento, ficou entalado ao investir as poupanças na compra de papel comercial da Rioforte.
 
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Re: BES - A LUTA

por Santa Maria » 22/3/2015 13:56

Boas,

DEZENAS DE LESADOS DO BES GRITARAM “GATUNO” À PORTA DA CASA DE CARLOS COSTA
Março 21st, 2015
Citamos

Negócios

Dezenas de clientes do Banco Espírito Santo (BES) que investiram em papel comercial do Grupo Espírito Santo (GES) concentraram-se à porta da casa do governador do Banco de Portugal (BdP), em Lisboa, a exigir o pagamento do dinheiro investido.
Ao ritmo de buzinas e de bombos, os manifestantes gritam “gatuno” na rua de acesso ao prédio onde Carlos Costa mora, no Parque das Nações, depois de, durante a manhã, terem estado em protesto junto ao Centro de Congressos de Lisboa (antiga FIL).

O veterano de guerra Francisco Machado, de 66 anos, marca o ritmo do protesto com os batuques ininterruptos num bombo, circulando entre os manifestantes, que apenas conheceu em Janeiro quando percebeu que o “depósito que tinha feito, sem qualquer risco, numa empresa do grupo GES não seria pago”.

“Disseram-me que era um depósito no grupo dono do BES e, como em cerca de 20 anos, nunca tive problemas com o banco nem questionei”, acrescentou.

Levantou-se às duas horas da manhã para viajar de autocarro de Arcos de Valdevez até Lisboa para participar no protesto, mas não dá sinais de cansaço, prometendo só baixar os braços quando “as economias de uma vida” lhe forem pagas “com juros”.

Em declarações à Lusa, Francisco Machado mostrou-se confiante que a história dos clientes do BES que compraram papel comercial do GES terá um final feliz, porque “quem tem razão, tem que vencer”.

“Fraco com os poderosos, implacável com os cidadãos lesados” é acusação dos manifestantes à actuação do governador do Banco de Portugal, expressa através de cartazes, a quem exigem que faça uso da provisão que está no Novo Banco e “mande pagar as poupanças de uma vida”.
 
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