Crise da dívida pública
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Re: Crise da dívida pública
oscar c. Escreveu:E o engraçado é que a Grécia, com um haircut parcial da dívida, consegue sensivelmente as mesmas taxas que Portugal quando foi ao mercado pela primeira vez vender OT 10 anos.
Ou seja, passado este tempo, a reestruturação da dívida grega não afectou a sua credibilidade comparando-a com a de Portugal, mas este sem haircut.
Não há semelhança com a Argentina, por exemplo. O guarda chuva do euro ainda funciona...
Lá está, tanto trabalho para ser o bom aluno, e o aluno supostamente apelidado de baldas tira a mesma nota...
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Re: Crise da dívida pública
Às vezes, a "arte de nada fazer" dá os seus resultados.
As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
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http://www.facebook.com/atomez
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Re: Crise da dívida pública
bem, tanta noticia de emissoes em minimos historicos nos PIIGS, tao bom que ate assusta. acho que os mercados exageram nestas felicidades. como é que ja podemos estar com uma yield a 10 anos abaixo de 4%? será pelo draghi ter dito que ia começar a comprar divida publica e corporate se necessario?
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Re: Crise da dívida pública
oscar c. Escreveu:E o engraçado é que a Grécia, com um haircut parcial da dívida, consegue sensivelmente as mesmas taxas que Portugal quando foi ao mercado pela primeira vez vender OT 10 anos.
Ou seja, passado este tempo, a reestruturação da dívida grega não afectou a sua credibilidade comparando-a com a de Portugal, mas este sem haircut.
Não há semelhança com a Argentina, por exemplo. O guarda chuva do euro ainda funciona...
Tenho ideia que as OT que a Grecia emitiu foram a 5 anos, por isso os juros deles ainda estão bastante mais altos.
Achei é com esta taxa abaixo de 4% o Estado fosse aproveitar para fazer uma emissão de longo prazo e limpar o financiamento necessário para este ano.
Re: Crise da dívida pública
E o engraçado é que a Grécia, com um haircut parcial da dívida, consegue sensivelmente as mesmas taxas que Portugal quando foi ao mercado pela primeira vez vender OT 10 anos.
Ou seja, passado este tempo, a reestruturação da dívida grega não afectou a sua credibilidade comparando-a com a de Portugal, mas este sem haircut.
Não há semelhança com a Argentina, por exemplo. O guarda chuva do euro ainda funciona...
Ou seja, passado este tempo, a reestruturação da dívida grega não afectou a sua credibilidade comparando-a com a de Portugal, mas este sem haircut.
Não há semelhança com a Argentina, por exemplo. O guarda chuva do euro ainda funciona...
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Re: Crise da dívida pública
djovarius Escreveu:Boas,
Há muitas questões a virem ao de cima neste tópico: por muitas voltas que se possam dar, a resposta é a mesma.
É o BCE a trabalhar. E desta feita já não é só a promessa de tudo fazer para evitar a rutura do EUR. É a possibilidade real de um programa tipo QE.
Nesta altura, quem compra a dívida sabe que tem ali uma espécie de "Draghi put" que salvaguarda o investimento. Lembram-se do Bernanke put ? É isso mesmo.
O pior depois é a saída, como já se vê do outro lado do Atlântico... o desmame destes programas é ainda muito nebuloso, até porque ninguém os tentou / testou antes !!
Reparem que não são só os títulos "porrrquinhos" que sobem. Os limpinhos também sobem, e isso diz muito sobre como o mercado acredita que tal programa será necessário numa Economia muito pouco dinâmica, como é a da zona EUR, infelizmente.
Abraço
dj



(até li o seu comentário 2 vezes, lindo!)
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Re: Crise da dívida pública
nmprc Escreveu:Ulisses Pereira Escreveu:nmprc, as taxas só baixam para esse valor se houver quem as queira a esse valor.
Um abraço,
Ulisses
Pois claro.. é o mercado que faz as taxas. a dinâmica da oferta e da procura. O que eu queri dizer era que há 2 anos não tinha lógica tanta diferença, tal como agora não tem lógica tão pouca diferença.
No inicio de 2012 comprei obrigações em mercado secundário da REN e da EDP a cerca de 80% do seu valor nominal e com maturidades em 2014. A EDP e a REN corriam o risco de falir? nenhum risco... há efectivamente muita irracionalidade...
Não era necessário que a REN ou EDP falissem, para que entrassem em incumprimento.
Embora tenha partilhado da sua opinião ao longo dos últimos anos (sorry pelo totobola de 2f

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Re: Crise da dívida pública
Como disse, os institucionais nunca podem reclamar por juros baixos da divida estatal porque simplesmente têm outras muito melhores oportunidades de investimento aonde alocar o dinheiro. O BCE está a fazer o que lhe compete, e está a fazê-lo bem. O problema é mesmo os EUA quando o mercado tiver que incorporar os custos totais da subida de juros da FED, valendo para só isso depreciar o euro face ao dólar.
Obviamente quando isso se der, será mais fácil encontrar uma harmonia de pagamentos por parte dos devedores, condição que engloba o Estado para diminuir sua divida e facilita exportações, bem como privados, familias, etc etc.
Temos gente credivel: no BCE não podem para já subir juros referência. E no governo não podem para já baixar impostos. O contrário disto seria irresponsavel.
Obviamente quando isso se der, será mais fácil encontrar uma harmonia de pagamentos por parte dos devedores, condição que engloba o Estado para diminuir sua divida e facilita exportações, bem como privados, familias, etc etc.
Temos gente credivel: no BCE não podem para já subir juros referência. E no governo não podem para já baixar impostos. O contrário disto seria irresponsavel.
Re: Crise da dívida pública
djovarius Escreveu:Boas,
Há muitas questões a virem ao de cima neste tópico: por muitas voltas que se possam dar, a resposta é a mesma.
É o BCE a trabalhar. E desta feita já não é só a promessa de tudo fazer para evitar a rutura do EUR. É a possibilidade real de um programa tipo QE.
Nesta altura, quem compra a dívida sabe que tem ali uma espécie de "Draghi put" que salvaguarda o investimento. Lembram-se do Bernanke put ? É isso mesmo.
O pior depois é a saída, como já se vê do outro lado do Atlântico... o desmame destes programas é ainda muito nebuloso, até porque ninguém os tentou / testou antes !!
Reparem que não são só os títulos "porrrquinhos" que sobem. Os limpinhos também sobem, e isso diz muito sobre como o mercado acredita que tal programa será necessário numa Economia muito pouco dinâmica, como é a da zona EUR, infelizmente.
Abraço
dj
Ora nem mais!
As dívidas estão tão "securitizadas" e "colateralizadas" que vale a pena questionar até que ponto a taxa de juro ainda constitui um prémio de risco.
O problema é que as economias ocidentais já só andam, mal ainda por cima, a esteróides.
É o sr. Draghi a segurar as taxas e não tarda serão os institucionais a reclamar estímulos orçamentais dos Estados.
"Caminante, no hay camino, se hace camino al andar", Antonio Machado
Re: Crise da dívida pública
Boas,
Há muitas questões a virem ao de cima neste tópico: por muitas voltas que se possam dar, a resposta é a mesma.
É o BCE a trabalhar. E desta feita já não é só a promessa de tudo fazer para evitar a rutura do EUR. É a possibilidade real de um programa tipo QE.
Nesta altura, quem compra a dívida sabe que tem ali uma espécie de "Draghi put" que salvaguarda o investimento. Lembram-se do Bernanke put ? É isso mesmo.
O pior depois é a saída, como já se vê do outro lado do Atlântico... o desmame destes programas é ainda muito nebuloso, até porque ninguém os tentou / testou antes !!
Reparem que não são só os títulos "porrrquinhos" que sobem. Os limpinhos também sobem, e isso diz muito sobre como o mercado acredita que tal programa será necessário numa Economia muito pouco dinâmica, como é a da zona EUR, infelizmente.
Abraço
dj
Há muitas questões a virem ao de cima neste tópico: por muitas voltas que se possam dar, a resposta é a mesma.
É o BCE a trabalhar. E desta feita já não é só a promessa de tudo fazer para evitar a rutura do EUR. É a possibilidade real de um programa tipo QE.
Nesta altura, quem compra a dívida sabe que tem ali uma espécie de "Draghi put" que salvaguarda o investimento. Lembram-se do Bernanke put ? É isso mesmo.
O pior depois é a saída, como já se vê do outro lado do Atlântico... o desmame destes programas é ainda muito nebuloso, até porque ninguém os tentou / testou antes !!
Reparem que não são só os títulos "porrrquinhos" que sobem. Os limpinhos também sobem, e isso diz muito sobre como o mercado acredita que tal programa será necessário numa Economia muito pouco dinâmica, como é a da zona EUR, infelizmente.
Abraço
dj
Cuidado com o que desejas pois todo o Universo pode se conjugar para a sua realização.
Re: Crise da dívida pública
O ponto de viragem deu-se quando o sr. Draghi (presidente do BCE) afirmou que iria "fazer o que for preciso" para manter o Euro vivo e de boa saúde, no dia 26-07-2012. Ou seja, iria injetar a quantidade de euros que fosse preciso para segurar as taxas comprando dívida soberana, mesmo que indiretamente através dos bancos centrais de cada país porque diretamente não o pode fazer.
Nem era preciso realmente fabricar dinheiro porque a simples ameaça de o fazer liquidou a especulação que as taxas poderiam subir por aí acima. A mensagem foi levada a sério e os mercados acreditam que nenhum país vai ficar de fora.
Por isso não faz sentido as yields serem diferenciadas pelos vários países e estão a convergir.
Nem era preciso realmente fabricar dinheiro porque a simples ameaça de o fazer liquidou a especulação que as taxas poderiam subir por aí acima. A mensagem foi levada a sério e os mercados acreditam que nenhum país vai ficar de fora.
Por isso não faz sentido as yields serem diferenciadas pelos vários países e estão a convergir.
As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
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Re: Crise da dívida pública
Rantamplan Escreveu:Ulisses Pereira Escreveu:nmprc, as taxas só baixam para esse valor se houver quem as queira a esse valor.
Um abraço,
Ulisses
Ulisses,
Nem que seja uma procura induzida pela gigantesca rede de segurança do BCE.
Aliás, penso que seria interessante estudar com mais profundidade o impacto da rede de segurança do BCE nos preços das ações e obrigações europeias por via da redução significativa que se tem registado nas taxas de juro da esmagadora maioria dos países europeus.
Não estará o BCE a produzir uma bolha no mercado de capitais?
Quando se pretende recapitalizar os Estados a coisa mais feroz a fazer é subir impostos por um largo periodo por parte do governo (secando liquidez do sistema o que faz apreciar a divisa, o dinheiro é excasso). E por parte do BCE baixar o mais possível os juros de referência. Isso, por bastantes meses recapitalizará o Estado e volta a dar confiança às acções.
Não é espectável uma subida de juros no BCE primeiro do que na Fed porque isso seria deitar por terra parte os esforços dos países resgatados.
A primeira coisa que se espera para que o sistema volte ao normal é uma descida de impostos e um aumento de juros pelo BCE, mas estamos longe da normalidade porque os tempos já não vão permitir isso.
Agora o que temos é: O facto de ser impossível baixar impostos (sob a pena de descapitalizar o Estado) e o BCE não poder ainda subir juros (porque existem riscos de deflação) e sendo assim risco de mini-crash/correcções para um bullmarket.
Só será possível baixar impostos quando o euro valer menos face ao dólar porque só aí os impactos entre devedores e credores se tornam mais suaves. Mas antes da baixa de impostos por cá, a Fed deverá começar a subir juros. É a antecipação e materialização do inicio da epoca de subida de juros para o dobro (de 0,25 para 0,5% na Fed) que fará depreciar o euro.
Re: Crise da dívida pública
Ulisses Pereira Escreveu:nmprc, as taxas só baixam para esse valor se houver quem as queira a esse valor.
Um abraço,
Ulisses
Ulisses,
Nem que seja uma procura induzida pela gigantesca rede de segurança do BCE.
Aliás, penso que seria interessante estudar com mais profundidade o impacto da rede de segurança do BCE nos preços das ações e obrigações europeias por via da redução significativa que se tem registado nas taxas de juro da esmagadora maioria dos países europeus.
Não estará o BCE a produzir uma bolha no mercado de capitais?
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Re: Crise da dívida pública
Fugindo um pouco em questões de geografia, mas mantendo o tema. Como é possível que dois anos depois de um haircut da divida grega, eles consigam novamente emitir divida passado tão pouco tempo?
O autor fornece opinião sem ter em conta os objectivos de investimento de qualquer utilizador privado e não deve ser tido em conta como um aconselhamento de investimento, incluindo, mas não se limitando, às decisões de transacções ou de natureza de gestão de risco. Todas as opiniões apresentadas podem ser alteradas sem aviso prévio.
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Re: Crise da dívida pública
Juros em minimos, um dos requisitos para fazer baixar a divida. Com juros minimos os investidores deixam de olhar tanto para o mercado de obrigações e procuram outras formas de investimento mais lucrativas, o que significa que rola menos dinheiro para empréstimos de credores internacionais para o Estado. Assim, tudo, inclusive o Estado terá que continuar a fazer optimização dos recursos para sectores rentaveis (coisa que nunca aconteceu).
Re: Crise da dívida pública
Ulisses Pereira Escreveu:nmprc, as taxas só baixam para esse valor se houver quem as queira a esse valor.
Um abraço,
Ulisses
Pois claro.. é o mercado que faz as taxas. a dinâmica da oferta e da procura. O que eu queri dizer era que há 2 anos não tinha lógica tanta diferença, tal como agora não tem lógica tão pouca diferença.
No inicio de 2012 comprei obrigações em mercado secundário da REN e da EDP a cerca de 80% do seu valor nominal e com maturidades em 2014. A EDP e a REN corriam o risco de falir? nenhum risco... há efectivamente muita irracionalidade...
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Re: Crise da dívida pública
Os países não ficam ricos de um dia para o outro e uma evolução consistente é ainda mais difícil. O endividamento abriu possibilidades de desenvolvimento que alguns países, só com os seus próprios meios/riqueza, não conseguiriam. Até se ficar dependente da dívida foi certamente um instante; até a gestão ficar insustentável se calhar outro; até necessitar de emitir dívida para pagar dívida (ou seja, dívida não produtiva, não geradora de riqueza) outro instante.
A partir dessa altura os Estados cedem soberania e poder (muito importante), logo, ficam sujeitos às leis implacáveis do mercado. Ou alguém acha que os mercados devem ser bonzinhos e condescendentes?
Acredito que a sofisticação das ferramentas de negociação (em sentido lato) potencie grande velocidade no desenvolvimento de tendências, mas há pessoas muito mais experientes para avaliar se este aspeto será determinante. No mundo tudo é muito mais rápido, por que motivo nos mercados financeiros as coisas deveriam ser diferentes?
O facto é que os mercados são o que são, quem recorre sujeita-se às regras. As nações tomaram as suas decisões (por motivos certamente muito nobres) e têm que suportar as consequências com a consciência de que elas próprias estão na origem dos problemas.
A partir dessa altura os Estados cedem soberania e poder (muito importante), logo, ficam sujeitos às leis implacáveis do mercado. Ou alguém acha que os mercados devem ser bonzinhos e condescendentes?
Acredito que a sofisticação das ferramentas de negociação (em sentido lato) potencie grande velocidade no desenvolvimento de tendências, mas há pessoas muito mais experientes para avaliar se este aspeto será determinante. No mundo tudo é muito mais rápido, por que motivo nos mercados financeiros as coisas deveriam ser diferentes?
O facto é que os mercados são o que são, quem recorre sujeita-se às regras. As nações tomaram as suas decisões (por motivos certamente muito nobres) e têm que suportar as consequências com a consciência de que elas próprias estão na origem dos problemas.
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Re: Crise da dívida pública
nmprc, as taxas só baixam para esse valor se houver quem as queira a esse valor. 
Um abraço,
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Re: Crise da dívida pública
E uma questão se coloca... Se as taxas da divida Portuguesa baixarem para niveis semelhantes à da Alemanha, quem nos vai emprestar dinheiro?
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Re: Crise da dívida pública
Mais um retrato da irracionalidade da bolsa, nem tudo estava mal, nem tudo está bem...
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Crise da dívida pública
Há cerca de 2 anos atrás, os juros (ímplicitos no mercado secundário) da dívida pública de muitos países europeus atingia máximos históricos. Agora, 2 anos depois, muitos deles estão em mínimos históricos em algumas maturidades. Do inferno ao céu em 2 anos e a prova de que tudo pode mudar muito rapidamente nos mercados. Desta vez, com consequências muito fortes para as economias.
Um abraço,
Ulisses
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