Primeiro-ministro e Governo francês não resistem à pressão e demitem-se
31 Março 2014, 17:13 por David Santiago |
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A derrota dos socialistas nas eleições municipais elevou a pressão política para níveis insustentáveis e tanto o primeiro-ministro como o Governo já apresentaram a demissão a Hollande. O Presidente francês deverá nomear Manuel Valls como novo primeiro-ministro de França, de acordo com a imprensa internacional.
A segunda volta das eleições municipais deste domingo em França começou por, previsivelmente, abalar a liderança e a política do Presidente francês François Hollande. Mas enquanto se iniciava a discussão sobre a legitimidade de Hollande, o primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, e todo o Governo em bloco apresentaram a demissão, entretanto já foi confirmada como oficial, de acordo com o “Le Monde”.
Em França, a imprensa avança que Hollande vai dirigir-se, às 20 horas em Paris, aos franceses, momento que deverá servir para confirmar o nome de Manuel Valls, até agora ministro do Interior, como o primeiro-ministro de um novo Governo. Os jornais franceses adiantam que Hollande já terá mesmo indicado o nome do responsável.
O “El País” cita o “Le Monde” e escreve que Valls é somente a segunda opção do Presidente francês que terá proposto o cargo de chefe de Governo ao agora ex-ministro da Defesa Jean-Yves Le Drian. Drian terá recusado a proposta de Hollande que passados poucos minutos já convidava Valls para primeiro-ministro.
Na declaração aos franceses, Hollande poderá apostar em tentar dissociar os resultados das eleições locais daquela que tem sido a sua orientação política. A escolha de um novo Executivo deverá servir a aposta na redefinição, não apenas formal, mas também prática no que concerne ao programa político para o que resta do mandato. Todavia as dúvidas são muitas e a escolha de Valls, considerado alguém próximo da facção mais à direita do PS francês, poderá não garantir nem consenso que Hollande gostaria, nem o apoio popular necessário à estabilidade política francesa.
Recorde-se que François Hollande depara-se com níveis de popularidade historicamente baixos para um Presidente francês, facto para o qual contribuíram, entre outras razões, a desilusão do eleitorado que confiou nas promessas em relação à prossecução de uma política de investimento público e voltada para os mais desfavorecidos.
Os factos sobre a vida privada de Hollande entretanto conhecidos foram outro factor de descredibilização do Presidente gaulês.
O péssimo resultado do Partido Socialista francês na última noite, que assistiu ao fortalecimento do UMP do ex-Presidente Nicolas Sarkozy e à grande subida da Frente Nacional de Marine Le Pen foram a última gota para o Governo francês.
Para já Hollande sobrevive mas a pressão sobre ele mantém-se. O “Financial Times” escrevia esta segunda-feira, ainda antes do anúncio da queda do Governo, que Hollande pretende apostar em cortes na elevada carga de impostos, actualmente suportada pelos franceses, por forma a controlar os danos causados pela derrota eleitoral que se assumia como previsível e que na última noite foi confirmada enquadrada nas piores expectativas.
(Notícia em actualização)