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Re: 2014 - o sim ou sopas do fim da crise global

MensagemEnviado: 4/1/2014 12:44
por CTT17
Um artigo de excelente qualidade, é uma análise que faz sentido. Parabéns!

Re: 2014 - o sim ou sopas do fim da crise global

MensagemEnviado: 4/1/2014 0:39
por Elias
djovarius,

Excelente texto, obrigado pela partilha.

Aproveito para te desejar um bom ano de 2014 com bons investimentos.

1 abraço,
Elias

Re: 2014 - o sim ou sopas do fim da crise global

MensagemEnviado: 4/1/2014 0:03
por djovarius
Agora, mais dois gráficos...

No fim de semana, poderemos debater profundamente estes temas. À vossa disposição !!

Abraço e obrigado pela leitura. Um ano com muito sucesso a todos.

djovarius

Re: 2014 - o sim ou sopas do fim da crise global

MensagemEnviado: 3/1/2014 23:58
por Iniciado
Muito obrigado pelo post.....excelente

2014 - o sim ou sopas do fim da crise global

MensagemEnviado: 3/1/2014 23:54
por djovarius
Olá a todo o mundo onde se fala português !!

Mais um ano a chegou ao fim, mais um novo ano que nos abraça e mais uma vez tempo para novas perspetivas sobre esta esfera financeira global, sempre em evolução.

Há que recordar que, nos últimos anos, mantivemos sempre algum ceticismo em relação à evolução da maioria dos ativos financeiros. Num quadro de crise global, nem poderia ser de outra maneira. As Economias não descolavam e, por esse motivo, só uma forte intervenção dos Bancos Centrais poderia garantir uma certa estabilidade onde, de outro modo, se poderia pensar em descalabro. Sempre me referi a crises, globais, regionais ou setoriais como um subproduto do desconcerto ao nível da liquidez. Excesso de crédito levou a distorções nos ciclos normais. Mas isso já todos sabemos. Como também sabemos o que ocorreu na sequência do combate às crises. Fogo para combater fogo. Mais da mesma solução, eis o paradigma do facilitismo. Os Bancos Centrais descartam-se de responsabilidade e as classes políticas aplaudem o imediatismo das soluções, pois elas alimentam-se desse mesmo imediatismo. Leia-se: quem vier no fim que apague a luz.

Nos últimos anos, a mãe de todas as crises, como alguém a batizou, fez esquecer tudo o que ocorrera antes. Mas não devemos esquecer a sequência de eventos que levaram os mercados ao pânico de 2007/08. Disso falámos ao longo dos últimos anos, não vale a pena repetir.
Sabemos, sim, o que tem sido feito para colmatar os problemas que dessa “grande recessão” herdámos. Desde logo nunca foi tão intenso como nos últimos tempos o debate entre ser ou não ser austero. Essa eterna discussão nada mais é do que a eterna “guerra” entre os que defendem que assim é que deve ser, ou seja, liquidez extrema para combater os riscos sistémicos da esfera financeira, com evidente estabilização dos indicadores dos Estados e empresas, facilidade de acesso ao crédito, com aumento dos variados investimentos, mais emprego, entre outras vantagens, como o combate ao papão da deflação, a palavra que entrou no vocabulário de Economias que, em tempos, nem sonhavam com tal pesadelo, geralmente associado a outros léxicos, como depressão, estagnação ou mesmo colapso. Para o Ocidente, a possibilidade de novos “Japões” é realmente um susto. Por outro lado, os defensores de políticas de contenção, maior austeridade e disciplina, reclamam que, independentemente do trabalho dos Bancos Centrais, há que não combater a dívida com mais dívida. É necessário desalavancar o excesso de crédito dos Estados, Banca, Empresas e população em geral. Sem expurgar tais excessos, não é viável falar-se em crescimento sustentado de longo prazo. As dívidas deverão ser reduzidas e bem controladas.
Eis um debate recorrente que não vai parar por aqui. Nesta fase, diria eu, que após alguns anos de ressaca da “grande recessão”, vamos ter finalmente em 2014 (ou pouco depois), uma resposta efetiva a estas questões. Saberemos quem está do lado da razão, ou pelo menos qual destas correntes detém uma maior % de razão. A história ainda está por definir.

Outra questão que tem atormentado os pensadores da Globalização é a muito falada transferência de riqueza de Ocidente para Oriente. Esse debate aqueceu na sequência das últimas crises, sendo que veio à baila com um enorme atraso. É caso para dizer: depois de casa roubada, trancas à porta. No que me diz respeito, não cheguei atrasado à estação, pois esse foi o tema principal da minha análise há exatos seis anos, quando ainda nem sonhava com o colapso da Lehman Brothers e com a série de eventos que tal episódio desencadeou. Curiosamente, e hoje podemos dizê-lo, esta grande e prolongada crise acabou por tirar peso à discussão sobre o Ocidente empobrecido e o Oriente trabalhador, poupador, investidor, ou seja mais rico a cada dia. É que o quase colapso do eixo EUA – Europa Ocidental trouxe mudanças profundas no estado de espírito global. A Ásia, liderada pela China, entendeu que nem o caminho Americano, nem o Japonês seriam uma boa solução. Nem um consumidor ávido (mais de 70% PIB dos EUA vinha do consumo privado), nem um exportador baseado em moeda apodrecida pelos seus próprios meios (retrato de um Japão que só cresce à conta do Yen artificialmente enfraquecido). Pelo contrário, a China percebeu bem cedo que o excesso de dólares poderia servir (e assim o fizeram) para acumular matérias-primas de base ao mesmo tempo que teria de encontrar um complemento à política de enriquecimento acelerado pelas exportações. Havia que voltar a um balanço, através de mais importações e melhoria das condições internas, no caso, aumento do nível de vida do cidadão comum.


É assim que chegámos a 2014 – um mundo ainda muito fragilizado pelos eventos do passado recente e com tantas dúvidas em cima da mesa, embora com menos “nuvens negras” do que há dois ou três atrás. Vejamos:
Os EUA parecem quase recuperados da crise. Muitos indicadores estabilizaram em terreno positivo e Wall Street pulou graças à extrema liquidez. A questão é que tanta liquidez por parte da Reserva Federal não tem grande impacto no PIB (daí que a inflação ao consumidor esteja quase a zero), só mesmo nalguns ativos. Daí o princípio do fim dos programas de facilitação monetária. Estão a deixar de fazer sentido, pois o risco de criação de novas “bolhas” é agora maior do que era há, digamos, um ano atrás. Além do mais, o objetivo de manter as “Bonds” de prazos mais longos a níveis aceitáveis foi conseguido. Os títulos de dívida, quer pública, quer corporativa, quer mesmo imobiliária caíram (juros em alta) em relação ao valor de face, mas permaneceram a níveis razoáveis perante uma conjuntura mais favorável. Está pois na hora de retirar com calma a maioria desse estímulo. Sem levantar ondas e com uma comunicação inteligente que a FED raramente conseguia fazer. Os défices Federais voltaram a terreno benigno, faltando agora a criação de mais e melhor emprego para uma população que vai sempre crescendo. Neste caso, os EUA (e todo o bloco NAFTA) poderão ainda ser motores do crescimento global. Os grandes riscos para este bloco deverão ser externos.

A sul do México, temos um subcontinente que mantém um enorme potencial. Liderada pelo Brasil, a América Latina continua a prometer tempos melhores. Mas daqui, temo, voltaram algumas nuvens de tempestade. Estão em formação, digamos assim. O Brasil e alguns vizinhos continuam a manter uma forte irregularidade na política orçamental. Pior ainda, têm uma mão-de-obra pouco competitiva no cenário global e um défice de infraestruturas. Além de que a balança de capital está a ficar negativa. Um cenário a ver com atenção em 2014.

O bloco Asiático está em permanente sobressalto por causa do Japão e da China. Esta última, de um mero mercado emergente, passou a estatuto de superpotência económica com crescimentos estratosféricos. Mas o tempo é de pausa. A China não vai manter os níveis recentes (ou mesmo os atuais) de crescimento. Os responsáveis sabem que tal não tem sustentação. Os riscos sistémicos são enormes, até na Banca como se viu num recente episódio de falta de liquidez, solucionada pelo Governo e pelo Banco Central. Portanto, maior crescimento global não será vindo dali seguramente. O vizinho Japão, sim (e a Coreia do Sul em menor escala), vai contribuir mais para o crescimento regional e global, ainda que de uma forma episódica. O Japão tem um enorme endividamento e depende cada vez mais de programas de compra de títulos de dívida e desvalorização da moeda. Esta é hoje o principal veículo global de “carry trade”. Quando os mercados estão felizes, o Yen perde valor, como vimos ao longo dos últimos 18 meses. É isso que o Japão deseja, só assim mantém o país a funcionar e até a crescer. Acredito, porém, que uma vez mais, isso dá apenas algum espaço de manobra de curto prazo. No longo prazo nunca funcionou. Nem o resto do mundo aceitará uma depreciação daquela divisa até à eternidade. Até porque essa depreciação normalmente está associada à formação de “bolhas” especulativas como vimos no passado. Seja como for, a Ásia – Oceânia formam um bloco de importância crescente. Isso ainda não mudou. A propósito, os chamados mercados emergentes não são nada homogéneos. Vejamos o exemplo dos chamados BRIC. Os problemas do Brasil, nada têm a ver com os da China, ou da Rússia ou mesmo da India. Mas todos têm em comum um passado de grandes transformações no quadro das Economias de mercado. Foram considerados “terras do futuro”. No entanto, em 2014 deverão ser foco de atenção. Em todos os casos, as previsões de crescimento foram revistas em baixa. Não é de admirar, pois, o stress em diversos mercados e divisas consideradas “emergentes”. Tendência para continuar, seguramente, no novo ano.

O caso Europeu é muito especial. A Europa, como os EUA, combateu a grande recessão através da injeção de dinheiros públicos na Economia, ao mesmo tempo que a política monetária dos Bancos Centrais se tornava laxista, por assim dizer. Assim, vieram à superfície as diferenças fundamentais entre os Estados da EU, com especial destaque para o interior da zona Euro. O centro (forte) mostrou as vantagens face à fraca periferia. O resto já todos sabemos. Uma nova crise que não afeta a todos de igual modo e mais um Banco Central a alinhar na chamada política monetária à Japonesa, ainda assim com várias nuances. Desde logo se destaca a credibilidade de Draghi em comparação com Trichet. As palavras foram mais fortes do que a liquidez (crescimento agregados M2 e M3 nem sequer é significativo) como se provou na calma que levou os mercados a bom porto após a célebre frase “tudo o Banco Central fará para salvar a área do Euro”. Com isto, os investidores voltaram, embora sempre com enfase no Centro e nem tanto na Periferia. Continua a ser questionável se Grécia e Alemanha podem conviver com a mesma moeda. Ainda assim, é de crer que a “eurozone” vai voltar a crescer, embora a diferentes velocidades. Creio que a Espanha ou mesmo Portugal não serão mais um risco imediato. A Grécia é uma incógnita e teremos de acompanhar a situação da França. Esta última Economia poderá trazer algumas péssimas surpresas para o novo ano. É difícil de aceitar que dois vizinhos (França e Alemanha) possam conviver com diferenças cada vez mais profundas em termos de dinâmica económica e financeira. Seguramente algo a ter em conta.
Seja como for, é mais fácil ser otimista, ainda que moderadamente, hoje em dia do que há um, dois, três ou quatro anos. O mundo não está recuperado das várias crises em cadeia, mas já sinalizou que os problemas acabarão por ser resolvidos, sobretudo se não se insistir em erros do passado recente.

Com isto tudo, qual a perspetiva para a generalidade dos mercados? Abaixo teremos gráficos diversos, sendo que o novo interface do Caldeirão permite comentários personalizados aos mesmos, o que facilita as coisas. Antes deles, devo dizer que os mercados de risco tiveram anos muito bons. No caso dos grandes índices acionistas, foram elevadas as valorizações face aos mínimos de 2009. Há casos do dobro ou mesmo triplo de valor. Estaremos na presença de uma bolha? Não necessariamente se tivermos um ano de baixa valorização, quase neutro. Ou uma forte retração antes de novas subidas. Só em caso de um ano igual ao que agora findou, é que poderíamos falar em bolhas, crash, etc.. não parece provável uma repetição de 2013 nos principais mercados, que já refletem uma valorização dos ativos. Além do mais, a liquidez vai diminuir. E se os Bancos Centrais tivessem de inverter a lógica de ir fechando a torneira lentamente, voltando a abri-la com força, isso significaria que as Economias estariam a estagnar, ou mesmo a decrescer. Isso, sim, seria entendido na esfera financeira global como um péssimo sinal e teríamos uma aversão ao risco, algo que não tivemos verdadeiramente nos últimos tempos. Há sinais bons, mas há também desconfiança. As matérias-primas não tiveram importantes valorizações, antes pelo contrário, refletindo alguma desconfiança em relação ao crescimento global e até o perigo de uma rápida “desinflação” dos preços ao produtor e ao consumidor, o que é sempre percebido como negativo. Na renda fixa, as quedas refletem antes de mais a apetência pelo risco. Com o chamado “put” dos Bancos Centrais, não há que temer. Há é que circular o capital para mercados como o das obrigações de renda imobiliária ou empresarial. Até as chamadas “junk bonds” voltaram à baila, o que não é necessariamente algo muito positivo, pois é daí que podem advir excessos e novas “bolhas”. O mercado cambial (o maior de todos com um giro financeiro superior a 5 biliões de dólares) é que reflete bem o bom humor da esfera financeira global. Repare-se como a famosa depreciação do JPY face às principais divisas de referência corresponde quase exatamente à valorização de alguns dos principais índices acionistas. Nunca esquecer ao longo do ano deste autêntico “canário no interior da mina” ao analisarmos o sentimento dos mercados.

Vamos então ver alguns gráficos de itens muito importantes no contexto dos mercados globais. Faltam dois que chegam a seguir...