Ruffus Escreveu:Faço Bis na pergunta do Sr_Sniper
Em cima referi: "São a base para isto, como me parecem sê-lo para qualquer atitude ou decisão na vida. E que valores? Penso que um grupo precisará, entre muitos outros ingredientes, de uma pitada grossa de honestidade, lealdade, persistência, confiança, ânimo, um princípio de justiça, empenho de todos, legalidade, etc."
Na verdade, penso que não há nada na vida que se faça bem se não existirem valores que nos garantam a dignidade enquanto seres humanos, não é assim, Sr. Sniper? Há tempos um fulano que andava por Braga e Almada, juntamente com outro, demitidos de funções no BES vieram-me propor a constituição de uma sociedade, por também eu na altura ter já vontade de constituir uma, nos termos acima descritos. Juntámo-nos para a discutir e imaginem só o que me apareceu: a sugestão de criar um conjunto de contas no estrangeiro, com paypal pelo meio, tudo para fugir aos impostos, nas palavras desse Sr. que procuravam justificar a sua vontade. Esse senhor tinha nacionalidade sul-africana, mas vivia cá. Mas cá não declarava peta! E lá não sei... Não queria nada de formalismos: legalidade para ele era coisa do outro mundo! Pois claro, quanto menos rasto deixasse, melhor seria para ele. Mais: esse mesmo senhor veio ainda sugerir a utilização de contas Pam e Mam para a negociação do grupo. Ora, tal tipo de aventura estava mesmo a ver-se para o que se destinava: uma operação por parte desse senhor para enriquecer à custa dos seus parceiros. Esqueceu-se que hoje, porém, é muito fácil tirarmos dúvidas. Está tudo neste mundo global da internet. Há gente que não sabe estar na vida e é tão pequenina que não consegue, por isso, imaginar um mundo de honestidade, humildade e de trabalho, de dedicação e de cooperação, de amizade e formação, de legalidade para ser cumprida. Vim-me embora e, claro, nunca mais entrei em contacto com ele. Mas já o vi entretanto protestar em fóruns contra a fuga aos impostos!!!!! Vejam bem quantas vende este Sr.. Enfim! Tive, no entanto, pena de tudo. É triste vermos alguém embrulhado na mentira e a querer enganar um seu similar. Acreditar num grupo não é um crime. Em Portugal, apesar de modelos bem constituídos, que são, muitos deles, prova de que o trabalho em equipa é profícuo, ainda pesa enormemente o factor individual na sua expressão mais egoísta. Ainda temos muito para perceber que a união faz, de facto, a força. E que juntos temos de saber lutar para vencer. Obviamente, nada está garantido para quem começa o caminho. Obviamente que a vitória não se proclama no início, obviamente que só o esforço e a harmonia, a capacidade de nos entendermos, a humildade, o reconhecimento dos nossos limites misturado com a vontade para os superar, a confiança e uma actuação que vise a efectivamente o desenvolvimento dessa confiança/relação poderão ditar o crescimento. Mas acredito que haverá quem sinta o mesmo, ainda que não se reveja num plano como o que idealizei. Terá outros tão válidos como este. O que espero, no entanto, é que todos sintamos que em grupo se pode ir muito mais longe, desde que se garanta a dignidade de todos. E dignidade significa aqui todo o conjunto de circunstâncias que já antes apontei.
Quanto às questões aqui colocadas, a minha ideia, e sem isso não consigo aceitar nada, seria, pois, uma sociedade formalizada (disse-o antes). A forma jurídica que há-de assumir, dependerá dos interesses dos grupo e do estudo que se fizer sobre as hipóteses mais convenientes.
Têm-me posto a questão sobre o que acho em relação ao montante inicial. Sozinho, ainda que tivesse uma ideia do que desejava (que não significa que seja o ideal), não posso definir um montante. É, pois, uma questão fundamental. Mas, confesso, não sei ainda se será ideal haver flexibilidade e permitir a variação de quotas ou, pelo contrário, estipular-se uma participação igual para todos os sócios. Que acham? Claro que uma participação igual favorece também a igualdade a todos os níveis no interior da sociedade. Acaba por ter um efeito de "lock step" que normalmente é usado em sociedades para garantir a harmonia e as vontades individuais concentradas e alinhadas com o grupo. Confesso que a vejo como uma vantagem. Mas não encerro a discussão sobre o ponto.
Penso ter respondido às questões que me colocaram.
Cumprimentos.