Como é de se esperar nestas ocasiões , a imprensa diz as maiores barbaridades. Pode haver coincidências e até acertar em alguma coisa , mas não passam de coincidências.
Com o tempo, entrevistando pessoas que realmente entendem do assunto ,a fazer uma investigação mais cuidadosa, lá começam a entender as coisas um pouco melhor e o nível de informação passa de barbaridades a medíocre. E quase sempre por aí fica. É o que parece que está a acontecer neste acidente e o que frequentemente acontece nos acidentes de avião.
O ser humano precisa ,para todas as catástrofes que envolvem vidas humanas encontrar o agente causador, mais especificamente alguém a quem culpabilizar. E agarram-se , sem o conhecimento técnico devido , e mesmo irracionalmente , ao menor vestígio para encontrar um culpado. E uma vez que o encontram nada mais faz muito sentido. Já tem um para ir para a cruz.
Ocorre , que a investigação também é feita por humanos , com os mesmos sentimentos , mas com conhecimentos técnicos. São estes que sabem realmente como a coisa funciona, devem fazer uma investigação isenta , mas que muitas vezes estão pressionados por outros fatores menos emocionais, mas tão poderosos quanto estes de que estão envolvidos os leigos.
São os interesses. Os interesses vem de todos os lados. Companhias de seguro que querem encontrar furos para não pagar ou pagar menos , governos que não querem que as infraestruturas sejam acusadas de deficientes , o fabricante da máquina que gela em pensar que tenha havido um erro de projeto e a imagem da empresa envolvida no acidente , que inclui custos indenizações extra seguro , etc. E para isso nada mais fácil do que atirar as culpas ao homem que conduzia a máquina.Fácil e barato.
A investigação moderna , pelo menos a aeronáutica , que é a que conheço bem , visa não só descobrir o que causou o acidente , mas desde quando é que o acidente começou a ocorrer. Sim , porque muitas vezes um acidente já começou a ocorrer anos antes da tragédia final , causado por infra estruturas deficientes , economicismos , erros de procedimento , etc.É o que o inglês chama de "an accident waiting to happen". E quando o acidente tem o erro humano como fator contribuinte , vai-se à procura de saber o que levou o condutor , piloto , etc a cometer aquele erro.
Quando o órgão é independente e competente , a investigação é completa e toda a indústria envolvida aprende com o acidente. Quando os interesses se sobrepõe, crucifica-se o elo mais fraco, a menos que seja muito claro que este não teve nenhuma culpa no cartório. E aí as coisas são conduzidas a que todos pensem que foi uma fatalidade.É por isso que costumo dizer que em um acidente ou incidente se o piloto não morre a investigação tudo fará para o matar.
Como bem diz o Marco , não estou a querer desresponsabilizar o maquinista , mas se há sistemas de segurança e estes não estavam a ser utilizados , então quem decidiu por não os instalar é tão responsável pelo acidente como o maquinista que até se pode chegar a provar ser um louco e irresponsável.Mas com um contrato de 13 mil milhões no Brasil em jogo e falhas de segurança à vista de acordo com o artigo escrito por este especialista
http://www.intereconomia.com/columna/un ... in-control ...creio que a investigação vai ser muito duvidosa.
A330