
Braço de ferro entre o Governo e os maiores sindicatos dos trabalhadores portuários pode ser o embrião de um protesto globalizado. Como nunca se viu noutro sector.
Quando os estivadores começarem hoje às 13.00 a desfilar da Praça do Município em direção à Assembleia da República, cerca de 200 portos em toda a Europa vão parar. A solidariedade dos estivadores de vários países com os portugueses transforma este protesto numa luta global no Velho Continente e, nesta fase, acreditam, já imparável. Na génese de tudo isto, um grupo de pouco mais de três centenas de estivadores irreverentes - o núcleo duro dos grevistas - que têm dado muitas dores de cabeça à polícia e gostam de se fazer anunciar ao som de petardos. As organizações sindicais dos trabalhadores portuários europeus estão de olhos fixos em Lisboa e destacaram dirigentes para ancorarem na capital portuguesa. São esperados cerca de uma centena.
A importância desta ação de protesto está bem patente na "manchete" do site do Conselho Mundial dos Trabalhadores Portuários (IDC - International Dockworkers Council), onde o destaque vai para o anúncio da manifestação dos estivadores portugueses contra a nova lei, que deverá ser hoje aprovada no Parlamento. A frase "we'll never walk alone. Proud to be a docker" (Nunca mais vais caminhar sozinho. Orgulho em ser estivador) - uma referência ao lema da dura greve dos estivadores do porto de Liverpool nos anos 90.
Fonte dn
Comparado com isto qualquer greve geral em Portugal é coisa de meninos.Pode-se gostar ou não mas quem não gostaria de ter este tipo de apoio.
E depois ainda dizem que os sindicatos não servem para nada.
Uma outra noticia interessante: A dualidade de condições entre gente a fazer o mesmo e a ganhar de forma diferente.De um lado os direitos adquiridos sabe-se lá como (se alguem os pediu,alguem os deu) e do outro a carne para canhão da estiva,dos que precisam do trabalham e por isso sujeitam-se ao que aparace.Pelo meio,o intermediário que sem fazer nenhum,ganha o seu à custa do trabalho dos outros.
O “esquema” de cada porto é único e só há uma regra comum a todos: quem falar vai ter problemas. No caso do porto de Leixões, os trabalhadores efetivos (cerca de 90) não falam “para não serem perseguidos” e os contratados a prazo – apenas 28, mas a trabalhar, segundo afirmam, dois turnos por dia sistematicamente – só falam sob anonimato “para não irem parar ao desemprego”.
“Os estivadores começavam na profissão porque tinham alguém da família no meio. Hoje, esses que nos trouxeram, e que também foram precários há décadas, deitam a mão ao peito quando vêem os direitos que conquistaram serem retirados aos filhos e aos netos”, explica um dos estivadores de Leixões, cujo contrato é renovado anualmente.
Garante que gostava de ter folgas como os trabalhadores “normais” e gostava de não ter de trabalhar dois turnos por dia (das 8 às 24 horas) para ganhar pouco mais de mil euros por mês. “Só ganhamos horas extra a partir do 21.º turno trabalhado”, refere, dizendo-se “explorado” a todos os níveis.
“Veja-se o exemplo do trabalho de estiva: há a ganga [equipa] de estiva [no navio] e a ganga de peação [prende a carga no navio], teoricamente são duas equipas e ao armador é faturado o trabalho de duas equipas. Mas nós fazemos o trabalho de ambas e ganhamos só uma. Quem mete o resto ao bolso?”, questiona outro estivador a termo, desses que têm tendência a vir a ser a norma, uma vez que “não há vagas para efetivos no porto”.
Com um salário base de 725€, resta aos temporários trabalhar e “não levantar ondas”.
“Apoiamos a greve dos colegas do Sul, se pudessemos também a faziamos. Quem assinou o acordo foi um sindicato onde ninguém se revê e ao qual não temos acesso também: já nos avisaram para nem pensar em nos sindicalizarmos, pois não renovam o contrato”, refere.
Com o porto de Leixões a “trabalhar a 300%”, agravam-se as condições de trabalho que os estivadores afirmam ser desumanas: “Os efetivos não ficam mais de duas horas numa máquina elevatória, pois dá cabo das costas. Nós fazemos turnos de 16 horas lá em cima e até a refeição temos de levar”, aponta o jovem estivador.
“Somos carne para canhão”, conclui o jovem estivador.
Contactada pelo JN/Dinheiro Vivo, a Administração dos Portos do Douro e de Leixões negou ter conhecimento das situações relatadas.
A Associação GPL (Empresa de Trabalho Portuário Douro Leixões) respondeu, por seu turno, que a polivalência de funções é essencial à produtividade do porto de Leixões, desmentindo que haja turnos de 16 horas.
“Em Leixões, extinguiu-se há muito a perversa monovalência profissional, instituindo-se em definitivo a polivalência funcional que fez caducar o retrógrado princípio da especialização artificial que ancorava cada trabalhador no privilégio da sua disponibilidade para executar uma função única, independentemente das necessidades de serviço, o que gerava improdutividades insuportáveis para a economia portuária”, afirma a administração da GPL.
A empresa atribui as greves do Sul a lutas sindicais e diz que Leixões sempre teve um “historial de pacificidade laboral e propensão sindical para privilegiar o diálogo cooperante para a solução dos problemas“.
Quando os estivadores começarem hoje às 13.00 a desfilar da Praça do Município em direção à Assembleia da República, cerca de 200 portos em toda a Europa vão parar. A solidariedade dos estivadores de vários países com os portugueses transforma este protesto numa luta global no Velho Continente e, nesta fase, acreditam, já imparável. Na génese de tudo isto, um grupo de pouco mais de três centenas de estivadores irreverentes - o núcleo duro dos grevistas - que têm dado muitas dores de cabeça à polícia e gostam de se fazer anunciar ao som de petardos. As organizações sindicais dos trabalhadores portuários europeus estão de olhos fixos em Lisboa e destacaram dirigentes para ancorarem na capital portuguesa. São esperados cerca de uma centena.
A importância desta ação de protesto está bem patente na "manchete" do site do Conselho Mundial dos Trabalhadores Portuários (IDC - International Dockworkers Council), onde o destaque vai para o anúncio da manifestação dos estivadores portugueses contra a nova lei, que deverá ser hoje aprovada no Parlamento. A frase "we'll never walk alone. Proud to be a docker" (Nunca mais vais caminhar sozinho. Orgulho em ser estivador) - uma referência ao lema da dura greve dos estivadores do porto de Liverpool nos anos 90.
Fonte dn
Comparado com isto qualquer greve geral em Portugal é coisa de meninos.Pode-se gostar ou não mas quem não gostaria de ter este tipo de apoio.
E depois ainda dizem que os sindicatos não servem para nada.
Uma outra noticia interessante: A dualidade de condições entre gente a fazer o mesmo e a ganhar de forma diferente.De um lado os direitos adquiridos sabe-se lá como (se alguem os pediu,alguem os deu) e do outro a carne para canhão da estiva,dos que precisam do trabalham e por isso sujeitam-se ao que aparace.Pelo meio,o intermediário que sem fazer nenhum,ganha o seu à custa do trabalho dos outros.
O “esquema” de cada porto é único e só há uma regra comum a todos: quem falar vai ter problemas. No caso do porto de Leixões, os trabalhadores efetivos (cerca de 90) não falam “para não serem perseguidos” e os contratados a prazo – apenas 28, mas a trabalhar, segundo afirmam, dois turnos por dia sistematicamente – só falam sob anonimato “para não irem parar ao desemprego”.
“Os estivadores começavam na profissão porque tinham alguém da família no meio. Hoje, esses que nos trouxeram, e que também foram precários há décadas, deitam a mão ao peito quando vêem os direitos que conquistaram serem retirados aos filhos e aos netos”, explica um dos estivadores de Leixões, cujo contrato é renovado anualmente.
Garante que gostava de ter folgas como os trabalhadores “normais” e gostava de não ter de trabalhar dois turnos por dia (das 8 às 24 horas) para ganhar pouco mais de mil euros por mês. “Só ganhamos horas extra a partir do 21.º turno trabalhado”, refere, dizendo-se “explorado” a todos os níveis.
“Veja-se o exemplo do trabalho de estiva: há a ganga [equipa] de estiva [no navio] e a ganga de peação [prende a carga no navio], teoricamente são duas equipas e ao armador é faturado o trabalho de duas equipas. Mas nós fazemos o trabalho de ambas e ganhamos só uma. Quem mete o resto ao bolso?”, questiona outro estivador a termo, desses que têm tendência a vir a ser a norma, uma vez que “não há vagas para efetivos no porto”.
Com um salário base de 725€, resta aos temporários trabalhar e “não levantar ondas”.
“Apoiamos a greve dos colegas do Sul, se pudessemos também a faziamos. Quem assinou o acordo foi um sindicato onde ninguém se revê e ao qual não temos acesso também: já nos avisaram para nem pensar em nos sindicalizarmos, pois não renovam o contrato”, refere.
Com o porto de Leixões a “trabalhar a 300%”, agravam-se as condições de trabalho que os estivadores afirmam ser desumanas: “Os efetivos não ficam mais de duas horas numa máquina elevatória, pois dá cabo das costas. Nós fazemos turnos de 16 horas lá em cima e até a refeição temos de levar”, aponta o jovem estivador.
“Somos carne para canhão”, conclui o jovem estivador.
Contactada pelo JN/Dinheiro Vivo, a Administração dos Portos do Douro e de Leixões negou ter conhecimento das situações relatadas.
A Associação GPL (Empresa de Trabalho Portuário Douro Leixões) respondeu, por seu turno, que a polivalência de funções é essencial à produtividade do porto de Leixões, desmentindo que haja turnos de 16 horas.
“Em Leixões, extinguiu-se há muito a perversa monovalência profissional, instituindo-se em definitivo a polivalência funcional que fez caducar o retrógrado princípio da especialização artificial que ancorava cada trabalhador no privilégio da sua disponibilidade para executar uma função única, independentemente das necessidades de serviço, o que gerava improdutividades insuportáveis para a economia portuária”, afirma a administração da GPL.
A empresa atribui as greves do Sul a lutas sindicais e diz que Leixões sempre teve um “historial de pacificidade laboral e propensão sindical para privilegiar o diálogo cooperante para a solução dos problemas“.