BPI: Nova austeridade de Passos com impacto "limitado" nas cotadasPI analisou o impacto das medidas anunciadas pelo primeiro-ministro na sexta-feira, concluindo que para a maioria delas o ganho é limitado. Veja o impacto em cada sector.
As medidas de austeridade anunciadas por Pedro Passos Coelho na passada sexta-feira introduzem alterações significativas na actividade das empresas, que assistem a uma redução da contribuição para a Segurança Social dos seus trabalhadores.
A taxa social única desce de 23,75% para 18%, enquanto a contribuição paga pelo trabalhador sobe de 11% para 18%.
“No curto prazo esta medida deve beneficiar as empresas onde o custo com pessoal tem um maior peso”, refere o “research” do BPI, alertando que pela negativa “existe o risco de o consumo privado sofrer nova redução, dado que o rendimento disponível para os trabalhadores também é cortado”.
A unidade de “research” do BPI analisa separadamente o impacto em cada sector e, em regra geral, classifica o impacto nas cotadas portuguesas de “neutral a positivo” e limitado.
Impacto misto nas telecomunicações. No sector das telecomunicações as medidas traduzem “sentimentos mistos”, pois o corte na TSU terá “impacto limitado” nas operadoras. O BPI calcula que o impacto no EBITDA da PT, Zon e Sonaecom não chega a 1%. Assinalando que a provável redução do consumo privado tem impacto negativo, o banco acredita que as operadoras serão resilientes a esta nova vaga de austeridade, já que as medidas de corte de custos serão suficientes para compensar o impacto nas receitas.
Impacto neutral a positivo na construção. Na Mota-Engil o impacto directo é “limitado”, representando a descida da TSU um impacto de 2,3% do EBITDA. Na Teixeira Duarte o impacto sobe para 3,9% do EBITDA e na Soares da Costa é de 2,3%. Mais relevante é o impacto na Martifer, onde a componente de custos com pessoal é mais forte, pelo que pode representar 5% do EBIDTA.
Impacto neutral a negativo nos media. A Cofina e a Impresa não beneficiam com as medidas de austeridade, pois apesar de representarem um corte significativo nos custos com pessoal (impacto positivo acima de 8% no EBITDA), serão penalizadas de forma mais acentuada com redução das receitas.
Impacto neutral na Galp, EDP e EDPR. O impacto no EBITDA da petrolífera é inferior a 1%, bem como na empresa liderada por António Mexia e na companhia de energias renováveis.
Impacto misto na banca. Nos lucros antes de provisões do BES e BCP o impacto da redução da TSU deverá ser de cerca de 2%, de acordo com os cálculos do BPI. Por outro lado, a redução do rendimento disponível das famílias deverá traduzir-se num aumento do crédito malparado dos particulares, sem bem que numa melhoria no incumprimento das empresas. Esta medidas “devem ter um impacto mais positivo (ou menos negativo) no BES do que no BCP, dada a sua exposição mais elevada ao segmento empresarial e mais reduzida ao segmento dos particulares”.
Impacto neutral no retalho. Nesta fase o BPI classifica o impacto na Sonae SGPS e Jerónimo Martins de “neutral”, embora assuma que o efeito no EBITDA do próximo ano deverá ser positivo. Na Sonae o impacto positivo pode chegar aos 5% e na Jerónimo Martins a 1,8%. “Mas temos também que ter em conta que estas novas medidas serão certamente negativas no rendimento disponível das famílias e pode afectar as vendas das empresas, sobretudo no consumo mais discricionário”, refere o BPI
Impacto neutral a positivo na indústria. Nas cotadas do sector industrial o efeito no EBITDA também é positivo, ascendendo a 1% na Sonae Indústria, 6% da Corticeira Amorim, 1,4% na Altri, 2,1% na Semapa e 1,8% na Portucel.
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