"Diz-se que o Lenine terá declarado que a melhor forma de destruir o sistema capitalista era pela perversão da moeda. Através dum processo inflacionário contínuo, os governos podem confiscar, de forma secreta e não visível, uma parte importante da riqueza dos seus próprios cidadãos." - J.M. Keynes.
À medida que a inflação e o valor real dos salários varia selvaticamente de mês para mês, todas as relações permanentes entre devedores e credores que constituem o fundamento último do capitalismo, ficam de tal modo desordenadas que perdem quase o significado, e o processo de procura da riqueza torna-se num jogo e numa lotaria sem fim.
Enfim, será este o nosso tempo e aquele periodo onde os bancos centrais devem até certo ponto manter a ordem controlada.
Mas a partir de que momento é que os bancos centrais perdem realmente o controlo da situação?
Dizem os entendidos que uma taxa de inflação a partir de dois digitos torna a economia recessiva e obsolenta dificultando o crescimento economico, e que uma deflação é severamente castigadora no crescimento do PIB também. O ideal será uma inflação baixa entre 0% e 4%.
Se a inflação quando descontrolada é tão ruim e provoca danos economicos drásticos que levaram os Alemães a jurarem por deus que nunca mais na vida iriam desleixar na intervenção da estabilidade dos preços, a deflação então, essa, implica queda em geral dos preços como um factor destrutivo de todas as variantes economicas, e sob uma análises macroeconómica sugerem que ela mesma combinada com taxas reduzidas pode gerar sérias dificuldades de longo prazo (caso do Japão no colapso de 90).
Uma

suave e curta e controlada deflação, em si, não é especialmente prejudicial. Mas as deflações em geral têm uma grande probabilidade de levar ao ponto em que mesmo que passageira os bancos centrais e a política monetária se tornem impotentes.
Aquando de uma recessão ou falência da uma entidade bancária importante (caso do Lehman Brothers), o banco central pode sempre estimular a economia e a circulação da moeda aumentando as reservas bancárias e descendo as taxas de juros de referência. Mas se os preços descem, nesse processo, rápidamente então as taxas juros reais podem ainda assim ser elevadas.
A Fed baixou juros em 2008 para 0,25% e os preços a cair 3% ano por exemplo. Então a taxa juro real é 3,25% e não 3%, e isso de uma forma ou de outra influência sempre mais os movimentos bolsistas por forma de auto-reforço até à exaustão.
Mas os bancos centrais só poderão diminuir juros até 0%, sendo esse o limite. Pois quando as taxas de juros são 0%, os investidores dificilmente vão comprar obrigações, ou querer um rendimento negativo nas suas carteiras e quando assim é, mesmo com as taxas a 0% o juros real neste exemplo continua a ser 3%. Os bancos centrais ficam sem controlo da situação. Com os preços a cair os investidores dificilmente conseguem num deposito a prazo com rendibilidade positiva. No Japão os juros dos depositos a prazo chegavam a ser de 0,03% e o banco central nada podia fazer.
Em 2002/2003 a Fed também teve uma pequena batalha com efeitos deflacionários em que os críticos mandaram bocas a Alen Greenspan por manter demasiado tempo juros baixos. Para solução de impedir deflação pode-se criar um estímulo orçamental à economia e isso fará aumentar a procura agregada do comércio e relançar o PIB a curto prazo. Alguns especialistas argumentam mesmo que os bancos centrais podiam comprar obrigações de longo prazo, ou mesmo dar direito aos Estados de comprarem acções a curto prazo de certas empresas importantes para estancaram a volatidade dos activos e manter liquidez assegurada a longo prazo à economia.
Esta última operação da Fed é precisamente isso, compra de obrigações a longo prazo para assegurar a estabilidade a longo prazo.
Com o desemprego a aumentar de 15% para 16% em 2013, é um contributo de impedir inflação para já. Tudo para assegurar a ideia alemã e a estabilidade a longo prazo. Preferem sacrificar agora sabendo que teremos melhoras, do que deixar correr e seja o que Deus quiser. O corte nos salários dos FP e a retirada do 13º e 14ºmês.. é outro efeito deflacionário que impede no geral o aumento de preços. O principal impacto redistributivo da inflação ocorre através do seu efeito sobre o valor real da riqueza e rendimentos das pessoas.
Se o 13º e 14ºmês fossem repostos e a TROIKA permitisse alivio da austeridade, agora iria haver uma inflação não prevista redistribuindo o dinheiro e colocá-lo de novo em circulação. Os devedores mais fácilmente iriam saldar suas dividas ao credores com esta mexida de se repôr o dinheiro. O caso contrário foi quando se anunciou e pôs em prática o corte nos salários onde existiu o efeito imprevisto de não inflação. Mas a inflação afecta principalmente o rendimento e os activos, redistribuindo aleatoriamente a riqueza pela população com um impacto reduzido sobre qualquer grupo. O facto é que num determinado periodo, a economia tem uma taxa de inflação permanente à qual se adaptaram as expectativas das pessoas. Essa taxa de inflação incorporada tende a persistir até que um choque cause a sua subida. A variação do tira e dá do 13º e 14º mês podia ser exemplo disso.
Em 1979 a inflação era de 9% e durante os 5 anos seguintes até 1984 a inflação foi reduzida para 4%. A variação foi de -5 pontos percentuais o que levou a tal ajustamento fora a consciência da insustentabilidade das politicas anteriores inflacionista ante1979, que levaram naquele periodo aos custo e sacrificio da redução de inflação.
Na actual crise os preços estão a ser reduzidos de 4% de 2007 para 2% em 2013 (estima-se), então um custo de redução de inflação que sacrifica o presente mas que relança o futuro. Com a agravante de que os défices dos países também têm metas a ser atingidas, o que torna o momento mais complexo em termos de disponibilidades a nivel dos bancos centrais.
Pode-se chegar, se se não começa a aliviar na austeridade, ao momento em que os 2% serão já fácilmente atingidos e daí à deflação abrupta é um passo. Espero que os bancos centrais tenham isso em consciência em particular o BCE e a TROIKA.