
EuroVerde Escreveu:Algum dos bons economistas por aqui nos possam explicar como é que se conjugam a Austeridade com o Crescimento. Penso que são dissociáveis e não se misturam. Ou reina uma ou reina outra.
É como a água e o azeite.
Um dos principios válidos que tenho é:Em momentos de redução de défices a bolsa não sobe.
Não existe na história dos mercados grandes momentos em que houvesse austeridade e crescimento bolsista ao mesmo tempo.
Os programas de austeridade são modelos temporários de uma poupança por parte do Estado e têm como objectivo principal reduzir défices e dívida pública ou até provocar mudanças estruturais na economia que alteram gradativamente o comportamento das massas.
Pode haver austeridade e crescimento visto desta forma:
O setor da construção de obras privadas e públicas pode e deve entrar em contração muito forte. Estavamos a contruir infra-estruturas que não trazem valor acrescentado, logo produtos para stock (casas, estradas, escritórios, armazéns, etc). Este sector está a gerar muito desemprego de imigrantes e nacionais. Este setor tem de ser substituido por outro, ligado com o desenvolvimento de produtos manufaturados ou serviços de valor acrescentado (software, turismo, vestuário, calçado, automóveis, produtos tecnológicos). A nossa economia crescia devido a verticalização do setor da construção: extração de materiais para a construção, materiais de contrução, mobiliário, produtos financeiros ligados à construção e seguros.
Aos produtos em stock que não se vendem chamam-se monos. As nossas casas e estradas a mais são monos, mas custaram muito dinheiro. Quanto mais se continua neste modelo maior é a crise e destruição como resultado da bolha, que pode ser de preços ou de quantidade.
Outo sector em excesso é o da restauração e similares, ligado a habitos de luxo dos portugueses e paises com turismo. O valor acrescentado para economia deste setor é também pouco relevante, visto com alteração de hábitos conseguem-se economias e competitividade.
A libertação de recursos humanos e capaitais destes dois setores podem ser aplicados noutras atividades mais interessantes ligadas à exportação:
Exemplo 1 - atividades com capacidade produtiva existente.
As fábricas que produzem telhas, cimento, granitos, mármores, louças ou móveis têm o desafio da exportação.
Exemplo 2 - Recursos alocados a novas ideias
Faz parte da sociedade ser inovadora e criativa, veja-se o Facebook, Amazon, a Microsoft, google, apple, etc. Em Portugal começamos a ter um cluster de indústria alimentar, outro de farmaceutica.
Exemplo 3: Em 1977 as atividade marítimas valiam muito no PIB: construção e reparação naval, marinha mercante e pesca. Em 20 anos tudo fechou mas a economia expandiu-se para outros sertores.
O desemprego é mais complexo, visto podermos produzir mais, com menos emprego, desde que a automatização das atividade seja uma prática corrente.
A Agricultura portuguesa produz o mesmo que nos anos 1960, todavia passou de 30% da mão de obra para 10% e só representa 3% do PIB.
Conclusão:
Austeridade e fecho de setores, que morrem como as pessoas e empresas e expansão noutros setores que nascem ou se ampliam pelas capacidades competitivas.
Shumpeter chama-lhe a destruição criativa.
Austeridade no setor público, sendo mais eficiente, cortando serviços pouco valorizados, libertando recursos para a sociedade civil investir e criar empresas.
A bolsa subirá quando se assistir à inversão da força destrutiva para a força criadora. Daqui a um ano já poderemos estar a inverter:
Quem está com subsídio de desemprego começa a mexer-se, pois acaba.
As empresas não competitivas já fecharam.
As entidades públicas e privadas já cortaram onde era possível e necessário.
Os serviços em excesso já fecharam, também.
Os que têm unhas e ideias começam negócios e aparece financiamento para os mesmos.
As empresas iniciam o investimento para novo ciclo económico; novos produtos, novas ideias.
Até à nova bolha! Quem a souber prever ganhará muito e será um vencedor.