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Caldeirão da Bolsa

OT - Se houver investimento qual o caminho para Portugal

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por gorgo » 19/5/2012 22:43

EuroVerde Escreveu:Algum dos bons economistas por aqui nos possam explicar como é que se conjugam a Austeridade com o Crescimento. Penso que são dissociáveis e não se misturam. Ou reina uma ou reina outra.

É como a água e o azeite.

Um dos principios válidos que tenho é: :arrow: Em momentos de redução de défices a bolsa não sobe.

Não existe na história dos mercados grandes momentos em que houvesse austeridade e crescimento bolsista ao mesmo tempo.

Os programas de austeridade são modelos temporários de uma poupança por parte do Estado e têm como objectivo principal reduzir défices e dívida pública ou até provocar mudanças estruturais na economia que alteram gradativamente o comportamento das massas.


Pode haver austeridade e crescimento visto desta forma:

O setor da construção de obras privadas e públicas pode e deve entrar em contração muito forte. Estavamos a contruir infra-estruturas que não trazem valor acrescentado, logo produtos para stock (casas, estradas, escritórios, armazéns, etc). Este sector está a gerar muito desemprego de imigrantes e nacionais. Este setor tem de ser substituido por outro, ligado com o desenvolvimento de produtos manufaturados ou serviços de valor acrescentado (software, turismo, vestuário, calçado, automóveis, produtos tecnológicos). A nossa economia crescia devido a verticalização do setor da construção: extração de materiais para a construção, materiais de contrução, mobiliário, produtos financeiros ligados à construção e seguros.

Aos produtos em stock que não se vendem chamam-se monos. As nossas casas e estradas a mais são monos, mas custaram muito dinheiro. Quanto mais se continua neste modelo maior é a crise e destruição como resultado da bolha, que pode ser de preços ou de quantidade.

Outo sector em excesso é o da restauração e similares, ligado a habitos de luxo dos portugueses e paises com turismo. O valor acrescentado para economia deste setor é também pouco relevante, visto com alteração de hábitos conseguem-se economias e competitividade.

A libertação de recursos humanos e capaitais destes dois setores podem ser aplicados noutras atividades mais interessantes ligadas à exportação:

Exemplo 1 - atividades com capacidade produtiva existente.

As fábricas que produzem telhas, cimento, granitos, mármores, louças ou móveis têm o desafio da exportação.

Exemplo 2 - Recursos alocados a novas ideias

Faz parte da sociedade ser inovadora e criativa, veja-se o Facebook, Amazon, a Microsoft, google, apple, etc. Em Portugal começamos a ter um cluster de indústria alimentar, outro de farmaceutica.

Exemplo 3: Em 1977 as atividade marítimas valiam muito no PIB: construção e reparação naval, marinha mercante e pesca. Em 20 anos tudo fechou mas a economia expandiu-se para outros sertores.

O desemprego é mais complexo, visto podermos produzir mais, com menos emprego, desde que a automatização das atividade seja uma prática corrente.

A Agricultura portuguesa produz o mesmo que nos anos 1960, todavia passou de 30% da mão de obra para 10% e só representa 3% do PIB.


Conclusão:

Austeridade e fecho de setores, que morrem como as pessoas e empresas e expansão noutros setores que nascem ou se ampliam pelas capacidades competitivas.

Shumpeter chama-lhe a destruição criativa.

Austeridade no setor público, sendo mais eficiente, cortando serviços pouco valorizados, libertando recursos para a sociedade civil investir e criar empresas.

A bolsa subirá quando se assistir à inversão da força destrutiva para a força criadora. Daqui a um ano já poderemos estar a inverter:

Quem está com subsídio de desemprego começa a mexer-se, pois acaba.
As empresas não competitivas já fecharam.
As entidades públicas e privadas já cortaram onde era possível e necessário.
Os serviços em excesso já fecharam, também.
Os que têm unhas e ideias começam negócios e aparece financiamento para os mesmos.

As empresas iniciam o investimento para novo ciclo económico; novos produtos, novas ideias.

Até à nova bolha! Quem a souber prever ganhará muito e será um vencedor.
 
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por PIKAS » 19/5/2012 21:53

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EuroVerde Escreveu:
Um dos principios válidos que tenho é: :arrow: Em momentos de redução de défices a bolsa não sobe.

Não existe na história dos mercados grandes momentos em que houvesse austeridade e crescimento bolsista ao mesmo tempo.




Acho que se está a falar de crescimento económico e não crescimento bolsista.

Não são tão antagónicos como a água e o azeite, mas...


storgoff Escreveu:
Dinheiro é coisa que não falta.



Não sou economista, mas não me parece.
Se assim é, ainda bem. Mas parece-me que até nos estates em que a rotativa do dólar não pára há muito tempo o dinheiro cada vez está mais escasso, apesar dos asiáticos terem um pipe-line para o devolverem.

storgoff Escreveu:
Alias só se poderá afirmar tal coisa se não se tiver a mínima noção do que é um espaço monetário e a capacidade que existe de ajustar a oferta de dinheiro a objectivos de crescimento económico



E como se controla a inflação?


Cumprimentos,
 
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por EuroVerde » 19/5/2012 21:16

Algum dos bons economistas por aqui nos possam explicar como é que se conjugam a Austeridade com o Crescimento. Penso que são dissociáveis e não se misturam. Ou reina uma ou reina outra.

É como a água e o azeite.

Um dos principios válidos que tenho é: :arrow: Em momentos de redução de défices a bolsa não sobe.

Não existe na história dos mercados grandes momentos em que houvesse austeridade e crescimento bolsista ao mesmo tempo.

Os programas de austeridade são modelos temporários de uma poupança por parte do Estado e têm como objectivo principal reduzir défices e dívida pública ou até provocar mudanças estruturais na economia que alteram gradativamente o comportamento das massas.
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Re: OT - Se houver investimento qual o caminho para Portugal

por Dom_Quixote » 19/5/2012 19:04

Storgoff Escreveu:O que não há ate ao momento é vontade politica de combater as assimetrias que neste momento de forma escandalosa beneficiam países como a Alemanha em prejuízo dos países periféricos da Europa que, para suportar encargos financeiros galopantes, vão definhando progressivamente correndo-se o perigo da ruptura do projecto europeu.


É verdade e isso viu-se também nos programas de assistência. O "maléfico" eixo franco-alemão fez questão de pugnar pelo estrangulamento via austeridade máxima. Os resultados estão à vista e, ironicamente, parece que os alemães só agora começam a compreender os erros cometidos.

Se os ventos mudarem e houver disponibilidade para investimento em Portugal, espero que o caminho primeiro a seguir seja a reforma do Estado. O pouco que faz bem, continue a fazê-lo. Para o que não tem vocação, deixe de fazer. O que não sabe fazer, esqueça, entregue ao privado. Não quero Estado mínimo nem minimalista. Quero e desejo Estado competente e bem administrado.

Depois disso feito, o segundo passo não é o Estado investir. É o Estado criar condições de confiança aos vários níveis (fiscal, justiça, etc) para que o investidor acredite.

Este é o maior investimento que pode ser feito.
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por mfsr1980 » 19/5/2012 18:17

Pôr o Estado a investir é um erro crasso, aliás tivemos politicas dessas aquando do Sócrates e sabemos os mega buracos que estão aí e o Estado não sabe investir dinheiro sabe é colocar os seus "boys"!
Agora, se pensarmos em isenções de impostos para quem invista, tipo Pingo Doce, já acho bem!
Pode não entrar dinheiro nos cofres do Estado mas alivia a pressão do desemprego e imprime uma nova dinamica ao País!
 
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Re: OT - Se houver investimento qual o caminho para Portugal

por Storgoff » 19/5/2012 18:16

PIKAS Escreveu:
Mart77 Escreveu:..., quando e se houver um "plano Marshall" para UE, e se assim fosse como seria aplicado em PT.




É óbvio que não vai haver qualquer plano desse tipo por uma simples e única razão: não há dinheiro.

A maioria dos estados da UE estão tesos, depauperados e aflitos para irem arranjando algum para ir calando os credores porque senão forem pagando pelo menos os juros devidos a torneira fecha e depois não há para salários, pensões, etç...

Isso já é extremamente difícil, quanto mais arranjar algum para investimento.




Falar nestes termo à escala de um país isoladamente até se compreende e faz algum sentido.
Agora quando nos estamos a referir a uma espécie de New Deal à escala europeia ou mais especificamente na zona euro, a afirmação é um completo absurdo

Dinheiro é coisa que não falta.
Alias só se poderá afirmar tal coisa se não se tiver a mínima noção do que é um espaço monetário e a capacidade que existe de ajustar a oferta de dinheiro a objectivos de crescimento económico

O que não há ate ao momento é vontade politica de combater as assimetrias que neste momento de forma escandalosa beneficiam países como a Alemanha em prejuízo dos países periféricos da Europa que, para suportar encargos financeiros galopantes, vão definhando progressivamente correndo-se o perigo da ruptura do projecto europeu.
A pior coisa que poderia acontecer a um pais como Portugal
 
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Re: OT - Se houver investimento qual o caminho para Portugal

por PIKAS » 19/5/2012 17:49

Mart77 Escreveu:..., quando e se houver um "plano Marshall" para UE, e se assim fosse como seria aplicado em PT.




É óbvio que não vai haver qualquer plano desse tipo por uma simples e única razão: não há dinheiro.

A maioria dos estados da UE estão tesos, depauperados e aflitos para irem arranjando algum para ir calando os credores porque senão forem pagando pelo menos os juros devidos a torneira fecha e depois não há para salários, pensões, etç...

Isso já é extremamente difícil, quanto mais arranjar algum para investimento.

Há uma pequena minoria que ainda está bem ( estados mais a norte ) mas para estarem agora bem noutros tempos que por aí se gastava à tripa-forra encolheram-se que nem uns loucos. Nesses estados diz-me onde estão os TGV's ( excepto o ICE na Alemanha ), auto-estradas com 3 e 4 faixas, estádios de futebol faraónicos e em quantidade e por aí a fora?

Há dinheiro ( ou pode-se fazer ) no BCE mas pelos seus estatutos o BCE não pode entrar nas loucuras. Nem esses estados que são organizados e responsáveis permitirão que o BCE entre nessas loucuras. Tanto que se se fosse por aí lá vinha a famigerada inflação que abominam e os penaliza de sobremaneira.

Os estados ainda podem pedir dinheiro emprestado, fazer dívida. É outra forma de conseguir dinheiro para esse plano e essas obras. Mas quem empresta? Alguém empresta dinheiro a países europeus que não a Alemanha, Finlândia e pouco mais? o pouco que vão arranjando é para fazer roll-over da dívida passada.

E há dinheiro disponível com os states a ensopar dinheiro à louca velocidade que o fazem?



Cumprimentos,
 
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por Mart77 » 19/5/2012 1:04

Também se fala nas "infraestruturas digitais"
 
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por Mcmad » 19/5/2012 0:21

Dirigido para a banca. Setor crucial da economia.
Confira as minhas opiniões

http://markoeconomico.blogspot.com/
 
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OT - Se houver investimento qual o caminho para Portugal

por Mart77 » 18/5/2012 23:46

O objectivo do topic é simples ideias e debate na aplicação de fundos, quando e se houver um "plano Marshall" para UE, e se assim fosse como seria aplicado em PT.

Primeiro queria dizer que penso muito neste assunto pela dificuldade de "perceber" em que sectores e tipo de infraestruturas se devem investir para que aja crescimento sustentável.

Como abertura para o debate, se Europa assim o decidir (Austeridade aliada ao Crescimento) deveria se investir, em Portugal concretamente deveria ser em:

1- Bons portos comerciais e atractivos,Temos a vantagem de ser a porta para Europa da America do Norte, America do Sul e Africa, em comparação com França, Holanda, o nosso Pais é bem mais central.
2- Boa rede Ferroviária comercial, para distribuir e receber os produtos.
3-Como é obvio armazenagem/hubs (não sei se é o termo correcto)

Não sei se é simplista, mas entendo que nós somos mais centrais do que por exemplo a França, e isso pode ser uma vantagem para nós.
Editado pela última vez por Mart77 em 19/5/2012 1:03, num total de 1 vez.
 
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