gorgol Escreveu:Palmix Escreveu:Mais, o nosso sistema de saúde é melhor que o Espanhol, salvo raras excepções...
Não conheço nenhum dos sistemas bem, todavia a ideia geral é que o nosso sistema é mau e o espanhol bom. Felizmemte tenho seguro de saúde privado.
Agora: filas de espera nas urgências, prazos para consultas de meses, ir para os centros de saúde de madrugada, prazos para operações de meses.
Será que não existe uma visão dos clientes/utentes e outra dos profissionais. No privado fiz uma operação a uma pequena fratura óssea em 3 dias e no público?
Podes fundamentar em que te baseias para dizer que o sistema se saúde português é melhor? Não vejo ninguém de Badajós ir a Elvas!
ehehehehehe...não podemos comparar Badajoz a Elvas..Temos que fazer comparações entre sitios semelhantes...Talvez Badajoz e Évora...
Enfim, o nosso sistema dá demadiadas vantagens aos doentes, em comparação com os restantes sistemas de saúde. Há demasiadas regalias, o doente é muito protegido. Claro que há coisas que não funcionam tão bem, mas no geral um doente é mais bem atendido que na maioria dos outros sistemas de saúde.
Atenção que estas comparações são feitas tendo por base a intervenção de vários profissionais, seja o administrativo ou o médico. O que é normal em Portugal, é criticar-se o sistema utilizando muitas vezes fundamentos administrativos, como por exemplo as listas de espera.
Em Espanha não há transportes gratuitos de doentes entre uma região e outra, como cá. É normal vermos doentes vindos do Alentejo em Lisboa para tratamentos de saúde. Em Espanha, regra geral, paga-se por isso.
Em Espanha a iniciativa privada é muito alargada, é comum termos várias unidades de saúde na mesma cidade. Em Portugal isso é mais dificil aconteçer, pois a rede pública é muito boa e tem boa abrangência.
Os hábitos de consumo de saúde em Espanha são diferentes dos em Portugal. Cá vamos às urgências por tudo e por nada, lá não é bem assim. Se calhar também porque estão organizados de outra forma. Se calhar porque a população é mais esclarecida. Se calhar porque as farmácias funcionam de forma diferente.
Filas de espera nas urgências aconteçe em Portugal e em todos os outros Países no mundo inteiro. E é bom sinal, quando não em excesso! Significa uma eficiente aplicação de recursos.
Se chegarmos às urgências do Santa Maria, dermos logo entrada e termos acesso a todos os meios de diagnótico, talvez signifique que temos recursos a mais aplicados ali...há sempre um compasso de espera aceitável definido. Por cá esses timings foram definidos pelo método de Manchester. Um sistema de cores e de triagem que segmenta os tempos e prioridades de atendimento pelos doentes na urgência. Em Espanha também se utiliza a triagem de Manchester, pelo menos em alguns casos.
Prazos para consultas de meses é também normal existir. Aliás, menos de 1 mês de espera nem é considerado lista de espera. Claro que se for um doente terminal, ter que esperar 1 mês é dramático, mas para isso existem as urgências.
Aliás, os grandes médicos em outros Países chegam a ter mais que 1 ano de tempo de lista de espera nos seus consultórios privados...há médicos em Portugal que já nem aceitam mais doentes, estão cheios.
Mais uma vez, há um tempo de espera que é bom que exista, por causa da tal eficiência da utilização dos recursos. Se fizermos o pedido de consulta hoje e a tivermos já hoje, indicia algum desperdicio na utlização de recursos.
Ir para centros de saúde de madrugada era uma das maiores falhas do sistema. Tem sido colmatado com a reforma dos cuidados primários. Há ainda algumas falhas, mas com a vinda de médicos estrangeiros e com o aumento do número de médicos especialistas em medicina familiar, o problema tende a resolver-se.
Penso que depois vamos ter é um problema com a tal eficiência, pois vamos ter médicos a mais. É bom que não se meta todos os médicos no sistema, o excesso permite rastrear os bons e os maus.
Prazos para operações de meses é normal haver num sistema público. Em muitos casos os nossos rácios das listas de espera são muito satisfatórios. Por isso é que também somos um dos melhores sistemas de saúde.
Mas há casos preocupantes, como por exemplo as cataratas há uns anos atrás.
Há aqui que ter em atenção que um sistema público não deve nem pode oferecer as mesmas condições que um sistema privado, como aconteçe com outros sistemas de saúde de outros Países.
Um sistema público tem que responder num prazo de tempo aceitável.
Por exemplo, no teu caso da operação a uma pequena fractura óssea. Se me dissesses que o teu caso não tinha urgência clinica e que tinhas sido operado passados 3 dias num hospital público eu dizia-te que provavelmente teriamos recursos desperdiçados nesse hospital.
No privado é diferente, estás a pagar por um serviço pré-contratado por ti a uma empresa. Enquanto no público, de uma só vez, te tratam do problema A e B, no privado tratam-te do A e depois do B. Ou pelo menos em "contratos" diferentes.
Até te digo mais, esperas-te demasiado numa unidade privada. 3 dias é muito tempo. Revela ineficácia dessa unidade.
Ou seja, enquanto no público uma resposta em cima da hora pode indiciar desperdicio (excluimos aqui os casos urgente e emergentes), no privado funciona ao contrário. O facto de esperarmos revela ineficácia ou falta de recursos.
Em suma, nos hospitais públicos de Espanha, Portugal, e restantes Países espera-se. E é bom que se espere, do ponto de vista económico! Há timings definidos para tempos de espera, e se esses timings forem cumpridos perfeito.
Muitas vezes o doente perfere ir ao privado a Espanha e depois vem-se queixar do público português.
Mas deixa-me só dizer-te que o número de casos de doentes atendidos em Espanha é residual. Temos que ter em conta que a maioria dos mais de 400 mil doentes referidos pelo relatório são turistas em férias naquele País. Depois teremos casos pontuais (e são mesmo pontuais) de doente que vão a Espanha (ao serviço público) e vez do SNS. Agora o pessoal dos jornais e televisão gosta de criar sensacionalismo à volta destes assuntos.