Portugal paga 4,5% por dívida a 18 meses e afunda custos na emissão a seis meses
04 Abril 2012 | 11:03
Edgar Caetano -
edgarcaetano@negocios.pt
O IGCP obteve a totalidade dos 1.500 milhões de euros pretendidos numa dupla emissão de bilhetes do Tesouro. Mil milhões foram colocados através de dívida a 18 meses, com juro de 4,537%. Custos afundaram no leilão a seis meses.
Portugal obteve 1.000 milhões de euros através da emissão de bilhetes do Tesouro a 18 meses, pagando uma taxa implícita de 4,537%. A taxa ficou em linha com as estimativas dos analistas e também em linha com o custo que o Estado irá suportar, em média, ao longo do actual programa de assistência financeira.
Emitir bilhetes do Tesouro com prazo superior a 12 meses passou em Fevereiro a ser legalmente possível, depois de aprovação em Conselho de Ministros.
No leilão de dívida, o IGCP financiou-se em mais 500 milhões de euros com a emissão de bilhetes do Tesouro a seis meses. Os custos baixaram de 4,332% para 2,9%.
Em ambas as linhas, o IGCP registou uma procura confortável. Na linha a seis meses, a procura superou em cinco vezes os 500 milhões de euros efectivamente colocados e no prazo a 18 meses o rácio de cobertura foi de 2,6 vezes.
O alívio recente da percepção de risco sobre Portugal reflecte-se nas taxas das obrigações (longo prazo) no mercado secundário, mas também nos custos cada vez mais baixos suportados nos sucessivos leilões de bilhetes do Tesouro.
Bancos nacionais terão assegurado maior parte dos títulos a 18 meses
Ainda que nos últimos leilões se tenha registado um aumento da participação de bancos estrangeiros, a banca nacional continua a assegurar a absorção da maior parte da dívida emitida pelo IGCP. Os títulos são utilizados como garantia (colateral) na obtenção de financiamento junto do BCE, a uma taxa muito mais baixa.
O vencimento dos títulos de mais longo prazo dá-se em Outubro de 2013, depois do reembolso de cerca de 10 mil milhões de euros em Obrigações do Tesouro. Essa obrigação está a negociar com taxas de cerca de 10%, no mercado secundário, reflectindo ainda algum receio por parte dos investidores de que Portugal entre numa situação de incumprimento.
Apesar de atingirem a maturidade mais tarde, os bilhetes do Tesouro têm um estatuto diferente. Tal como aconteceu na Grécia, estes títulos ficam "imunes" a eventuais processos de renegociação da dívida pública, pelo que os juros exigidos pelos investidores são mais reduzidos reflectindo o menor risco associado.
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