CALDEIRÃO DE BOLSA

Olá K.

Não queria deixar de te dizer que é sempre um prazer ler o que escreves!

abraço

Viva,

tenho dito que o BCP e um derivado sobre as OTs portuguesas (essencialmente e por isso que tenho estado tao interessado no topico do BCP).

Sobre as reestruturacoes, a grega foi exactamente bater nos 75%, curiosamente o numero que sempre apontei como o haircut mais provavel na Grecia. Nao ha magia na forma como encontrei o numero, foi uma simples leitura do comportamento das yields de 10 anos que assentou nestes valores, que batia certo com as contas resultantes do impacto interno da reestruturacao na Grecia.

A reestruturacao em Portugal nao vai ser de 75%, deve ficar entre 40% a 50%, seguindo os mesmos principios aplicados a Grecia. Mas....sim, ha umas subtilezas presentes na curva do yields...

O mercado ja descontou o valor de haircut em Portugal, o que ainda nao conseguiu foi descobrir QUANDO esse haircut vai ser feito. E este o significado da curva atipica dos yelds, que mantem as OTs de 2 anos nos 11%, o que num pais a ser intervencionado pelo FMI indica SOLVENCIA! (desculpem as maiusculas, e so para destacar).

E agora a subtileza, abaixo de 40% nao compensa reestruturar, devido aos danos de reputacao e no sistema financeiro interno. Uma boa evolucao das exportacoes pode evitar a queda do PIB (o principal factor de aumento da divida). Neste cenario seria admissivel o cenario da reestruturacao leve, em que apenas o BCE participe da forma como fez na Grecia. Sem implicar monetizar a divida, o BCE limita-se a exigir a Portugal que pague o que o BCE pagou pela divida. Isto permite aliviar a divida em cerca de 20%, o que equivale aos 40% envolvendo privados, devido a necessidade de recapitalizacao dos bancos. Provavelmente e neste cenario que o governo esta a apostar. Com as privatizacoes e alguma recompra no mercado secundario, a divida sera reduzida para niveis de 2010, os 90% que sao a media europeia (as dividas Italianas e Irlandesas devem ser reestruturadas da mesma forma). Depois de este processo sera possivel criar o MFE (Ministerio das Financas Europeu)...

Boas,

O que o mercado descontou até agora foi não só o que já se passou em Portugal, como a própria quase impossibilidade de regresso aos mercados na data prevista.
É claro que o setor bancário deve sofrer por conta disso e só não é pior devido à grande janela de desconto do BCE que é um balão de oxigénio para a Banca em geral. Na verdade, é uma camião de oxigénio

Mas é possível que, com o passar do tempo, se fale mais e mais de um "default" parcial e de nova ajuda. Só o tempo o dirá, mas as hipóteses são altas.

Se isso, que por agora é só um "feeling", começar a parecer claro aos operadores do mercado, então, não há juros que aguentem, não há PSI-20 que aguente, não haverá suportes "históricos" que salvem a cotação da Banca. Se a Economia continuar ruím, a Banca dará prejuízos, necessitando de mais capital, etc... um ciclo negativo que não para... até parar um dia.

E quem de nós sabe qual é o fim desse ciclo? Nesta fase seria como tentar adivinhar o fundo de um ativo em "bear market".
Rapaziada, não tentem isso em casa. As facas em queda rompem os bolsos, deixando cair as moedinhas

Abraço

dj

http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_SC_V2&id=545307

Caro Ulisses,

Não terá o mercado já descontado em toda a banca, a reestruturação da dívida portuguesa e o inevitável novo resgate?

Estando só à espera de saber quando e em que moldes será feito..

Abraço

The mind, acho que não. Ou melhor, acho que pode ter descontado uma reestruturação pequena. Uma reestruturação como a grega estou convencido que não-

Um abraço,
Ulisses

Ulisses, parabéns!Este artigo responde a várias questões que pairavam aqui no forum
Um abraço

Excelente artigo, uma análise mais profunda ao que já tinhas comentado no fórum. Este vai ser partilhado no facebook

Foi hoje publicado o meu novo artigo: "Nuno Amado ou Vítor Gaspar?".

http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... &id=545307

Um abraço,
Ulisses