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MensagemEnviado: 2/3/2012 1:47
por L.S.S
Dívida
Representante do mercado diz que CDS sobre a Grécia não serão activados
Rui Barroso
02/03/12 00:05



Decisão coloca o risco dos investidores exigirem prémios de risco mais elevados para Portugal.

A entidade que decide sobre se os ‘credit-default swaps' (CDS) sobre a dívida Grécia são ou não activados pela reestruturação de Atenas deliberou ontem que não houve um evento de crédito no país. A decisão surge no dia em que em Bruxelas foram avaliadas as medidas implementadas pelo governo grego.

A Associação Internacional de Swaps e Derivados (ISDA) considerou que os seguros que protegem os investidores caso alguma entidade entre em incumprimento não podem ser activados. Mas ressalva que a questão ainda pode vir a colocar-se no futuro. Caso não existam alterações nesta decisão, este factor penalizará a dívida de outros países mais frágeis, como Portugal.

"Tendo como referência este caso os bancos e outros investidores poderão cobrar um prémio de risco extra", referiu o estratega de dívida do Commerzbank, David Schnautz, ao Diário Económico. Isto porque a eficácia dos CDS em proteger as posições em dívida é menor, o que pode colocar em causa a utilidade destes instrumentos e dificultar a gestão de risco por parte dos investidores.
http://economico.sapo.pt/noticias/representante-do-mercado-diz-que-cds-sobre-a-grecia-nao-serao-activados_139435.html

MensagemEnviado: 2/3/2012 0:35
por Marco Martins
(...)
ISDA (International Swaps amd Derivatives Association) que o "Board of Directors" é constituido por pessoas do JPMorgan, BNP, Citi, Goldman Sachs e outros mega-bancos
(...)


Tendo em conta que certamente ganharam milhões a vender CDS, das duas uma. Ou deveriam restituir o dobro do que receberam da venda dos CDS ou então eles deveriam ser efectivamente activados.

MensagemEnviado: 1/3/2012 23:26
por Supermann
Marco Martins Escreveu:
Supermann Escreveu:
altrio Escreveu:O bom da notícia é que se os CDS's não servem para nada, deixa de haver interesse em provocar a falência de um país para receber as respectivas indemnizações.



Não há nada bom da notícia. A questão aqui é que se redigiram contractos de protecção. A ser assim, os investidores da próxima vez não metem cá o dinheiro afinal um contrato não tem qualquer validade aqui nesta terrinha.

De qualquer das formas eu tenho a certeza quase certeza que os CDS's vão ser activados.


Um perdão de dívida é diferente de um default.
No default existe uma ausência de pagamento indiscriminada e poderão haver implicações judiciais.
No perdão de dívida é pacífico e quem quiser perdoa e não levanta problemas.

Se os CDS fossem activados certamente haveriam bancos ou seguradoras a falir, pois o peso seria grande sobre poucos.
Como é um perdão, as seguradoras descartam-se de responsabilidades e todos perdoam um bocado...

Que seguradoras ficam a ganhar com a não activação dos CDS? Não sei, mas gostava de saber...


Não não é.

Mas a partir do momento que invocam clausulas de acção colectiva para de forma coerciva obrigar a quem não se "junta" ao perdão de perder o capital, então ai é um default.

De acordo, é preciso apenas um capital de 25 M sensivelmente para estar elegível a reinvindicar a activação dos CDS's.

Haverá com certeza alguns que não quererão juntar-se ao PSI, e ao obrigarem-nos a incorrer em perdas, muito provavelmente os CDS serão activados.

MensagemEnviado: 1/3/2012 22:44
por fooman
Viclion Escreveu:Dentro dos meus reduzidos conhecimentos s/este tema específico, aventuro quatro observações:

1 - Verificamos no site do ISDA (International Swaps amd Derivatives Association) que o "Board of Directors" é constituido por pessoas do JPMorgan, BNP, Citi, Goldman Sachs e outros mega-bancos, precisamente entidades que emitem os CDS's e simultâneamente possuem a tal dívida grega que foi objecto de write down. Indirectamente é um custo para o erário público, pois que a uma amortização correspondeu uma provisão, logo diminuição da matéria colectável.

2 - Dizer que o perdão foi aceite ou voluntário é um eufemismo. Aceita perder dinheiro quem tem a certeza que não vai recuperar aquilo que emprestou. Aqui, a palavra "aceitar" ou "voluntário" tem que ser escrita entre comas.

3 - Os detentores dos CDS´s não são apenas os detentores da dívida que pretendiam ver segurada. Acontece que foram também comercializados como instrumento especulativo simples como por exemplo um warrant, a quem não é detentor do crédito. A questão é que, assumindo o seu pagamento em caso de incumprimento, que é a finalidade dos mesmos, os detentores dos CDS's como instrumento especulativo deveriam receber uma indemnização. Esta sim, seria uma despesa para estas entidades.

4 - Muito se tem especulado sobre o que aconteceria se houvesse um default grego. Neste aspecto, se bem entendi a palavras acima de Ulisses Pereira, um default é precisamente aquilo que está a acontecer. Só que é devagarinho. Estão a tentar a todo o custo uma espécie aborto sem dor.

Se errei em algo, agradeço que alguém com mais conhecimento no assunto me corrija.

Obgdo, Viclion




A decisão do ISDA já era esperada - pelo menos para quem faz disto profissão, que é o meu caso.

Há que lembrar que o que está em cima da mesa é uma PROPOSTA e que nada é definitivo ainda. O ISDA só poderá dizer que há um default se as condições seguintes se verificarem:

1. A PROPOSTA está condicionada à aceitação "voluntária" de 90% dos detentores da dívida grega;

2. Caso não se verifique, se a aceitação voluntária abranger 66% da dívida total (ou acima) dá-se a existência de um núcleo duro de investidores que poderão forçar o restante ao haircut (exactamente o mesmo que acontece nas falências em que se houver um conjunto de credores representativo de 66% do total em dívida que aceite as condições de falência obriga o restante a aceitar;

3. Caso a proposta seja aceite por menos de 66%, dá-se um default desordenado e, só aí, é que o ISDA tomará a decisão de obrigar ao pagamento das responsabilidades inerentes aos CDS. Apesar disso, este pagamento pode não se verificar uma vez que quem controla o ISDA são os bancos emitentes dos CDSs e que lucraram copiosamente com a venda deles. Uma vez que os CDSs são um instrumento praticamente DESREGULADO nada irá obrigar ao pagamento das responsabilidades "prometidas", se tal for a decisão dos bancos emitentes (não me parece que venham a decidir contra eles);

MensagemEnviado: 1/3/2012 22:41
por altrio
Supermann Escreveu:
altrio Escreveu:O bom da notícia é que se os CDS's não servem para nada, deixa de haver interesse em provocar a falência de um país para receber as respectivas indemnizações.


Não há nada bom da notícia. A questão aqui é que se redigiram contractos de protecção. A ser assim, os investidores da próxima vez não metem cá o dinheiro afinal um contrato não tem qualquer validade aqui nesta terrinha.


Redigiram-se, mas não se deviam ter redigido. Podia-se inclusivamente aproveitar esta oportunidade para interditar os CDS's.

MensagemEnviado: 1/3/2012 22:36
por VirtuaGod
Supermann Escreveu:De qualquer das formas eu tenho a certeza quase certeza que os CDS's vão ser activados.


Gostaria que fundamentasses a tua opinião!! Fiquei bastante interessado :wink:

P.S. Sobre quem diz que ainda bem que os CDS não foram activados queria saber como reagiriam se a seguradora automóvel deles não pagasse um sinistro porque afinal, é por erro humano, diria quase que "Voluntário"... carregassem menos no acelerador!!

MensagemEnviado: 1/3/2012 21:47
por Viclion
Dentro dos meus reduzidos conhecimentos s/este tema específico, aventuro quatro observações:

1 - Verificamos no site do ISDA (International Swaps amd Derivatives Association) que o "Board of Directors" é constituido por pessoas do JPMorgan, BNP, Citi, Goldman Sachs e outros mega-bancos, precisamente entidades que emitem os CDS's e simultâneamente possuem a tal dívida grega que foi objecto de write down. Indirectamente é um custo para o erário público, pois que a uma amortização correspondeu uma provisão, logo diminuição da matéria colectável.

2 - Dizer que o perdão foi aceite ou voluntário é um eufemismo. Aceita perder dinheiro quem tem a certeza que não vai recuperar aquilo que emprestou. Aqui, a palavra "aceitar" ou "voluntário" tem que ser escrita entre comas.

3 - Os detentores dos CDS´s não são apenas os detentores da dívida que pretendiam ver segurada. Acontece que foram também comercializados como instrumento especulativo simples como por exemplo um warrant, a quem não é detentor do crédito. A questão é que, assumindo o seu pagamento em caso de incumprimento, que é a finalidade dos mesmos, os detentores dos CDS's como instrumento especulativo deveriam receber uma indemnização. Esta sim, seria uma despesa para estas entidades.

4 - Muito se tem especulado sobre o que aconteceria se houvesse um default grego. Neste aspecto, se bem entendi a palavras acima de Ulisses Pereira, um default é precisamente aquilo que está a acontecer. Só que é devagarinho. Estão a tentar a todo o custo uma espécie aborto sem dor.

Se errei em algo, agradeço que alguém com mais conhecimento no assunto me corrija.

Obgdo, Viclion

MensagemEnviado: 1/3/2012 20:28
por joao5
PT_Trader Escreveu:A questão aqui é que o detentor da dívida aceita o calote. Supostamente quem faz um seguro, é para se proteger de algo, mas neste caso é o próprio segurado que deve estar a dizer que já não quer o seguro, ou que este não seja accionado neste "incidente".

Acho que ninguém sabe bem as consequências que haveria se isto fosse considerado um evento de crédito, porque nem sabemos bem a dimensão do mercado de CDS... Se fosse considerado um verdadeiro calote, poderia ter efeitos devastadores para determinadas instituições e, por conseguinte, para o(s) Estado(s) :roll:


Teóricamente, os detentores de dívida serão também detentores de CDS e, portanto, poderia ser mais interessante "não perdoar", obrigando a Grécia a assumir o default, para executar o CDS, não?

MensagemEnviado: 1/3/2012 19:30
por Marco Martins
Supermann Escreveu:
altrio Escreveu:O bom da notícia é que se os CDS's não servem para nada, deixa de haver interesse em provocar a falência de um país para receber as respectivas indemnizações.



Não há nada bom da notícia. A questão aqui é que se redigiram contractos de protecção. A ser assim, os investidores da próxima vez não metem cá o dinheiro afinal um contrato não tem qualquer validade aqui nesta terrinha.

De qualquer das formas eu tenho a certeza quase certeza que os CDS's vão ser activados.


Um perdão de dívida é diferente de um default.
No default existe uma ausência de pagamento indiscriminada e poderão haver implicações judiciais.
No perdão de dívida é pacífico e quem quiser perdoa e não levanta problemas.

Se os CDS fossem activados certamente haveriam bancos ou seguradoras a falir, pois o peso seria grande sobre poucos.
Como é um perdão, as seguradoras descartam-se de responsabilidades e todos perdoam um bocado...

Que seguradoras ficam a ganhar com a não activação dos CDS? Não sei, mas gostava de saber...

MensagemEnviado: 1/3/2012 17:57
por Supermann
altrio Escreveu:O bom da notícia é que se os CDS's não servem para nada, deixa de haver interesse em provocar a falência de um país para receber as respectivas indemnizações.



Não há nada bom da notícia. A questão aqui é que se redigiram contractos de protecção. A ser assim, os investidores da próxima vez não metem cá o dinheiro afinal um contrato não tem qualquer validade aqui nesta terrinha.

De qualquer das formas eu tenho a certeza quase certeza que os CDS's vão ser activados.

MensagemEnviado: 1/3/2012 17:15
por Stefano
Se eu percebi bem, parece que alguns membros do comité que decidiu que neste caso não seriam activados os CDS's são os bancos que comercializam os próprios CDS's... Se for o caso, faz-me lembrar quando era miúdo e quando se jogava aqueles jogos de tabuleiro onde fazíamos literalmente de tudo para ganhar (até inventar regras novas)... enfim.

MensagemEnviado: 1/3/2012 16:59
por PT_Trader
A questão aqui é que o detentor da dívida aceita o calote. Supostamente quem faz um seguro, é para se proteger de algo, mas neste caso é o próprio segurado que deve estar a dizer que já não quer o seguro, ou que este não seja accionado neste "incidente".

Acho que ninguém sabe bem as consequências que haveria se isto fosse considerado um evento de crédito, porque nem sabemos bem a dimensão do mercado de CDS... Se fosse considerado um verdadeiro calote, poderia ter efeitos devastadores para determinadas instituições e, por conseguinte, para o(s) Estado(s) :roll:

MensagemEnviado: 1/3/2012 16:59
por altrio
O bom da notícia é que se os CDS's não servem para nada, deixa de haver interesse em provocar a falência de um país para receber as respectivas indemnizações.

MensagemEnviado: 1/3/2012 16:57
por Reiposto
Isso quer dizer que quem investio em divida da Grecia vai ficar sem dinheiro?

Reiposto

MensagemEnviado: 1/3/2012 16:54
por Ulisses Pereira
Sim, esse é um dos principais pontos pelos quais a Grécia vai tendo sucessivos "haircuts" devagarinho. É quase um escândalo isso. Ou é mesmo. ;)

Um abraço,
Ulisses

Para que servem os CDS's ?

MensagemEnviado: 1/3/2012 16:44
por Viclion
Notícia de hoje, 1 de Março:

NO CREDIT EVENT FOR GREEK CDS -ISDA

Payouts on credit default swaps written on Greek sovereign debt will not be triggered after the country last week passed legislation allowing it to strong-arm private creditors to accepting losses on their holdings, a committee of dealers and investors decided.

Conclusão:

Quando os credores “aceitam” perdas, não é incumprimento. As coisas que vamos aprendendo…

http://otraderdescodificado.wordpress.com/
Viclion