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Caldeirão da Bolsa

Banco Mundial prevê recessão de 0,3% na zona euro este ano

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Nyk » 18/1/2012 9:32

Extraído do blog "O Jumento"


«Um dia, numa pequena vila Portuguesa, onde os tempos são duros e toda a gente está endividada e deprimida, onde todos vivem já a crédito dos vizinhos compreensivos, chega um turista alemão rico.

Vai ao único Hotel da pequena vila e pergunta o preço do quarto ao dono do Hotel. Ele responde-lhe que são 100 euros por noite. O turista põe sobre o balcão uma nota de 100 euros. O proprietário dá-lhe um molho de chaves, dizendo-lhe que nenhum quarto está ocupado e que ele poderá escolher o que mais lhe agradar. Mal o turista começa a subir as escadas o hoteleiro pega na nota de 100 euros, sai a correr em direcção ao talho vizinho e paga-lhe os 100 euros que lhe deve. O talhante, que deve igual quantia a um criador de porcos, vai imediatamente ter com ele e solve a sua dívida. O criador de porcos corre ao "pub" e paga a sua conta de bar. O "barman" pega na nota e imediatamente a entrega à ********** que está a seu lado e que lhe fornecia os seus serviços, a crédito, há alguns dias. A senhora corre ao Hotel, que ela usa para fins profissionais e entrega ao hoteleiro os 100 euros para pagar a sua conta. Pouco tempo depois o turista desce as escadas, diz ao hoteleiro que não encontrou nenhum quarto que lhe servisse, recebe a sua nota de 100 euros e vai-se embora.

Interessantemente, ninguém produziu absolutamente nada, ninguém ganhou nada mais do que o que tinha mas, agora, já ninguém está endividado!

É uma história muito simplista mas que mostra bem que a moeda é uma mera intermediária das trocas. É a sombra da Economia, não é a economia produtiva em si. Aquela história mostra também que esta crise, que está a mergulhar a Europa e Portugal na depressão, não é mais que uma crise contabilística.

A moeda que corre, hoje, em todos os países, em si, não tem valor. É apenas confiança nas Instituições e nos Países que a emitem. Se essa confiança se perdesse, poderíamos retroceder a uma situação de troca directa.

É claro que não chegaremos aí. Mas, se o Euro desaparecesse, a Europa perderia soberania e estaria sujeita, sem nada poder fazer, às consequências das políticas monetárias ditadas pelos Países que imprimem as outras moedas de referência internacional.

Falta coragem política para resolver esta situação através de uma acção determinada. Estou convencido que esta crise se vai resolver por ‘write-offs' generalizados, que criarão uma situação inteiramente nova, enorme perplexidade, mas provavelmente será menos contundente que aquilo que se poderia esperar quando se salta para soluções anteriormente não testadas, pelo menos com a amplitude que agora é exigida. Com elevada probabilidade, no fim dos ‘write-offs' tudo estará, de novo, equilibrado. Como na simplista história do Hotel acima referido. Com uma diferença: daí para a frente as entidades que emprestem fa-lo-ão com rigor: serão muito mais exigentes na análise dos projectos para que emprestam dinheiro, verificando bem o potencial das propostas e emprestando apenas depois. E deixarão de ter como único objectivo fazer crescer o crédito concedido a todo o custo, mesmo quando a prudência razoável o desaconselharia. Foi assim no passado mais distante. Será assim no futuro. O paradigma mudou. A ideologia do crescimento contínuo já não é aplicável.» [DE]

Autor:

António Neto da Silva.
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Banco Mundial prevê recessão de 0,3% na zona euro este ano

por Automech » 18/1/2012 8:50

Uma correcção brutal nas previsões da zona euro.

Banco Mundial prevê recessão de 0,3% na zona euro este ano
18.01.2012

A crise da dívida europeia vai atingir os países emergentes e fazer abrandar o crescimento internacional este ano, avisa o Banco Mundial. A zona euro não escapa à recessão.


O Banco Mundial (BM) divulgou ontem à noite em Washington o seu relatório das Previsões Económica Globais de 2012, prevendo que a economia mundial cresça 2,5% este ano e 3,1% em 2013. As economias desenvolvidas deverão crescer apenas 1,4%, enquanto, em Junho, nas suas últimas estimativas, a instituição apontava para quase o dobro – 2,7%. A zona euro será particularmente afectada e, em vez de crescer 1,9% como o BM previa, vai mesmo entrar em recessão, contraindo 0,3%.

O Banco Mundial torna-se, assim, a primeira instituição internacional a prever que a região da moeda única não escape a uma contracção do PIB este ano. O Banco Central Europeu (BCE) também já tinha admitido essa possibilidade, mas o que as projecções da equipa de economistas da instituição traçavam era um intervalo – de uma queda de 0,4% a um crescimento de 1%.

Já a Comissão Europeia prevê que a zona euro cresça 0,5%, enquanto a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) conta com um resultado ligeiramente pior: 0,2%. As últimas previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) ainda apontam para um crescimento de 1,1% mas, na próxima semana, a instituição liderada por Christine Lagarde deverá divulgar novas projecções para a economia mundial.

Emergentes abrandam

As economias emergentes não vão escapar à crise e, apesar de continuarem a crescer e a puxar pela economia mundial, vão abrandar. As previsões do BM apontam para um crescimento de 5,4% este ano, em vez dos 6,2% previstos anteriormente.

“Os países emergentes devem preparar-se para mais riscos negativos, já que os problemas de dívida na zona euro e o crescimento enfraquecido em algumas das maiores economias emergentes estão a encobrir as perspectivas para a economia mundial”, avisa o BM.

De acordo com o Banco Mundial, as taxas de juro da dívida dos países emergentes já subiram 45 pontos base, em média, e os fluxos de capital para esses países desceram para 170 mil milhões de dólares (cerca de 134 mil milhões de euros) na segunda metade de 2011, um valor que compara com os 309 mil milhões de dólares (243 mil milhões de euros) recebidos no mesmo período de 2010.

“Uma intensificação da crise não iria poupar ninguém. As taxas de crescimento dos países desenvolvidos e emergentes podem cair tanto ou mais do que em 2008/2009”, alerta Andrew Burns, autor do relatório do BM, salientando a importância de haver planos de contingência a postos.

De acordo com a instituição, a desaceleração do crescimento é já visível no abrandamento do comércio mundial e na descida dos preços das matérias-primas. As exportações internacionais de bens e serviços terão crescido 6,6% em 2011 (face aos 12,4% registados em 2010) e deverão expandir apenas 4,7% este ano. Paralelamente, os preços da energia estão 10% abaixo dos picos atingidos no início de 2011 e o mesmo se passa com os custos dos metais e minerais e dos produtos agrícolas, que estão agora 25% e 19% abaixo, respectivamente.
http://economia.publico.pt/Noticia/banc ... no-1529554
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