_urbanista_ Escreveu:Artigos crediveis, são aqueles feitos por pessoas com credibilidade comprovada,daí existirem graus de mestrado, doutoramento, etc, ou fundamentados em analises ou estudos ou citações dessas pessoas com credibilidade cientifica, intelectual, etc
É, não é?
Acontece que muitas pessoas, ao abrigo exactamente desses "galões" que lhes dão suposta credibilidade, escrevem material de muito baixa qualidade, que se situa no domínio da perfeita incompetência ou da má-fé. Isto não abona nada, mesmo nada, em favor da ciência.
Basta começares por ver a quantidade de plágios que existem nas dissertações de mestrado e nas teses de doutoramento.
Mesmo sem querer entrar no domínio da generalização abusiva, posso relatar um caso pessoal: há uns anos deparei com um artigo científico numa das mais conceituadas revistas científicas europeias. O artigo dizia respeito a Portugal (e Espanha), era escrito por um autor estrangeiro que não pôs os pés em Portugal e não usou referências portuguesas no seu trabalho. Resultado: saiu asneira da grossa. Os pressupostos estavam errados, a amostragem de dados parecia feita à medida dos resultados que se pretendiam obter. Aquilo era lixo do princípio ao fim. Perguntamo-nos: como foi possível os
referees de uma revista científica conceituada deixarem passar uma coisa destas? Simples: é que os dados estavam todos muito bem trabalhados, usando procedimentos estatísticos muito complexos, fazendo o artigo parecer credível aos olhos dos avaliadores.
Quando vi aquela quantidade de 'bacoradas' fiquei revoltado - não só pelas bacoradas propriamente ditas mas por ver o trabalho já desenvolvido em Portugal ostensivamente ignorado - e comentei com um cientista português da área a minha vontade de escrever para lá, a fim de contestar o dito artigo. Ele desaconselhou-me a fazê-lo, porque era extremamente difícil ter um artigo publicado na dita revista (esta tinha mais de 100 anos de existência e só dois portugueses até à data tinham conseguido publicar nela). Apesar disto, e mesmo sem ser cientista nem ter estudos na área em causa, decidi avançar com a minha contestação: escrevi uma 'short note' contestando o dito artigo e enviei à dita revista; contra todas as probabilidades esta contestação foi publicada. Não houve reacções posteriores e aquilo que o autor do artigo propunha nunca foi avante.
Depois deste episódio nunca mais 'comprei' a credibilidade de um trabalho só por causa das habilitações do seu autor.