Pata-Hari Escreveu:JLMF, como defines/medes/avalias o retorno desse investimento? nota que estamos na bancarrota, explica-me em como é que esse investimento nos salva do drama que estamos a viver e dos sacrificios que nos estão a ser impostos e que são imediatos.
É engraçado atirar para o "economicismo" quando os ordenados estão a ser cortados, o desemprego a subir, o país a ser vendido por excessos cometidos no passado. Não espaço nem para as bicas das embaixadas. O que tu chamas de investimento, eu chamo de um fringe e um luxo que é permitido quando se pode pagar por ele. É bonito e simpático mas longe de ser necessário. Quando um português opta por deixar o seu país e passar a pagar impostos fora, não esra certamente que o estado português continue a educar as crianças dos que estão fora.
E talvez eu até nem seja suspeita porque já estive de todos os lados da questão: tenho filhos quadrilingues, nascidos num país que não portugal e que ainda hoje, vivendo cá, só têm aulas em duas das línguas deixando uma das línguas maternas de fora. É que sabes....os finlandeses não pagam para aulas de finlandês aos filhos de finlandeses. Se calhar porque acham que ou é um luxo, ou que o "investimento" não tem retorno.
Pois será dificil "medir" o retorno em termos culturais da difusão de uma lingua, de uma cultura e neste caso concreto de um apoio a uma comunidade de emigrantes que como sabemos mudou muito nos ultimos anos mas que ainda tem uma componente considerável de elementos com alguma dificuldade em transmitir aos filhos algo que os faça senão divulgar pelo menos conhecer as suas origens.
Não quero pensar sequer em cultura a "medir" pq se assim fôr em breve teremos que medir o valor de um museu, de um teatro, de um livro, de uma musica, de um fado, de uma língua, de um povo, e á falta de medida padrão para avaliar/defenir, e como temos de ser salvos da bancarrota, que se acabe com a cultura, que custa e não rende, pq afinal historicamente assim se iniciaram periodos fartos em pensamentos unificados.
Referia-me no entanto ao muito que os milhões de Portugueses cujos filhos ficarão privados de 1:50h semanal de ensino de Português, contribuiram e contribuem financeiramente atraves das suas remessas e investimentos para o desenvolvimento de país de origem. Se em retorno tinham este apoio, penso que não era demais.
Pessoalmente tenho dupla nacionalidade, os meus filhos nem são Portugueses por opção, e nem tenho muita ligação á diáspora mas sei que está a ser muito mal vivida esta decisão.
Por ultimo o que considero um luxo neste caso, é o que os governantes Portugueses fazem desde há meia duzia de anos, pelo menos: Desprezar o que durante muitos anos foi uma das principais fontes de riqueza do país. H'a dias estive em Bruxelas e acabei por ver a RTP Internacional e vi o apelo oficial, repetido vezes sem conta, de uma secretaria qualquer de um ministério qualquer, aos emigrantes para que invistam em Portugal aplicando os meios financeiros e Know-how acumulado; Só quem está fora da realidade pode gastar milhares de euros com tamanha aberração televisiva, basta ouvir os comentários dos diversos segmentos culturais e etários dos nossos emigrantes e comparar os apoios por estes recebidos (?fecho de consulados, cortes culturais, etc)com os que lhes chegam dos seus países de origem ás comunidades espanholas, italianas, francesas e agora de alguns países do leste europeu, e estou a falar não só da Suiça, como da Alemanha, Holanda, Noruega, Luxemburgo, países que conheço bem em termos de comunidades Portuguesas e outras. Por muito que pesem financeiramente esses apoios, o retorno será enorme e se caminhamos para o deve haver sem moral, sem patriotismos, sem social, sem cultura, então no minimo um pouco de calculismo frio, germânico, seja o suficente para imaginar que o salário de algumas dezenas de profs não se compara ao que se perde em divisas, hoje, e no futuro considerando aqueles que afinal já não vão falar e ler português e que renunciam á nacionalidade Portuguesa porque afinal o consulado fechou e o mais próximo fica a centenas de kms apesar de serem localmente e em numero mais do que em algumas cidades Portuguesas.
E sim, sei de alguns cantões suiços que há muito se preocupam com o facto de Portugal não dar o mesmo apoio aos seus emigrantes que outros países dão e que apesar do ensino ser gratuito e de as aulas de lingua e cultura Portuguesa serem faculativas e extra curriculares, apoiam financeiramente este cursos porque observaram que uma boa integração depende em muito de um bom conhecimento das origens, embora ao nivel comunal e sobretudo os partidos de direita mais ou menos liberais proclamem e se admirem de Portugal desperdiçar assim secamente, o que outros fomentam com verdadeiras campanhas e apoios.