Secretário de Estado apela a jovens para emigrarem !
AutoMech Escreveu:Ferreira, olha que o tavaver já confessou que não é do PS mas sim um pouco mais à esquerda. Um dia temos de o convidar para beber uns canecos e envageliza-lo. Como já é um desses especuladores malvados do forex (ai, ai, se o pessoal do partido sabe...) não deve ser difícil converte-lo.
Isto, claro, se o tavaver aceitar o sumo de cevada produzido por esses capitalistas sem escrúpulos, que exploram pessoas na sua incessante procura do lucro.
Epá, temos de reconhecer que este forum sem o tavaver não era a mesma coisa.
Mais à esquerda ainda??Forex??Uiii! Realmente, uma coisa não casa bem com a outra!É melhor a gente fazer aqui um acordo tácito; acordo com os seguintes termos: não deixar transpirar daqui para fora estas valências do Tavaver.Senão, quando tal, ainda é excomungado pelo comité central do partido dele; ou em alternativa, ser-lhe vedada a carreira de coordenador.



“Successful trading is really very simple. Buy a stock at the right time and sell it at
the right time.”«Mel Raiman»
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Ferreira, olha que o tavaver já confessou que não é do PS mas sim um pouco mais à esquerda. Um dia temos de o convidar para beber uns canecos e envageliza-lo. Como já é um desses especuladores malvados do forex (ai, ai, se o pessoal do partido sabe...) não deve ser difícil converte-lo.
Isto, claro, se o tavaver aceitar o sumo de cevada produzido por esses capitalistas sem escrúpulos, que exploram pessoas na sua incessante procura do lucro.
Epá, temos de reconhecer que este forum sem o tavaver não era a mesma coisa.
Isto, claro, se o tavaver aceitar o sumo de cevada produzido por esses capitalistas sem escrúpulos, que exploram pessoas na sua incessante procura do lucro.
Epá, temos de reconhecer que este forum sem o tavaver não era a mesma coisa.

No man is rich enough to buy back his past - Oscar Wilde
tavaverquenao2 Escreveu:A quantidade de disparates que vos saíem pela boca, não sei se é nervoso ou resabianço. A razão porque não quero sair é familiar, só isso, não quero ficar longe de pessoas que gosto, mesmo ganhando menos. Não é dificil atingir mas posso fazer um desenho.
Bem, tu pensas nas coisas mas não as verbalizas; deixa-as ficar dentro de ti.Como queres que as pessoas adivinhem?Bem...ò homem ...se o teu desígnio é esse, é um desejo nobre; agora..não é de modo nenhum aquilo que deixas transparecer nos teus posts.
Mantenho o que disse; estás, isso sim, embutido de uma missão, em prol de uma ideologia.Quiçá, aquela que te parece ser o veiculo para que possas atingir esse desejo.Deixa estar, o teu partido está a ouvir-te;tem fé nisso!:mrgreen: De certo que ele vai cumprir o teu desejo!
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the right time.”«Mel Raiman»
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A quantidade de disparates que vos saíem pela boca, não sei se é nervoso ou resabianço. A razão porque não quero sair é familiar, só isso, não quero ficar longe de pessoas que gosto, mesmo ganhando menos. Não é dificil atingir mas posso fazer um desenho. 

Plan the trade and trade the plan
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Las_Vegas Escreveu:tavaverquenao2 Escreveu:Só espero é não ficar sozinho cá no nosso quintal, porque há coisas que o dinheiro não compra. Aconteça o que acontecer, daqui ninguém me tira.
Mesmo que acabem os subsídios? (...)
Se acabarem os subsídios, que remédio, o tavaverquenão2 tem que migrar de modo a seguir o rasto dos subsídios.LOL Então, mas... sem os subsídios, a ideologia dele não tem piada.TAVA a ver bem a coisa ou Não estou?
ò Tavaverquenão2; tu fazes por aqui uma cruzada em defesa do teu partido; Ouve lá: essas coisas dolorosas que os Portugueses estão a sentir e das quais muito se queixam, afinal, também não tiveram a assinatura do teu partido?Ò homem, na altura, até era ele (o teu partido) o timoneiro!
Tu estás a levar algum tempo a perceber que os partidos são todos iguais.Por mais que tentes fazer para ai uma cosmética de modo a passar a ideia de que o PS quando toca a malhar na malta, fá-lo de forma mais suave e de mansinho, a ponto que a malta somente sente umas cocegas, a verdade é que o programa da troika é o programa do teu partido que está a ser implementado!Quem diria!o teu partido fazia-o de forma mais eficiente?Bem...rentabilidades passadas não garantem rentabilidades futuras;lol pelo que se for pela eficiência que usou no passado,a ponto de ter que chamar ajuda, arranjem para ai uma camioneta de dinheiro porque se o PS estiver banhado de dinheiro, a coisa funciona! O dinheiro dá a folga que a inteligência não consegue!Percebeste?LOL
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artista Escreveu:crybaby Escreveu:E a diferença na prática é?
Cá como lá, a emigração é parte da solução... Só prova que não estamos sozinhos nisto...
Não sei se haverá diferença prática mas, mesmo que não haja, a forma como se fazem as coisas, sobretudo nesta fase horrível que o país está a passar, não é algo que tenha pouca importância. A mensagem dos políticos, a forma como explicam (ou não explicam) às pessoas o que se está a passar e as opções que tomam, é tão o mais importante que as opções em si...
Não te censuro por não perceberes isto, infelizmente quem está ao leme do país também ainda não percebeu!
Eu perceber percebo, mas palha para burros já há na televisão todos os dias... Quero é ver acções e isso nem aqui nem em Itália...
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crybaby Escreveu:E a diferença na prática é?
Cá como lá, a emigração é parte da solução... Só prova que não estamos sozinhos nisto...
Não sei se haverá diferença prática mas, mesmo que não haja, a forma como se fazem as coisas, sobretudo nesta fase horrível que o país está a passar, não é algo que tenha pouca importância. A mensagem dos políticos, a forma como explicam (ou não explicam) às pessoas o que se está a passar e as opções que tomam, é tão o mais importante que as opções em si...
Não te censuro por não perceberes isto, infelizmente quem está ao leme do país também ainda não percebeu!

Sugestões de trading, análises técnicas, estratégias e ideias http://sobe-e-desce.blogspot.com/
http://www.gamesandfun.pt/afiliado&id=28
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Re: Re
Cem pt Escreveu:Não sou jovem mas sou emigrante.
Emigrei cerca de 3 meses depois do apelo do Secretário de Estado.
Serei provavelmente um emigrante privilegiado porque o convite para ir para o estrangeiro partiu da Empresa onde trabalhava em Portugal, não necessitei por isso de andar a pedinchar um emprego lá fora.
Tanto as declarações do Secretário de Estado como do Primeiro-Ministro na altura considerei-as chocantes, foi como se tivessem dado um pontapé no traseiro a todos e quaisquer portugueses válidos para trabalhar, dizendo-lhes que Portugal não precisava deles ou que no seu próprio País não havia mais lugar para eles.
A sério que fiquei com raiva destes governantes, uns meninos mimados pendurados nas “jotas” que pouco ou nada fizeram na vida em termos de trabalho duro ou sério.
Passados quase um ano e meio no estrangeiro sinto que tomei a melhor opção. Há muito trabalho no exterior, a empresa dá valor ao que fazemos, atribuindo excelentes prémios para além de boas regalias salariais, e ganha-se muito melhor que em Portugal.
Envolvemo-nos em negócios mirabolantes que, contados em Portugal, ninguém acreditaria. Uma aventura com um “thriller” fabuloso digno de telenovelas!
Estou feliz e sinto-me bem comigo mesmo, sinto-me útil à Empresa e, indiretamente, ao País no dia em que eventuais benefícios do que estamos a fazer possam resultar na contribuição de um próximo recrutamento de mais umas centenas ou mesmo milhares de portugueses que um dia se possam juntar a nós cá fora para dar corpo aos projetos que se estão a ultimar.
Olhando em retrospetiva provavelmente já deveria ter saído de Portugal há muito mais tempo.
Quanto aos comentários iniciais do “emigrem” hoje só tenho a dizer: obrigado pelo conselho, se calhar foi a única coisa boa que fizeram pelos portugueses no Governo até hoje em Portugal!
Gostei bastante de ler, infelizmente também conheço muita gente que não tem tido muita sorte além fronteiras, porém o importante é ser persistente e não desistir às primeiras dificuldades.
Espero que tudo corra pelo melhor , e que nos continues a presentear com as tuas análises e sistemas aqui no fórum.
Abraço

"..Ter dinheiro parado é como deixar o sexo para a velhice.." - Warren Buffett
Re
Não sou jovem mas sou emigrante.
Emigrei cerca de 3 meses depois do apelo do Secretário de Estado.
Serei provavelmente um emigrante privilegiado porque o convite para ir para o estrangeiro partiu da Empresa onde trabalhava em Portugal, não necessitei por isso de andar a pedinchar um emprego lá fora.
Tanto as declarações do Secretário de Estado como do Primeiro-Ministro na altura considerei-as chocantes, foi como se tivessem dado um pontapé no traseiro a todos e quaisquer portugueses válidos para trabalhar, dizendo-lhes que Portugal não precisava deles ou que no seu próprio País não havia mais lugar para eles.
A sério que fiquei com raiva destes governantes, uns meninos mimados pendurados nas “jotas” que pouco ou nada fizeram na vida em termos de trabalho duro ou sério.
Passados quase um ano e meio no estrangeiro sinto que tomei a melhor opção. Há muito trabalho no exterior, a empresa dá valor ao que fazemos, atribuindo excelentes prémios para além de boas regalias salariais, e ganha-se muito melhor que em Portugal.
Envolvemo-nos em negócios mirabolantes que, contados em Portugal, ninguém acreditaria. Uma aventura com um “thriller” fabuloso digno de telenovelas!
Estou feliz e sinto-me bem comigo mesmo, sinto-me útil à Empresa e, indiretamente, ao País no dia em que eventuais benefícios do que estamos a fazer possam resultar na contribuição de um próximo recrutamento de mais umas centenas ou mesmo milhares de portugueses que um dia se possam juntar a nós cá fora para dar corpo aos projetos que se estão a ultimar.
Olhando em retrospetiva provavelmente já deveria ter saído de Portugal há muito mais tempo.
Quanto aos comentários iniciais do “emigrem” hoje só tenho a dizer: obrigado pelo conselho, se calhar foi a única coisa boa que fizeram pelos portugueses no Governo até hoje em Portugal!
Emigrei cerca de 3 meses depois do apelo do Secretário de Estado.
Serei provavelmente um emigrante privilegiado porque o convite para ir para o estrangeiro partiu da Empresa onde trabalhava em Portugal, não necessitei por isso de andar a pedinchar um emprego lá fora.
Tanto as declarações do Secretário de Estado como do Primeiro-Ministro na altura considerei-as chocantes, foi como se tivessem dado um pontapé no traseiro a todos e quaisquer portugueses válidos para trabalhar, dizendo-lhes que Portugal não precisava deles ou que no seu próprio País não havia mais lugar para eles.
A sério que fiquei com raiva destes governantes, uns meninos mimados pendurados nas “jotas” que pouco ou nada fizeram na vida em termos de trabalho duro ou sério.
Passados quase um ano e meio no estrangeiro sinto que tomei a melhor opção. Há muito trabalho no exterior, a empresa dá valor ao que fazemos, atribuindo excelentes prémios para além de boas regalias salariais, e ganha-se muito melhor que em Portugal.
Envolvemo-nos em negócios mirabolantes que, contados em Portugal, ninguém acreditaria. Uma aventura com um “thriller” fabuloso digno de telenovelas!
Estou feliz e sinto-me bem comigo mesmo, sinto-me útil à Empresa e, indiretamente, ao País no dia em que eventuais benefícios do que estamos a fazer possam resultar na contribuição de um próximo recrutamento de mais umas centenas ou mesmo milhares de portugueses que um dia se possam juntar a nós cá fora para dar corpo aos projetos que se estão a ultimar.
Olhando em retrospetiva provavelmente já deveria ter saído de Portugal há muito mais tempo.
Quanto aos comentários iniciais do “emigrem” hoje só tenho a dizer: obrigado pelo conselho, se calhar foi a única coisa boa que fizeram pelos portugueses no Governo até hoje em Portugal!
O autor não assume responsabilidades por acções tomadas por quem quer que seja nem providencia conselhos de investimento. O autor não faz promessas nem oferece garantias nem sugestões, limita-se a transmitir a sua opinião pessoal. Cada um assume os seus riscos, incluindo os que possam resultar em perdas.
Citações que me assentam bem:
Sucesso é a habilidade de ir de falhanço em falhanço sem perda de entusiasmo – Winston Churchill
Há milhões de maneiras de ganhar dinheiro nos mercados. O problema é que é muito difícil encontrá-las - Jack Schwager
No soy monedita de oro pa caerle bien a todos - Hugo Chávez
O day trader trabalha para se ajustar ao mercado. O mercado trabalha para o trend trader! - Jay Brown / Commodity Research Bureau
Citações que me assentam bem:
Sucesso é a habilidade de ir de falhanço em falhanço sem perda de entusiasmo – Winston Churchill
Há milhões de maneiras de ganhar dinheiro nos mercados. O problema é que é muito difícil encontrá-las - Jack Schwager
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Primeiro-ministro italiano pede desculpa a jovens forçados a emigrar
Enrico Letta garantiu que o seu Governo "fará o máximo" para colocar os jovens "em condições de escolher se querem ficar ou partir."
Lusa
11:36 Domingo, 2 de Junho de 2013
Primeiro-ministro italiano pede desculpa a jovens forçados a emigrar Reuters/Laurent Dubrule
O chefe do Governo italiano, Enrico Letta, pediu hoje desculpa aos jovens italianos que se foram "forçados a emigrar" por causa da recessão que atingiu a Itália, numa carta publicada no jornal "La Stampa".
Letta, que lidera o primeiro executivo de coligação entre a esquerda e a direita no pós-guerra, pediu desculpa "em nome de uma classe política que, durante muito tempo, parece não ter compreendido que com as suas palavras, as suas ações e omissões, permitiu a dissipação de paixões, sacrifícios e competências".
A carta surge como resposta a um editorial do "La Stampa" intitulado "Brutta Ciao", que cita numerosos casos de jovens talentos que estão a deixar "um país moribundo, sem esperança e sem futuro".
Segundo estatísticas recentes, a taxa de desemprego em Itália ultrapassada os 12%, mas entre os jovens é superior a 40% e não tem parado de crescer nos últimos meses.
O "La Stampa" publica também hoje um artigo que dá conta que nos últimos 10 anos saíram do país mais de 300 mil jovens "cérebros" italianos, que se instalaram na Alemanha, Reino Unido, França e Estados Unidos.
Luta europeia
Na carta, Letta reafirma que a prioridade do Governo é travar a saída de jovens, adiantando que se tem multiplicado em encontros ao nível europeu para conseguir colocar o tema na ordem do dia do próximo conselho europeu do fim de junho em Bruxelas.
Por outro lado, assegurou que "nos próximos conselhos de ministros serão adotadas medidas para livrar o mercado de trabalho dos seus pesos e injustiças, para conseguir emprego estável para os jovens, para apoiar a Itália que inova, elevar os jovens italianos aos mesmos níveis de instrução e mobilidade social dos seus vizinhos europeus e libertar as energias de um país sufocado pelos privilégios, pela burocracia e pelo conservadorismo".
Segundo Letta, o seu Governo "fará o máximo" para colocar os jovens "em condições de escolher se querem ficar ou partir [...] e eventualmente regressarem para contribuir para a reconstrução difícil, mas possível do futuro" de Itália.
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/primeiro-minist ... z2VFRXZMIc
"Só duas coisas são infinitas, o universo e a estupidez humana. Mas no que respeita ao universo ainda não tenho a certeza" Einstein
“Com os actuais meios de acesso à informação, a ignorância não é uma fatalidade, mas uma escolha pessoal" Eu
“Com os actuais meios de acesso à informação, a ignorância não é uma fatalidade, mas uma escolha pessoal" Eu
Este texto foi publicado no Facebook pela sua autora.
Exmo Senhor Primeiro Ministro
Começo por me apresentar, uma vez que estou certa que nunca ouviu falar de mim. Chamo-me Myriam. Myriam Zaluar é o meu nome "de guerra". Basilio é o apelido pelo qual me conhecem os meus amigos mais antigos e também os que, não sendo amigos, se lembram de mim em anos mais recuados.
Nasci em França, porque o meu pai teve de deixar o seu país aos 20 e poucos anos. Fê-lo porque se recusou a combater numa guerra contra a qual se erguia. Fê-lo porque se recusou a continuar num país onde não havia liberdade de dizer, de fazer, de pensar, de crescer. Estou feliz por o meu pai ter emigrado, porque se não o tivesse feito, eu não estaria aqui. Nasci em França, porque a minha mãe teve de deixar o seu país aos 19 anos. Fê-lo porque não tinha hipóteses de estudar e desenvolver o seu potencial no país onde nasceu. Foi para França estudar e trabalhar e estou feliz por tê-lo feito, pois se assim não fosse eu não estaria aqui. Estou feliz por os meus pais terem emigrado, caso contrário nunca se teriam conhecido e eu não estaria aqui. Não tenho porém a ingenuidade de pensar que foi fácil para eles sair do país onde nasceram. Durante anos o meu pai não pôde entrar no seu país, pois se o fizesse seria preso. A minha mãe não pôde despedir-se de pessoas que amava porque viveu sempre longe delas. Mais tarde, o 25 de Abril abriu as portas ao regresso do meu pai e viemos todos para o país que era o dele e que passou a ser o nosso. Viemos para viver, sonhar e crescer.
Cresci. Na escola, distingui-me dos demais. Fui rebelde e nem sempre uma menina exemplar mas entrei na faculdade com 17 anos e com a melhor média daquele ano: 17,6. Naquela altura, só havia três cursos em Portugal onde era mais dificil entrar do que no meu. Não quero com isto dizer que era uma super-estudante, longe disso. Baldei-me a algumas aulas, deixei cadeiras para trás, saí, curti, namorei, vivi intensamente, mas mesmo assim licenciei-me com 23 anos. Durante a licenciatura dei explicações, fiz traduções, escrevi textos para rádio, coleccionei estágios, desperdicei algumas oportunidades, aproveitei outras, aprendi muito, esqueci-me de muito do que tinha aprendido.
Cresci. Conquistei o meu primeiro emprego sozinha. Trabalhei. Ganhei a vida. Despedi-me. Conquistei outro emprego, mais uma vez sem ajudas. Trabalhei mais. Saí de casa dos meus pais. Paguei o meu primeiro carro, a minha primeira viagem, a minha primeira renda. Fiquei efectiva. Tornei-me personna non grata no meu local de trabalho. "És provavelmente aquela que melhor escreve e que mais produz aqui dentro." - disseram-me - "Mas tenho de te mandar embora porque te ris demasiado alto na redacção". Fiquei.
Aos 27 anos conheci a prateleira. Tive o meu primeiro filho. Aos 28 anos conheci o desemprego. "Não há-de ser nada, pensei. Sou jovem, tenho um bom curriculo, arranjarei trabalho num instante". Não arranjei. Aos 29 anos conheci a precariedade. Desde então nunca deixei de trabalhar mas nunca mais conheci outra coisa que não fosse a precariedade. Aos 37 anos, idade com que o senhor se licenciou, tinha eu dois filhos, 15 anos de licenciatura, 15 de carteira profissional de jornalista e carreira 'congelada'. Tinha também 18 anos de experiência profissional como jornalista, tradutora e professora, vários cursos, um CAP caducado, domínio total de três línguas, duas das quais como "nativa". Tinha como ordenado 'fixo' 485 euros x 7 meses por ano. Tinha iniciado um mestrado que tive depois de suspender pois foi preciso escolher entre trabalhar para pagar as contas ou para completar o curso. O meu dia, senhor primeiro ministro, só tinha 24 horas...
Cresci mais. Aos 38 anos conheci o mobbying. Conheci as insónias noites a fio. Conheci o medo do amanhã. Conheci, pela vigésima vez, a passagem de bestial a besta. Conheci o desespero. Conheci - felizmente! - também outras pessoas que partilhavam comigo a revolta. Percebi que não estava só. Percebi que a culpa não era minha. Cresci. Conheci-me melhor. Percebi que tinha valor.
Senhor primeiro-ministro, vou poupá-lo a mais pormenores sobre a minha vida. Tenho a dizer-lhe o seguinte: faço hoje 42 anos. Sou doutorada e investigadora da Universidade do Minho. Os meus pais, que deviam estar a reformar-se, depois de uma vida dedicada à investigação, ao ensino, ao crescimento deste país e das suas filhas e netos, os meus pais, que deviam estar a comprar uma casinha na praia para conhecerem algum descanso e descontracção, continuam a trabalhar e estão a assegurar aos meus filhos aquilo que eu não posso. Material escolar. Roupa. Sapatos. Dinheiro de bolso. Lazeres. Actividades extra-escolares. Quanto a mim, tenho actualmente como ordenado fixo 405 euros X 7 meses por ano. Sim, leu bem, senhor primeiro-ministro. A universidade na qual lecciono há 16 anos conseguiu mais uma vez reduzir-me o ordenado. Todo o trabalho que arranjo é extra e a recibos verdes. Não sou independente, senhor primeiro ministro. Sempre que tenho extras tenho de contar com apoios familiares para que os meus filhos não fiquem sozinhos em casa. Tenho uma dívida de mais de cinco anos à Segurança Social que, por sua vez, deveria ter fornecido um dossier ao Tribunal de Família e Menores há mais de três a fim que os meus filhos possam receber a pensão de alimentos a que têm direito pois sou mãe solteira. Até hoje, não o fez.
Tenho a dizer-lhe o seguinte, senhor primeiro-ministro: nunca fui administradora de coisa nenhuma e o salário mais elevado que auferi até hoje não chegava aos mil euros. Isto foi ainda no tempo dos escudos, na altura em que eu enchia o depósito do meu renault clio com cinco contos e ia jantar fora e acampar todos os fins-de-semana. Talvez isso fosse viver acima das minhas possibilidades. Talvez as duas viagens que fiz a Cabo-Verde e ao Brasil e que paguei com o dinheiro que ganhei com o meu trabalho tivessem sido luxos. Talvez o carro de 12 anos que conduzo e que me custou 2 mil euros a pronto pagamento seja um excesso, mas sabe, senhor primeiro-ministro, por mais que faça e refaça as contas, e por mais que a gasolina teime em aumentar, continua a sair-me mais em conta andar neste carro do que de transportes públicos. Talvez a casa que comprei e que devo ao banco tenha sido uma inconsciência mas na altura saía mais barato do que arrendar uma, sabe, senhor primeiro-ministro. Mesmo assim nunca me passou pela cabeça emigrar...
Mas hoje, senhor primeiro-ministro, hoje passa. Hoje faço 42 anos e tenho a dizer-lhe o seguinte, senhor primeiro-ministro: Tenho mais habilitações literárias que o senhor. Tenho mais experiência profissional que o senhor. Escrevo e falo português melhor do que o senhor. Falo inglês melhor que o senhor. Francês então nem se fale. Não falo alemão mas duvido que o senhor fale e também não vejo, sinceramente, a utilidade de saber tal língua. Em compensação falo castelhano melhor do que o senhor. Mas como o senhor é o primeiro-ministro e dá tão bons conselhos aos seus governados, quero pedir-lhe um conselho, apesar de não ter votado em si. Agora que penso emigrar, que me aconselha a fazer em relação aos meus dois filhos, que nasceram em Portugal e têm cá todas as suas referências? Devo arrancá-los do seu país, separá-los da família, dos amigos, de tudo aquilo que conhecem e amam? E, já agora, que lhes devo dizer? Que devo responder ao meu filho de 14 anos quando me pergunta que caminho seguir nos estudos? Que vale a pena seguir os seus interesses e aptidões, como os meus pais me disseram a mim? Ou que mais vale enveredar já por outra via (já agora diga-me qual, senhor primeiro-ministro) para que não se torne também ele um excedentário no seu próprio país? Ou, ainda, que venha comigo para Angola ou para o Brasil por que ali será com certeza muito mais valorizado e feliz do que no seu país, um país que deveria dar-lhe as melhores condições para crescer pois ele é um dos seus melhores - e cada vez mais raros - valores: um ser humano em formação.
Bom, esta carta que, estou praticamente certa, o senhor não irá ler já vai longa. Quero apenas dizer-lhe o seguinte, senhor primeiro-ministro: aos 42 anos já dei muito mais a este país do que o senhor. Já trabalhei mais, esforcei-me mais, lutei mais e não tenho qualquer dúvida de que sofri muito mais. Ganhei, claro, infinitamente menos. Para ser mais exacta o meu IRS do ano passado foi de 4 mil euros. Sim, leu bem, senhor primeiro-ministro. No ano passado ganhei 4 mil euros. Deve ser das minhas baixas qualificações. Da minha preguiça. Da minha incapacidade. Do meu excedentarismo. Portanto, é o seguinte, senhor primeiro-ministro: emigre você, senhor primeiro-ministro. E leve consigo os seus ministros. O da mota. O da fala lenta. O que veio do estrangeiro. E o resto da maralha. Leve-os, senhor primeiro-ministro, para longe. Olhe, leve-os para o Deserto do Sahara. Pode ser que os outros dois aprendam alguma coisa sobre acordos de pesca.
Com o mais elevado desprezo e desconsideração, desejo-lhe, ainda assim, feliz natal OU feliz ano novo à sua escolha, senhor primeiro-ministro.
E como eu sou aqui sem dúvida o elo mais fraco, adeus.
Myriam Zaluar, 19/12/2011
Abraço,
Carrancho
Carrancho
Miguel Relvas quer Portugal a "olhar menos" para Europa
Ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares sublinha que o país "precisa necessariamente de exportar e precisa de encontrar novos mercados".
O ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, defendeu hoje que Portugal deve "olhar para outros mundos" e menos para a Europa e valorizou a existência de uma nova emigração protagonizada por uma "juventude bem preparada".
"Se nós olharmos para a nossa história, sabemos que sempre que nos encostaram ao oceano foram os momentos de maior glória da nossa história", disse Miguel Relvas. Na sua opinião, "a verdade é que nos últimos 20 anos estivemos demasiado preocupados com a Europa".
Ressalvando que os portugueses "não devem deixar de olhar para a Europa", o ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares disse que "Portugal é forte quando olha para o mundo", acrescentando que "a vocação do Atlântico Sul é a vocação da nossa história".
Para o governante, que falava nos Paços do Concelho de Penela, vive-se "um tempo de incerteza em Portugal como em toda a Europa" e o país "precisa necessariamente de exportar e precisa de encontrar novos mercados".
Importa, no entanto, que esses mercados não sejam "os que vivem hoje no mesmo mar de incertezas em que nós nos encontramos", referindo que a situação de Espanha deve preocupar Portugal.
Miguel Relvas recordou a sua recente viagem a Moçambique e disse ter apreciado em Maputo, em contacto com jovens licenciados portugueses que trabalham no país, a sua maneira de "ver o mundo com outros olhos" e a sua "capacidade de se adaptarem" a novas realidades.
"Temos uma adaptabilidade de tal forma que nos permite estarmos nas Américas, na Ásia ou nas Áfricas como estamos no nosso continente ou no nosso país", afirmou.
"Está na hora e na altura de sabermos aproveitar essa condição natural" dos portugueses, pois "foi também por dificuldades que vivemos à época que nós fomos à vida, à procura de outros mundos e de outros mercados", no século XV, disse.
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.as ... &did=45662
Don't run a race that doesn't have a finish line.
Turney Duff
Turney Duff
mcarvalho Escreveu:
Conheces a realidade do interior?
abraço
mcarvalho
Caro mcarvalho,
Conheço alguns locais de passagem, outros de visita e um outro de viver lá uns anos (semi-interior).
Mas admito que possa conhecer muito pouco comparado contigo.
abtaço
"In a losing game such as trading, we shall start against the majority and assume we are wrong until proven correct!" - Phantom of the Pits
Declamador de poesia Nuno Miguel Henriques quer disputar liderança com Passos Coelho
27/12/2011
O declamador de poesia Nuno Miguel Henriques anunciou hoje a intenção de disputar a liderança do PSD com Pedro Passos Coelho, por entender que este deve deixar esse cargo e dedicar-se exclusivamente ao de primeiro-ministro.
Para ser candidato à liderança do PSD nas eleições directas de 3 de Março do próximo ano, Nuno Miguel Henriques terá de reunir 1500 assinaturas de militantes sociais-democratas e apresentá-las até ao dia 28 de Fevereiro.
Em conferência de imprensa, num hotel de Lisboa, este licenciado em ciências sociais, de 38 anos, consultor de imagem e declamador de poesia, natural da Covilhã, afirmou que "obviamente" tem apoios suficientes para isso e que quer ser "levado a sério".
Em 2008, Nuno Miguel Henriques foi director de campanha e mandatário nacional do candidato à liderança do PSD Mário Patinha Antão, mas abandonou essa candidatura antes das eleições e foi depois dado como apoiante de Pedro Santana Lopes.
Membro da Assembleia Municipal do Fundão e da comissão política concelhia social-democrata de Torres Vedras, Nuno Miguel Henriques fez o anúncio de que tenciona candidatar-se às directas de 3 de Março numa das salas de um hotel de quatro estrelas onde se realizam habitualmente as reuniões do Conselho Nacional do PSD, perante meia dúzia de jornalistas.
"Esta candidatura preconiza um objectivo primordial: a libertação do primeiro-ministro de Portugal da obrigação de ser em simultâneo presidente do PSD", justificou, defendendo que "o presidente do PSD deve estar disponível a tempo inteiro para as funções político-partidárias junto dos militantes e simpatizantes do PSD".
Nuno Miguel Henriques alegou que sabe "aquilo que é bom para o país, principalmente para o PSD" e que conta "com alguma colaboração de militantes um pouco por todo o país", tendo já começado a recolher as 1500 assinaturas necessárias para formalizar a sua candidatura.
Questionado se não teme não ser levado a sério, respondeu: "Por que não? Por que é que não devo ser levado a sério? Qual a razão por que não se leva a sério um militante que sempre se empenhou, que pretende contribuir positivamente com ideias? Não temo nada, porque quem teme nunca alcança, e a sorte protege os audazes".
Na sua página na Internet, www.nunomiguelhenriques.com, apresenta-se como consultor e assessor de imagem e protocolo, como professor, conferencista, "diseur" de poesia, autor e encenador de teatro, com onze CD de poesia editados.
27/12/2011
O declamador de poesia Nuno Miguel Henriques anunciou hoje a intenção de disputar a liderança do PSD com Pedro Passos Coelho, por entender que este deve deixar esse cargo e dedicar-se exclusivamente ao de primeiro-ministro.
Para ser candidato à liderança do PSD nas eleições directas de 3 de Março do próximo ano, Nuno Miguel Henriques terá de reunir 1500 assinaturas de militantes sociais-democratas e apresentá-las até ao dia 28 de Fevereiro.
Em conferência de imprensa, num hotel de Lisboa, este licenciado em ciências sociais, de 38 anos, consultor de imagem e declamador de poesia, natural da Covilhã, afirmou que "obviamente" tem apoios suficientes para isso e que quer ser "levado a sério".
Em 2008, Nuno Miguel Henriques foi director de campanha e mandatário nacional do candidato à liderança do PSD Mário Patinha Antão, mas abandonou essa candidatura antes das eleições e foi depois dado como apoiante de Pedro Santana Lopes.
Membro da Assembleia Municipal do Fundão e da comissão política concelhia social-democrata de Torres Vedras, Nuno Miguel Henriques fez o anúncio de que tenciona candidatar-se às directas de 3 de Março numa das salas de um hotel de quatro estrelas onde se realizam habitualmente as reuniões do Conselho Nacional do PSD, perante meia dúzia de jornalistas.
"Esta candidatura preconiza um objectivo primordial: a libertação do primeiro-ministro de Portugal da obrigação de ser em simultâneo presidente do PSD", justificou, defendendo que "o presidente do PSD deve estar disponível a tempo inteiro para as funções político-partidárias junto dos militantes e simpatizantes do PSD".
Nuno Miguel Henriques alegou que sabe "aquilo que é bom para o país, principalmente para o PSD" e que conta "com alguma colaboração de militantes um pouco por todo o país", tendo já começado a recolher as 1500 assinaturas necessárias para formalizar a sua candidatura.
Questionado se não teme não ser levado a sério, respondeu: "Por que não? Por que é que não devo ser levado a sério? Qual a razão por que não se leva a sério um militante que sempre se empenhou, que pretende contribuir positivamente com ideias? Não temo nada, porque quem teme nunca alcança, e a sorte protege os audazes".
Na sua página na Internet, www.nunomiguelhenriques.com, apresenta-se como consultor e assessor de imagem e protocolo, como professor, conferencista, "diseur" de poesia, autor e encenador de teatro, com onze CD de poesia editados.
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migluso Escreveu:mcarvalho Escreveu:e depois...
quem abandonar os terrenos .. sai-lhe caro
aproveitar o potencial do mundo rural ???!! com quem??? Só se for com Romenos .. pois mais ninguém quer vir para cá .. e os de cá são enxotados
Os de cá não foram enxotados. Como não dá para ensinar a tabuada ou a gramática às couves, a outra "sugestão" apresentada foi aprendermos a plantar couves.
Ainda assim:Os portugueses que mais procuram Angola profissionalmente são sobretudos da área da construção, indústria, serviços, indústria extractiva, serviços de telecomunicações e transportes, ciência e tecnologia, além de “professores nas academias, porque há uma intensidade nas relações entre as universidades”, apontou o embaixador.
http://www.publico.pt/Pol%C3%ADtica/emb ... is-1526436
Cumps
Caro Miguel
Conheces a realidade do interior?
concordo que o interior mais pareça ficção..
Se quiseres podemos conversar sobre isso
abraço
mcarvalho
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pepi Escreveu:Acho que este video merecia um tópico para o tornar mais visivel... mas aqui também fica bem, sendo o meu contributo para esta discussão!
O video é interessante, já o conhecia, mas tem pouco a ver com a discussão de fundo do tópico...
Sugestões de trading, análises técnicas, estratégias e ideias http://sobe-e-desce.blogspot.com/
http://www.gamesandfun.pt/afiliado&id=28
http://www.gamesandfun.pt/afiliado&id=28
Acho que este video merecia um tópico para o tornar mais visivel... mas aqui também fica bem, sendo o meu contributo para esta discussão!
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mcarvalho Escreveu:e depois...
quem abandonar os terrenos .. sai-lhe caro
aproveitar o potencial do mundo rural ???!! com quem??? Só se for com Romenos .. pois mais ninguém quer vir para cá .. e os de cá são enxotados
Os de cá não foram enxotados. Como não dá para ensinar a tabuada ou a gramática às couves, a outra "sugestão" apresentada foi aprendermos a plantar couves.
Ainda assim:
Os portugueses que mais procuram Angola profissionalmente são sobretudos da área da construção, indústria, serviços, indústria extractiva, serviços de telecomunicações e transportes, ciência e tecnologia, além de “professores nas academias, porque há uma intensidade nas relações entre as universidades”, apontou o embaixador.
http://www.publico.pt/Pol%C3%ADtica/emb ... is-1526436
Cumps
"In a losing game such as trading, we shall start against the majority and assume we are wrong until proven correct!" - Phantom of the Pits
Apelo à emigração
Apelo à emigração
A partir de meras frases circunstanciais de alguns membros do governo que foram interpretadas como incitamento à emigração dos jovens e dos professores, o tema de emigração suscitou na última semana grande excitação. Os jornais de referência dedicaram-lhe solenes editoriais, os políticos, dentro e fora da Assembleia da República, fizeram declarações estrondosas. A maioria dos comentários condenou a "falta de esperança" nas palavras dos governantes.
Mas pouco se esclareceu o papel que a emigração já teve e poderá agora repetir na sociedade portuguesa. Sobretudo, não se registou nem se compreendeu a escassez e insuficiência da emigração portuguesa das últimas décadas, nem o papel altamente positivo que estes fluxos podem ter na sociedade portuguesas - como factor de progresso, principalmente através da mobilidade social e da destruição das estruturas arcaicas da economia e da sociedade.
A emigração tem que ser entendida no quadro global das questões de mobilidade da população portuguesa. Ora, a mobilidade externa é muito reduzida como se pode constatar observando a tabela anexa que resume os valores conhecidos mais recentes dos fluxos emigratórios e a mobilidade dos estudantes do ensino superior da Europa.
Na última década, Portugal foi o sexto país com menos emigrantes proporcionalmente à sua população. Temos, em valores relativos, menos de ¼ dos emigrantes da média europeia. No caso das saídas de estudantes do ensino superior a situação é melhor mas, ainda assim, a proporção de expatriados pouco ultrapassa 1/3 da média europeia dos estudantes expatriados.
Como é evidente, por estas e outras1 observações empíricas, o arcaísmo e provincianismo das nossas estruturas de produção e circulação de produtos e de serviços são replicados no caso da circulação de pessoas. Não são, portanto aceitáveis os lamentos sobre a aceleração recente da emigração dos portugueses.
O tremendismo das críticas raia o terrorismo ideológico: aconselhar, sugerir, até aventar, a possibilidade da emigração de professores desempregados foi apelidado de tudo - até de "criminoso".
Se quisessem criticar com rigor e se porventura - coisa improvável - pretendesse estar do lado das vítimas candidatas a emigrar, argumentariam que os professores terão dificuldades em exercer outras profissões devido ao embuste que foi a sua formação. Em vez de lhes terem ensinado o necessário de matemática, português e outros instrumentos de trabalho, úteis em geral e até também para poderem ensinar tais matérias, impingiram-lhes tralha "pedagógica" o que lhes dificulta, entre outras coisas, a mobilidade profissional, em Portugal ou noutra parte do mundo.
Os sindicatos deveriam ser favoráveis à emigração. Teriam aí um poderoso factor de travão à descida dos salários. Como só valorizam "a luta" em detrimento de tudo, incluindo os salários, julgam, erradamente, que beneficiam de grandes massas desempregadas e desesperadas.
A verdade é que os críticos em apreço não gostam dos emigrantes pelo mesmo motivo que não gostam dos empresários. No fundo, os emigrantes são desprezados e ridicularizados, sobretudo no seu regresso. A iniciativa autónoma, individual e radical, como é por excelência a emigração, é desprezada.
Não admira que aqueles que mais criticamente reagiram às suaves e inócuas palavras dos governantes tenham sido as forças mais reaccionárias da sociedade.
A atitude emigratória é - por três razões principais - um factor social e economicamente muito positivo.
Primeiro: a emigração representa a melhor reacção - física, radical e individual - da população às situações de pobreza de desigualdade ou de injustiça. A reacção emigratória deveria ser apoiada pelas forças que combatem estas situações. A atitude perante a emigração permite aferir a distância entre a teoria, as declarações de princípios e a dura realidade das práticas do dia-a-dia das pessoas e das organizações.
Segundo: a emigração é um poderoso factor de aprendizagem e de circulação de informação, de produtos, serviços e capitais e, em geral, de fecundação da economia e das sociedades, tanto de destino como de origem como é agora o caso em apreço.
Terceiro: a emigração é um choque que poderá constituir um poderoso factor de desequilíbrio de sociedades que enfrentam impasses, devido a obstáculos e resistências sociais e políticas difíceis de estilhaçar. A larvar e eficaz resistência às profundas reformas que a sociedade portuguesa há muito necessita poderá ser amolecida com uma emigração significativa nos próximos anos.
Os mesmos que se dizem preocupar com a emigração são os mesmos que ficam indiferentes - quando não se declaram abertamente contra - aos movimentos de regresso dos nossos emigrantes. O que os importa, acima de tudo, é contrariar a mobilidade e a iniciativa dos mais activos e inconformados.
A atitude face à emigração deve ser enquadrada numa posição de abertura face à mobilidade social e económica em geral. As restrições à emigração, quer em termos de políticas quer de pensamento, relevam sobretudo de posições ultraconservadores e reaccionárias, qualquer que seja a forma com que se disfarcem. É próprio destas perspectivas reprimir os movimentos de populações quer no interior quer para o exterior. É muito frágil a posição de alguns críticos segundo os quais "nem nos tempos do salazarismo se ouviu um governante dizer que os portugueses deviam ir embora"; claro que não, ouviam-se antes os tiros de perseguição nas fronteiras contra aqueles que procuravam sair a salto, contra a vontade dos que então, como agora, visam tolher a liberdade de circulação das populações.
Aqueles que - jovens ou maduros, profissionais manuais ou intelectuais - ousem emigrar, por necessidade ou ambição, merecem o nosso apoio e solidariedade.
O mesmo conforto merecem igualmente todos os que - incluindo os governantes - manifestem esse apoio e solidariedade àquela atitude de inconformismo radical.
O provincianismo e o cultivo de posições periféricas e isolacionista foram, e continuam a ser, dos principais obstáculos ao nosso desenvolvimento. Contrariar tais pechas - mesmo quando temos pela frente autênticas barreiras que, travestidas de posições progressistas, constituem puro terrorismo ideológico - não sendo tarefa fácil, não poderá ser contornada.
As críticas em apreço podem ser eleitoralmente rentáveis, porque fazem apelo aos reflexos mais atávicos, mas revelam uma ignorância da realidade e uma falência moral lamentáveis.
1 Para um enquadramento da situação portuguesa, pode ver-se a recente edição da Comissão da U.E.: Migrants in Europe: A statistical portrait of the first and second generation, edição de 2011 (grátis em: http://epp.eurostat.ec.europa.eu/cache/ ... 539-EN.PDF).
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... 27707&pn=1
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“When it is obvious that the goals cannot be reached, don't adjust the goals, adjust the action steps.”
― Confucius
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