Metallising Escreveu:Não vos percebo. É preciso ser licenciado em economia para perceber onde quero chegar?
Não interessa se o dinheiro do FMI vai para os velhinhos, para os funcionários públicos, para os ricos ou para os pobres. O que interessa, é que independentemente disso, o dinheiro que nos é emprestado inevitavelmente vai voltar a sair do país a partir do momento em que toda essa gente compra produtos estrangeiros.
Para mim esta é a raiz do problema. O resto é ruído.
Pelos vistos seria melhor adquirires mais conhecimentos sobre economia...
O problema não é esse, o problema é este país não conseguir produzir produtos e serviços que outros de fora nos comprem em quantidade suficiente para cobrir o que importamos.
Porque, não tenhamos ilusões, é completamente impossível a um país desta dimensão produzir internamente tudo o que é preciso para ter um nível e qualidade de vida adequados aos tempos em que vivemos. Neste este país nem praticamente nenhum outro por maior que seja. O mercado comum é europeu e mundial.
Neste país não se produzem grande parte dos bens e serviços que as pessoas querem e são básicos para a vida actual. Por exº -- automóveis, televisões, telemóveis, eletrónica em geral, medicamentos, equipamentos médicos, materiais de construção, iluminação, equipamento doméstico, etc.
Uma alternativa seria fecharmo-nos ao comércio internacional? Ficávamos uma espécie de Cuba ou Coreia do Norte com produtos mínimos, caros, antiquados e de má qualidade...
O que é preciso é produzirmos cá produtos e serviços competitivos para outros comprarem, mandando para cá os seus euros, dollars, schekels.
Uma área altamente rentável, de alto valor acrescentado e tecnologicmante evoluída em que este país podia ser altamente competitivo é nos serviços de
outsourcing de operação e gestão de sistemas informáticos para o resto da Europa
Em especial nesta altura em que as empresas precisam desesperadamente de reduzir custos, esta área está em grande crescimento em todo o mundo, em especial na India, com é sabido.
Ora, nós conseguimos ser competitivos neste sector com os indianos!
Isto porque:
-- dispomos de mão de obra qualificada e em quantidade suficiente
-- o custo dessa mão de obra é mais elevado que na India mas a diferença não é assim tão grande, não chega ao dobro do custo
-- para fazer o mesmo tipo de serviços ao mesmo nível, cá é preciso menos gente porque os indianos são individualmente altamente especializados em cada uma das tarefas, nós cá somos mais polivalentes, cada um pode tratar de várias áreas diferentes e ainda por cima trabalhamos mais horas; assim por exº um serviço de gestão de um sistema que na India precisa de 10 pessoas, cá pode ser feito com apenas 6
-- os indianos só falam inglês, cá é muito mais fácil ter profissionais que falem outras línguas como francês, alemão, etc.
-- a diferença de horas é quase inexistente o que facilita os contactos e interação com o cliente
-- a inflação na India é muito mais alta que cá, por isso o custo de contratos de outsourcing lá sobe mais todos os anos que cá
-- estamos na zona Euro, portanto não há risco cambial
-- por directiva europeia, os serviços de outsourcing prestados aos serviços estatais europeus não podem ser adjudicados a empresas fora da europa, por motivos de segurança e outros
Isto já foi verificado em vários casos concretos que conheço pessoalmente e o maior problema em se conseguirem contratos de outsourcing para cá é que Portugal não é visto como um local indicado para isso, é uma questão de perceção.
Nesta área temos a concorrência muito forte da Irlanda, aí grande número de empresas de dimensão europeia e multinacional têm grandes data centres e centros de apoio às operação a nível europeu, mas sobre eles temos a vantagem de os salários lá serem na ordem de 3 vezes mais altos que os de lá.
É uma enorme oportunidade de investimento, mas estranhamente por cá não parece haver grande interesse.