
Quem fala assim não é gago.
Venham mais destes e muita coisas obscuras teriam que ser feitas com mais transparência.
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Pata-Hari Escreveu:Este artigo acho que escapou por aqui. E vale a pena, francamente.
Repito, sem alzheimer: sou tão fãn do PSS!
Cair numa esperella
20 Setembro2011 | 11:00
Pedro Santos Guerreiro - psg@negocios.pt
Pedro Santos
Guerreiro
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OpiniãoOnde pára Paulo Campos? OpiniãoCair numa esperella EditorialPortugal não é a Grécia, é a Madeira VER MAISNem a Perella é o diabo, nem o BES é anjinho: no mundo financeiro morre-se com as mesmas armas com que se mata. O Governo fez mal ao escolher directamente, gerando uma polémica, e fez mal ao atirar a decisão para a Caixa, gerando outra.
O Governo escolheu como assessor para as privatizações a Perella Weinberg. A escolha acabou no banco de trás da Caixa, que é um "mini" onde cabe tudo, e a oposição questionou a adjudicação directa. Mas a escolha necessita de um guia de leitura. Porque o novo poder quer afastar o velho. Falemos do BES. Da Caixa. E da EDP.
A Perella Weinberg é uma boutique financeira e, com a Caixa, vai liderar o processo de privatizações. Vai receber comissões de vários milhões sem concorrência na escolha, pois não houve concurso nem consulta a outros bancos. Porquê? Porque a troika não acredita na isenção dos assessores portugueses. Bancos e escritórios de advogados fazem parte dos interesses instalados que a troika quer desalojar. O diagnóstico está certo. O método não: ao adjudicar directamente, o Governo agiu como aqueles que critica. Deu privilégio. Ter estacionado a decisão na Caixa só mostra que o Governo se envergonhou dela. Mais do que a Caixa.
Mas o assunto é mais vasto. Há dois grandes bancos de investimento em Portugal, o Caixa BI e o BESI. O BESI foi excluído. Isso é visto como uma afronta ao Grupo Espírito Santo. E demonstra que o novo poder de Passos Coelho e da troika quer quebrar o conúbio de há anos.
O afastamento do BES tem este significado de hostilidade política. Para mais, o Governo armou-a bonita: entregou a avaliação da EDP ao BES, num contrato que vale pouco e afasta o banco dos compradores, por conflito de interesses. O BES, portanto, não está nem com os vendedores nem com os compradores - ficou afastado.
Mas o que está em causa nesta escolha da Perella não é uma comissão de 15 milhões, é o futuro da EDP, a mais valiosa privatização portuguesa, à qual concorrem empresas de várias nacionalidades. Na cabeça do Governo, o BESI e António Mexia prefeririam um alinhamento brasileiro. Na cabeça destes, Passos Coelho já foi longe de mais no namoro aos alemães. Na cabeça de todos está um "vade retro" à Iberdrola, que adoraria inquinar o processo só de vingança a António Mexia (e a Sócrates: os espanhóis dizem-se traídos, pois saíram da Galp sob alegada promessa de ter poder na EDP, o que lhes foi vedado).
Nem a Perella é o diabo, nem o BES é anjinho: no mundo financeiro morre-se com as mesmas armas com que se mata. O Governo fez mal ao escolher directamente, gerando uma polémica, e fez mal ao atirar a decisão para a Caixa, gerando outra. Mas este editorial pretende apenas deixar claro aos leitores o seguinte: o processo de privatizações está a dar as primeiras jogadas e os jogadores estão a posicionar-se; haverá jogadas financeiras, políticas e mediáticas.
Só uma coisa é difícil compreender na escolha da Perella: não tem nem terá um cêntimo em Portugal, pois não é um banco. Passos Coelho desperdiçou, pois, uma oportunidade de envolver a banca estrangeira no financiamento do sector empresarial do Estado. Há bancos estrangeiros que têm sido mais "amigos" do que outros, financiando grandes empresas portuguesas muitas vezes contra o primeiro instinto dos seus Conselhos. É o caso do Barclays Capital, do Citigroup, do BNP Paribas ou da Merril Lynch. E não é o caso, por exemplo, do Deutsche Bank, que até se tem esforçado por drenar depósitos portugueses. Ao escolher, sem concurso nem consulta, um assessor que não financia, Passos Coelho hostilizou aqueles que o fazem mesmo nestes maus momentos. Esperemos que saiba o que está a fazer.
PS: O modelo de governação da Caixa é uma camada de gelo cuja resistência está por demonstrar. Para já, fica a anedota de um administrador nomeado há dois meses se ir embora conforme previsto. Ficámos a saber que a administração da Caixa é, afinal, um passatempo.