Juros da dívida de Portugal a dois anos atingem 16% e na Grécia chegam aos 69%
12 Setembro 2011 | 18:37
Diogo Cavaleiro -
diogocavaleiro@negocios.pt
A rendibilidade das obrigações dos países periféricos esteve em forte alta na sessão de hoje, numa altura em que se intensificam os receios de que a Grécia vai entrar em incumprimento. Além disso, o custo para fazer um seguro à dívida atingiu máximos em Portugal, Grécia, Itália, Espanha e França.
As taxas de juros implícitas da dívida portuguesa voltaram a avançar com intensidade, chegando a ultrapassar os 16% no prazo a dois anos. A turbulência esteve hoje em força no mercado de dívida secundário dos países envolvidos na crise da dívida da Europa, principalmente nos títulos gregos.
Na maturidade a dois anos, a rendibilidade das obrigações portuguesas subiu 30 pontos base para 16%, ao passo que, a três anos, avançou 53 pontos base para 15,2%. A subida foi superior a 20 pontos base na generalidade das maturidades.
O comportamento das “yields” das obrigações nacionais acompanhou o desempenho europeu no mercado secundário – o mercado de dívida em que os investidores trocam títulos obrigacionistas entre si (ao contrário do mercado de dívida primário, em que os investidores vão comprar directamente aos Estados soberanos, por exemplo, em leilões de dívida).
A conduzir ao pessimismo dos investidores esteve a declaração do vice-ministro das Finanças da Grécia, que indicou que o país tem dinheiro suficiente para cumprir as suas obrigações apenas até Outubro. Uma afirmação que intensificou os receios de que o país possa entrar em incumprimento.
Isto porque na sexta-feira foi assinalado por membros da coligação de Angela Merkel que a Alemanha estaria a preparar um plano B para os seus bancos expostos à dívida helénica, caso a Grécia venha realmente a falhar o serviço da dívida.
“Yields” da Grécia passam de 57% para 69% numa sessão
No caso da Grécia, as “yields” dos títulos dispararam hoje quase 13 pontos percentuais (1.300 pontos base). Se na sexta-feira a taxa de juro implícita das obrigações gregas estava nos 57%, hoje chegou aos 69,5%.
Quando estas taxas de juro sobem, o preço das obrigações cai. Com a queda do preço, o investidor compra a obrigação com um maior desconto. Ou seja, se paga menos para obter aquele título, é maior a rendibilidade ("yield") de que vai desfrutar.
O avanço das “yields” é transversal às obrigações negociadas no mercado secundário de Espanha, Irlanda e Itália. Hoje, a Itália foi ao mercado de dívida primário. Emitiu dívida a um ano. Mas os juros médios subiram, passando de 2,959% para 4,153% em emissões com apenas um mês de diferença. O que teve efeitos no mercado secundário, com os juros a avançar mais de 20 pontos base nas maturidades mais curtas.
“Credit default swaps” de Portugal, França e Grécia disparam para recorde
O custo para fazer um seguro à dívida portuguesa, francesa, italiana, espanhola e grega nunca foi tão alto como o que foi hoje negociado.
Na sessão de hoje, os “credit default swaps” (CDS) – seguros que protegem o investidores contra o incumprimento do pagamento da dívida – sobre as obrigações portuguesas foram os que mais subiram na Europa durante a sessão. No fecho, isso já não era uma realidade. Encerraram a subir 88 pontos para 1.214,86 pontos, de acordo com o Markit iTraxx.
No caso grego, avançaram mais de 140 pontos para 3.617,97.