
Espanha pode estar à beira do resgate financeiro
Inserido em 02-08-2011 11:13
Também os juros da dívida soberana de Itália estão a subir. Nas obrigações a 10 anos, os juros estão nos 6,2%, o máximo desde a entrada no euro, em 1999.
Os juros do dinheiro pedido emprestado por Madrid estão a subir a bater novos máximos, fixando-se agora nos 6,5%. Comparando com a Alemanha, o “spread” das obrigações espanholas, a 10 anos, superou os 400 pontos base, o que, segundo os especialistas, coloca Espanha à beira de um resgate financeiro.
Para o presidente do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) é difícil definir um limite para o pedido de resgate. João Duque lembra que em Portugal, o ex-ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, chegou a defender que o país não aguentava juros acima de 7% e acabou por superar este valor. Por isso, explica, “vai depender muito daquilo que é o nível especulativo dos governantes espanhóis, porque, como se viu em Portugal, aquilo que foi uma vez dito pelo ministro das Finanças, que era na linha dos 7% para a dívida portuguesa, foi claramente superado e não foi pedida ajuda nenhuma”.
Portanto, “não vale a pena estar a pensar que há medida técnicas quando os políticos se sobrepõem”, sublinha.
Mas não é só a Espanha que está a ser penalizada pelos mercados. Também os juros da dívida soberana italiana estão altos. Na maturidade a 10 anos, as obrigações italianas estão 6,2%, o máximo desde a entrada no euro, em 1999.Nas obrigações com maturidade a dois anos, a Itália transaccionava nos 4,8%, batendo recordes desde 2008.
Devido a esta escalada dos juros, o Comité de Estabilidade Financeira italiano vai reunir de emergência, numa reunião que será liderada pelo ministro da Economia, Giulio Tremonti.
Resgatar a Espanha ou Itália é “uma impossibilidade”
Para Francisco Sarsfield Cabral, comentador da Renascença para a área de economia, é “uma impossibilidade”, neste momento, resgatar a Espanha ou a Itália, “se considerarmos a ajuda externa tal como Portugal a pediu”.
A razão é simples: “O Fundo de Estabilização Financeira da União Europeia não foi aumentado e, portanto, não tem dinheiro para socorrer” estes dois países.
Francisco Sarsfield Cabral lembra que “Portugal, a Grécia e a Irlanda juntos são 6% do PIB da Zona Euro, enquanto a Espanha e a Itália juntas são 28%”.
Quer isto dizer que “estes dois países vão ter que se governar com taxa de juro muito altas ou então solicitar que comprem a sua dívida, em termos favoráveis, a países como, por exemplo a China”, sublinha.
Neste momento, considera o comentador, “os grandes problemas do euro são, de facto, a Espanha e Itália, o que não quer dizer que também a Bélgica não esteja a ser atingida e há também países fora da Zona Euro que estão em dificuldades, como a Dinamarca”.
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