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MensagemEnviado: 27/7/2011 8:11
por Pata-Hari
Ver video do link que é muito, muito bom:

Ulrich: "Enquanto me lembrar, não quero voltar ao mercado"
25 Julho 2011 | 12:55
Maria João Gago - mjgago@negocios.pt

Ana Laranjeiro - alaranjeiro@negocios.pt
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"Enquanto me lembrar do que é que o mercado de capitais me fez, eu não quero voltar ao mercado de capitais", afirmou hoje Fernando Ulrich, presidente do BPI. Veja aqui o vídeo.
"Pensamos que fizemos uma gestão prudente do banco e, a partir de determinada altura, o mercado desapareceu. Não posso voltar a deixar o banco estar nesta situação. Por confiar na estabilidade dos mercados, fiquei exposto", sublinhou o gestor.

"Não quero voltar a ter uma grande carteira de crédito à habitração, nem uma grande carteira de parcerias público-privadas financiadas por obrigações. Se não, de repente, o mercado desaparece e voltamos a ter a situação que temos hoje". avisou o banqueiro, no Fórum Banca organizado pelo Diário Económico.
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=497777

Minuto 2 é interessante.

MensagemEnviado: 27/7/2011 8:09
por Pata-Hari
Ulrich
“A economia não precisa de mais crédito”
Maria Teixeira Alves e Margarida Vaqueiro Lopes
27/07/11 00:05


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Notícias RelacionadasBPI ruma a um rácio de crédito sobre depósitos abaixo dos 100%


.Fernando Ulrich avisa que a economia nacional precisa de rentabilidade e capitais próprios.

O presidente do BPI acredita que um dos problemas da economia nacional se prende precisamente com o excesso de crédito e alerta para o facto de o País precisar de "capitais próprios e rentabilidade" ao invés de mais crédito. Fernando Ulrich mostrou-se também reticente em relação às actuais condições de concessão de financiamento a médio e longo prazos por parte dos bancos nacionais e voltou a pedir "reflexão" sobre o programa da ‘troika' para a banca nacional.

Já por mais de uma vez referiu a necessidade de reflectir sobre o programa da ‘troika' para a banca nacional. Que temas considera centrais para esta reflexão?
Entendo que o plano para a banca não é bom, nem só para a banca como para a economia. E creio que pode ser melhorado se for feita uma reflexão. Por exemplo, em vez de capital, o que a economia portuguesa precisa é que os bancos tenham capacidade para fazer financiamento a médio e longo prazos. E neste momento, em rigor, os bancos até deviam ser proibidos de fazer financiamento a médio e longo prazos. Como é que se gere risco a médio e longo prazos? Tradicionalmente tomava-se como base de raciocínio o custo de financiamento da República. Neste momento, se fizermos isso, é impossível [as pessoas conseguirem pagar]. Se eu fosse regulador diria aos bancos: Não façam. Parem.[...] Porque nos novos créditos os bancos cobram ‘spreads' bastante mais altos. O problema é que é numa operação a trinta anos, o ‘spread' está fixado para trinta anos e eu não tenho maneira de fixar o ‘spread' do meu passivo para os mesmos trinta anos. [...] Outra questão é o facto de a economia nacional não precisar de mais crédito. Precisa é de mais capitais próprios e de mais rentabilidade.Afirmou, no início desta semana, que "enquanto se lembrasse do que aconteceu" não regressaria aos mercados. Porquê?
Isto é biunívoco. Eles não confiam em nós mas eu também não confio neles. Fomos seguindo uma estratégia que tinha como um dos pilares a confiança de que conseguíamos regularmente obter financiamento a médio e longo prazos no mercado de capitais. A nossa situação não se alterou drasticamente e o mercado cortou-nos todo e qualquer tipo de apoio sem critério, sem nenhuma racionalidade. É perigoso fazer assentar o desenvolvimento de um banco, no longo prazo, no pressuposto de que tem regularmente acesso ao mercado. Porque estamos há anos numa situação em que esse acesso foi sendo possível apenas intermitentemente e em condições muito difíceis. Portanto, voltar a crescer muito os activos, com os pressupostos assentes na convicção de que está lá o mercado...eu enquanto me lembrar não sou capaz.

Haverá uma equipa da ‘troika' responsável por acompanhar os processos de desalavancagem de cada um dos bancos portugueses. Essa equipa já falou com o BPI?
Ainda não. Temos uma reunião agendada para Agosto onde vamos discutir os planos que entregámos a 30 de Junho. Creio que será só isso em agenda.




Entender o negócio da banca

MensagemEnviado: 27/7/2011 8:07
por Pata-Hari
Já hoje disse que gosto do discurso do Ulrich porque se aprende sempre algo. Neste, aprende-se algo sobre como funciona a banca e sobre as limitações da banca portuguesa neste momento:

Banca
BPI ruma a um rácio de crédito sobre depósitos abaixo dos 100%
Maria Teixeira Alves e Margarida Vaqueiro Lopes
27/07/11 00:05


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O presidente do BPI mostrou-se preocupado com o actual contexto económico nacional.
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.Fernando Ulrich diz que a um prazo de 5 a 10 anos os bancos terão de funcionar com rácios de transformação abaixo de 100%. O BPI já tem 110%.

O contexto em que vivem os bancos portugueses é muito agreste para o sector. O BPI é disso um claro exemplo. Basta ver que a rentabilidade dos capitais próprios a nível doméstico está nuns baixos 3,4%; os resultados continuam a cair, desta vez 20,4% face ao ano anterior; a margem financeira a cair 12,7% em Portugal; e as comissões a caírem 6,5%. O crédito desce 3,8% em Portugal - em parte porque o BPI assim quer - mas também porque o crédito a PME (rentáveis) tem sofrido uma queda da procura. As imparidades para crédito malparado subiram 10,6% num ano. O custo do risco do crédito aumentou para 0,42% (contra 0,39% em Março). Pode dizer-se que o panorama ontem mostrado por Fernando Ulrich tem pouco de animador.

E apesar do BPI neste momento já cumprir todas as exigências da troika: um rácio de transformação de 110% (incluindo obrigações colocadas em clientes que Ulrich diz serem futuros depósitos) e de 120% se forem depósitos puros; com o capital de base do banco já nos 9,1%; com um recurso ao BCE de apenas 1.000 milhões de euros (muito inferior ao futuro limite de 5,5 vezes as reservas de caixa) e um rácio de financiamento estável. Ainda assim, o BPI terá de procurar soluções para a escassez da liquidez, por um lado, e para reforçar o capital em 2012 para 10%, por outro.

Questionado Fernando Ulrich explicou que "a longo prazo, e nas actuais condições, um rácio de 120% é alto. Estamos a caminhar para um modelo em que teremos de funcionar com rácios de transformação abaixo de 100% [os depósitos serem superiores aos créditos]" explica o banqueiro. O BPI já se desalavancou em 1,6 mil milhões, num ano, isto sem vender carteiras de crédito. O banqueiro defende ainda que, no futuro, "o crédito a médio e longo prazo tem de ser menor". Na verdade, "o crédito a médio e longo prazo, em bom rigor, devia ser proibido para a banca, porque não é possível fixar o spread do meu passivo quando concedo créditos a longo prazo, logo não é possível definir o preço correcto de um crédito a 30 anos nas condições actuais", acrescenta Fernando Ulrich. Neste momento conceder crédito à habitação é um risco para os bancos: "A banca, apesar da redução, continua a dar crédito à habitação, mas fá-lo baseado numa fé de que as coisas vão voltar à normalidade. Esta fé não tem nenhum suporte objectivo, é porque a fé é inerente à natureza humana", diz o presidente do BPI.