Este tópico tem por objectivo explicar o que é o PER, como se calcula, quais as suas variantes e qual a sua utilidade.
Não sendo eu um analista fundamental, desde já convido outros a dar o seu contributo para enriquecer este tópico.
PER é um acrónimo que significa Price Earnings Ratio, ou seja, é o quociente entre o preço e os lucros. Pode ser calculado dividindo a capitalização da empresa em bolsa pelos lucros totais ou dividindo o preço unitário de uma acção pelo lucro por acção. Por exemplo, se uma empresa cota a 10 euros e tem um lucro de 1 euro por acção, o seu PER é de 10.
Numa interpretação muito simplista, o PER representa o número de anos que demorará a recuperar o capital investido. Ou seja, tomando o exemplo acima, se o lucro de 1 euro por acção se mantiver, então em 10 anos o capital investido é recuperado sob a forma de lucro. Parece simples, mas isto só é verdade em teoria, porque na prática há dois factores que condicionam esse retorno: por um lado, só uma parte dos lucros é distribuído (sob a forma de dividendos) e por outro lado dentro da parte que é distribuída há uma fatia (21,5% em Portugal) que vai para o chamado herdeiro universal - o Estado. O Estado, que em muitos casos não entrou com um euro de capital para aquela empresa, colhe uma parte dos lucros. Adiante.
O PER pode variar entre zero e mais infinito. Parece estúpido para é verdade. Vejamos as situações extremas:
- um PER de zero verifica-se quando o preço da empresa tende para zero; se o numerador tende para zero, o quociente para zero tende;
- um PER de mais infinito ocorre quando o lucro da empresa é muito perto de zero; se o denominador tende para zero e o numerador se mantém acima de zero, o quociente tende para mais infinito;
Claro que quando o lucro é negativo o PER não pode ser calculado.
Para a maioria das empresas o PER situa-se num intervalo entre, digamos, 10 e 30. No entanto, as excepções são mais que muitas. As empresas em forte crescimento, onde existe uma expectativa de aumento exponencial dos lucros, têm em geral um PER mais elevado que pode chegar aos 3 dígitos (ainda ontem escrevi sobre o facto de a SIRIUS ter um PER de 222). Ou seja, acções com PER muito elevados (acima de 50, digo eu) são acções de elevado risco, muito especulativas, que podem ter um forte crescimento mas também um enorme tombo. Por outro lado, PER muito baixos correspondem em geral a empresas em situação complicada, onde o mercado antevê uma forte quebra dos lucros e evetualmente uma falência da empresa. A RIMM com um PER de 4,6 é um desses casos, mas há mais.
Acho que chega como introdução. Depois adiciono mais alguma informação sobre o assunto e entretanto sintam-se à vontade para contribuir
