Afirmação pública do psiquiatra Fernando Almeida, presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Psicologia da Justiça, deixa congressistas chocados e perplexos
"Há um líder de um partido político que é homossexual e até está a subir nas sondagens". Foi nestes termos que o psiquiatra Fernando Almeida abordou ontem o tema homofobia, numa intervenção durante o VI Congresso Nacional de Criminologia, que reuniu cerca de 100 congressistas na Fundação Engenheiro António de Almeida, no Porto. Ao CM, o médico alegou que usou o exemplo para explicar que "os homossexuais têm direitos iguais, incluindo os de serem políticos e governantes".
Fernando Almeida recusou-se a referir quem é o político. "Não vou dizer quem é mas é do domínio público". Mas admitiu que na política "ainda é um assunto tabu".
A declaração chocou os restantes congressistas e gerou burburinho no auditório. "Não entendo o burburinho porque toda a gente sabe quem é", reagiu Fernando Almeida, sem referir qualquer nome.
O moderador do debate, Luís Santos, professor da Universidade Fernando Pessoa, confirmou que os congressistas ficaram "chocados e espantados". "Eu próprio fiquei perplexo, até porque se desviou do tema em debate", explicou. Segundo Luís Santos, o painel abordava a questão da violência homofóbica e não a homossexualidade em particular. Fernando Almeida optou por falar sobre a maior tolerância da sociedade portuguesa para com os homossexuais, defendendo que não podem ser discriminados.
GOVERNANTES ASSUMEM SER HOMOSEXUAIS
Fernando Almeida deu o exemplo de Jóhanna Siguroar, a primeira mulher lésbica assumida que chegou a chefe do Governo da Islândia. Mas na Europa há mais casos. Na Bélgica, o ministro da Educação, Pascal Sem, também assumiu a sua homossexualidade e enfrentou alguns problemas – foi proibido de doar sangue. Em Portugal, o único caso assumido e consumado em casamento é o do ex-líder da JSD Jorge Nuno Sá. Contudo, afastou--se da política e evitou o mediatismo. Jorge Nuno casou-se em Janeiro com o venezuelano Carlos Yanez, na conservatória de registo civil de Lisboa. Desde Maio de 2010 que entrou em vigor a lei que permite casamentos homossexuais em Portugal. Já se registaram-se mais de 300 casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
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