Como reduzir a dívida sem a reestruturar
Documento oficial que saiu do Conselho da União Europeia.
http://www.consilium.europa.eu/uedocs/c ... 123978.pdf
Com as obrigações da Grécia a cotar nos 50 cêntimos - http://av.r.ftdata.co.uk/files/2011/07/ ... 230247.gif - , o que equivale a praticamente 150bn de euros (o total da dívida ronda os 325-350bn), responsabilizar os privados em 106bn ao longo de oito anos acaba por ser um óptimo negócio para aqueles.
http://www.morningstar.co.uk/uk/markets ... 6466008774
O BCE também alterou a sua postura e aceitou a classificação de selective default para a dívida grega que é oferecida como colateral pelos bancos que se financiam junto do BCE.
http://www.morningstar.co.uk/uk/markets ... 6465995469
Mensagem do texto oficial que destacaria para os portugueses lerem com atenção.
Ideias soltas sobre o acordo:
- os países com rating AAA estão a pôr as mãos no fogo pelos PIIGS. Convém que estes cumpram os programas de austeridade.
- a ideia da Chanceler alemã de responsabilizar os privados foi avante, não tendo provocado nenhum tsunami nos mercados, antes pelo contrário;
- fica muito por dizer sobre um maior aprofundamento fiscal. Espero que a Europa chegue a consensos neste campo sem ter que ser obrigada a isso pelos mercados.
- fica muito por dizer sobre os novos montantes disponíveis nos 2 fundos europeus especialmente criados para lidar com a crise das dívidas soberanas e que terão poder para intervir no mercado secundário da dívida.
[/u]
http://www.consilium.europa.eu/uedocs/c ... 123978.pdf
The financial sector has indicated its willingness to support Greece on a voluntary basis
through a menu of options further strengthening overall sustainability. The net contribution of
the private sector is estimated at 37 billion euro. (1)
(1)Taking into account the cost of credit enhancement for the period 2011-2014. In addition, a
debt buy back programme will contribute to 12.6 billion euro, bringing the total to 50 billion
euro. For the period 2011-2019, the total net contribution of the private sector involvement is
estimated at 106 billion euro.
Com as obrigações da Grécia a cotar nos 50 cêntimos - http://av.r.ftdata.co.uk/files/2011/07/ ... 230247.gif - , o que equivale a praticamente 150bn de euros (o total da dívida ronda os 325-350bn), responsabilizar os privados em 106bn ao longo de oito anos acaba por ser um óptimo negócio para aqueles.
http://www.morningstar.co.uk/uk/markets ... 6466008774
O BCE também alterou a sua postura e aceitou a classificação de selective default para a dívida grega que é oferecida como colateral pelos bancos que se financiam junto do BCE.
http://www.morningstar.co.uk/uk/markets ... 6465995469
Mensagem do texto oficial que destacaria para os portugueses lerem com atenção.
All other euro countries solemnly reaffirm their inflexible determination to honour fully their
own individual sovereign signature and all their commitments to sustainable fiscal conditions
and structural reforms. The euro area Heads of State or Government fully support this
determination as the credibility of all their sovereign signatures is a decisive element for
ensuring financial stability in the euro area as a whole.
Ideias soltas sobre o acordo:
- os países com rating AAA estão a pôr as mãos no fogo pelos PIIGS. Convém que estes cumpram os programas de austeridade.
- a ideia da Chanceler alemã de responsabilizar os privados foi avante, não tendo provocado nenhum tsunami nos mercados, antes pelo contrário;
- fica muito por dizer sobre um maior aprofundamento fiscal. Espero que a Europa chegue a consensos neste campo sem ter que ser obrigada a isso pelos mercados.
- fica muito por dizer sobre os novos montantes disponíveis nos 2 fundos europeus especialmente criados para lidar com a crise das dívidas soberanas e que terão poder para intervir no mercado secundário da dívida.
[/u]
"In a losing game such as trading, we shall start against the majority and assume we are wrong until proven correct!" - Phantom of the Pits
Irónico, to say the least.
Por exclusão de possibilidades, começo a acreditar que a solução que vai sair destas reuniões é algo parecido com o leilão que o Equador fez. Será que existe outra forma de combinar a recompra com a participação dos credores privados?
Mais precisamente:
A Grécia (e eventualmente Portugal e Irlanda) faz um leilão de compra de Obrigações aos níveis actuais do mercado utilizando o FEEF; os credores decidem se querem ou não vender.
Assim a participação dos privados será voluntária e o efeito será um "haircurt elegante" na casa dos 60% sobre o montante de dívida recomprado (que deve ser da ordem do valor do novo resgate).
A participação é atractiva pois limita as perdas aos valores actuais do mercado secundário (que nunca conseguiria absorver as vendas) e liberta liquidez rapidamente.
Desta forma,
1) as agências de rating ficam impossibilitadas de declarar Default.
2) Os CDS só são activados se tiverem uma clausula no contracto contra uma operação deste tipo.
Não vejo outra forma de envolver os privados sem gerar incumprimento. Juntando todas as declarações de Schaeuble da última semana, mais as do BCE, vejo indícios de ser esta a solução aprovada.
A Espanha está contra ( não tem dívida no mercado, mas sim escondida pelos cantos), mas ninguém quer saber da Espanha. Foi no que deu a atitude "Espanha não é Portugal" de que falou o Ulisses.
K.
Por exclusão de possibilidades, começo a acreditar que a solução que vai sair destas reuniões é algo parecido com o leilão que o Equador fez. Será que existe outra forma de combinar a recompra com a participação dos credores privados?
Mais precisamente:
A Grécia (e eventualmente Portugal e Irlanda) faz um leilão de compra de Obrigações aos níveis actuais do mercado utilizando o FEEF; os credores decidem se querem ou não vender.
Assim a participação dos privados será voluntária e o efeito será um "haircurt elegante" na casa dos 60% sobre o montante de dívida recomprado (que deve ser da ordem do valor do novo resgate).
A participação é atractiva pois limita as perdas aos valores actuais do mercado secundário (que nunca conseguiria absorver as vendas) e liberta liquidez rapidamente.
Desta forma,
1) as agências de rating ficam impossibilitadas de declarar Default.
2) Os CDS só são activados se tiverem uma clausula no contracto contra uma operação deste tipo.
Não vejo outra forma de envolver os privados sem gerar incumprimento. Juntando todas as declarações de Schaeuble da última semana, mais as do BCE, vejo indícios de ser esta a solução aprovada.
A Espanha está contra ( não tem dívida no mercado, mas sim escondida pelos cantos), mas ninguém quer saber da Espanha. Foi no que deu a atitude "Espanha não é Portugal" de que falou o Ulisses.
K.
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Ora aí está. O Euro falou forte e Alemanha finalmente cedeu!
Notícia JN:
"Alemanha declara que FEEF já pode ser usado para recompra de dívida"
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... &id=495771
Thank you very much, Moody´s!
Notícia JN:
"Alemanha declara que FEEF já pode ser usado para recompra de dívida"
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... &id=495771
Thank you very much, Moody´s!
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O Equador ficou sem acesso aos mercados porque fez default em 1999.
O buyback e uma estrategia normal de reducao da divida, mas a Alemanha nao tem facilitado a utilizacao de dinheiro para esse fim, logo a unica coisa que pode ser feita e emitir divida nos prazos curtos para recomprar as obrigacoes caras. Dai a necessidade de rollover.
O buyback e uma estrategia normal de reducao da divida, mas a Alemanha nao tem facilitado a utilizacao de dinheiro para esse fim, logo a unica coisa que pode ser feita e emitir divida nos prazos curtos para recomprar as obrigacoes caras. Dai a necessidade de rollover.
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True, mas deixem-me expor aqui uma pergunta:
Quantas pessoas aqui acham que a Grécia vai pagar a sua dívida por inteiro? E Portugal? E a Irlanda? E já não falo da Bélgica e da Itália...
Com equilíbrio da balança corrente ano após ano, e uma taxa de crescimento de 3% ao ano (cenários optimistas!), a dívida externa demoraria ainda assim uns bons 20 ou 30 anos para se diluir em torno dos 60% do PIB (digo 60% porque é o benchmark para o défice público e bem pode ser para o défice externo global também como exercício mental).
O cenário para as finanças públicas não é muito diferente.. então na Grécia ainda é pior em termos relativos (o nosso principal problema é privado, o deles é público).
É um esforço enormíssimo ao fim de muito tempo. Pagar esta dívida monumental até ao último cêntimo, ainda que honroso e responsável, equivale a mais 30 anos de sacrifício, e adivinhem quem é o sacrificado? Os pequeninos, pois claro.
Quantas pessoas aqui acham que a Grécia vai pagar a sua dívida por inteiro? E Portugal? E a Irlanda? E já não falo da Bélgica e da Itália...
Com equilíbrio da balança corrente ano após ano, e uma taxa de crescimento de 3% ao ano (cenários optimistas!), a dívida externa demoraria ainda assim uns bons 20 ou 30 anos para se diluir em torno dos 60% do PIB (digo 60% porque é o benchmark para o défice público e bem pode ser para o défice externo global também como exercício mental).
O cenário para as finanças públicas não é muito diferente.. então na Grécia ainda é pior em termos relativos (o nosso principal problema é privado, o deles é público).
É um esforço enormíssimo ao fim de muito tempo. Pagar esta dívida monumental até ao último cêntimo, ainda que honroso e responsável, equivale a mais 30 anos de sacrifício, e adivinhem quem é o sacrificado? Os pequeninos, pois claro.
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Ontem na SIC Notícias passou um documentário sobre o Equador, em que recorreram a uma solução extrema deste género.
Basicamente deram a entender que não pagavam, e chegaram a recomprar a 20% de forma "encapotada". Claro que ficaram sem acesso aos mercados...
http://www.economist.com/node/13854456? ... 1_TPRVQQVG
Quanto a este cenário mais equilibrado, para além da liquidez, se fosse conhecido, quem vendia?
Basicamente deram a entender que não pagavam, e chegaram a recomprar a 20% de forma "encapotada". Claro que ficaram sem acesso aos mercados...
http://www.economist.com/node/13854456? ... 1_TPRVQQVG
Quanto a este cenário mais equilibrado, para além da liquidez, se fosse conhecido, quem vendia?
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psylva79 Escreveu:Os mercados de dívida de Portugal, Grécia e Irlanda são pouco líquidos.
De qualquer forma, se os bancos, fundos e outros investidores vendessem as obrigações com um desconto de 30-40% teriam que reflectir fortes perdas nos balanços, e assim sendo, muitas destas instituições vão preferir manter as obrigações na carteira de investimentos.
Pois, mas a questão reside precisamente aí: se a crença no incumprimento começar a ser elevada (e já o é), é melhor vender os títulos e salvar parte da honra, do que acabar por perder tudo.
Agora imagine-se o seguinte cenário: a UE finge estar em apuros mas na realidade está a esticar a corda até onde achar possível. Está a fingir estar a ser atacada e estar sem liderança e opções, fazendo com que as obrigações dos países fiquem extremamente descontadas. Isto contribui para a desvalorização das obrigações.
Agora pensemos mais longe ainda: as autoridades da Grécia convocavam uma conferência de imprensa onde anunciavam que iam falhar alguns pagamentos de dívida prestes a atingir a maturidade. Os mercados reagiam e os títulos de obrigações entravam em sell-off. O Governo Grego, com a ajuda da UE, ia ao mercado e pescava uma enorme quantidade de títulos que anteriormente estavam em carteira e que de repente inundaram o mercado pelo medo de incumprimento. Passavamos a ter um mercado líquido (embora temporariamente), a dívida passava a estar nas mãos do devedor (cross cancel obligation) e parte dela ficava aliviada com algumas perdas para os privados. No final da operação, o Governo Grego convocava outra conferência de imprensa conjunta com a UE a dar o dito por não-dito e que afinal iam cumprir com o resto das obrigações.
Principais problemas: é preciso muita liquidez; é preciso uma acção concertada; meanwhile, poderíamos assistir a um colapso do Euro e de outras economias europeias; brincar assim com o mercado pode afectar a credibilidade da autoridade política por muitos anos. Mas que era giro, era. Quanto mais não seja enquanto experiência

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Os mercados de dívida de Portugal, Grécia e Irlanda são pouco líquidos.
De qualquer forma, se os bancos, fundos e outros investidores vendessem as obrigações com um desconto de 30-40% teriam que reflectir fortes perdas nos balanços, e assim sendo, muitas destas instituições vão preferir manter as obrigações na carteira de investimentos.
De qualquer forma, se os bancos, fundos e outros investidores vendessem as obrigações com um desconto de 30-40% teriam que reflectir fortes perdas nos balanços, e assim sendo, muitas destas instituições vão preferir manter as obrigações na carteira de investimentos.
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Não sei se isto já passou pelo Caldeirão, se passou peço desculpa.
Não percebo muito disto, deixo a pergunta aos especialistas. Este cenário faz algum sentido, ou é mero disparate académico ?
The great EU debt write off
http://www.eudebtwriteoff.com/
http://files.me.com/anthonyjevans/674a4n
Não percebo muito disto, deixo a pergunta aos especialistas. Este cenário faz algum sentido, ou é mero disparate académico ?
The great EU debt write off
http://www.eudebtwriteoff.com/
http://files.me.com/anthonyjevans/674a4n

Plano F: Simulação de um "Jubileu" da dívida soberana na Europa
O professor inglês Anthony Evans e os colegas da Europe Business School (ESCP), em Paris, lançaram em maio como simulador para os seus estudantes a solução de um "jubileu" da dívida soberana , através de um processo de liquidação mútua das dívidas entre os membros da União Europeia, por exemplo de um modo bilateral ou mesmo tripartido.
Segundo a simulação de Evans, a dívida soberana dos 8 países estudados (Alemanha, Irlanda, Itália, Espanha, França, Grécia, Portugal e Reino Unido) poderia ser reduzida em 64% através do cancelamento cruzado das dívidas, baixando a dívida total em relação ao PIB de 40,47% para 14,58%. Seis países - Alemanha, Irlanda, Itália, Espanha, França e Reino Unido - poderiam eliminar 50% da dívida existente. A rede de cruzamentos de dívida (valores em dólares) foi publicada pelo The New York Times recentemente.
No caso português, a simulação dos cruzamentos implicaria uma redução de mais de 1/3 da dívida.
Esta simulação tem granjeado enorme interesse na blogoesfera económica.
http://aeiou.expresso.pt/fitch-admite-i ... z1Rq1z6ARS
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Eu continuo a achar que todo o pânico e instabilidade na Europa neste momento é desejável por alguns, para não dizer "orquestrado". É uma forma de colocar as coisas de forma tão negativa que qualquer solução deste tipo acaba por ganhar adeptos. Há tanta coisa que se passa nos corredores da política que nós nem imaginamos quão ignorantes e insignificantes somos ao pensar da forma como a comunicação social nos informa.
Tem-se falado cada vez mais desta modalidade, e até de uma coisa mais complexa: bond buyback + rollover + incumprimento ordenado (leia-se: envolvimento dos privados)
Repare-se que estes 2 últimos (rollover + envolvimento dos privados) podem vir por acréscimo de um programa de bond buyback.
Mas não se tenha ilusões, um bond buyback tem poucas experiências no passado, inclusivé nenhuma numa união monetária, nenhuma delas funcionou com enorme sucesso e envolve um esforço gigantesco.
Não gostando de soluções fáceis, a verdade é que julgo que estamos numa situação em que temos de ver qualquer opção como potencial solução.
Tem-se falado cada vez mais desta modalidade, e até de uma coisa mais complexa: bond buyback + rollover + incumprimento ordenado (leia-se: envolvimento dos privados)
Repare-se que estes 2 últimos (rollover + envolvimento dos privados) podem vir por acréscimo de um programa de bond buyback.
Mas não se tenha ilusões, um bond buyback tem poucas experiências no passado, inclusivé nenhuma numa união monetária, nenhuma delas funcionou com enorme sucesso e envolve um esforço gigantesco.
Não gostando de soluções fáceis, a verdade é que julgo que estamos numa situação em que temos de ver qualquer opção como potencial solução.
- Mensagens: 98
- Registado: 8/6/2011 20:44
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Comecam a aparecer apoios muito fortes para implementar um programa deste tipo. E, parece a solucao preferida dos representantes dos bancos que estao sentados a mesa de negociacoes. Porque sera?
http://economia.estadao.com.br/noticias ... 4162,0.htm
http://economia.estadao.com.br/noticias ... 4162,0.htm
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- Registado: 28/5/2008 1:17
O que esta neste momento a acontecer e o seguinte:
1) A Grecia esta a iniciar as negociacoes para uma primeira fase da tal "reestruturacao ordenada" de que falei no posto inicial do topico.
2) Os mercados (e as agencias) estao a antecipar que Portugal siga uma estrategia semelhante, logo a descida de rating.
Reparem que o buyback implica uma aproximacao das maturidades (vejam a discussao inicial). Por isso e necessario o tal "rollover".
1) A Grecia esta a iniciar as negociacoes para uma primeira fase da tal "reestruturacao ordenada" de que falei no posto inicial do topico.
2) Os mercados (e as agencias) estao a antecipar que Portugal siga uma estrategia semelhante, logo a descida de rating.
Reparem que o buyback implica uma aproximacao das maturidades (vejam a discussao inicial). Por isso e necessario o tal "rollover".
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- Registado: 28/5/2008 1:17
O downgrade da Moody´s tem este lado positivo:
Com os juros em 18% pode-se iniciar um programa de recompra em Portugal, uma vez que comeca a chegar a liquidez.
Neste momento, uma recompra de 15 mil euros de divida de 5 anos gera uma reducao de cerca de 8 mil euros na divida publica. Nada mais que 10 anos de imposto extraordinario sobre o subsidio de Natal!
Com os juros em 18% pode-se iniciar um programa de recompra em Portugal, uma vez que comeca a chegar a liquidez.
Neste momento, uma recompra de 15 mil euros de divida de 5 anos gera uma reducao de cerca de 8 mil euros na divida publica. Nada mais que 10 anos de imposto extraordinario sobre o subsidio de Natal!
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- Registado: 28/5/2008 1:17
A divida pode ser reduzida acabando com taxos e participações no minimo caricatas...
ora vejam aqui...
http://www.dgtf.pt/ResourcesUser/SEE/Do ... 3_2011.pdf
ora vejam aqui...
http://www.dgtf.pt/ResourcesUser/SEE/Do ... 3_2011.pdf
Ulisses Pereira Escreveu:K. , para mim o grande entrave a essa estratégia, como já foi aqui referido por outras pessoas, é mesmo o problema da liquidez. É impensável que consigas ir buscar uma quantidade significativa da dívida sem que a pressão vendedora não tenha influência brutal nos custos. O mercado secundário não tem a liquidez que te permita moveres-te da forma como desejarias.
Um abraço,
Ulisses
E daí não sei. Sabes porquê Ulisses? é que bastaria negociar com o BCE a recompra ao preço que eles pagaram e já terias logo 50 mil milhões de dívida recomprada a desconto. É que o próprio BCE quando comprou no mercado secundário, comprou bem abaixo do par. Assim como aos bancos Portugueses que precisam de liquidez e entraram em dívida pública já nos níveis de juros mais elevados.
E o BCE não está a especular com a dívida, estava simplesmente a garantir mercado a quem precisasse de vender.
Pedro Carriço
pegamos no dinheiro que há-de vir e vamos ao mercado e compramos títulos da dívida portuguesa (que estarão abaixo do par, certo?)
R:Certo.
porque é que os prazos da dívida encurtam?
R:Os prazos encurtam porque 1)o tempo vai passando e não é emitida nova dívida e 2)ficamos com tranches a pagar no curto prazo ao FMI e FME.
como é que esta passa para as mãos do fmi?
R:Se for comprada com o dinheiro do FMI, ela deixa de existir como OT e passa a ser uma dívida ao FMI.
mutualismo??
R: Seria uma solução: acabar com as obrigações soberanas dos estados euro, que passavam todos a ser financiados por OTs europeias. E haver uma dívida Euro. Foi isto que a Alemanha impediu ao permitir haircuts a privados a partir de 2013. Com a mutualização, os haircuts seriam feitos apenas dentro do FEEF.
Na prática, a mutualização implica que a dívida seja comprada pela Europa aos países mais endividados e posteriormente perdoada em parte. A Alemanha não o permitiu por motivos eleitoralistas, mas está a ser obrigada a fazê-lo (de uma forma dissimulada) para garantir o Euro.
A forma dissimulada é a compra de grande parte da dívida Grega por parte do FEEF. A recompra vai aliviando os privados e no final será feito um haircut, pago pelos estados europeus na sua grande parte. Isto permite que os bancos organizem os balanços. Os dos Alemães já devem estar, por isso pedem o haircut já, para acabar com o financiamento.
O trunfo da Grécia é o Euro. Sem o Euro a Alemanha seria obrigada a competir com a China e outras potências industriais...
A minha interpretação dos movimentos recentes (Draghi, inversão nos CDS, Grécia) é que a Alemanha já capitulou.
Es tut mir leid...
R:Certo.
porque é que os prazos da dívida encurtam?
R:Os prazos encurtam porque 1)o tempo vai passando e não é emitida nova dívida e 2)ficamos com tranches a pagar no curto prazo ao FMI e FME.
como é que esta passa para as mãos do fmi?
R:Se for comprada com o dinheiro do FMI, ela deixa de existir como OT e passa a ser uma dívida ao FMI.
mutualismo??
R: Seria uma solução: acabar com as obrigações soberanas dos estados euro, que passavam todos a ser financiados por OTs europeias. E haver uma dívida Euro. Foi isto que a Alemanha impediu ao permitir haircuts a privados a partir de 2013. Com a mutualização, os haircuts seriam feitos apenas dentro do FEEF.
Na prática, a mutualização implica que a dívida seja comprada pela Europa aos países mais endividados e posteriormente perdoada em parte. A Alemanha não o permitiu por motivos eleitoralistas, mas está a ser obrigada a fazê-lo (de uma forma dissimulada) para garantir o Euro.
A forma dissimulada é a compra de grande parte da dívida Grega por parte do FEEF. A recompra vai aliviando os privados e no final será feito um haircut, pago pelos estados europeus na sua grande parte. Isto permite que os bancos organizem os balanços. Os dos Alemães já devem estar, por isso pedem o haircut já, para acabar com o financiamento.
O trunfo da Grécia é o Euro. Sem o Euro a Alemanha seria obrigada a competir com a China e outras potências industriais...
A minha interpretação dos movimentos recentes (Draghi, inversão nos CDS, Grécia) é que a Alemanha já capitulou.
Es tut mir leid...
- Mensagens: 692
- Registado: 28/5/2008 1:17
K. , para mim o grande entrave a essa estratégia, como já foi aqui referido por outras pessoas, é mesmo o problema da liquidez. É impensável que consigas ir buscar uma quantidade significativa da dívida sem que a pressão vendedora não tenha influência brutal nos custos. O mercado secundário não tem a liquidez que te permita moveres-te da forma como desejarias.
Um abraço,
Ulisses
Um abraço,
Ulisses
rsacramento Escreveu:obrigado pelos esclarecimentos![]()
e o memorando deixa fazer isso?
o que é esse mutualism0?
Pois ... eu não li esse memorando, mas presumo que não. O dinheiro virá em tranches que deverão servir para financiar o défice que vai aparecendo e para pagar reembolsos de dívida que vencem.
Era bom se tivéssemos um mega-magnata que nos desse à cabeça 70% do PIB em dinheiro fresco

Pedro Carriço
Re: Como reduzir a dívida sem a reestruturar
pdcarrico Escreveu:rsacramento Escreveu:K. Escreveu: A ideia é simples: comprar a própria dívida no mercado secundário a 20% com dinheiro que é emprestado a 5%.
A dívida vai lentamente passando para prazos curtos e fica nas mãos do FMI e FE.
Na prática, esta é uma forma encapotada de fazer aquilo que era politicamente inaceitável na Alemanha: mutualizar a dívida Europeia.
quem é que me explica isto como se eu fosse mesmo mesmo muito burro?
começo eu:
pegamos no dinheiro que há-de vir e vamos ao mercado e compramos títulos da dívida portuguesa (que estarão abaixo do par, certo?)
Certo.rsacramento Escreveu:porque é que os prazos da dívida encurtam?
Só diminuem se a maturidade da dívida ao FFEF for inferior à maturidades das obrigações recompradas em mercado secundário.rsacramento Escreveu:como é que esta passa para as mãos do fmi?
mutualismo??
Não, as obrigações são recompradas pelo Estado que para o efeito usa o dinheiro do FMI e FEEF. Ou seja extingue-se uma obrigação e abre-se um novo crédito.
Se eu devo 10 mas o meu credor já vende a dívida por 8, eu só preciso de 8 para pagar a minha dívida. Ou seja por magia a minha dívida porque foi recomprada antes da maturidade foi reduzida em 20%. Ou seja eu peço apenas 8, passo a dever 18, só que agora tenho 8 em dinheiro que me permitem recomprar um crédito que vale 10.
Entendeste?
Acho que o estado devia criar um fundo (com o 13º mes das reformas

No final pagava com juros aos herdeiros.

Re: Como reduzir a dívida sem a reestruturar
rsacramento Escreveu:K. Escreveu: A ideia é simples: comprar a própria dívida no mercado secundário a 20% com dinheiro que é emprestado a 5%.
A dívida vai lentamente passando para prazos curtos e fica nas mãos do FMI e FE.
Na prática, esta é uma forma encapotada de fazer aquilo que era politicamente inaceitável na Alemanha: mutualizar a dívida Europeia.
quem é que me explica isto como se eu fosse mesmo mesmo muito burro?
começo eu:
pegamos no dinheiro que há-de vir e vamos ao mercado e compramos títulos da dívida portuguesa (que estarão abaixo do par, certo?)
Certo.
rsacramento Escreveu:porque é que os prazos da dívida encurtam?
Só diminuem se a maturidade da dívida ao FFEF for inferior à maturidades das obrigações recompradas em mercado secundário.
rsacramento Escreveu:como é que esta passa para as mãos do fmi?
mutualismo??
Não, as obrigações são recompradas pelo Estado que para o efeito usa o dinheiro do FMI e FEEF. Ou seja extingue-se uma obrigação e abre-se um novo crédito.
Se eu devo 10 mas o meu credor já vende a dívida por 8, eu só preciso de 8 para pagar a minha dívida. Ou seja por magia a minha dívida porque foi recomprada antes da maturidade foi reduzida em 20%. Ou seja eu peço apenas 8, passo a dever 18, só que agora tenho 8 em dinheiro que me permitem recomprar um crédito que vale 10.
Entendeste?
Pedro Carriço
Re: Como reduzir a dívida sem a reestruturar
K. Escreveu: A ideia é simples: comprar a própria dívida no mercado secundário a 20% com dinheiro que é emprestado a 5%.
A dívida vai lentamente passando para prazos curtos e fica nas mãos do FMI e FE.
Na prática, esta é uma forma encapotada de fazer aquilo que era politicamente inaceitável na Alemanha: mutualizar a dívida Europeia.
quem é que me explica isto como se eu fosse mesmo mesmo muito burro?
começo eu:
pegamos no dinheiro que há-de vir e vamos ao mercado e compramos títulos da dívida portuguesa (que estarão abaixo do par, certo?)
porque é que os prazos da dívida encurtam?
como é que esta passa para as mãos do fmi?
mutualismo??

Quem está ligado: